Todo mundo parece que quer reinventar o Evangelho. Se você não sabe, a palavra “evangelho” significa “boas-novas” – e o Evangelho de Cristo são as boas-novas da salvação. Ponto. O Verbo encarnou, morreu e ressuscitou para que tivéssemos salvação, ou seja, vida eterna. Ponto. O resto é só o resto. Por isso me impressiona a quantidade de cristãos que acham que o Senhor encarnou para resolver os problemas desta vida, da nossa sociedade, do mundo. O Evangelho não são as “boas-novas do saneamento básico”, as “boas-novas do enriquecimento financeiro”, as “boas-novas da influência sobre a política social” ou as “boas-novas da luta pelo fim da miséria”. Isso é Evangelho 2.0, uma nova versão daquilo que Jesus ensinou: seu Reino não é deste mundo. Ponto.

Um homem brasileiro vive, em média, 72,5 anos, enquanto na eternidade teremos vida – ou morte – eterna por 72 trilhões de trilhões de trilhões de trilhões de anos. E isso não será 0,1% da eternidade. E você realmente acha que Deus está tão preocupado assim com nossos anos sobre a terra? Um-hum. Claro que Ele se preocupa, mas esta vida, que a Bíblia diz que é como “um sopro” e “uma neblina”, é uma ridícula e minúscula portinhola de entrada para o porvir eterno. Daí a influência marxista sobre o Evangelho ser um equívoco tão elementar: Jesus se ofereceu ao sacrifício não para que seus servos fossem ao Planalto, fizessem comitês, organizassem passeatas, lançassem manifestos sobre política partidária. O sacrifício vicário é um sublime exercício espiritual, um estímulo à vida devocional.

Quando Jesus morre na Cruz não é a porta do palácio de Herodes que se rompe para que seus seguidores possam exigir melhores condições de vida, nem a fechadura da residência de Pilatos que arrebenta para que os discípulos tenham como reivindicar um melhor padrão de vida para as massas carentes: é o véu do templo que se rasga, para que o homem pecador tenha acesso ao Santo dos Santos, ao Altíssimo, ao Sagrado, ao espiritual, ao Pai. Para praticar o religare com o Todo-Poderoso, o tão mal-falado bicho papão do momento: religião. Uuuuuu, que medo, teve gente que só de ouvir essa palavra se arrepiou todo.

É lógico que agora, furiosos, os adeptos dessa linha terrena de Evangelho 2.0 virão com todos os argumentos das classes oprimidas, que temos que ajudar o próximo, que amparar os órfãos e as viúvas em suas tribulações. Isso é óbvio! A consequência das boas-novas é o amor pelo próximo. Não sou filho de família rica: meus pais eram professores do estado e tinham cada um quatro ou cinco empregos para poder sustentar os filhos. Mas não é pelas minhas raízes proletárias que segurarei a foice e o martelo e farei do foco da morte e da ressurreição de Cristo uma luta política por uma vida melhor. Segurarei a Bíblia. Meu compromisso, como o de todo cristão, é com a Jerusalém Celestial, não com Brasília.

Os problemas desta vida nós, que vivemos numa pseudodemocracia, resolvemos no voto. Ou, pelo menos, deveríamos resolver, se soubéssemos votar. A fé é sobre outras coisas. Amar o próximo, sem dúvida, mas a Deus sobre todas as coisas. Como disse o Cordeiro, a Videira, “de que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”. Quem não entende que o Evangelho é sobre nossa comunhão eterna com Deus e não sobre nossa comunhão momentânea com os problemas desta vida não compreendeu que o Pai deu seu Filho unigênito para que os que nEle cressem não perecessem, mas tivessem…adivinha o quê? Bem, você conhece João 3.16.

Olho para os mártires dos 313 primeiros anos de Cristianismo e não consigo ver nenhum deles morrendo no Coliseu para que os pobres tivessem acesso a educação e saúde. Não me ache um insensível, acredite, choro pelos que choram e faço a minha ação social – e o que faço Deus sabe, não preciso alardear aqui. Mas não é por isso que vou ignorar o testemunho dos mártires da Igreja primitiva, que fizeram o bem ao próximo, mas que, como os casos citados em Hebreus 11, deram suas carnes alegremente aos leões e às torturas pelo entendimento de que a meta é o Céu – e não asfaltar um bairro. Blandina, Romano, Policarpo, Estêvão e tão grande nuvem de testemunhas deram-se ao martírio em nome da eternidade. Por entenderem que o Evangelho não é a respeito deste sopro de vida. Que adianta erradicar a miséria e irmos todos para o inferno? Jesus não é um super-herói que veio à terra para salvar mocinhas em becos escuros de batedores de carteiras.

O Evangelho 2.0 é um equívoco. Simplesmente porque põe uma das muitas consequências da Cruz como a causa. Ação social, caridade, cavar poços artesianos, construir creches e escolas, influir sobre as instâncias do poder público… não foi por nada disso que Jesus encarnou, morreu e ressuscitou. Isso é consequência e não causa. Jesus veio para tirar pecadores do inferno e não pobres das favelas. Isso é Evangelho.

