Fonte: Bereianos



Caro leitor, vamos combinar uma coisa? A Bíblia está cheia de textos que nos advertem sobre o surgimento de falsos profetas bem como da multiplicação de falsas doutrinas. Jesus mesmo disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt 7.15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível fosse, os próprios eleitos" (Mt 24.11,24). Cristo avisa claramente sobre um movimento de falsos sinais e maravilhas nos últimos dias, promovido pelos falsos profetas. Paulo compara esses falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão (2 Tm 3.8) com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás. Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, "assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras..." (2 Pe 2.1). O apóstolo João declarou que já em seus dias "muitos falsos profetas têm saído pelo mundo" (1 Jo 4.1).

Isto posto, torna-se impossível fazermos o jogo do contente fingindo que absolutamente nada está acontecendo não é verdade? Por acaso seria correto observarmos uma pessoa caminhando distraidamente em direção a um precipício e ficarmos calados? Claro que não! Da mesma forma não podemos nos eximir diante das aberrações ensinadas pelos adeptos de falsas doutrinas que tem enganado milhares de pessoas em nosso país.

Como bem disse o apóstolo Paulo ao escrever a sua 1ª epístola a Timóteo, nos últimos tempos alguns homens iriam apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, bem como a doutrinas de demônios. (I Tm 4:1)

Diante deste inexorável fato o Apóstolo Paulo orienta a Timóteo a agir firmemente diante do espírito da apostasia.

“CONJURO-TE, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.”

II Tm 4.1-3

Quanto a ganhar almas para Cristo, é importante ressaltar que nós crentes em Jesus não ganhamos nada! Somos no máximo servos inúteis usados por Deus para levar a Palavra do Evangelho da Salvação Eterna. Mesmo porque, quem convence o homem do pecado, do juízo e da justiça é o Espírito Santo. A salvação vem de Cristo, por Cristo e para Cristo, nada além disso!

Soli Deo Gloria!


Autor: Renato Vargens
Fonte: Pulpito Cristão
Título original: "Pare de falar mal dos pastores, o que importa é que eles estão ganhando almas para Cristo"



Há algumas semanas os senhores Silas Malafaia e Mike Murdock ensinaram em um programa de televisão a doutrina das sementes.

Segundo o teólogo da prosperidade Mike Murdock, "dinheiro atrai dinheiro", isto é, quando o crente OFERTA a Deus, (independente da motivação) automaticamente atrai o favor do Senhor lhe trazendo mais dinheiro. Murdock também costuma ensinar que devemos plantar dinheiro para colher mais dinheiro, como se fosse uma lei de semeadura financeira, que ele chama de "lei da semente". Ele também prega a existência de aproximadamente seis níveis de semeadura. Segundo ele um destes níveis é a "semente de mil”. Murdock dá uma significado a certas quantias da semente: “tem havido cinco níveis de colheitas incomuns em minha vida $58, $100, $200, $1000 e $8500. Uma semente de mil dólares quebrou a pobreza em minha vida. Ninguém pode semear estes mil dólares para você." Em outras palavras isso significa “eu quebrei a pobreza com uma semente de mil dólares” façar o mesmo, envie sua oferta que a pobreza será quebrada.

Caro leitor, vamos combinar uma coisa? Deus não é um tipo de bolsa de valores que quanto mais "investimos" mais dinheiro recebemos. Deus não se submete as nossas barganhas nem tampouco àqueles que pensam que podem manipular o sagrado estabelecendo regras de sucesso pessoal.

Diante do ensino exposto gostaria de trazer sete razões porque não devemos aceitar a doutrina das sementes de Mike Murdock e Silas Malafaia:

1º - A prosperidade financeira pode ser uma benção na vida de um cristão, mas que isso não é uma regra. Deus não tem nenhum compromisso de enriquecer os seus filhos. (Fp 4.10-12)

2º - A prosperidade financeira do cristão se dá mediante o trabalho e não através de barganhas religiosas.

3º - Do ponto de vista bíblico as bênçãos de Deus jamais poderão ser compradas. Tudo que temos e possuimos vem pela graça de Deus.

4º - Para nós protestantes as Escrituras Sagradas prevalecem sobre quaisquer visões, sonhos ou revelações que possam surgir ou aparecer. (Mc 13.31)

5º - Para nós protestantes todas as doutrinas, concepções ideológicas, idéias, projetos ou ministérios devem passar pelo crivo da Palavra de Deus, levando-se em conta sua total revelação em Cristo e no Novo Testamento. (Hb 1.1-2)

6º - Para nós protestantes a Bíblia é a Palavra de Deus e que contém TODA a revelação que Deus julgou necessária para todos os povos, em todos os tempos, não necessitando de revelações posteriores, sejam essas revelações trazidas por anjos, profetas ou quaisquer outras pessoas. (2 Tm 3.16)

7º - O cristão é peregrino nesta terra e, portanto, não tem por ambição conquistar as riquezas desta terra. “A pátria do cristão está nos céus, de onde aguardamos a vinda do nosso salvador, Jesus Cristo”. (1 Pe 2.11)

Pense nisso!


Autor e fonte: Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Aliança Cristã, escritor e colunistas de vários sites, entre eles o Púlpito Cristão.



A verdade bíblica é que "ao Senhor pertence a salvação!" (Jn 2:9). Embora todos concordemos prontamente com essa afirmação, não paramos para pensar nas suas implicações. A primeira delas é que sendo a salvação do Senhor, ela não é do homem por direito. Ninguém pode reinvidicar ser salvo. Sendo do Senhor a salvação, Ele a dá a quem quiser nas bases que decidir, não cabendo ao homem qualquer questionamento. Deus é o Soberano da salvação.

A segunda implicação é que é o Senhor quem salva. Como a salvação pertence ao Senhor, se Ele não salvar, ninguém é salvo. Pertencendo ao Senhor, a salvação só pode ser obtida como dom, nunca como aquisição ou conquista. Sabemos que o homem não pode saquear o céu e obter para si o que o Senhor não quer lhe dar. Tal idéia é tão absurda que podemos descartá-la sem mais delongas. O homem também não pode obter a salvação mediante preço. Todo bem que o homem pudesse oferecer em troca dela já pertence ao Senhor. E boas obras religiosas ou filantrópicas são pobres demais para servir como moeda de troca. Então, só resta uma forma para o homem se apropriar da salvação: recebê-la gratuitamente de Deus.

A terceira é que Ele efetivamente salva. A Deus pertence não apenas os meios que tornam a salvação possível, mas a salvação em si. Hoje se fala da salvação em termos de possibilidade, mas este não é o discurso bíblico. A Bíblia apresenta Deus como um Senhor que efetivamente salva. De Jesus foi dito "ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mt 1:21), de fato, "o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido" (Mt 19:10). Não se trata apenas de tornar a salvação possível, mas de salvar de fato. Paulo deixa claro que "fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (1Tm 1:15).

A quarta é que Ele salva completamente. Jesus "pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus" (Hb 7:25). Assim, a salvação do Senhor é completa tanto no que abrange quanto no tempo que perdura. Ele salva todo o nosso ser, de um modo que nosso "espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts 5:23). Tendo Deus prometido que seu povo "será salvo pelo Senhor com salvação eterna" (Is 45:17), Jesus "tornou-se o Autor da salvação eterna" (Hb 5:9) e Paulo pode testemunhar "por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória" (2Tm 2:10).

Glória a Deus, por tão grande salvação!


Postado por Clóvis Gonçalves, no blog 5 Calvinistas.
Título original: "A Salvação de Deus"



Algum tempo atrás, visitando uma professora de História da UFRGS, de quem tive o prazer (ou desprazer levando-se em conta as dificuldades da cadeira) de ser aluno no início dos anos 2000, e enquanto discutiamos a respeito da edição de seu mais novo livro, iniciamos uma conversa sobre o "preconceito" cristão.

Defendi que o cristianismo não é preconceituoso, mas rígido em sua doutrina. Afirmei para ela que não importava o que eu pensava, mas sim o que a Palavra "pensava" para mim e sobre mim. Ela é meu oráculo, ela é meu caminho e nela eu apoio todo meu ser, não importando o que pensa o outro, mas ela simplesmente. Antes de ser sensível ao outro, sou sensível a Palavra de Deus que me diz: Ame o próximo como a ti mesmo; o que não permite que eu seja insensível com meu próximo, mas não tolera que eu o ponha antes daquilo pré-ordenado por Deus em Sua Palavra.

Pelos adjetivos usados por ela para definir minha linha de pensamento, pude deduzir, que para ela isso tudo é loucura. Como podia eu, depois de ter caminhado numa das mais tradicionais escolas marxistas do Brasil pensar assim? Era um louco insolente que cuspia em tudo que ela e outros ensinaram com tanto ardor do alto de seus pedestais antropocêntricos.

Você evangélico de longa data pode também não concordar comigo... fazes bem, deves antes disso, mergulhar teus pensamentos e dedicar teus poucos dias que ainda restam para ler, meditar e concordar com a Palavra de Deus e não com alguém como eu, que você não conhece, senão por uns poucos textos publicados sem muita freqüência na internet. Mas talvez eu saiba porque você não concorda e também saiba que não é desvio da Palavra, mas sim, desvio de sua auto-imagem-cristã que o leva a discordar de mim.

Você não admite "perder" alguém para o reino de seu deus. No seu "planejamento" e estratégia de evangelismo, Mateus não precisa sair da recebedoria nem Pedro largar as redes quando Jesus disser: Siga-me. Para você, "conversão" é algo gradual, acontece ao longo de anos, décadas... quiçá uma vida... no entanto, te contradizes quando afirma que "salvação" é algo instantâneo, precedida apenas de uma curta e ritualística oração.

Enquanto conversava com aquela mulher não via uma doutora em História a quem eu devia honrar... ela não precisava das promessas do evangelho pagão contemporâneo, financeiramente ela vai muito bem. Talvez ela tenha problemas em outras áreas, quem sabe, pouco me importa... me importava naquele dia e me importa ainda hoje uma única coisa quando vejo um perdido, doutor ou analfabeto: Expor a Palavra da Cruz.

O problema é que nós, que decidimos expor a Palavra de Deus tal qual ela é, deparamo-nos com uma palavra verdadeira: "Certamente, a Palavra da Cruz é loucura para os que se perdem" (1 Co 1.18)

O que fazer então? Continuar a pregar o evangelho louco para um mundo perdido ou pregar um evangelho paliativo à alma destituída de Deus? Pregar uma cruz que leva o homem ao arrependimento ou um caminho tão lindo que só mesmo um louco recusaria andar por ele?

