"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9-10)

Fico muitas vezes surpreendido com as coisas que nós cristãos somos capazes de fazer apenas baseados nas nossas emoções, sentimentos e motivações. Por vezes questiono se têm bases bíblicas alguns métodos adotados pelas igrejas, as ações que são realizadas por elas e as atividades que são promovidas. Contudo, não é raro ouvir respostas que se resumem a essas três coisas: "se fazem bem para o lado emocional das pessoas, ou se trazem bons sentimentos, ou se são feitas com uma boa motivação, então por que não fazer?".

O problema é que a fé dada por Deus a nós (Efésios 2: 8) não foi feita para se basear nas nossas emoções, sentimentos ou motivações. Enganoso é o coração do homem, por isso não devemos fazer dele o nosso aferidor de medida. Não podemos nos basear nas intenções dele. Ainda que Deus nos dê um novo coração no momento da nossa conversão, não devemos depositar a nossa confiança em algo tão inconstante. Ou vai me dizer que, mesmo depois de convertido, você nunca teve más intenções ou nunca foi enganado pelas suas motivações e sentimentos?

A fé deve basear-se unicamente em uma visão clara e correta do nosso Senhor Jesus Cristo, o autor e consumador da mesma (Hebreus 12: 2). Ele é a nossa firme Rocha e o porto seguro para depositarmos nossa confiança. Toda vontade e desígnio dEle estão revelados nas Escrituras, de Gênesis a Apocalipse. Por este motivo, as ações e atividades que dizemos ser em pról do avanço do Evangelho e do Reino de Deus devem estar baseadas na vontade expressa do Senhor em Sua Palavra. Cada motivação, cada sentimento e cada emoção deve passar pelo crivo das Escrituras.

A pergunta que primeiramente devemos fazer não é se a nossa motivação é boa para realizarmos alguma tarefa, mas sim se aquilo que intentamos fazer foi expressamente recomendado por Cristo para nós fazermos e se tem base firme, real e sólida em Sua Palavra. Se a resposta for afirmativa então podemos prosseguir confiantes de que não estamos cometendo nenhum desvio doutrinário. Caso contrário, é melhor pararmos tudo e dedicarmos o nosso tempo em oração e meditação nas Escrituras para ouvirmos a Deus, ao invés de gastarmos nossos esforços em coisas temporárias que não produzirão resultado algum para o Reino dEle.

Pensem nisso.


Autor: Cláudio Neto


Esse post é a décimo de uma série de doze. O conteúdo vem de “Doze Apelos aos Pregadores da Prosperidade”, que pode ser encontrado na nova edição do “Let the Nations Be Glad ”Regozijem-se as Nações, publicado pela Editora Cultura Cristã*).

Uma mudança fundamental aconteceu com a vinda de Cristo ao mundo. Até aquele tempo, Deus focou sua obra redentora em Israel com obras eventuais entre as nações. Paulo disse: “Nas gerações passadas, [Deus] permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos” (Atos 14:16). Ele os chamou de “tempos da ignorância.”

“Não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (Atos 17:30).

Agora o foco passou de Israel para as nações. Jesus disse: “O reino de Deus vos será tirado [Israel] e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos [seguidores do Messias]” (Mateus 21:43). Um endurecimento veio sobre Israel até que o número total das nações entrasse (Romanos 11:25).

Uma das principais diferenças entre essas duas épocas é que, no Antigo Testamento, Deus glorificou amplamente a si mesmo ao abençoar Israel, de modo que as nações pudessem ver e saber que o Senhor é Deus.

“Faça ele [o Senhor] justiça ao seu [...] povo de Israel, segundo cada dia o exigir, para que todos os povos da terra saibam que o SENHOR é Deus e que não há outro” (1Reis 8:59-60).

Israel não foi enviada como uma “Grande Comissão” para ajuntar as nações; pelo contrário, ela foi glorificada para que as nações vissem sua grandeza e viessem a ela. Então, quando Salomão construiu o templo do Senhor, foi espetacularmente abundante em revestimentos de ouro.