Quando eu era mais jovem, com meus 17 anos, cheio de testosterona, filiado a organizações estudantis de esquerda e crente que ia mudar o mundo, acharia o Evangelho 2.0 o máximo. Fui a comícios nas eleições de 1989, fui orador na minha turma de formatura na escola ostentando um button do partido que eu apoiava, discutia com os padres do colégio São Bento, onde estudei como bolsista, porque eles eram uns “reacionários de direita”. Mas aí os anos se passaram, a esquerda assumiu o poder no país e tudo continuou igual, veio a minha conversão e fui discipulado por um bom sacerdote, que me mostrou que a grande revolução social ocorre mediante a pregação do Evangelho (o 1.0, o original). Refiz meus pensamentos. Mudei minhas premissas. E compreendi a razão de Jesus ter vindo à terra. Entendi o que é graça e a diferença entre causa e consequência da Encarnação do Verbo. Cheguei a ir a um Congresso Teológico sobre a vertente evangélica e da moda da Teologia da Libertação para entender melhor as ideias que importamos do Equador sobre o tema. Continuo acreditando em caridade, em ação social e em dar de comer a quem tem fome e beber a quem tem sede, em amar o próximo, em ajudar o necessitado. Mas não acredito que isso suplante a pregação das boas-novas de salvação e que isso seja a locomotiva. Não é, é o vagão.

Que os adeptos do marxismo cristão joguem pedras. Não tem importância. Antes importa agradar a Deus que aos homens. Não sou rico, não sou da elite, amo o próximo e quero o bem de pobres e ricos. Não vou aderir ao Evangelho 2.0, porque desejo proclamar as boas-novas de salvação para os miseráveis e também para os milionários. Olho para as favelas e para os condomínios de luxo e o que vejo são a mesma coisa: almas. Pior: almas pecadoras, destituídas da graça de Deus. Cobrirei quem tem frio com um cobertor, visitarei o preso, darei pão ao faminto e água a quem tem sede. Farei isso por amor e porque Jesus nos ensinou a fazê-lo. Mas investirei a maior parte de meu tempo e de minhas forças e esforços em proclamar o Evangelho. Em proclamar a Cruz. Em anunciar o Caminho estreito. Em cumprir o ide para fazer discípulos bons e fiéis que um dia, tenham passado fome ou não nesta vida, compartilhem comigo dos quadrilhões de séculos que dura a eternidade ao lado do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ponto final.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.


Autor: Maurício Zágari
Fonte: Apenas
Via: Bereianos



“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto de anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.” Colossenses 2:16-19


Paulo, o apóstolo dos gentios, judeu, cidadão romano, ex-fariseu, ex-perseguidor da Igreja, teria todos os motivos para ser um guardião da lei e seus preceitos, chamado e escolhido por Cristo sobrenaturalmente, agraciado com visões inefáveis, coberto de autoridade a ponto de repreender o apóstolo Pedro, sim, é neste Paulo que Deus coloca um espinho na carne, para que não se achasse superior aos demais e para revelar que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza do homem.

Hoje vemos muitos que por muito menos já acham-se em posição superior aos irmãos a ponto de inventar regras e doutrinas humanas para satisfazer seu egocentrismo, dizem-se com tamanho relacionamento com Deus que este lhes entrega visões particulares, modelos maravilhosos, conhecimento nunca dantes alcançado.

Pensamos que nossas igrejas supostamente pregam a verdade, mas a verdade é que estamos longe da Verdade. Criamos leis e cerimonialismos sem fim, usamos os textos bíblicos a nossa própria vontade e interpretação, encaixamos esses textos em pensamentos contrários aos de Deus e ainda atribuímos isso a Ele. Nossas orações revelam uma espiritualidade fraca, são tão automáticas e vazias que são facilmente repetidas por toda a congregação, nossas músicas mostram nossa pobreza em todos os sentidos, pobreza teológica, pobreza rítmica, pobreza espiritual, pobreza da alma. Parece que ninguém é mais capaz de criar nada novo, vivemos das inspirações norte-americanas, ou de nossos conterrâneos que já se desvirtuaram do evangelho de Cristo. Nossas pregações são nutridas pelo humanismo e pela auto-ajuda. Ninguém mais quer reconhecer sua fraqueza diante de Deus, ninguém mais quer depender Dele, ninguém mais quer esperar. Os pastores precisam encher as igrejas, precisam agradar o povo e supostamente devem dar um “alimento” todo domingo. A verdade é que desde os líderes até as humildes ovelhas o compromisso com Deus é vago. Não oramos, não jejuamos, não lemos e meditamos na bíblia como deveríamos. Somos clones de religiosos e com isso carregamos o peso da vã religião.