Os atuais pregadores e crentes preferem se apegar às experiências pessoais em detrimento da Palavra de Deus, pois aquela lhe dá uma falsa segurança de que seu trabalho evangelístico tem muito efeito, esta no entanto, mostra que é impossível uma vida se salvar senão pela inteira vontade e trabalhar do Espírito Santo de Deus, pois sem sua intervenção ela continua loucura para os que se perdem e sabedoria tão somente para os salvos. E para o homem é melhor depender tão somente dele, do que de outro, ainda mais de um deus tão longe.

Será portanto, que a Palavra de Deus já não se tornou loucura também para nós? Será que hoje desejamos ser sábios ao mundo em detrimentos de ser santos a Deus?

Este texto não é definitivo... eu muito tenho que aprender sobre evangelizar... nem mesmo teria coragem de escrever umas poucas linhas ensinando-os tal ministério. No entanto não tenho a aprender sobre estratégias de evangelismo, mas sim de Palavra, que eu novamente afirmo: É meu oráculo, meu caminho e onde apoio todo meu ser.


Autor: Daniel Clós
Fonte: Batalha Pelo Evangelho
Via: Bereianos



Esta é já uma postagem antiga do RVJ. Mas me vi às voltas com um ateu que queria me impor o ônus da prova da existência de Deus. É nada além da “presunção de ateísmo”, ela própria uma fuga do ônus da prova. Mas, bem, tudo está dito abaixo…

---------- x ----- x ----- x ----------

A quem cabe o ônus da prova sobre a questão da existência de Deus?

Há uma opinião corrente por parte dos que “não crêem” que o teísta deve provar a existência de Deus, enquanto eles são justificados em não crer. Assim, segundo eles, pessoas intelectualmente sãs, racionais, não poderiam crer em Deus. Eu só posso creditar isso a mais pura ignorância ou a mais descarada desonestidade.

O teísta é aquele que afirma a existência de Deus. Sua proposição é:

(i) Creio que Deus existe (ou “Deus existe”, ou “creio em Deus”)

Se pretende que sua proposição seja conhecimento, além de crer nela, terá que ter critérios para seja verdadeira e justificada. Ou seja, deverá provar sua asserção. O problema é que não há critérios universais que forneçam tal prova. Tudo fica no âmbito da fé!

Por ser fé, o ateu acusa o teísta de irracional. Tem ele razão? Vejamos: o ateu é aquele que nega a existência de Deus. Sua negação é, na verdade, uma afirmativa e sua proposição é:

(ii) Creio que Deus não existe (ou “Deus não existe”, ou “creio em não-Deus”).

Ora, do mesmo modo, se pretende que sua proposição seja conhecimento, além de crer nela, terá que ter critérios para seja verdadeira e justificada. Ou seja, também deverá provar sua asserção. Quais os critérios universais que fornecem tal prova? Não há. Novamente, tudo fica no âmbito da fé!

Se o teísta é irracional pela fé que tem, não é menos irracional o ateu. Nenhum dos dois pode satisfatoriamente e de forma definitiva provar o seu ponto. Há teorias quanto à plausibilidade ou à probabilidade de proposições. Entre haver ou não haver Deus, haveria uma proposição que seria mais plausível ou provável que a outra. Embora estas teorias procurem rigor e neutralidade, é difícil vê-las sem um aspecto psicológico que faça pender a balança para um ou outro lado.

Considerando as chances, 50% para cada lado, resta o apelo agnóstico que diz não conhecer Deus, simplesmente. Ele afirma:

(iii) Não creio que Deus exista (ou “não creio em Deus”).

Mas seu apelo só terá sentido se houver a contraparte:

(iv) Não creio que Deus não exista (ou “não creio em não-Deus”).

Pois afirmar (iii) e negar (iv) é afirmar (ii). Isto não será mais agnosticismo, porém ateísmo. Pender para um dos lados (como num pouco provável “tendo a crer em Deus” ou no mais comum “tendo a crer em não-Deus”), embora me seja psicologicamente compreensível, é intelectualmente desonesto se significa uma simples fuga do ônus da prova (como pretende a “presunção de ateísmo”, ver Definição de ateísmo).

Um agnóstico coerente, portanto, não considerará irrelevante a questão se Deus existe ao mesmo tempo em que não lhe dará peso excessivo. Não viverá como se Ele não existisse, mas também não considerará que Ele o está a observar. Não sonhará com o céu nem temerá o inferno, mas também não ignorará esperança ou temor. Chamará teístas e ateus igualmente de irracionais por sua fé sem provas. Mas a dúvida e a incerteza, como as do cético, serão suas companheiras...

Mas, ora, eu ainda não conheci um agnóstico coerente sequer, assim como não conheci qualquer cético que se cale! O agnóstico que conheço pode viver, e de fato vive, como um ateu. Pois, ora vejam, ele é um ateu. Apenas que renunciou aos debates quanto à racionalidade de sua crença no não-Deus. E, assim, que viva como o ateu que é, porém não acuse o teísta de irracionalidade, pois isso nunca passará de mal disfarçada desonestidade intelectual (qualquer semelhança com os novos ateus não é mera coincidência).

A quem cabe o ônus da prova? Ninguém, enfim, a terá, mas de sua fé vivem todos. O insensato ateu para hoje, aqui e agora, comendo e bebendo, pois amanhã morrerá. Porém o justo, aquele a quem Deus justificou, este de Deus mesmo recebeu uma fé e também uma vida de um outro tipo. De um tipo de fé que olha e vê o que os olhos não vêem. De um tipo de vida que é da eternidade amiga. De uma fé que vê e já vive as primícias da vida na bem-aventurança eterna do porvir diante da Presença, coram Deo...

SOLI DEO GLORIA!


Postado por Roberto Vargas Jr., no blog 5 Calvinistas



A controvérsia tem início com Pedro Pelágio, nascido na Irlanda em 354, que afirmava que somos capazes de obedecer. Sua posição foi uma reação a uma oração de Agostinho, que dizia "concedes o que ordenaste". Para ele, se Deus dá o que exige de nós, qual o mérito da obediência? Para Pelágio, a natureza humana é inalteravelmente boa e todos os homens são criados como Adão antes da queda, portanto nós somos capazes de evitar o mal e pode haver homens sem pecado. Como não herdamos a natureza pecaminosa, a graça pode até ajudar a fazer o bem, porém não é necessária para alcançar a bondade. Enfim, a graça não acrescenta nada à natureza humana, pelo contrário, é obtida por mérito.

Aurélio Agostinho, também nascido em 354 no Norte da África, opôs-se ferozmente às idéias de Pelágio, afirmando que somos incapazes de obedecer. Enquanto o monge irlandês negava as conseqüências da queda, Agostinho as enfatizava. Para ele, o homem fez mau uso de seu livre-arbítrio e destruiu a si mesmo e a sua descendência. Pela queda, o homem perdeu a liberdade, teve sua mente obscurecida, perdeu a graça que o assistia para o bem, adquiriu uma tendência para o pecado, tornou-se fisicamente mortal e passou a ter culpa hereditária. Dessa forma, o único jeito do homem ser recuperado desse estado de completa ruína é pela graça de Deus. Para Agostinho, essa graça era livre, visto que não é merecida nem conquistada, indispensável pois é a condição sine qua non da salvação, preveniente pois deve vir antes do pecador se recuperar, irresistível porque cumpre o propósito de Deus em dá-la e infalível porque a liberação da graça é sem falha.

Com a condenação dos ensinos de Pelágio no concílio Geral de Cartago, em 418, a controvérsia chegaria ao fim, não fosse os semi-pelagianos, liderados por João Cassiano, terem continuado a oposição a Agostinho, agora afirmando que somos capazes de cooperar. Cassiano insistia que embora a graça fosse necessária à salvação é o homem, e não Deus, que deve desejar o bem. Assim, a graça é dada a fim de que aquele que começou a desejar seja assistido e não para dar o poder de desejar. Para ele, o início das boas ações, bons pensamentos e fé, entendidos como preparação para a graça, é do homem. Portanto, a graça é necessária para a salvação final, mas não para dar a partida.

No alvorecer da Reforma, Martinho Lutero, nascido em 1483 na Alemanha, revive o agostianismo, afirmando que somos cativos do pecado. Seu livro "De servo arbitrio" é uma resposta a Erasmo de Roterdã, pensador católico romano que definiu o livre-arbítrio como "um poder da vontade humana pelo qual um homem pode se dedicar às coisas que o conduzem à salvação eterna, ou afastar-se das mesmas". Lutero nota que a definição de Erasmo não requer a graça para o homem se voltar para o bem ou para Deus. Em oposição a essa definição, afirma que o livre-arbítrio sem a graça de Deus não é livre de forma nenhuma, mas é prisioneiro permanente e escravo do mal, uma vez que não pode tornar-se em bem. Para Lutero, o livre-arbítrio do homem serve apenas para levá-lo à prática do mal e para a salvação sua dependência da graça é absoluta.

Talvez o nome mais relacionado à controvérsia sobre predestinação e livre-arbítrio seja o de João Calvino, nascido em 1509 na França. Sua ênfase sobre o tema pode ser resumida na expressão somos escravos voluntários. Para ele, quando a vontade humana está acorrentada ao pecado, ela não pode fazer sequer um movimento em direção à bondade, quanto menos persegui-la com firmeza. Calvino sempre procurou preservar a glória divina, por isso, no que concerne ao assunto, afirmou que o homem não pode apropriar-se de nada, por mais insignificante que seja, sem roubar de Deus a honra. Quanto ao homem, afirma que tendo sido corrompido pela queda peca não por propulsão violenta ou força externa, mas pelo movimento de sua própria paixão; e ainda, é tal a depravação de sua natureza que ele não pode mover-se e agir a não ser em direção ao mal. Calvino enfatiza a total dependência do homem da graça dizendo que é obra do Senhor renovar o coração, transformando-o de pedra em carne, dar a tanto a boa vontade como o resultado dela e colocar o temor ao Seu nome em nosso coração para que não retrocedamos.

Tiago Armínio, nascido em 1560 na Holanda, ensinava que somos livres para crer. Embora a controvérsia sobre arminianismo e calvinismo tenham colocado Armínio e Calvino em lados opostos, a verdade é que eles tem muito mais pontos em comum que divergentes. O ponto de afastamento é que Armínio considera que a graça pode ser resistida. Para ele, a graça é uma condição necessária para a salvação, mas não uma condição suficiente. Ou seja, sem a graça o homem é incapaz de aceitar a salvação, mas com a graça ele ainda é capaz de rejeitá-la.