O Santo dos Santos tinha vinte côvados de comprimento, vinte côvados de largura e vinte côvados de altura. E foi coberto com ouro puro. Ele também cobriu de ouro um altar de cedro. E Salomão revestiu o interior da casa com ouro puro, e fez passar correntes de ouro frente ao Santo dos Santos, o qual também cobriu de ouro. E cobriu de ouro toda a casa, inteiramente. Também cobriu de ouro todo o altar que estava diante do Santo dos Santos. (1Reis 6:20-22)

E quando ele mobiliou o templo, o ouro mais uma vez se tornou igualmente abundante.

Então Salomão fez todos os utensílios que estavam na casa do Senhor: o altar de ouro, a mesa de ouro para os pães da proposição, os castiçais de ouro finíssimo, cinco à direita e cinco no lado sul e cinco no norte diante do Santo dos Santos; as flores, as lâmpadas e as linguetas, também de ouro; as taças, espevitadeiras, bacias, recipientes para incenso e braseiros, de ouro finíssimo; as dobradiças para as portas da casa interior e do Santo dos Santos, também de ouro. (1Reis 7:48-50)

Salomão levou sete anos para construir a casa do Senhor. E então levou treze anos para construir sua própria casa (1Reis 6:38 e 7:1). Ela também era abundante em ouro e pedras de valor (1Reis 7:10).

Então, quando tudo estava construído, o nível de sua opulência é visto em 1Reis 10, quando a rainha de Sabá, representando as nações gentias, vai ver a glória da casa de Deus e de Salomão. Quando ela viu, “ficou como fora de si” (1Reis 10:5). Ela disse: “Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é porque o SENHOR ama a Israel para sempre, que te constituiu rei” (1Reis 10:9).

Em outras palavras, o padrão no Antigo Testamento é uma religião venha-ver. Há um centro geográfico do povo de Deus. Há um templo físico, um rei terreno, um regime político, uma identidade étnica, um exército para lutar as batalhas terrenas de Deus, e uma equipe de sacerdotes para fazer sacrifícios animais pelos pecados.

Com a vinda de Cristo tudo isso mudou. Não há centro geográfico para o Cristianismo (João 4:20-24); Jesus substituiu o templo, os sacerdotes e os sacrifícios (João 2:19; Hebreus 9:25-26); não há regime político Cristão porque o reino de Cristo não é deste mundo (João 18:36); e nós não lutamos batalhas terrenas com carruagens e cavalos ou bombas e balas, mas sim batalhas espirituais com a palavra e o Espírito (Efésios 6:12-18; 2Coríntios 10:3-5).

Tudo isso sustenta a grande mudança na missão. O Novo Testamento não apresenta uma religião venha-ver, mas uma religião vá-anunciar. “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28:18-20).

As implicações disso são enormes para a forma que vivemos e a forma que pensamos a respeito de dinheiro e estilo de vida. Uma das implicações principais é que nós somos “peregrinos e forasteiros” (1Pedro 2:11) na terra. Nós não usamos este mundo como se ele fosse nosso lar de origem. “A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).

Isso leva a um estilo de vida em pé de guerra. Isso significa que nós não acumulamos riquezas para mostrar ao mundo o quão rico nosso Deus pode nos fazer. Nós trabalhamos duro e buscamos uma austeridade em pé de guerra pela causa de espalhar o evangelho até os confins da terra. Nós maximizamos o esforço de guerra, não os confortos de casa. Nós criamos nossos filhos com a visão de ajudá-los a abraçar o sofrimento que irá custar para finalizar a missão.

Então, se um pregador da prosperidade me questiona sobre as promessas de riqueza para pessoas fiéis no Antigo Testamento, minha resposta é: Leia seu Novo Testamento com cuidado e veja se você encontra a mesma ênfase. Você não irá encontrar. E a razão é que as coisas mudaram dramaticamente.