No afoito de mostrar a presença de Deus criamos os maiores absurdos, forjamos os super-crentes, aqueles que entram na igreja sorrindo, que levantam as mãos no louvor, que soltam a voz a plenos pulmões, que se emociona, que sente-se alimentado por pregações vazias. No seu íntimo ele sabe que vive atrás de uma máscara, que sua vida é miserável e faltosa da graça de Deus, que precisa de ajuda, do Pai e dos seus irmãos na fé, mas demonstrar isso na igreja é sinal de fraqueza, sendo assim ele continua disfarçando por quanto tempo conseguir.

Perdemos o senso da humanidade das pessoas, desvalorizamos seus sentimentos, pisamos na sua pequena fé, exigimos o cristianismo de aparências. Não toque, não coma, não beba, não ouça, faça isso, faça aquilo, participe deste ministério, participe daquele outro. Nos sentimos aprisionados num cárcere que é a igreja. Perdemos a nossa liberdade cristã, perdemos o amor dos irmãos, e alguns chegam ao ponto de perder a fé.

A solução para tudo isso é tão simples, mas penosa para ser executada. É necessário abnegação, compromisso, amor a Deus e amor ao próximo. É como Paulo escreve na carta aos colossenses, retendo a cabeça, que é Cristo, cresceremos o crescimento que vem de Deus. Não o crescimento pregado por métodos e modelos, por músicas, por pregações, mas do próprio Cristo nos ensinando, o próprio Caminho, Verdade e Vida atuando em nossas vidas, através do Espírito Santo, poderoso, santo e imaculado, que com gemidos inexprimíveis leva nos necessidades ao Pai, nos convence da nossa miserabilidade e da grandeza de Deus.

Quero uma carreira cristã longe dos modismos, regras e leis evangélicas, distante do disfarce de cristão, longe da desumanidade. Quero falar e cantar aquilo que sinto, expressar aquilo que penso, adorar a Deus como Ele quer que eu adore – e não como querem que eu o faça – quero viver a graça, quero sentir a misericórdia, quero provar do amor do Pai. Quero mostrar que também sou humano aos irmãos, mas quero ter ousadia para dizer que sejam meus imitadores como eu sou de Cristo. Quero viver uma vida santa, mas santa segundo Deus não segundo os homens. Quero servir, não ser servido, quero me humilhar e não me exaltar.

Sei que a porta é estreita e o caminho apertado que conduz a salvação, mas creio que a graça e misericórdia de Deus são suficientes para conduzir a mim e a sua Igreja por ela. Precisamos que Ele mesmo nos aumente a fé.


Autor: Matheus Soares
Fonte: Entendes?


Dentro da história do cristianismo sempre existiu o desafio de identificar e definir critérios de relacionamentos entre os homens e do homem para com Deus. Este desafio torna-se mais urgente no mundo pós-moderno, quando o relativismo é um fenômeno comum e corriqueiro. É relevante e interessante a máxima bíblica que estabelece o modelo relacional entre os homens e do homem para com Deus a partir da resposta dada por Jesus ao questionamento malicioso de alguns fariseus:

“Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Mt 22.17-21)

A resposta de Jesus revela o tratamento divino com as contingencias da vida caracterizada pela injustiça, corrupção e desigualdade. Em uma primeira analise esperava-se de Jesus uma revolta e atitude objetiva em relação às injustiças da vida cotidiana. Porém, parece que Jesus não priorizava os sintomas, mas focalizava a causa de toda desigualdade – o pecado. Isto incluía também a forma injusta de relacionamento entre o estado e o povo. Jesus sabia que o imposto cobrado por Roma era arbitrário e injusto, contudo, Jesus conhecia os modus operandis que sempre determinaram os relacionamentos entre os homens extraviados da graça divina – injustiça, escravidão e desigualdade.

Na verdade, a figura de César representava um sistema humano que procurava regimentar os comportamentos e relacionamentos entre as pessoas, inclusive entre a sociedade e o estado. Este sistema sempre perpetuou dentro da historia e se manifestou em diversas formas de governos e maneiras de viver em comunidades, onde existiram sempre os deveres, obrigações e direitos, sendo eles justos ou não. Enquanto isto, o alvo do evangelho sempre foi o estabelecimento do Reino de Deus nos corações humanos para que os reflexos desta nova realidade interna se concretizassem na vida diária das pessoas através da igualdade, da justiça, e da paz.

As obrigações para com César quase sempre foram caracterizadas pela injustiça e desigualdade, expressando apenas o que é comum na vida de uma sociedade que se rebelou contra Deus. Porém, temos a segunda parte da resposta de Jesus aos fariseus como sendo a mais importante: “Daí a Deus o que é de Deus”. Enquanto que, no relacionamento de deveres e obrigações entre os homens e César as coisas acontecem no plano da violência, força e desigualdade, no relacionamento com Deus a dinâmica dos deveres e obrigações deve acontecer no plano da liberdade e da voluntariedade. A diferença é descomunal e incomparável.