Um ano após a morte de Armínio, seus seguidores, chamados Remonstrantes, apresentaram um protesto composto de cinco pontos, nos quais afirmavam que Deus elege ou reprova com base na fé ou incredulidade previstas, Cristo morreu por todos e cada um dos homens, embora só os crentes sejam salvos, o homem é tão depravado que a graça é necessária para a fé ou para a boa obra, mas essa graça é resistível e se o regenerado vai certamente perseverar requer maior investigação. Esses pontos foram respondidos no Sínodo de Dort, originando os chamados "Cinco Pontos do Calvinismo".

Em 1821, o advogado americano Charles Gladison Finney, nascido em 1792, converte-se ao cristianismo. Ele afirmava que não somos depravados por natureza. Para ele, se a natureza é pecaminosa, de tal forma que a ação é necessariamente pecaminosa, então o pecado em ação deve ser uma calamidade, e não pode ser crime, uma vez que a vontade do homem nada tem a ver com ele. Quanto a regeneração, ele a torna dependente da escolha humana, dizendo que nem Deus, nem qualquer outro ser, pode regenerá-lo se sua vontade não mudar de direção. Se ele não mudar a sua escolha, é impossível que ela possa ser mudada. Afinal, para Finney, a regeneração é mera mudança de escolha e de intenção. Ele negava que a regeneração envolvesse mudança na constituição da natureza humana. Em suma, o homem opera a sua própria regeneração.

Os cristãos modernos alinham-se a uma ou mais dessas ênfases. A igreja romana nunca deixou de afagar seu semi-pelagianismo latente. O arminianismo moderno é essencialmente remonstrante, de uma forma que até Armínio reprovaria. Os calvinistas atuais mantém as posições de Agostinho, Lutero e Calvino, conforme expressas nos Cânones de Dort. Infelizmente, Elvis pode ter morrido, mas Pelágio e Finney continuam vivos entre evangélicos.

PS.: Devo muito a R. C. Sproul na preparação desse resumo histórico.


Autor: Clóvis Gonçalves é blogueiro do Cinco Solas e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.
Fonte: Vemver Textos



Cerca de 50,68% dos pastores e líderes nunca leram a Bíblia Sagrada por inteira pelo menos uma vez. O resultado é fruto de uma pesquisa feita pelo atual editor e jornalista da Abba Press & Sociedade Bíblica Ibero-Americana Oswaldo Paião, com 1255 entrevistados de diversas denominações, sendo que 835 participaram de um painel de aprofundamento. O motivo é a falta de tempo, apontaram os entrevistados.

Oswaldo conta que a pesquisa se deu através de uma amostragem confiável e que foi delimitada. Segundo ele a falta de tempo e ênfase na pregação expositiva são os principais impedimentos. “A falta de uma disciplina pessoal para determinar uma leitura sistemática, reflexiva e contínua das escrituras sagradas e pressão por parte do povo, que hoje em dia cobra por respostas rápidas, positivas e soluções instantâneas para problemas urgentes, sobretudo os ligados a finanças, saúde e vida sentimental”, enumera Oswaldo.

A maioria dos pastores corre o dia todo para resolver os problemas práticos e urgentes dos membros de suas igrejas e os pessoais. Outros precisam complementar a renda familiar e acaba tendo outra atividade, fora a agenda lotada de compromisso. Os pastores da atualidade, em geral, segundo Paião, são mais temáticos, superficiais, carregam na retórica, usam (conscientemente ou não) elementos da neurolinguística, motivação coletiva, força do pensamento positivo e outras muletas didáticas e psicológicas. Oswaldo arrisca dizer que muitos "pastores precisam rever seus conceitos teológicos e eclesiológicos, sem falar de ética e moral, simplesmente ao ler com atenção e reflexão os livros de Romanos, Hebreus e Gálatas. E antes de ficarem tocando Shofar e criando misticismo, deveriam ler a Torá com toda a atenção, reverência e senso crítico".

Fonte: Imbituba Gospel
Via: Bereianos



Talvez eu deva começar por explicar que eu entendo um (ofensivo) argumento ad hominem como um erro lógico. Não há nenhuma razão para pensar que nós temos refutado alguém nas discussões simplesmente porque temos energicamente as atacado pessoalmente. Há também outro erro, de perto relacionado com o ad hominem, denominado "Bulverismo" por C.S. Lewis. [1] Ele indicou a tendência moderna de dispensar uma discussão em terrenos não mais férteis do que o fato de que você explicar como teu adversário veio a crer [nesse argumento]. Mas disto não se depreende que há conexão entre o estilo de vida e a verdade. É insuficiente sustentar que o ateísmo de Jones pode não ser verdadeiro porque ele chuta seu cachorro. Se ele propõe os argumentos, então os argumentos devem ser endereçados. Um método apologético completo endereçará os argumentos, enquanto que ao mesmo tempo entendida e levada em conta sua fonte.

Como cristãos, nosso objeto intelectual é pensar os pensamentos de Deus. Nosso objetivo não deve ser uma falsa "originalidade" humanística, mas talvez num sentido de submissão às coisas do modo que elas são. Isso ocorre porque cremos que o mundo é como é por causa do Criador e Sustentador de todas as coisas. Mas se a verdade é para ser encontrada por submissão à verdade de Deus, então ela não se torna uma questão de opinião se alguém se arroga ter encontrado a verdade, mas está vivendo em aberta afronta à lei de Deus?

Por exemplo, Karl Marx se dedica a uma discussão prolongada, aguda e amarga com a realidade.[2] O poeta Shelley era um existencialista [3]. O filósofo Jean-Paul Sartre era um notório explorador de mulheres. A mais notável foi sua amante, Simone de Beauvoir. "Em todos os elementos essenciais, Sartre a tratou não melhor do que Rousseau fez à sua Therese; o pior, porque ele foi notoriamente infiel. Nos anais de literatura, há poucos casos piores de um homem explorado uma mulher. Isso tudo é o mais extraordinário porque de Beauvoir foi uma feminista por toda a vida."[4] Não seria de todo difícil encher um volume com nomes de homens e mulheres que sacudiram seus punhos ao céu com menos do que motivos altruístas.[5]

Agora, é bem verdade que os padrões éticos de um homem não têm um suporte direto na sua concepção de que 2 + 2 = 4, ou de que o sol nasce no leste. Mas suponha que o assunto em debate é a existência de um Juiz. O debate está em que há Um que pesará e avalia o pensamento e feito dos filhos de homens, e lançará o que o Odeia à escuridão exterior. É o estilo de vida dos participantes realmente irrelevante? Em outras palavras, o acusado é qualificado para dar juízos acerca do existência do Juiz?

O coração do problema é o coração. "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos..." (Rom. 1:18-22).[6]

Um problema moral (recusa para glorificar a Deus como Deus, e recusa para graças a Deus) é a causa de um problema intelectual. Não há outro caminho ao redor. Nossa condição ética não pode ser preservada e protegida pelo intelecto. Os dois estão conectados, mas não no caminho que os cristãos freqüentemente supuseram. Nós somos para proteger nosso intelecto através de nossa posição ética diante de Deus.[7] A razão pela qual o incrédulo não crê não tem nada a ver com falta de argumentos. Sua falta de desejo para ouvir os argumentos sobre a verdade do cristianismo, um tanto, é o resultado da incredulidade.

Às vezes levamos a apologética evangelística como se os homens não regenerados não amassem seu pecado. Nós falamos e agimos numa defesa intelectual da fé, no entanto, que de alguma maneira dêao rebelde um desejo para a santidade. Não é assim. Nós discutimos com eles, supondo que eles quererão se submeter a esta verdade, se somente eles souberem que isto seja a verdade. Mas eles sabem que isto é verdadeiro, e eles não querem se submeter à verdade (Rom. 1:28). Neste ponto, muitos evangelistas e talvez os apologetas são tentados a recorrer ao desespero. Tal como Ezequiel, eles são incertos acerca da eficácia de profetizar aos ossos. Mas veremos isso em breve.

O intelecto é proteção insuficiente para a moralidade. Mas a obediência protege o intelecto. Credo ut intelligam. Se eu recuso a fazer o que creio, então no final estou recusando a compreender. O testemunho da Escritura é que a rebelião ética produz escuridão intelectual. É falso dizer que nós podemos proteger nossas vidas com argumentos; nós protegemos, um tanto, a integridade e a confiabilidade do argumento pelo modo como vivemos nossas vidas. Em resumo, o desobediente eventualmente procurará por argumentos que lhe justificarão a sua desobediência. Porque nenhum argumento pode ser ao mesmo tempo verdadeiro e válido, em pouco tempo o rebelde começará a atacar o próprio argumento, i.e. "Falsas categorias aristotélicas etc." [8] cristianismo é rejeitado inicialmente em nome da razão mas, além do cristianismo, a razão cai para um desespero irracional.

Essa é a razão pela qual um reavivamento da santidade produzirá sempre um reavivamento da aprendizagem. Não flui na mão inversa; a aprendizagem não produz a santidade. O conhecimento infla, mas o amor fortalece, e dentre as coisas que se fortalecem está o conhecimento. Essa é a razão pela qual também um abandono da santidade ao final destruirá a aprendizagem. O processo começa com a loucura disfarçada como escolaridade e aprendizagem, i.e. a loucura, está enfeitada com notas de rodapé.[9] Finalmente, quando a falência se tornar evidente a todos, então a própria escolaridade será denunciada.

Modo

Dado este relacionamento entre a santidade e o intelecto, o modo com o qual nós expomos em nossa apresentação da verdade é importante. Em II Timóteo 2:23-26 somos instruídos para instruir "em humildade" a quem se opuser a nós, com a esperança de que Deus lhe conceda o arrependimento. O Deus soberano usa meios na salvação do rebelde, e um dos meios é a humilhante instrução do justo. Particularmente, o apologeta dever cultivar duas coisas em sua conduta ao mesmo tempo em que fala com aqueles que estão nos moldes de Romanos 1. Sua conduta deve se endereçar às duas áreas identificadas nessa passagem como sendo o coração do problema, i.e. a recusa para dar honra a Deus como Deus, e o recusa para lhe dar graças.