“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Timóteo 6:7-8). Por quê? Porque o chamado a Cristo é um chamado para participar de seus sofrimentos “como um bom soldado de Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:3). A ênfase do Novo Testamento não são as riquezas que nos atraem para o pecado, mas o sacrifício que nos resgata dele.

Uma confirmação providencial de que Deus planejou esta distinção entre uma orientação venha-ver no Antigo Testamento e uma orientação vá-anunciar no Novo Testamento, é a diferença entre o idioma do Antigo Testamento e o idioma do Novo. Hebraico, o idioma do Antigo Testamento, não era compartilhado por nenhum outro povo no mundo antigo. Era unicamente de Israel. Isto é um contraste surpreendente com o Grego, o idioma do Novo Testamento, que era o idioma de comércio do mundo romano. Então, os próprios idiomas do Antigo e do Novo Testamentos sinalizam a diferença de missões. O hebraico não era apropriado para missões no mundo antigo. O grego era perfeitamente apropriado para missões no mundo romano.


Por John Piper. © Desiring God. Website:desiringGod.org
Original: To Prosperity Preachers
Tradução : voltemosaoevangelho.com
Via: Voltemos ao Evangelho

* A edição da Cultura Cristã é anterior a nova edição lançada nos EUA, portanto não possui estes artigos.


Os mergulhadores conseguem explorar as profundezas subaquáticas em primeira mão devido a um equipamento especializado desenvolvido no século passado.

Semelhantemente, aviões que usam o Sol como fonte de energia, actualmente em desenvolvimento, prometem disponibilizar vôos livres de combustível.

Estas invenções abrem novas dimensões para a exploração humana, mas os equivalentes no mundo dos aracnídeos e no mundo dos insectos já existem no planeta há séculos.

A palavra “Scuba” hoje em dia tem um significado próprio, mas originalmente isso era um acrónimo para “Self-Contained Underwater Breathing Apparatus“. Uma das versões mais antigas com o nome de “aqualung” foi arquitectado em parte pelo falecido Jacques Cousteau. O equipamento scuba moderno é o resultado de vários refinamentos de engenharia.

No entanto, parece que algumas aranhas já eram mergulhadoras especializadas muito antes de Cousteau. A aranha-de-água (Argyroneta aquatica) é capaz de conectar uma bolha de ar no seu abdómen e usá-la debaixo de água como forma de trocar de gás.

Um artigo da LiveScience descreve como estes aracnídeos constroem teias subaquáticas nas lagoas e depois servem-se da zona circundante como depósito de presas, usando uma ou mais bolhas de ar colocadas por perto como forma de se manterem debaixo de água.1 Um estudo recente descobriu que as aranhas podem ficar debaixo de água “mais do que um dia“, o que surpreendeu os pesquisadores.2


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Num contexto similar, cientistas da Universidade de Tel Aviv (UTA) tentaram descobrir o motivo que leva a que algumas vespas (“hornets”) estejam mais activas quando a luz do Sol é mais intensa. Eles descobriram que estas criaturas convertem a luz ultravioleta para energia eléctrica usando 1) estrias microscópicas presentes nas suas listras castanho-escuro, 2) furos minúsculos nas listras amarelas, e 3) os pigmentos de melanina (castanho) e xantopterina (amarelo).

Os autores do estudo publicado no jornal Naturwissenschaften escreveram:
As superfícies cutículas estão estruturadas de forma a reduzir a reflectância e agir como grades de difração para reterem a luz e aumentarem a quantidade absorvida na cutícula.3

A equipa tentou duplicar as estruturas do corpo do insecto que absorvem a energia solar, mas

obtiveram resultados pobres no seu plano de atingir as mesmas taxas de eficiência em termos de recolha de energia. Num futuro próximo eles tencionam refinar o modelo para verificarem se este bio-mimetismo pode fornecer pistas em torno de soluções para energia renovável.4

A exposição a luz solar intensa ajudou os insectos na recolha de energia, mas será que a energia suplementar presa ao corpo as aqueceu em demasia? Segundo os pesquisadores, não, uma vez que estas vespas estão equipadas com pequenos sistemas refrigeração.