Enquanto que, o símbolo do poder humano é o dinheiro, o símbolo do poder divino é a graça. Deus requer a obediência voluntaria, enquanto que, César exige o sacrifício. Mt. 12. 7. Deus espera a adoração em espírito e em verdade, César requer o condicionamento humano para a adoração. Joao 4. 21-23. Deus requer o louvor ao Senhor do Templo, enquanto que César exige o culto e veneração ao templo. Mt 12.6. Enquanto que, César espera por obras de madeira, palha e feno (temporais), Deus aguarda por obras de ouro, prata e pedras preciosas (obras que transcendam o tempo e perdurem na eternidade) 1 Co 3.12

Uma vez definida a diferença básica dos princípios que pautam as obrigações para com César e para com Deus, surge outra incógnita – é possível o homem confundir e dar a César o que pertence a Deus, enquanto que, oferece a Deus o que pertence a César? Certamente que, a ignorância neste assunto pode fatalmente proporcionar esta inversão, conduzindo o homem a dar a César o que é exclusivamente de Deus, enquanto que, oferece a Deus o que pertence a César.

Inúmeras pessoas neste exato momento pensam que Deus é como César e procuram se relacionar com Ele através do medo, barganhas, e sacrifícios. Quantas pessoas estão entregando a glória que pertence somente a Deus para César! Infelizmente o culto a César (ao homem) vem ganhando grandes proporções em muitos redutos cristãos, uma vez que, o culto é exclusivamente de Deus. Várias pessoas atualmente servem a Deus por obrigação como se servissem a César, enquanto que, para Deus tudo deve ser realizado através de um coração voluntário. Quantos pensam que podem chamar a atenção de Deus através de feitos humanos, enquanto que, na verdade Deus habita com o coração contrito e quebrantado.

Sendo assim, devemos a Deus mais do que as coisas superficiais e temporais da vida, mas, sobretudo as coisas que habitam o âmago do nosso ser, que redundarão na eternidade. Porém, enquanto existir duvida entre o que pertence a César e a Deus, certamente haverá a inversão de valores e correremos o risco de dar a César o que pertence a Deus, enquanto que, damos a Deus o que pertence a César. Que o Senhor ilumine com sua palavra e Espírito e nos conduza para a plenitude da consciência e discernimento em Cristo Jesus!


Autor: Samuel Torralbo
Fonte: Pulpito Cristão



"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9-10)

Fico muitas vezes surpreendido com as coisas que nós cristãos somos capazes de fazer apenas baseados nas nossas emoções, sentimentos e motivações. Por vezes questiono se têm bases bíblicas alguns métodos adotados pelas igrejas, as ações que são realizadas por elas e as atividades que são promovidas. Contudo, não é raro ouvir respostas que se resumem a essas três coisas: "se fazem bem para o lado emocional das pessoas, ou se trazem bons sentimentos, ou se são feitas com uma boa motivação, então por que não fazer?".

O problema é que a fé dada por Deus a nós (Efésios 2: 8) não foi feita para se basear nas nossas emoções, sentimentos ou motivações. Enganoso é o coração do homem, por isso não devemos fazer dele o nosso aferidor de medida. Não podemos nos basear nas intenções dele. Ainda que Deus nos dê um novo coração no momento da nossa conversão, não devemos depositar a nossa confiança em algo tão inconstante. Ou vai me dizer que, mesmo depois de convertido, você nunca teve más intenções ou nunca foi enganado pelas suas motivações e sentimentos?

A fé deve basear-se unicamente em uma visão clara e correta do nosso Senhor Jesus Cristo, o autor e consumador da mesma (Hebreus 12: 2). Ele é a nossa firme Rocha e o porto seguro para depositarmos nossa confiança. Toda vontade e desígnio dEle estão revelados nas Escrituras, de Gênesis a Apocalipse. Por este motivo, as ações e atividades que dizemos ser em pról do avanço do Evangelho e do Reino de Deus devem estar baseadas na vontade expressa do Senhor em Sua Palavra. Cada motivação, cada sentimento e cada emoção deve passar pelo crivo das Escrituras.

A pergunta que primeiramente devemos fazer não é se a nossa motivação é boa para realizarmos alguma tarefa, mas sim se aquilo que intentamos fazer foi expressamente recomendado por Cristo para nós fazermos e se tem base firme, real e sólida em Sua Palavra. Se a resposta for afirmativa então podemos prosseguir confiantes de que não estamos cometendo nenhum desvio doutrinário. Caso contrário, é melhor pararmos tudo e dedicarmos o nosso tempo em oração e meditação nas Escrituras para ouvirmos a Deus, ao invés de gastarmos nossos esforços em coisas temporárias que não produzirão resultado algum para o Reino dEle.

Pensem nisso.


Autor: Cláudio Neto


Esse post é a décimo de uma série de doze. O conteúdo vem de “Doze Apelos aos Pregadores da Prosperidade”, que pode ser encontrado na nova edição do “Let the Nations Be Glad ”Regozijem-se as Nações, publicado pela Editora Cultura Cristã*).