Primeiro, o apologeta deve se encher com uma compreensão da majestade de Deus. Se a rebelião daquele que está diante de você vem de uma teimoso cegueira dessa majestade, então como ele pode ser ajudado por um evangelista com o mesmo problema? A futilidade, a vulgaridade e a tolice que caracteriza muito do cristianismo evangélico não estará com o sucesso rebocado com a cal de uma discussão. Por que em nossas modernas declarações da verdade evangélica falta o tom triunfante e majestoso do profeta Isaías? "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento." (Is 40:28). Essa é a convicção do escritor de que sente que a grandeza de Deus está perdida na igreja em geral por causa da rejeição difundida da compreensão bíblica de quem Deus realmente é. Nada esvazia um homem de si mesmo o bastante como o fato de que Deus é Deus em tudo, e não pode ser substituído por qualquer criatura, incluindo-se a salvação da mesma.[10]

Segundo, o apologeta deve ser preenchido com ação de graças e gratidão. Novamente, porque a rebelião do homem está enraizada numa recusa em dar graças a Deus, quanto mais ele estiver evidente para cristãos gratos, melhor. O mistério da gratidão começa bem no princípio. Quem entre nós não tem visto alguns sujeitos emburrados, crianças rebeldes recusando-se a agradecer um adulto por alguma ou outra coisa? Há alguma coisa na natureza pecaminosa do homem que não quer a gratidão, e dizer "muito obrigado" para Deus seria uma indicação intolerável de gratidão.[11]

Se estas duas atitudes são evidentes, então elas seriam usadas por Deus para convencer o ouvinte de seu problema básico. Não é dizer que aquelas palavras não tenham importância. As palavras de verdade são o prego que deve ser dirigida ao coração. A submissão do evangelista para Deus como Deus, junto com seu agradecimento, é o martelo. Quem bate o martelo é o Espírito Santo; Ele é o Único que concede o arrependimento.

Conteúdo

É vital lembrar que o evangelismo, e por conseguinte a fiel apologética, pode ser dividido em dois aspectos: lei e evangelho (não confundir com a distinção dispensacionalista ou luterana). Muito do evangelismo moderno não dá fruto simplesmente porque estes elementos são negligenciados, ou torcidos.

Quando a lei vem para um homem não regenerado, ela sempre faz duas coisas: ele o reconhece como verdadeiro, e ele o odeia como verdadeiro. Não é nossa posição procurar persuadi-lo de que ele tem uma obrigação de honrar a Deus como Deus, e para Lhe agradecer. Ele já sabe. É uma verdade a qual ele está suprimindo na impiedade. Por conseguinte, o indivíduo ouve a lei em todo lugar: na Criação, em seu próprio coração mau, e do evangelista.[12]

Em outras palavras, não procuramos ganhar a pessoa a quem estamos testemunhando para concordar verbalmente com a visão bíblica do homem. Ele é o caminho que Deus fez, concorde ele com isto ou não. Assim nós devemos assumir a visão bíblica do homem. Nós falamos nessa base. Como nós falamos, nós sabemos que quem ouve sabe, em algum nível, que falamos a verdade. Isso é verdadeiro, no entanto, muito disso ele suprimiu. Está na base disso que Deus julga os homens que rejeitam o evangelho. Eles o rejeitaram, sabendo isto ser verdadeiro.

O conteúdo de nossa comunicação deve girar em torno de duas coisas: outra vez, há dois pontos aos quais os homens se rebelam. Primeiro, não devemos ser hesitantes ao falar de Deus como Deus. Ele é o Criador soberano e Suporte de todas coisas. Não devemos falar de um Poder Superior, embora ele ou ela possam conceber assim. Nós somos cristãos que servem o Pai do Senhor Jesus Cristo, não adeptos de uma Benevolência Indistinta no Céu. Mas como falamos de Deus, deve estar claro que estas palavras contêm definições muito claras, e essas definições não lisonjeiam o homem. Deus sabe de tudo: Ele supervisiona tudo; Ele trouxe tudo à existência; Ele é santo, justo e bom; Ele é um Juiz severo e um Salvador amoroso; Ele está presente em todo lugar; toda terra está cheia da Sua glória; por Ele, por Ele , e para Ele são todas as coisas. Os vinte e quatro anciãos precisam passar mais tempo contemplando (Ap 4:10-11).

Segundo, devemos enfatizar, explicitamente, as obrigações de todas as criaturas para dar os agradecimentos a Deus. Tudo que tem fôlego tem sido para elogiar o Senhor (Sl 150:6). Muitas vezes os cristãos afirmam que Deus é o Criador, sem se cuidar de aplicar a óbvia resposta ética - ação de graças. Suponha, por um momento, que déssemos a todos os engenheiros e cientistas do mundo um colossal orçamento e a tarefa seguinte: criar uma mão habilidosa, com todos os opcionais. Uma mão na qual cresceriam calos quando usada, que repara a si mesmo quando se corta, que se movimenta com a destreza de um ilustre pianista, e assim por diante. Eles não a poderiam fazer com todos os recursos do mundo. E ainda, aqui estou sentado em frente ao meu processador de texto, digitando com duas destas coisas. E elas foram dadas a mim. De graça.

Nós, como criaturas, tenha uma obrigação de dar graças a Deus. Aqueles em rebelião que não dão graças a Deus precisam ser lembrados da obrigação. Deus é Deus; Ele não é como nós. Deus é o bem; Ele diariamente dá para cada um de nós, cristãos e não-cristãos, muito mais presentes do que poderíamos manter a perder de vista (Mateus 5:45).

Tal como atestamos estas coisas, o testemunho tem a força de lei. Isso é o que a lei supostamente deveria fazer, para evidenciar e revelar a transgressão (Rm 3:20; 5:20). Ela condena. Não está imaginando que estas verdades são suprimidas. Para não-cristãos, ainda não há nenhuma boa notícia.

Depois da lei vem o evangelho. A mensagem da cruz e ressurreição reconcilia os pecadores para com Deus, e parte desta reconciliação é o dissipar da escuridão intelectual. A inutilidade de pensar vai embora porque a dureza do coração que a produzia se foi. Duros corações são feitos para cabeças moles. Porque o Espírito de Deus tira o coração de pedra, o caminho que o homem concebe é alterado para sempre. Tudo não é feito imediatamente, mas o processo começou. Porque a rebelião acabou, o processo de renovação da mente está estabelecido (Rm 12:1-2).

Intelectualismo Frio?

I Pedro 3:15 ensina: "antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós." Boas razões e boas defesas vêm de bons corações. Se eu estou somente preparado intelectualmente, eu não estou preparo intelectualmente. [13] O representante do cristianismo deve ter "santificado" o Senhor em seu coração, uma boa consciência, e então ele deve dar sua defesa, e sua razão para a esperança. Se aquele que fala não tem santificado o Senhor em ele coração, não tem uma boa consciência. É por isso que ele está em escuridão intelectual.

Como acima mencionado, a dicotomia popular entre mente e coração é falsa. Mas para usar os termos por ela sugeridos por um momento, se alguém que concebe a religião do coração rejeita a importância da "doutrina", o problema não está em sua mente. O problema está em seu coração; não está dando fruto. Isso ocorre porque se um homem santifica o Senhor em seu coração, o resultado será a defesa e as razões [de defesa].

E se um apologeta cristão, que está "em sintonia com a doutrina", vive uma vida de distorção ética, então o problema em seu coração provavelmente se desenvolverá em seu pensamento.[14] Nós não podemos dissociar uma parte de nós da outra. Quando as pessoas saem de um equilíbrio bíblico, eles perdem muito do que julgam ser a parte mais importante. Os fariseus adoravam a lei, mas na realidade, a destruíram. Os piedosos dizem que nós devemos nos concentrar no coração, mas o resultado é um coração que não produz os frutos que deveria produzir. Em nome de limpar os corações, eles produzem corações podres. Nossos irmãos mais intelectuais negligenciam o coração, e por conseqüência negligenciam, na verdade, a mente. Em nome de mentes ajustadas, eles destroem as bases e fundação de tudo pensamento limpo, o qual é a obediência na prática. [15]

Conclusão

A Bíblia ensina que a escuridão intelectual é o resultado da rebelião, não a sua causa. Aqueles que foram tirados da escuridão tem uma responsabilidade de falar àqueles que ainda nela estão. Como eles falam é vital para perceber a fonte da escuridão intelectual, e para dirigi-la através da conduta do orador, e o conteúdo do que é dito.

Se o apologeta expõe o caráter de Deus e demonstra gratidão ao mesmo, então é de longe mais provável que a misericórdia de Deus será demonstrada. Estas duas verdades devem transbordar dentro do conteúdo do que é dito. Até isso acontecer, nós não veremos o que tem estado ausente do cristianismo evangélico por centenas de anos: apologetas em chamas.