David Bergman, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Tel Aviv, declarou que o insecto possui “um sistema de extracção de calor bem desenvolvido” que o mantém o corpo fresco, “algo que não é fácil de fazer“.4

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Algo para os militantes evolucionistas pensarem: se não é fácil para um ser inteligente (com visão, propósito e planeamento) criar um sistema vagamente análogo, vocês acham mesmo que a natureza (vazia de inteligência, planeamento ou visão futura) consegue? No entanto, os vossos “cientistas” continuam a encher os vossos ouvidos com “fábulas enganosas” ao atribuírem ao que foi criado o poder de criar. Eles falam-vos em “milhões de anos”, “mutações aleatórias” e “selecção natural” e vocês caiem que nem patinhos na sua teia evolutiva.

Não é mais do que óbvio que estas maravilhas de bio-design estão bem para além do que a natureza ou o ser humano alguma vez conseguiriam copiar na sua plenitude? Então porque é que alguns militantes evolucionistas continuam cegos às evidências e tentam usar estruturas com este tipo de design contra o Designer?


Fonte: Institue for Creation Research
Via: Darwinismo



A igreja pode enfrentar a apatia e o materialismo satisfazendo o apetite das pessoas por entretenimento? Evidentemente, muitas pessoas das igrejas pensam assim, enquanto uma igreja após outra salta para o vagão dos cultos de entretenimento.

Uma tendência inquietante está levando muitas igrejas ortodoxas a se afastarem das prioridades bíblicas.

O que eles querem

Os templos das igrejas estão sendo construídos no estilo de teatros. Ao invés de no púlpito, a ênfase se concentra no palco. Alguns templos possuem grandes plataformas, que giram ou sobem e descem, com luzes coloridas e poderosas mesas de som.

Os pastores espirituais estão dando lugar aos especialistas em comunicação, aos consultores de programação, aos diretores de palco, aos peritos em efeitos especiais e aos coreógrafos.

O objetivo é dar ao auditório aquilo que eles desejam. Moldar o culto da igreja aos desejos dos freqüentadores atrai muitas pessoas.

Como resultado disso, os pastores se tornam mais parecidos com políticos do que com verdadeiros pastores, mais preocupados em atrair as pessoas do que em guiar e edificar o rebanho que Deus lhes confiou.

A congregação recebe um entretenimento profissional, em que a dramatização, os ritmos populares e, talvez, um sermão de sugestões sutis e de aceitação imediata constituem o culto de adoração. Mas a ênfase concentra-se no entretenimento e não na adoração.

A idéia fundamental

O que fundamenta esta tendência é a idéia de que a igreja tem de “vender” o evangelho aos incrédulos — a igreja compete por consumidores, no mesmo nível dos grandes produtos.

Mais e mais igrejas estão dependendo de técnicas de vendas para se oferecerem ao mundo.

Essa filosofia resulta de péssima teologia. Presume que, se você colocar o evangelho na embalagem correta, as pessoas serão salvas. Essa maneira de lidar com o evangelho se fundamenta na teologia arminiana. Vê a conversão como nada mais do que um ato da vontade humana. Seu objetivo é uma decisão instantânea, ao invés de uma mudança radical do coração.

Além disso, toda esta corrupção do evangelho, nos moldes da Avenida Madison, presume que os cultos da igreja têm o objetivo primário de recrutar os incrédulos. Algumas igrejas abandonaram a adoração no sentido bíblico.

Outras relegaram a pregação convencional aos cultos de grupos pequenos em uma noite da semana. Mas isso se afasta do principal ensino de Hebreus 10.24-25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos”.

O verdadeiro padrão

Atos 2.42 nos mostra o padrão que a igreja primitiva seguia, quando os crentes se reuniam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”.