Uma mudança fundamental aconteceu com a vinda de Cristo ao mundo. Até aquele tempo, Deus focou sua obra redentora em Israel com obras eventuais entre as nações. Paulo disse: “Nas gerações passadas, [Deus] permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos” (Atos 14:16). Ele os chamou de “tempos da ignorância.”

“Não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (Atos 17:30).

Agora o foco passou de Israel para as nações. Jesus disse: “O reino de Deus vos será tirado [Israel] e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos [seguidores do Messias]” (Mateus 21:43). Um endurecimento veio sobre Israel até que o número total das nações entrasse (Romanos 11:25).

Uma das principais diferenças entre essas duas épocas é que, no Antigo Testamento, Deus glorificou amplamente a si mesmo ao abençoar Israel, de modo que as nações pudessem ver e saber que o Senhor é Deus.

“Faça ele [o Senhor] justiça ao seu [...] povo de Israel, segundo cada dia o exigir, para que todos os povos da terra saibam que o SENHOR é Deus e que não há outro” (1Reis 8:59-60).

Israel não foi enviada como uma “Grande Comissão” para ajuntar as nações; pelo contrário, ela foi glorificada para que as nações vissem sua grandeza e viessem a ela. Então, quando Salomão construiu o templo do Senhor, foi espetacularmente abundante em revestimentos de ouro.

O Santo dos Santos tinha vinte côvados de comprimento, vinte côvados de largura e vinte côvados de altura. E foi coberto com ouro puro. Ele também cobriu de ouro um altar de cedro. E Salomão revestiu o interior da casa com ouro puro, e fez passar correntes de ouro frente ao Santo dos Santos, o qual também cobriu de ouro. E cobriu de ouro toda a casa, inteiramente. Também cobriu de ouro todo o altar que estava diante do Santo dos Santos. (1Reis 6:20-22)

E quando ele mobiliou o templo, o ouro mais uma vez se tornou igualmente abundante.

Então Salomão fez todos os utensílios que estavam na casa do Senhor: o altar de ouro, a mesa de ouro para os pães da proposição, os castiçais de ouro finíssimo, cinco à direita e cinco no lado sul e cinco no norte diante do Santo dos Santos; as flores, as lâmpadas e as linguetas, também de ouro; as taças, espevitadeiras, bacias, recipientes para incenso e braseiros, de ouro finíssimo; as dobradiças para as portas da casa interior e do Santo dos Santos, também de ouro. (1Reis 7:48-50)

Salomão levou sete anos para construir a casa do Senhor. E então levou treze anos para construir sua própria casa (1Reis 6:38 e 7:1). Ela também era abundante em ouro e pedras de valor (1Reis 7:10).

Então, quando tudo estava construído, o nível de sua opulência é visto em 1Reis 10, quando a rainha de Sabá, representando as nações gentias, vai ver a glória da casa de Deus e de Salomão. Quando ela viu, “ficou como fora de si” (1Reis 10:5). Ela disse: “Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é porque o SENHOR ama a Israel para sempre, que te constituiu rei” (1Reis 10:9).

Em outras palavras, o padrão no Antigo Testamento é uma religião venha-ver. Há um centro geográfico do povo de Deus. Há um templo físico, um rei terreno, um regime político, uma identidade étnica, um exército para lutar as batalhas terrenas de Deus, e uma equipe de sacerdotes para fazer sacrifícios animais pelos pecados.

Com a vinda de Cristo tudo isso mudou. Não há centro geográfico para o Cristianismo (João 4:20-24); Jesus substituiu o templo, os sacerdotes e os sacrifícios (João 2:19; Hebreus 9:25-26); não há regime político Cristão porque o reino de Cristo não é deste mundo (João 18:36); e nós não lutamos batalhas terrenas com carruagens e cavalos ou bombas e balas, mas sim batalhas espirituais com a palavra e o Espírito (Efésios 6:12-18; 2Coríntios 10:3-5).

Tudo isso sustenta a grande mudança na missão. O Novo Testamento não apresenta uma religião venha-ver, mas uma religião vá-anunciar. “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28:18-20).

As implicações disso são enormes para a forma que vivemos e a forma que pensamos a respeito de dinheiro e estilo de vida. Uma das implicações principais é que nós somos “peregrinos e forasteiros” (1Pedro 2:11) na terra. Nós não usamos este mundo como se ele fosse nosso lar de origem. “A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).

Isso leva a um estilo de vida em pé de guerra. Isso significa que nós não acumulamos riquezas para mostrar ao mundo o quão rico nosso Deus pode nos fazer. Nós trabalhamos duro e buscamos uma austeridade em pé de guerra pela causa de espalhar o evangelho até os confins da terra. Nós maximizamos o esforço de guerra, não os confortos de casa. Nós criamos nossos filhos com a visão de ajudá-los a abraçar o sofrimento que irá custar para finalizar a missão.