NOTAS

[1] Lewis, C.S., Deus no Banco dos Réus (Grand Rapids: Eerdmans, 1970), pp. 271-277.
[2] Eu creio que Marx é um bom exemplo vivo dos dois princípios fundamentais dos ateus: (1) Não há nenhum Deus, e (2) Eu O odeio.
[3] Johnson, P., Intelectuais (Nova Iorque: Harper and Row, 1988) p. 46.
[4] Ibid., p. 235.
[5] Não seria difícil encher outro volume com nomes de cristãos professos cuja vida foi menos do que admirável. Mas o problema da hipocrisia é totalmente diferente. O ateu imoral é relutante para viver com a tensão lógica no meio de suas premissas e de seu estilo de vida; ele quer que ambos sejam compatíveis. O "cristão" imoral é inclinado a ser inconsistente.
[6] Gordon Clark vê este mesmo processo em II Timóteo 3:8. Os falsos mestres eram "deteriorados intelectualmente". Clark, G., Epístolas Pastorais (Jefferson: Fundação Trinitariana, 1983), p. 173.
[7] Alguns têm procurado se proteger do pecado por vislumbrar as suas conseqüências finais. Isso é bem bíblico (Pv 5:1-23), mas há outros lugares para enxergar além dos tribunais de divórcio e das escorregadas. Eu tenho encorajado a mim mesmo para ter um comportamento mais santo e moral tendo em vista a loucura intelectual que tenho visto numa universidade estadual das redondezas. Lá, o expurgo da intelectualidade.
[8] Evidentemente, o ataque de um argumento é si mesmo um argumento.
[9] Os dois melhores exemplos de loucura defendidos por alunos são o marxismo e evolucionismo. Aqui temos duas teologias claramente ridículas, e os sacerdotes destas religiões estão lecionando em nossas melhoras universidades. Como muitas vezes observado, o último baluarte do marxismo no mundo parece ser as universidades estadunidenses.
[10] A teologia bíblica, devidamente compreendida, é uma fé alegre, vitoriosa, militante, conquistadora. Isto ocorre por causa da própria compreensão de quem Deus é, e do que Ele fez na cruz e na ressurreição de Cristo.
[11] Você reparou como nossa cultura mal-agradecida não saber o que fazer com [o dia de] Ação De Graças? Eles querem que seja o Dia do Peru.
[12] A doutrina da depravação total do homem não refere a sua incapacidade para reconhecer a lei de Deus. Isto se refere à incapacidade para reconhecê-la e amá-la ao mesmo tempo. Ela pode amar, provendo o que ela não entende (zelo sem conhecimento), ou pode entender ao mesmo tempo que a odeia (a mente pecaminosa é hostil para com Deus). Mas ela não pode, sem a intervenção do Espírito, entender a lei e o amor em conjunto.
[13] Este ponto é muitas vezes mal entendido pelos evangelistas "pietistas". Eles estabelecem uma falsa dicotomia entre o coração e a mente. Afirmam que somente o coração é importante, e então buscam se apoiar em Jesus. Mas bons corações produzirão fruto intelectual. Para contrariar, como eles fazem, o "intelectualismo" em nome da religião-coração, é como um fazendeiro não concordando com maçãs ligadas a macieiras. A piedade verdadeira sempre produzirá aprendizagem verdadeira.
[14] Uma vez escrevi uma carta para um pastor, fazendo uma consideração muito parecido com esta. Ele e sua igreja foram para o que eles chamaram sintonia doutrinária. Em vez de indicar a deficiência de amor, a qual seria um carga da qual eles não duvidam que exista, eu indiquei uma deficiência doutrinária - o ponto de vista de Escritura indicada através de sua desobediência. Eu recebi uma resposta da carta do com um termo de significado escatológico estampado por todos os lados.
[15] Se um homem não obedece a Deus da mesma maneira com a qual ele trata sua mulher, então por que iria obedecer a Deus do modo como ele pensa? A rebelião tolerada em qualquer lugar se espalhará por todo lugar.


Tradução por Cleber Olympio
Fonte: CRTA
Via: Bereianos



Deus condena a poligamia. Dificilmente um cristão negaria essa afirmação. Mas se isso é verdade, então por que Deus permitiu que Salomão tivesse setecentas mulheres e trezentas concubinas, segundo consta em 1 Reis 11.3?

Norman Geisler e Thomas Howe apresentam uma resposta:

A monogamia é o padrão de Deus para os homens. Isso está claro nos seguintes fatos: (1) Desde o princípio Deus estabeleceu este padrão ao criar o relacionamento monogâmico de um homem com uma mulher, Adão e Eva (Gn 1:27; 2:21-25). (2) Esta ficou sendo a prática geral da raça humana (Gn 4:1), seguindo o exemplo estabelecido por Deus, até que o pecado a interrompeu (Gn 4:23). (3) A Lei de Moisés claramente ordena: “Tampouco para si multiplicará mulheres” (Dt 17:17). (4) A advertência contra a poligamia é repetida na própria passagem que dá o número das muitas mulheres de Salomão (1 Reis 11:2): “Não caseis com elas, nem casem elas convosco”. (5) Jesus reafirmou a intenção original de Deus ao citar esta passagem (Mt 19:4) e ao observar que Deus “os fez homem e mulher” e os juntou em casamento. (6) O NT enfatiza que “cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7:2). (7) De igual forma, Paulo insistiu que o líder da igreja deveria ser “esposo de uma só mulher” (1 Tm 3:2; 12). (8) Na verdade, o casamento monogâmico é uma prefiguração do relacionamento entre Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32).

A poligamia nunca foi estabelecida por Deus para nenhum povo, sob circunstância alguma. De fato, a Bíblia revela que Deus puniu severamente aqueles que a praticaram, como se pode ver pelo seguinte: (1) A primeira referência à poligamia ocorreu no contexto de uma sociedade pecadora em rebelião contra Deus, na qual o assassino “Lameque tomou para si duas esposas” (GN 4:19,23). (2) Deus repetidamente advertiu ou polígamos quanto às conseqüências de seus atos: “para que o seu coração se não desvie” de Deus (Dt 17:17; cf. 1 Rs 11:2). (3) Deus nunca ordenou a poligamia - como o divórcio, ele somente a permitiu por causa da dureza do coração do homem (Dt 24:1; Mt 19:8). (4) Todo praticante da poligamia na Bíblia, incluindo Davi e Salomão (1 Crônicas 14:3), pagou um alto preço por seu pecado. (5) Deus odeia a poligamia, assim como o divórcio, porque ela destrói o seu ideal para a família (cf. Ml 2:16).

Em resumo, a monogamia é ensinada na Bíblia de várias maneiras: (1) pelo exemplo precedente, já que Deus deu ao primeiro homem apenas uma mulher; (2) pela proporção, já que as quantidades de homens e mulheres que Deus traz ao mundo são praticamente iguais; (3) por preceito, já que tanto o AT como o NT a ordenam (veja os versículos acima); (4) pela punição, já que Deus puniu aqueles que violaram o seu padrão (1 Rs 11:2); e (5) por prefiguração, já que o casamento de um homem com uma mulher é uma tipologia de Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32). Apenas porque a Bíblia relata o pecado de poligamia praticado por Salomão, não significa que Deus a aprove.


Fonte: GEISLER, Norman L e HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Traduzido por Milton Azevedo Andrade. São Paulo: Mundo Cristão, 1999. P. 191,192.
Via: Apologia



Suas iniqüidades fazem vocês pesados como chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus per­mitisse que caíssem vocês afundariam imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e mergulhariam nesse abismo sem fundo. Sua saúde, seus cuidados e prudência, seus melhores planos, toda a sua retidão, de nada valeriam para sustentar e conservar vocês fora do inferno. Seria como tentar segurar uma avalancha de pedras com uma teia de aranha. Se não fosse a misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês por um só momento, pois são uma carga para ela. A natureza geme por causa de vocês. A criação foi obrigada a se sujeitar à escravidão, involuntariamente, por causa da corrupção de vocês. Não é com prazer que o sol brilha sobre vocês, para que sua luz alumie vocês para pecarem e servirem a satanás. A terra não produz de bom grado os seus frutos para satisfazer a luxúria de vocês. Nem está disposta a servir de palco à exibição de suas iniqüidades.

Não é voluntariamente que o ar alimenta sua respiração, mantendo viva a chama dos seus corpos, enquanto vocês gastam a vida servindo os inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são boas e foram feitas para que o homem, por meio delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que prestam serviço a outros propósitos, e gemem quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão contrários à sua finalidade e natureza. E a própria terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana d’Aquele a quem vocês tanto têm ofendido. Eis aí as nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre suas cabeças carregadas por uma tempestade ameaçadora, cheias de trovões. Não fosse a mão restringidora do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário ele sobreviria com fúria, sua destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palha dispersada pelo vento.

A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por suas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, sua culpa cresce cada vez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse Sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que sua força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo no inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina.

O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para seu coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus - um Deus irado! - que não Se compromete e a nada Se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo com o sangue de vocês.

Assim estão todos vocês que nunca experi­mentaram uma transformação real em seus corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em suas almas - todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com suas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente Sua misericórdia os livra de ser, agora, neste momento, tragados pela destruição eterna.

Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles que já se foram, e que estavam na mesma situação que a sua, percebem que foi exata­mente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperav­am, e quando mais afirmavam viver em paz e segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram sua confiança para obter paz e segurança eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias.

O Deus que mantém vocês acima do abismo do inferno abomina vocês; Ele está terrivelmente irritado e Seu furor, contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados no fogo. E Seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a Seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para olhos humanos. Vocês O têm ofendido infini­tamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a Sua mão, pode impedi-los de cair no fogo a qualquer momento. O fato de vocês não terem ido para o inferno a noite passada e de terem tido permissão de acordar ainda aqui neste mundo, depois de terem fechado os olhos ontem para dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe outra razão porque vocês não foram lançados no inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus tê-los sustentado. E não existe outra razão porque vocês não caiam no inferno neste exato momento.


Autor: Jonathan Edwards
Via: Orthodoxia



Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará (Ef 5.14).

Em artigos anteriores escrevi uma análise a respeito da igreja e tomei coragem para afirmar que, ao que parece, Deus largou a igreja brasileira de lado e deixou-a seguir seu próprio caminho. É que Deus agiu da mesma maneira com a nação de Israel no passado e falou com o profeta Isaías a respeito. No mesmo capítulo em que Isaías descreve a glória de Deus e se vê confrontado com seu pecado, a mensagem que Deus lhe dá é a mesma que diria hoje a igreja:

“O Senhor Deus me disse: — Vá e diga ao povo o seguinte: “Vocês podem escutar o quanto quiserem, mas não vão entender nada; podem olhar bem, mas não enxergarão nada.” Isaías, faça com que esse povo fique com a mente fechada, com os ouvidos surdos e com os olhos cegos, a fim de que não possam ver, nem ouvir, nem entender. Pois, se pudessem, eles voltariam para mim e seriam curados” (Is 6.910 – NTLH).

Esta palavra de Isaías é tão verdadeira que foi repetida por Jesus, e anos mais tarde por Paulo. Tanto Jesus quanto Paulo usaram o mesmo texto de Isaías para falar a respeito dos israelitas que endureceram seu coração para não ouvir a Deus. Isaías estava falando para os judeus, povo que adorava a Deus e que tinha ritos religiosos e observava os mandamentos e a lei.

Em Mateus 13 os discípulos perguntaram a Jesus: Por que lhes fala por parábolas? E Jesus citou este texto de Isaías. Quando os judeus em Roma rejeitaram a palavra que Paulo lhes pregava ele também citou esta mesma palavra. Isto é, que os israelitas estavam surdos e cegos e Deus os deixara assim para sua própria perdição.

“Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem. De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados” (Mt 13.13-15).

Assim como a nação de Israel perdera o foco de sua missão que era a de ser luz para as nações, a igreja brasileira perdeu o foco de sua missão. Os líderes da igreja endureceram seu coração e seus líderes hoje têm olhos que não veem e ouvidos que não ouvem, por isso não entendem a mensagem que Deus tem pra ela.