Devemos observar que as prioridades da igreja eram adorar a Deus e edificar os irmãos. A igreja se reunia para adoração e edificação — e se espalhava para evangelizar o mundo. Nosso Senhor comissionou seus discípulos a evangelizar, utilizando as seguintes palavras: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Ele deixou claro que sua igreja não tem de ficar esperando (ou convidando) o mundo para vir às suas reuniões, e sim que ela tem de ir ao mundo.

Essa é uma responsabilidade de todo crente. Receio que uma abordagem cuja ênfase se concentra em uma apresentação agradável do evangelho, no templo da igreja, absolve muitos crentes de sua obrigação pessoal de ser luz no mundo (Mateus 5.16).

Estilo de vida

A sociedade está repleta de pessoas que querem o que querem quando o querem. Elas vivem em seu próprio estilo de vida, recreação e entretenimento. Quando as igrejas apelam a esses desejos egoístas, elas simplesmente põem lenha nesse fogo e ocultam a verdadeira piedade.

Algumas dessas igrejas estão crescendo em expoentes elevados, enquanto outras que não utilizam o entretenimento estão lutando. Muitos líderes de igrejas desejam crescimento numérico em suas igrejas, por isso, estão abraçando a filosofia de “entretenimento em primeiro lugar”.

Considere o que esta filosofia causa à própria mensagem do evangelho. Alguns afirmam que, se os princípios bíblicos são apresentados, não devemos nos preocupar com os meios pelos quais eles são apresentados. Isto é ilógico.

Por que não realizarmos um verdadeiro show de entretenimento? Um atirador de facas tatuado fazendo malabarismo com serras de aço se apresentaria, enquanto alguém gritaria versículos bíblicos. Isso atrairia uma multidão, você não acha?

É um cenário bizarro, mas é um cenário que ilustra como os meios podem baratear e corromper a mensagem.

Tornando vulgar

Infelizmente, este cenário não é muito diferente do que algumas igrejas estão fazendo. Roqueiros punk, ventríloquos, palhaços e artistas famosos têm ocupado o lugar do pregador — e estão degradando o evangelho.

Creio que podemos ser inovadores e criativos na maneira como apresentamos o evangelho, mas temos de ser cuidadosos em harmonizar nossos métodos com a profunda verdade espiritual que procuramos transmitir. É muito fácil vulgarizarmos a mensagem sagrada.

Não se apresse em abraçar as tendências das super-igrejas de alta tecnologia. E não zombe da adoração e da pregação convencionais. Não precisamos de abordagens astuciosas para que tenhamos pessoas salvas (1 Coríntios 1.21).

Precisamos tão-somente retornar à pregação da verdade e plantar a semente. Se formos fiéis nisso, o solo que Deus preparou frutificará.


Autor: John MacArhtur
Fonte: Plugados com Deus
Via: Bereianos




Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. João 15.16

Esta é uma afirmação sobremodo humilhante e, ao mesmo tempo, bastante abençoadora para o verdadeiro discípulo de Jesus. Foi muito humilhante para os discípulos ouvirem que não haviam escolhido a Cristo. As necessidades de vocês são tantas, e seus corações, tão endurecidos, que vocês não me escolheram. Mas, apesar disso, foi extremamente reconfortante para os discípulos saberem que Cristo os havia escolhido — “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros”. Isto lhes mostrou que Cristo os amou antes de eles O amarem — Ele os amou quando ainda estavam mortos em pecados. Em seguida, Jesus mostrou aos discípulos que seria o amor que os tornaria santos: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça”.

Consideremos as verdades deste versículo na ordem em que são expressas.

OS HOMENS NÃO ESCOLHEM NATURALMENTE A CRISTO

“Não fostes vós que me escolhestes a mim”. Isto era verdade a respeito dos apóstolos; também é verdade a respeito de todos os que crerão em Jesus, até o final do mundo. “Não fostes vós que me escolhestes a mim.” O ouvido natural é tão surdo, que não pode ouvir; os olhos naturais, tão cegos, que não podem ver a Cristo. Em certo sentido, é verdade que todo verdadeiro discípulo escolhe a Cristo; mas isto acontece somente quando Deus abre os olhos da pessoa, para que ela veja a Jesus; quando Deus outorga vigor ao braço ressequido, para que ele abrace a Cristo.