Então, se um pregador da prosperidade me questiona sobre as promessas de riqueza para pessoas fiéis no Antigo Testamento, minha resposta é: Leia seu Novo Testamento com cuidado e veja se você encontra a mesma ênfase. Você não irá encontrar. E a razão é que as coisas mudaram dramaticamente.

“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Timóteo 6:7-8). Por quê? Porque o chamado a Cristo é um chamado para participar de seus sofrimentos “como um bom soldado de Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:3). A ênfase do Novo Testamento não são as riquezas que nos atraem para o pecado, mas o sacrifício que nos resgata dele.

Uma confirmação providencial de que Deus planejou esta distinção entre uma orientação venha-ver no Antigo Testamento e uma orientação vá-anunciar no Novo Testamento, é a diferença entre o idioma do Antigo Testamento e o idioma do Novo. Hebraico, o idioma do Antigo Testamento, não era compartilhado por nenhum outro povo no mundo antigo. Era unicamente de Israel. Isto é um contraste surpreendente com o Grego, o idioma do Novo Testamento, que era o idioma de comércio do mundo romano. Então, os próprios idiomas do Antigo e do Novo Testamentos sinalizam a diferença de missões. O hebraico não era apropriado para missões no mundo antigo. O grego era perfeitamente apropriado para missões no mundo romano.


Por John Piper. © Desiring God. Website:desiringGod.org
Original: To Prosperity Preachers
Tradução : voltemosaoevangelho.com
Via: Voltemos ao Evangelho

* A edição da Cultura Cristã é anterior a nova edição lançada nos EUA, portanto não possui estes artigos.


Os mergulhadores conseguem explorar as profundezas subaquáticas em primeira mão devido a um equipamento especializado desenvolvido no século passado.

Semelhantemente, aviões que usam o Sol como fonte de energia, actualmente em desenvolvimento, prometem disponibilizar vôos livres de combustível.

Estas invenções abrem novas dimensões para a exploração humana, mas os equivalentes no mundo dos aracnídeos e no mundo dos insectos já existem no planeta há séculos.

A palavra “Scuba” hoje em dia tem um significado próprio, mas originalmente isso era um acrónimo para “Self-Contained Underwater Breathing Apparatus“. Uma das versões mais antigas com o nome de “aqualung” foi arquitectado em parte pelo falecido Jacques Cousteau. O equipamento scuba moderno é o resultado de vários refinamentos de engenharia.

No entanto, parece que algumas aranhas já eram mergulhadoras especializadas muito antes de Cousteau. A aranha-de-água (Argyroneta aquatica) é capaz de conectar uma bolha de ar no seu abdómen e usá-la debaixo de água como forma de trocar de gás.

Um artigo da LiveScience descreve como estes aracnídeos constroem teias subaquáticas nas lagoas e depois servem-se da zona circundante como depósito de presas, usando uma ou mais bolhas de ar colocadas por perto como forma de se manterem debaixo de água.1 Um estudo recente descobriu que as aranhas podem ficar debaixo de água “mais do que um dia“, o que surpreendeu os pesquisadores.2


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Num contexto similar, cientistas da Universidade de Tel Aviv (UTA) tentaram descobrir o motivo que leva a que algumas vespas (“hornets”) estejam mais activas quando a luz do Sol é mais intensa. Eles descobriram que estas criaturas convertem a luz ultravioleta para energia eléctrica usando 1) estrias microscópicas presentes nas suas listras castanho-escuro, 2) furos minúsculos nas listras amarelas, e 3) os pigmentos de melanina (castanho) e xantopterina (amarelo).

Os autores do estudo publicado no jornal Naturwissenschaften escreveram:
As superfícies cutículas estão estruturadas de forma a reduzir a reflectância e agir como grades de difração para reterem a luz e aumentarem a quantidade absorvida na cutícula.3

A equipa tentou duplicar as estruturas do corpo do insecto que absorvem a energia solar, mas

obtiveram resultados pobres no seu plano de atingir as mesmas taxas de eficiência em termos de recolha de energia. Num futuro próximo eles tencionam refinar o modelo para verificarem se este bio-mimetismo pode fornecer pistas em torno de soluções para energia renovável.4

A exposição a luz solar intensa ajudou os insectos na recolha de energia, mas será que a energia suplementar presa ao corpo as aqueceu em demasia? Segundo os pesquisadores, não, uma vez que estas vespas estão equipadas com pequenos sistemas refrigeração.

David Bergman, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Tel Aviv, declarou que o insecto possui “um sistema de extracção de calor bem desenvolvido” que o mantém o corpo fresco, “algo que não é fácil de fazer“.4

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Algo para os militantes evolucionistas pensarem: se não é fácil para um ser inteligente (com visão, propósito e planeamento) criar um sistema vagamente análogo, vocês acham mesmo que a natureza (vazia de inteligência, planeamento ou visão futura) consegue? No entanto, os vossos “cientistas” continuam a encher os vossos ouvidos com “fábulas enganosas” ao atribuírem ao que foi criado o poder de criar. Eles falam-vos em “milhões de anos”, “mutações aleatórias” e “selecção natural” e vocês caiem que nem patinhos na sua teia evolutiva.