Confesso que o que vemos hoje no Brasil não espelha a verdadeira igreja de Cristo. Por que digo isto? Porque a igreja atual não preenche os requisitos de uma igreja que diz ser o corpo de Cristo. A igreja se casou com o sistema do mundo. Incorporou em sua mensagem e prática de vida elementos de filosofias humanistas e positivistas, e vem deturpando sistematicamente os ensinamentos de Jesus Cristo.

Décadas atrás culpávamos os católicos por serem uma igreja casada com o sistema, mas, ultimamente os evangélicos se casaram com o sistema do mundo, e seus líderes apreciam a vida palaciana, dividem os púlpitos com políticos sórdidos e abandonaram os pobres e os necessitados. Haja vista que hoje no Brasil muitos pastores e líderes apóiam este governo que tem em sua agenda um programa comunista que vai de encontro, em choque frontal com a mensagem do reino de Deus. Pastores e líderes perderam sua voz profética e a igreja se tornou meramente palanque de políticos que atentam contra a própria igreja!

Que Deus largou a igreja brasileira de lado não resta dúvidas. Isaías afirmou que o Espírito Santo se entristecera e que se tornara inimigo do povo de Israel. O mesmo está acontecendo nos dias de hoje. O Espírito Santo se tornou o maior inimigo da igreja. Não sou advogado de Deus, mas com base nas escrituras posso afirmar que Deus entregou seu próprio povo à matança! Isto é, os que se dizem povo de Deus e não são, porque Deus sempre conserva um povo remanescente que não dobra seus joelhos diante de Baal.

“Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles” (Is 63.10)


A igreja hoje tem um grande inimigo que não é o diabo. Seu maior inimigo é o Espírito Santo, porque a igreja não tem ouvidos para ouvir nem olhos para ver. A igreja abandonou sua missão na terra e se encantou com seus amantes.

Todos os dias recebo e-mails dos meus pares pastores pedindo que oremos para que as leis que tramitam no congresso nacional e que limitarão a ação da igreja não sejam aprovadas. E que diferença fará a aprovação de tais leis para a Igreja? As leis vigentes no império romano eram ainda mais absurdas, porque era obrigatório que se queimasse incenso ao Imperador, como atesta um documento de Plínio, o menor ao imperador Trajano. Não se podia fazer reuniões à porta fechadas (por isso Lucas descreve em Atos 20.8 que havia muitas lâmpadas na sala onde estavam reunidos os irmãos). Os irmãos se reuniam de madrugada para tomar a ceia e eram perseguidos pelo sistema e até acusados de serem um povo que roubava e que causava mal à sociedade. E, apesar de tudo a igreja cresceu. Nero pôs fogo em Roma e colocou nos cristãos a culpa, e o povo acreditou!

Não me preocupam essas leis. Quem sabe – sem querer ser um profeta apocalíptico – essas leis farão a igreja se despertar para sua verdadeira missão e farão que a mensagem simples e poderosa do evangelho volte a ser pregada integralmente.

Chegará o dia em que a igreja orará como Isaias perguntando: “Ó Senhor, por que nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que te não temamos? Volta, por amor dos teus servos e das tribos da tua herança” (Is 63.17).

Mas, para os que temem o Nome do Senhor brilhará o Sol da justiça! Existe uma parcela da igreja que não se dobrou diante de Baal, diante do sistema do mundo e que permanece fiel a Deus. Onde está essa gente? Está no meio da igreja! Assim como na Babilônia havia os fieis que não se dobravam diante dos ídolos, na grande Babilônia de hoje existem fieis que temem ao Senhor e não dobram seus joelhos nem cedem diante dos apelos governistas.

As palavras de Deus dadas a Jeremias são bastante atuais em nossos dias. Jeremias dizia que “a palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa; não gostam dela” (Jr 6.10). E, de fato, os pregadores de hoje têm deixado a palavra de Deus de lado. Jeremias também afirma que “tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade” (6.13). Preciso ser mais claro? Diz ainda o profeta que os pregadores “curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (v 14).

E finalmente o Senhor diz: “Eis que ponho tropeços a este povo” (v 21).

E a igreja brasileira tropeça e tropeça, culpando o diabo. Mas é Deus que está colocando tropeços no meio do seu povo. Prestem atenção! Deus está no comando! Só assim Deus terá um povo santo e nação santa que é seu grande anelo e propósito.

Como proceder? Que reação devemos ter? Confessar, como Habacuque: Diante da negativa de Deus de que as coisas haveriam de piorar, podemos confessar que continuaremos a esperar no “Deus da minha salvação”!

O poeta Castro Alves gritou desesperadamente diante de Deus diante das injustiças cometidas em seus dias: Deus, onde estás? “Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus, se eu deliro... ou se é verdade tanto horror perante os céus?!”.


Autor: Pr. João A. de Souza Filho
Fonte: Site do autor
Via: Bereianos



Extraí a declaração abaixo de uma entrevista publicada na revista “Super Interessante” deste mês:

“Meu trabalho é garantir que existam opções para que as pessoas decidam por si próprias. Agora, se tiver de escolher entre criar uma comida gostosa ou saudável, o sabor será sempre a prioridade”

Não, a frase não é de um pastor da famigerada teologia da prosperidade, mas, coincidentemente, soa como se fosse. A declaração é do americano Daniel Coudreaut, homem de frente da cozinha do McDonald’s e responsável por criar as receitas que deliciam multidões de clientes da maior rede de fast food do mundo. Na entrevista, Coudreout é perguntado sobre os métodos que ele utiliza para driblar as críticas dos defensores da alimentação saudável e, assim, continuar atraindo mais e mais famintos das delícias do McDonald’s.

Pensei cá com meus botões: McDonald’s e teologia da prosperidade tem tudo a ver. A diferença básica é que os criadores do fast food gospel não têm a sinceridade do “mago” da rede de lanchonetes. Entre oferecer uma comida gostosa ou saudável, os vendilhões “prósperos”, sem dúvida, escolhem a primeira opção – sempre com algum “respaldo bíblico” na manga, para justificar o engodo. Afinal, a satisfação do cliente é norma da casa, tudo “em nome” do Senhor, claro.

E do outro lado do balcão, uma nova categoria de crente se acotovela por mais uma apetitosa novidade. Depois do “crente Raimundo” [um pé da igreja outro no mundo], do “crente seis horas” [cês ora por mim] e de outros por aí, proponho o credenciamento no clube dos crentes cara-pau da categoria “crente McDonald’s”. São aqueles que vão à igreja em busca de comida gostosa e rápida [mas que, às vezes, pode sair cara].

No rol das igrejas em franco crescimento, eis que emerge das profundezas a “Igreja McDonald’s do Milagre da Prosperidade” - IMMP. Evangelho a gosto do cliente. Ideal para jovens sem compromisso e ávidos por uma bela oferta do dia. Para as crianças, a opção de adquirir um bonequinho da moda dentro do pacote do McLanche Feliz.

Tal e qual a estratégica do gourmet do McDonald’s, o segredo da IMMP é a busca constante por inovações. Dessa forma, anula-se o risco de perder clientes - quer dizer, membros –, e segue-se a cativar novos adeptos, fadados ao engano e ao perigo de morte por colesterol alto. Afinal, a prioridade não é o alimento saudável, mas a comida apetitosa, com direito a batata-frita grande e uma coca-cola bem gelada.

Vai um “Big Mac santo” aí?


Autor: Clóvis Cabalau, missionário, jornalista e chargista.
Fonte: Pulpito Cristão




O que aconteceu no Rio e, com maior intensidade em Niterói, é a mais nova tragédia ocorrida neste ainda início de 2010, que nunca removeremos de nossas memórias. Os números são alarmantes: 223 mortos, 161 feridos, 11562 desabrigados, 10,3 milhões de moradores atingidos e 22 municípios afetados. Este é o saldo ― parcial e inconclusivo ― da desgraça que se abateu sobre os cariocas e fluminenses no início dessa semana. Olhando pela frieza dos números, não é possível aferir a dor real, latente e desesperadora que toma conta de cada pessoa que, de uma forma direta, foi atingida pela catástrofe. Os números escondem a história de vida de cada vítima, servindo como atenuante do que, de fato, essa tragédia representa para aqueles que ficaram apenas com a terrível dor da separação.

Os que me conhecem de perto sabem que sou bastante chorão, não tendo, portanto, nenhuma dificuldade nesse aspecto, mas a matéria que li ontem no G1 era realmente trágica (Veja aqui). Essas matérias ― que não apenas apresentam estatísticas e não reduz as vítimas a algarismos ― conseguem mostrar no plano existencial o que realmente significa essa catástrofe. Tenho uma filha que muito amo e uma esposa maravilhosa. A primeira coisa que a gente faz nessas horas é pensar: E se fosse comigo!? Não pude deixar de colocar-me no lugar desse pai. Confesso que foi difícil, pois imaginei-me na mesma situação! Assisti a mãe, em prantos, dar a seguinte declaração a uma jornalista: “Eu entendi o que é ser mãe e, agora, preciso recomeçar”. Não sei se ela é uma pessoa que conhece a Deus, mas independentemente de ser ou não cristã, essa senhora mostrou muito mais sobriedade do que muitos que supostamente utilizam a Bíblia para dizer sandices em blogs e nos púlpitos por aí. Vi um major dos bombeiros dizer que encontrou dois corpos ― mãe e filha ― abraçados, e que pelo fato de ele ter mulher e filha, mesmo tendo sido treinado a resistir a emoções, chorou. Será que o evangelho é menos solidário que o homem, criatura que o Senhor Jesus Cristo disse ― e que a gente sabe que de fato é verdade ― ser má (Mt 7.11)?


Por isso, da tristeza passei à indignação. Como pode ― pensei ―, em meio a tantas mães e pais inconsoláveis, levantarem-se supostas “vozes proféticas” e arrogantes que se autoproclamam “ultraortodoxas”, dizendo que Deus está “pesando a mão” sobre o Rio de Janeiro? Eu vejo gente irresponsável que parece nem ter tido um encontro com Deus, cuja visão não alcança nada além do seu próprio umbigo, querendo dar uma de Jonas, à porta de Nínive, falando o que não convém. Nessas horas tenho um pensamento antidemocrático: tal site, blog, jornal, programa, igreja, ou seja lá o que for, deveria ser censurado, fechado, retirado do ar, e ainda responder a processos contra a memória das vítimas e pelo desrespeito de ferir a sensibilidade dos parentes. Alinho-me com Millôr Fernandes que disse certa vez: “Democracia é eu mandar em você. Ditadura é você mandar em mim”. Traduzindo: juízo de Deus quando atinge os outros; infortúnio, desgraça e “vontade de Deus” quando eu sou atingido. A lógica ― absurda ― é mais ou menos essa. Eles podem me indagar: E você, tem alguma resposta? Sim, mas não de origem transcendental. Na maioria das vezes não sabemos quase nada sobre nós mesmos, como vou ter a ousadia e a insensatez de querer achar o que Deus pensa!? Bem, pode ser que os tais caçadores de desgraças tenham audiência com o Eterno (lembra-se daquela do capítulo primeiro de Jó?) e saibam de primeira mão àquilo que os meros mortais (como eu) não sabemos.