O significado das palavras de Jesus era: “Vocês nunca me teriam escolhido, se eu não os tivesse escolhido”. É verdade que, quando Deus abre o coração do pecador, este escolhe a Cristo e a ninguém mais, somente a Cristo. É verdade que um coração vivificado pelo Espírito sempre escolhe a Cristo, a ninguém mais, somente a Cristo, e por Ele renunciará o mundo inteiro.

Irmãos, este versículo nos ensina que todo pecador despertado se mostra disposto a seguir a Cristo, mas não antes de ser tornado disposto. Aqueles que dentre vocês foram despertados, não escolheram a Cristo. Se um médico viesse à sua casa e dissesse que viera para curá-lo de sua enfermidade, e se você sentisse que não estava doente, diria ao médico: “Não preciso de você; procure o vizinho”. Esta é a maneira como você age para com o Senhor Jesus: Ele lhe oferece a cura, mas você Lhe diz que não está enfermo; Ele se oferece para cobrir, com a obediência dEle mesmo, a nudez de sua alma, mas você responde: “Não preciso dessa roupa”.

Outra razão por que você não escolhe a Cristo é esta: você não vê qualquer beleza nEle. “E como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura” (Is 53.2). Você não vê qualquer beleza na pessoa de Cristo, nenhuma beleza na obediência dEle, nenhuma glória na sua cruz. Você não O vê e, por isso, não O escolhe.

Outra razão por que você não escolhe a Cristo é esta: não quer que Ele o torne santo. “Lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). Mas você ama o pecado, ama os seus prazeres. Por isso, quando o Filho de Deus se aproxima e lhe diz: “Eu o salvarei dos seus pecados”, você responde: “Amo o pecado, amo os meus prazeres”. Por conseguinte, você nunca pode chegar a um acordo com o Senhor Jesus. “Não fostes vós que me escolhestes a mim.” Embora eu tenha morrido em favor de vocês, não me escolheram. Tenho lhes falado por muitos anos, mas, apesar disso, vocês não me escolheram. Tenho lhes dado a Bíblia, para instruí-los, e ainda assim vocês não me escolheram. Irmão, esta acusação lhe sobrevirá no Dia do Juízo: “Eu o teria vestido com a minha obediência, mas você não o quis”.


Autor: R. M. M’Cheyne (1813-1843)
Fonte: Josemar Bessa
Via: Bereianos



Cristo descreve a verdadeira adoração durante sua conversa com a mulher no poço (Jo 4: 5-26). Durante esta conversa a mulher propõe a Jesus a controvérsia religiosa preeminente que existia entre os Judeus e Samaritanos.

Especificamente, a disputa era sobre onde adorar. É verdade que Deus havia prescrito Jerusalém como o local para os rituais públicos – embora isto logo fosse mudado. Externamente, quando ao local para os rituais públicos os judeus estavam certos. Deus havia prescrito um padrão de adoração que tinha seu foco em Jerusalém. Este padrão divino foi desenhado como um testemunho para toda a humanidade, no que diz respeito à salvação. “A salvação vem dos Judeus” (Jo 4:22) porque “a eles foram confiados os oráculos de Deus” (Rm 3:22). Neste sentido, os judeus adoravam o que eles conheciam: isto é, eles aderiam ao conhecimento da lei no que dizia respeito ao local para os rituais divinos. (Aqui estamos novamente nos dirigindo para a importância da religião revelada, como dada na lei). Os samaritanos haviam abandonado a lei e forjaram a sua própria religião híbrida (2 Rs 17).