Não é mais do que óbvio que estas maravilhas de bio-design estão bem para além do que a natureza ou o ser humano alguma vez conseguiriam copiar na sua plenitude? Então porque é que alguns militantes evolucionistas continuam cegos às evidências e tentam usar estruturas com este tipo de design contra o Designer?


Fonte: Institue for Creation Research
Via: Darwinismo



A igreja pode enfrentar a apatia e o materialismo satisfazendo o apetite das pessoas por entretenimento? Evidentemente, muitas pessoas das igrejas pensam assim, enquanto uma igreja após outra salta para o vagão dos cultos de entretenimento.

Uma tendência inquietante está levando muitas igrejas ortodoxas a se afastarem das prioridades bíblicas.

O que eles querem

Os templos das igrejas estão sendo construídos no estilo de teatros. Ao invés de no púlpito, a ênfase se concentra no palco. Alguns templos possuem grandes plataformas, que giram ou sobem e descem, com luzes coloridas e poderosas mesas de som.

Os pastores espirituais estão dando lugar aos especialistas em comunicação, aos consultores de programação, aos diretores de palco, aos peritos em efeitos especiais e aos coreógrafos.

O objetivo é dar ao auditório aquilo que eles desejam. Moldar o culto da igreja aos desejos dos freqüentadores atrai muitas pessoas.

Como resultado disso, os pastores se tornam mais parecidos com políticos do que com verdadeiros pastores, mais preocupados em atrair as pessoas do que em guiar e edificar o rebanho que Deus lhes confiou.

A congregação recebe um entretenimento profissional, em que a dramatização, os ritmos populares e, talvez, um sermão de sugestões sutis e de aceitação imediata constituem o culto de adoração. Mas a ênfase concentra-se no entretenimento e não na adoração.

A idéia fundamental

O que fundamenta esta tendência é a idéia de que a igreja tem de “vender” o evangelho aos incrédulos — a igreja compete por consumidores, no mesmo nível dos grandes produtos.

Mais e mais igrejas estão dependendo de técnicas de vendas para se oferecerem ao mundo.

Essa filosofia resulta de péssima teologia. Presume que, se você colocar o evangelho na embalagem correta, as pessoas serão salvas. Essa maneira de lidar com o evangelho se fundamenta na teologia arminiana. Vê a conversão como nada mais do que um ato da vontade humana. Seu objetivo é uma decisão instantânea, ao invés de uma mudança radical do coração.

Além disso, toda esta corrupção do evangelho, nos moldes da Avenida Madison, presume que os cultos da igreja têm o objetivo primário de recrutar os incrédulos. Algumas igrejas abandonaram a adoração no sentido bíblico.

Outras relegaram a pregação convencional aos cultos de grupos pequenos em uma noite da semana. Mas isso se afasta do principal ensino de Hebreus 10.24-25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos”.

O verdadeiro padrão

Atos 2.42 nos mostra o padrão que a igreja primitiva seguia, quando os crentes se reuniam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”.

Devemos observar que as prioridades da igreja eram adorar a Deus e edificar os irmãos. A igreja se reunia para adoração e edificação — e se espalhava para evangelizar o mundo. Nosso Senhor comissionou seus discípulos a evangelizar, utilizando as seguintes palavras: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Ele deixou claro que sua igreja não tem de ficar esperando (ou convidando) o mundo para vir às suas reuniões, e sim que ela tem de ir ao mundo.

Essa é uma responsabilidade de todo crente. Receio que uma abordagem cuja ênfase se concentra em uma apresentação agradável do evangelho, no templo da igreja, absolve muitos crentes de sua obrigação pessoal de ser luz no mundo (Mateus 5.16).

Estilo de vida

A sociedade está repleta de pessoas que querem o que querem quando o querem. Elas vivem em seu próprio estilo de vida, recreação e entretenimento. Quando as igrejas apelam a esses desejos egoístas, elas simplesmente põem lenha nesse fogo e ocultam a verdadeira piedade.

Algumas dessas igrejas estão crescendo em expoentes elevados, enquanto outras que não utilizam o entretenimento estão lutando. Muitos líderes de igrejas desejam crescimento numérico em suas igrejas, por isso, estão abraçando a filosofia de “entretenimento em primeiro lugar”.

Considere o que esta filosofia causa à própria mensagem do evangelho. Alguns afirmam que, se os princípios bíblicos são apresentados, não devemos nos preocupar com os meios pelos quais eles são apresentados. Isto é ilógico.

Por que não realizarmos um verdadeiro show de entretenimento? Um atirador de facas tatuado fazendo malabarismo com serras de aço se apresentaria, enquanto alguém gritaria versículos bíblicos. Isso atrairia uma multidão, você não acha?