Se ainda for inquirido acerca de o fato da tragédia ter relação com o pecado, respondo sem medo de errar que sim! É claro que tem! Desde que a desobediência foi introduzida no mundo, e que a ganância tomou conta do homem, ele espolia, explora e expropria o seu semelhante. Submete-o a condições subumanas e, enquanto enriquece, não mostra-se nem um pouco sensibilizado ou envergonhado por saber que para o seu filho comer bem, o do outro revira os lixões das cidades. Para continuar no poder e locupletando-se, implementa uma política de fornecimento das mínimas condições de sobrevivência para as pessoas (isso, porque “escravo” morto ou doente é prejuízo para o explorador), enquanto presenteia o seu playboizinho com um carro do ano. Desde que nós, cristãos, nos afastamos do “mundo” e não queremos saber de política ― fazendo claramente uma opção pela omissão premeditada ―, que muitas vezes elegemos pessoas sem nenhum compromisso ou projeto social, que vão para lá apenas com o nome de cristão e depois envergonha a todos com seus péssimos exemplos. Foi por causa de todo esse conjunto de fatores (e não apenas da questão climática ou ambiental, como alguns insistem em ingênua ou maliciosamente, culpar) que toda essa catástrofe foi possível.

Em meio a toda essa tragédia, aparecem alguns “justiceiros” e resolvem fazer considerações teológicas. A teologia que esses elementos utilizam, é tão capenga, amadora e caolha, que nem no Antigo Testamento (onde Deus antes de uma grande destruição retirava os seus servos), encontra-se respaldo e fundamentação para a sua defesa. É tudo fruto da imaginação de um deus que eles idealizaram. Eles não formaram uma visão de Deus a partir das Escrituras onde Ele se revela. Não tenho dúvida de que o antropofagismo virtual (que os editores de blogs possuem pelos números do contador e dos visitantes online) que tomou conta das pessoas que buscam na desgraça uma forma de “prazer” ao ler notícias envolvendo mortes, crimes hediondos, etc. continua exercendo um poder de atração sobre muitos que se dizem cristãos. O legalista não gosta do Deus revelado na graça porque Ele não premia os que pagam suas contas, respeitam seus cônjuges, dão dízimo, oram e jejuam, e destaca-os diante dos que se sentem como o publicano retratado pelo Senhor Jesus em sua parábola (Lc 18.9-14). Os egoístas piedosos sabem que o seu legalismo só é interessante no plano horizontal e com pessoas de índole semelhante, pois os que realmente precisam de Deus, reconhecem-se indignos e totalmente incapazes de, por si mesmos, produzir algo para merecer a salvação. O lixo literário que atualmente encontra-se na blogosfera, é de uma leviandade, de uma baixeza, de uma mesquinharia e de uma mediocridade tão grande, que se não fosse cristão e lesse o que muitos escrevem, com certeza eu jamais ia querer ser crente.

Certa vez Jesus mencionou dois casos parecidos com esses acontecimentos que o mundo tem presenciado desde o início desse ano, e ensinou algumas lições aos seus seguidores: “Nesse momento, aproximaram-se pessoas que relataram o caso dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara ao dos seus sacrifícios. Ele lhes respondeu: ‘Pensais que, por terem sofrido tal sorte, esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro Galileu? Não, eu vo-lo digo, mas se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aquelas dezoito pessoas sobre as quais caiu a torre de Siloé e as matou, pensais que eram mais culpadas do que qualquer outro habitante de Jerusalém? Não, eu vo-lo digo, mas se vós não vos converterdes, perecereis todos da mesma maneira’”1 (Lc 13.1-5 – TEB). O comentário da nota de rodapé da TEB, diz o seguinte: “Duas declarações paralelas de Jesus tiram a lição de dois acontecimentos trágicos recentes. Segundo o conceito corrente da contribuição temporal, os seus ouvintes vêem neles castigos divinos infligidos a pecadores; e o fato de que eles próprios foram poupados os tranqüiliza quanto à sua própria justiça. Jesus rejeita esta visão simplista (cf. Jo 9,2-3); ele mostra nessas desgraças uma advertência dirigida a todos: todos são pecadores, todos têm de se converter”.2

A única coisa que me consola, é ver que existe muita gente solidária que está se doando para auxiliar as pessoas atingidas pela catástrofe. Vi uma matéria hoje no programa Movimento Pentecostal que mostrou que existem muitos cristãos sérios e solidários. Pastores estão abrindo suas igrejas para abrigar as pessoas que perderam tudo. Assisti também a uma reportagem que mostrava uma senhora de oitenta e dois anos, ao lado de uma menina de apenas dez, ambas fazendo a mesma coisa: ajudando! A senhora disse que gosta de ajudar aos seus irmãos e a garotinha, por sua vez, afirmou que viu tanta gente perdendo as casas e a vida, que ela sentiu obrigação de ajudar. E onde é que estão os proponentes da teologia da incoerência? Eles encontraram uma forma eficaz de serem omissos, e ainda passam uma imagem de piedade: “Se Deus julgou eu não vou fazer nada para ajudar”. Entretanto, na própria lei mosaica, existiam regras que demonstram muito mais humanidade do que esse “evangelho xiita” que muitos atualmente professam, parecendo até que estão mais empenhados em uma jihad particular (ninguém se engane, o único objetivo desse povo é a sua autopromoção) do que na expansão do Reino de Deus. Desse tipo de “evangelho”, eu quero distância, pois cada vez mais sinto necessidade de identificar-me com gente de verdade, prefiro a fé enactante (fé em ação) de pessoas como os irmãos de Niterói, bem como da anciã e da menina acima citadas, e ainda a do seu Walmir, pai do menino Marcus Vinícius que, segundo o sofrido pai, pode ser descrito da seguinte forma: “Marcus Vinícius era uma pessoa que tinha o poder de semear a semente do bem onde chegava, seja lá o lugar que fosse. [...] Eu pedi para todo mundo, se quiser lembrar do meu filho, é só pensar na amizade. É assim que vou lembrar do meu filho para o resto da minha vida. Essa saudade vai ficar, mas o amor nunca vai deixar de existir”.


Fonte: César Moisés
Via: Pulpito Cristão


NOTAS:
1 Tradução Ecumênica da Bíblia. 3.ed. São Paulo: Loyola, 1994, p.2006.
2 Ibid.



Perdão meu Deus! Pelas vezes que fui ao culto buscar bênçãos de ti. A religião nunca me ensinou o real poder da cruz e da ressurreição, muito menos a versão “evangélica” (do evangelho) de culto, que enuncia ser o culto um ambiente comunitário de total louvor ao nome bendito de Jesus Cristo, a quem devemos a vida. Enganado, fiz do culto em Cristo um ambiente pagão, pratiquei de maneira insana a filosofia do “toma lá, da cá”, usei de barganhas, clamei pela sua mão e me esqueci da tua maior obra: a redenção.

Perdão meu Deus! Pelos dias que me desgastei preocupado com as minhas coisas, esquecendo-me de buscar o seu reino e a sua justiça. É muito difícil entender a graça, a segurança e o consolo que seu Filho nos prometeu; estas, não são palavras de fácil compreensão para quem foi, por muito tempo, prosélito de quem se julga detentor absoluto da verdade.

Perdão meu Deus! Pelas músicas que cantei, pelo: “restitui! Eu quero de volta o que é meu!” E tantas outras imbecilidades entoadas por mim. Como prosélito de néscios travestidos de sacerdotes, adotei a filosofia que dicotomiza música evangélica e música “do mundo” e acabei coando o mosquito e engolindo camelos. Por um desvio teológico o movimento evangélico tem cantado mentiras absurdas em nome de Deus, saciando o ego humano e a fome de injustiça de Satanás, enquanto as músicas populares, com poesias brilhantes, louvam a Deus, bendizendo a vida.

Perdão meu Deus! Por ter idolatrado a Bíblia por tanto tempo, fazendo dela o livro dos livros, mas esquecendo-me de vivenciá-la. Pelas vezes que fiz dela um livro de necromancia evangélica, tirando dela seu objetivo único de revelar Deus ao homem e o homem ao homem de maneira escrita pelos seus servos e inspirada pelo seu Espírito. Pelas vezes que a li só por ler, sem a pretensão de entendê-la, mas com o fim de decorar versículos para cuspi-los nos rostos daqueles que não fazem parte da tua igreja bendita.

Perdão meu Deus! Pelas vezes que deixei de desfrutar a vida em nome de uma santidade vulgar, imbecil e não-bíblica. Por obstruir a vida em favor de questiúnculas de seres humanos que se preocupam em manipular o outro e a divindade, em favor dos “bons costumes”.

Meu Deus, arrependido e disposto a reviver, ante as novas oportunidades que só o Senhor concede aos que o buscam com um espírito contrito e um coração arrependido, confesso-lhe me sentir um estranho em meio a tanta ignorância entre aqueles se dizem teus filhos.

Por Jesus Cristo,


Will, no excelente blog Celebrai



É muito bom poder fazer opções entre os filmes em cartaz... Sim, porque na maioria das vezes, nós, cristãos, não temos esse privilégio. Filmes carregados de misticismo e mentiras maliciosas lotam as telas e não são adequados aos cristãos.

Estreou esta semana o filme “O Livro de Eli” protagonizado por ninguém menos que nosso irmão Denzel Washington. A trama do filme é despretenciosa e simples, porém agrada ao paladar cristão: Eli é um andarilho solitário que pretende levar o último dos exemplares de uma Bíblia ao oeste americano. O cenário é uma terra desolada por uma guerra – que o filme não se presta a contar os detalhes – em um cenário futurista.

A filmagem realizada no deserto mexicano permitiu uma fotografia azulada quase monocromática, mundo perceptivelmente arrasado pela falta de mordomia humana. Em todo o percurso do filme, Eli salta com textos bíblicos que deixam a trama ainda mais densa e familiar.