É um cenário bizarro, mas é um cenário que ilustra como os meios podem baratear e corromper a mensagem.

Tornando vulgar

Infelizmente, este cenário não é muito diferente do que algumas igrejas estão fazendo. Roqueiros punk, ventríloquos, palhaços e artistas famosos têm ocupado o lugar do pregador — e estão degradando o evangelho.

Creio que podemos ser inovadores e criativos na maneira como apresentamos o evangelho, mas temos de ser cuidadosos em harmonizar nossos métodos com a profunda verdade espiritual que procuramos transmitir. É muito fácil vulgarizarmos a mensagem sagrada.

Não se apresse em abraçar as tendências das super-igrejas de alta tecnologia. E não zombe da adoração e da pregação convencionais. Não precisamos de abordagens astuciosas para que tenhamos pessoas salvas (1 Coríntios 1.21).

Precisamos tão-somente retornar à pregação da verdade e plantar a semente. Se formos fiéis nisso, o solo que Deus preparou frutificará.


Autor: John MacArhtur
Fonte: Plugados com Deus
Via: Bereianos




Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. João 15.16

Esta é uma afirmação sobremodo humilhante e, ao mesmo tempo, bastante abençoadora para o verdadeiro discípulo de Jesus. Foi muito humilhante para os discípulos ouvirem que não haviam escolhido a Cristo. As necessidades de vocês são tantas, e seus corações, tão endurecidos, que vocês não me escolheram. Mas, apesar disso, foi extremamente reconfortante para os discípulos saberem que Cristo os havia escolhido — “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros”. Isto lhes mostrou que Cristo os amou antes de eles O amarem — Ele os amou quando ainda estavam mortos em pecados. Em seguida, Jesus mostrou aos discípulos que seria o amor que os tornaria santos: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça”.

Consideremos as verdades deste versículo na ordem em que são expressas.

OS HOMENS NÃO ESCOLHEM NATURALMENTE A CRISTO

“Não fostes vós que me escolhestes a mim”. Isto era verdade a respeito dos apóstolos; também é verdade a respeito de todos os que crerão em Jesus, até o final do mundo. “Não fostes vós que me escolhestes a mim.” O ouvido natural é tão surdo, que não pode ouvir; os olhos naturais, tão cegos, que não podem ver a Cristo. Em certo sentido, é verdade que todo verdadeiro discípulo escolhe a Cristo; mas isto acontece somente quando Deus abre os olhos da pessoa, para que ela veja a Jesus; quando Deus outorga vigor ao braço ressequido, para que ele abrace a Cristo.

O significado das palavras de Jesus era: “Vocês nunca me teriam escolhido, se eu não os tivesse escolhido”. É verdade que, quando Deus abre o coração do pecador, este escolhe a Cristo e a ninguém mais, somente a Cristo. É verdade que um coração vivificado pelo Espírito sempre escolhe a Cristo, a ninguém mais, somente a Cristo, e por Ele renunciará o mundo inteiro.

Irmãos, este versículo nos ensina que todo pecador despertado se mostra disposto a seguir a Cristo, mas não antes de ser tornado disposto. Aqueles que dentre vocês foram despertados, não escolheram a Cristo. Se um médico viesse à sua casa e dissesse que viera para curá-lo de sua enfermidade, e se você sentisse que não estava doente, diria ao médico: “Não preciso de você; procure o vizinho”. Esta é a maneira como você age para com o Senhor Jesus: Ele lhe oferece a cura, mas você Lhe diz que não está enfermo; Ele se oferece para cobrir, com a obediência dEle mesmo, a nudez de sua alma, mas você responde: “Não preciso dessa roupa”.

Outra razão por que você não escolhe a Cristo é esta: você não vê qualquer beleza nEle. “E como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura” (Is 53.2). Você não vê qualquer beleza na pessoa de Cristo, nenhuma beleza na obediência dEle, nenhuma glória na sua cruz. Você não O vê e, por isso, não O escolhe.

Outra razão por que você não escolhe a Cristo é esta: não quer que Ele o torne santo. “Lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). Mas você ama o pecado, ama os seus prazeres. Por isso, quando o Filho de Deus se aproxima e lhe diz: “Eu o salvarei dos seus pecados”, você responde: “Amo o pecado, amo os meus prazeres”. Por conseguinte, você nunca pode chegar a um acordo com o Senhor Jesus. “Não fostes vós que me escolhestes a mim.” Embora eu tenha morrido em favor de vocês, não me escolheram. Tenho lhes falado por muitos anos, mas, apesar disso, vocês não me escolheram. Tenho lhes dado a Bíblia, para instruí-los, e ainda assim vocês não me escolheram. Irmão, esta acusação lhe sobrevirá no Dia do Juízo: “Eu o teria vestido com a minha obediência, mas você não o quis”.


Autor: R. M. M’Cheyne (1813-1843)
Fonte: Josemar Bessa
Via: Bereianos