A história é cheia de metáforas bastante compreensíveis para aqueles familiarizados com a Palavra. A começar pela destreza notável do personagem em lidar com uma espada afiadíssima que porta, maior responsável pelas fortes cenas de violência esquartejante: “cortante e penetrante” (Hb 4.12). A analogia é clara.

Também a maldade humana é cruelmente revelada – homens agindo quase que irracionalmente revelam uma ‘involução moral’ –, teoria pouco aceita nesses atuais dias, entretanto apregoada na Palavra em 2 Timóteo 3.1-2: “ Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem…”.

Um outro aspecto que nos chama a atenção é o fato de o vilão déspota Carnegie (Gary Oldman) ter uma real obsessão pelo livro, alegando que este o dará poderes de manipulação e sedução de massa, fazendo menção aos falsos profetas do seio eclesiástico da última geração na Terra : “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo” (2 Co 11.13). O antagonista detém o poder sobre sua terra porque possui acesso a água, extremamente escassa nesse cenário futurista. A água, essencial à vida, é ainda mais desejada por Carnegie, o que mostra o poder valioso que o livro tem.

É inspirador o fato do cuidado sobrenatural na vida de Eli que, por trinta longos anos, é o guardião desse livro. Salvo o lado hiperbólico e ficcional, comuns aos filmes de aventura, o protagonista é milagrosamente salvo de ataques de canibais e mercenários e conservado em vida. Tudo sob incríveis efeitos sonoros. Ele anda com um destino certo – o oeste – e também é precisa a sua missão (Isaías 46.3-4: “Vós, a quem trouxe nos braços desde o ventre e sois levados desde a madre e até a velhice, eu serei o mesmo, e ainda até as cãs eu vos carregarei; eu vos fiz, e eu vos levarei”).

É óbvio, também, o enaltecimento da Palavra, que a todo custo é preservada por Eli. A visão grandiosa e gloriosa de que ela trará salvação é explícita e faz com que a glória de todas as bibliotecas, quando comparadas a este único livro, diante de seus ensinamentos eternos, seja desprezível e vã.

A lição do sacrifício de Eli em função de algo que realmente vale a pena é clara. Eli, com todos os perigos desfavoráveis de sua missão, é um lutador diligente e treinado com técnicas de defesa e sobrevivência. A correlação entre o esforço do personagem e o andar cristão de hoje pode ser assim feita: o convite ao combate do bom combate, não sendo possível aos cristãos evitar tal conflito. Uma guerra prevista no tão comentado livro, que exige estratégia e perseverança. Uma guerra de jubiloso fim com vitória prometida àqueles que corajosa e sacrificialmente se entregam aos planos de Deus.



Autora: Angélica Fernandes de Oliveira Vitalino - tem formação acadêmica em Letras e Teologia, é professora e psicopedagoga e membro da Igreja Cristã Eterna Aliança em Parnamirim/RN.
Fonte: Editora Ultimato
Via: Bereianos



Autor: R.C. Sproul




Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus (Ef 2:8)

INTRODUÇÃO

Na primeira mensagem dessa série, lemos que Paulo escreveu a santos e fiéis em Cristo. Santos significa separados para Deus e fiéis quer dizer crentes em Jesus. Porém, a Bíblia diz que "todos pecaram e separados estão da glória de Deus" (Rm 3:23). Diz também que "o salário do pecado é a morte" (Rm 6:23). Como então pecadores mortos passam a ser santos vivos? É esse processo que Paulo explica na passagem que iremos meditar nesta noite.

Na primeira parte do capítulo primeiro, Paulo fala do planejamento da nossa salvação pelo Pai, do provimento dos meios para nossa salvação pelo Filho e da execução dessa salvação pelo Espírito Santo. Agora Paulo se detém a explicar o que aconteceu na prática com cada pessoa que experimentou a salvação de Deus, de como elas passaram de defuntos espirituais a novas criaturas em Cristo.

Você precisa apreciar, valorizar o que recebeu de Cristo. Mas para isso, precisa considerar três coisas: que você estava morto e separado de Deus, que você foi vivificado em Cristo e que tudo isso foi feito exclusivamente pelo Espírito Santo.

I ESTANDO VÓS MORTOS EM OFENSAS E PECADOS, 2:1

Tudo começou com nosso primeiro pai, Adão. Ele recebeu uma ordem de Deus, não poderia comer do fruto da árvore no meio do jardim. Deus havia sido bem claro: "De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2:16-17). Desde Adão, todos os homens nascem mortos espiritualmente, pois "como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram" (Rm 5:12).

Paulo apresenta as provas dessa morte espiritual, ao dizer que:

1. Andávamos "segundo o curso deste mundo", 2:2a

Os padrões do mundo são opostos à Lei de Deus. Existe uma incompatibilidade, que a Bíblia chama de inimizade entre o mundo e Deus, a ponto de que se alguém quer ser amigo do mundo, torna-se inimigo de Deus. E de fato, a forma como andávamos anteriormente fazia de nós inimigos de Deus (Rm 5:10)

2. Andávamos "segundo o príncipe das potestades do ar", 2:2b

Como "todo o mundo está no maligno" (1Jo 5:19), andar segundo os rudimentos do mundo é, em última análise, fazer a vontade do Diabo. Mesmo sem saber, quem está no mundo faz a vontade do Diabo e não a vontade de Deus. Pois quem opera neles não é o Espírito santo, mas "espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (2:2).

3. Andávamos "nos desejos da nossa carne", 2:3

Além de nos conformar com o mundo separado de Deus, de agir sob influência do Diabo, também nos entregávamos à concupiscência de nossa carne, "fazendo a vontade da carne e dos pensamentos" (2:3). Quando Adão pecou, ele arruinou a nossa natureza, que ficou corrompida pelo pecado. Passamos a ter uma vontade contrária á vontade de Deus, de modo que até mesmo nossos pensamentos tornaram-se pecaminosos.

Era assim que andávamos, como amantes do mundo e inimigos de Deus, dominados pelo espírito maligno e não pelo Espírito Santo e servos de nossa vontade caída e não da vontade santa de Deus. Isso fazia de nós "filhos da desobediência" e "filhos da ira". Por nossa desobediência estávamos destinados à ira, se Deus não fizesse algo por nós. Mas Ele fez!

II NOS VIVIFICOU JUNTAMENTE COM CRISTO, 2:5

1. Motivado "pelo seu muito amor com que nos amou", 2:4

Paulo se refere a Deus como "riquíssimo em misericórdia" (2:4). Não fosse Seu grande amor para com pecadores irremediáveis, nós permaneceríamos mortos até finalmente experimentarmos a segunda morte, a condenação e tormento eterno. Mas movido por grande amor, foi misericordioso e nos deu vida com Cristo, livrando-nos das algemas da morte.

2. Ele "nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus", 2:6

Mais que apenas nos vivificar, o Senhor nos exaltou às regiões celestiais, em Cristo. Como a igreja é o Corpo de Cristo, que está assentado nos céus, desde agora ela está assentada nos lugares celestiais na pessoa de Jesus. De defuntos espirituais jogados nas profundezas da terra e separados de Deus, fomos transportados para as alturas celestiais, na presença de Deus!

3. Para mostrar as "as abundantes riquezas da sua graça", 2:7

Para que Deus fez tudo isso? Paulo nos diz que foi para mostrar "nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus". Deus é glorificado por Sua justiça quando aplica a justa condenação àqueles que rejeitam seu Filho Jesus Cristo. Mas muito mais Ele é glorificado ao exibir, por toda a eternidade, a riqueza de sua graça com pecadores redimidos e ressuscitados com Seu Filho!

III ISTO NÃO VEM DE VÓS, É DOM DE DEUS, 2:8

Agora precisamos abordar um ponto fundamental e que muitas vezes é ignorado. Tranformar pecadores mortos em pessoas nascidas de novo é uma obra exclusiva de Deus. Um morto não pode fazer nada por si mesmo. Somente depois de ser vivificado é que alguém pode esboçar qualquer reação. Paulo faz questão de deixar isso claro na passagem que estamos analisando.

1. "Estando nós ainda mortos em nossas ofensas", 2:5

Nunca é demais relembrar este ponto: nós ainda estávamos mortos quando fomos renovados em nossa vontade, mente e coração. Um morto não tem fé, então precisar viver antes de crer. Um morto não se arrepende, então precisa viver antes de confessar seus pecados. Por isso, os que nasceram de novo "não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo 1:13). Deus usa de misericórdia e vem até nós quando estamos mortos e incapazes de fazer qualquer coisa para cooperar com Sua obra em nós.

2. "Não vem das obras, para que ninguém se glorie", 2:9

A nossa ressurreição com Cristo não vem de algo que possamos fazer. Obras são coisas que o homem faz. E não há nada que o homem possa fazer para ajudar na sua salvação. Se o homem operasse ou cooperasse com sua salvação, teria motivos para se orgulhar disso. O glória não seria toda de Deus, que pelo menos uma parte teria que dividir com o homem. Mas a Bíblia é taxativa: a salvação não vem de obras humanas, logo não há motivo para ele se gloriar.

3. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé", 2:8

A salvação é uma obra divina, do começo ao fim. Paulo diz que somos salvos pela graça. O fundamento de nossa salvação é a graça de Deus, é porque Deus quis nos salvar, mesmo sem mérito algum, que somos salvos. Tudo o que é necessário para nossa salvação é provido por Deus, até mesmo a fé. A fé é necessária para a salvação, pois somente quem crê é salvo por Deus. Mas é Deus quem nos capacita a crer, em outras palavras, a fé também é um dom de Deus!

CONCLUSÃO

Um erro comum é pensar que como a salvação é pela graça somente e não pelas obras, não precisamos viver uma vida de santidade ou fazer o bem. O ensino de Paulo é bastante claro. Embora o novo nascimento não dependa de boas obras, estas tem o seu lugar na vida daqueles que nasceram de novo. Primeiro, que "fomos criados para boas obras" (2:10). Não realizamos boas obras para sermos salvos, mas somos salvos para realizá-las. As boas obras não são a causa, mas a consequência da salvação. Em segundo lugar, as boas obras "Deus preparou para que andássemos nela" (2:10). Isto significa que mesmo quando realizamos boas obras, e devemos realizá-las, não devemos nos orgulhar disso, "porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:13).

Soli Deo Gloria


Autor: Clóvis
Fonte: Cinco Solas