Expressado de forma diferente, Jesus reitera a importância da ordem de Deus na religião. Uma grande mudança estava preste a acontecer no que diz respeito às ordenanças externas da adoração. Em qual direção? Não pela designação humana, mas pela designação de Deus. Ele somente é o legislador. Ninguém pode adulterar o padrão que Ele estabeleceu; ainda mais, é prerrogativa divina fazer alterações de conformidade com seus propósitos.

Em seguida Jesus resume a essência da verdadeira adoração, que inclui a união inseparável de piedade e conhecimento. Os verdadeiros adoradores adorarão a Deus “em espírito e em verdade”. A adoração dos verdadeiros adoradores é caracterizada desta forma, como um resultado da graça salvadora de Deus. A soberania de Deus na salvação se estende não apenas à forma na qual os eleitos são salvos, mas também aos propósitos para os quais estes são redimidos. Um motivo essencial na salvação dos eleitos é de que eles venham a adorar em espírito e em verdade: “são estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4:23).

A linguagem é repetida na forma imperativa. É uma linguagem semelhante a outros imperativos nos ensinos de Cristo, tal qual a afirmação registrada no capítulo prévio do evangelho de João: “Importa-vos nascer de novo”. Os verdadeiros adoradores “devem adorar o Pai em espírito e em verdade... importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 3:7; 4:23-24).

A verdadeira adoração deve ser “em espírito”. Isto envolve o homem interior, exigindo sinceridade e amor. A adoração inclui mais do que meras formas de devoção externa. Muitas vezes Deus pronunciou uma maldição contra pessoas devotadas a formas vazias de religião.

Os judeus incrédulos tinham o coração distante do Senhor, apesar de estarem no local correto para os rituais externos. A verdadeira adoração deve fluir do coração sincero e do amor a Deus, nosso Salvador.

Da mesma forma, a adoração genuína deve ser “em verdade”. Isto é, nossa adoração deve estar de conformidade com a revelação escrita de Deus. Existe, de fato, uma medida externa para a nossa adoração. É comum, nos dias de hoje, ouvir comentários de que o “coração” é tudo o que importa: um conceito errado de que a sinceridade de motivos e a emoção fervorosa sejam a substância da adoração genuína. Mas Cristo não reduz a essência da adoração à adoração em espírito; ele acrescenta a medida da verdade. A adoração aceitável é mais do que a exaltação sentimental de um coração ardente. Sem a verdade tal fervor é uma ofensa diante de Deus; é zelo, mas “não com entendimento” (Rm 12:2).

As afirmativas de Cristo sugerem uma advertência solene. Por sua referência a “verdadeiros adoradores” (Jo 4:23). Podemos perceber algo distinto que os separa dos outros adoradores. Em outras palavras, existe uma classe de adoradores que são falsos em sua adoração. Portanto, devemos examinar a nossa própria adoração cuidadosamente para que possamos discernir a classe a qual pertencemos.

Para ver o artigo completo acesse o site Eleitos de Deus


Autor: Kevin Reed
Via: Bereianos


A essência da adoração é ter Jesus como infinitamente valioso, acima de todas as coisas. As formas exteriores de adoração são atos que mostram quanto valorizamos a Deus. Portanto, toda a vida tem o propósito de ser adoração, pois Deus afirmou que, comendo, ou bebendo, ou fazendo qualquer outra coisa – toda a vida –, devemos fazer tudo para mostrar quão valiosa é a glória de Deus para nós.

Dinheiro e bens são uma grande parte de nossa vida; por isso, Deus tenciona que eles sejam uma grande parte da adoração. A maneira como adoramos com nosso dinheiro e bens é ganhá-los, e usá-los, e perdê-los de um modo que mostre quanto valorizamos a Jesus, e não o dinheiro.

Lucas 12.33-34 está relacionado ao padrão de como adoramos com nosso dinheiro (e, por implicação, está relacionado ao que fazemos com nosso dinheiro na adoração coletiva, conforme veremos em seguida). “Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Com base nesse texto, observe três ensinos importantes sobre o dinheiro.

Primeiro, ter Jesus como nosso maior tesouro transmite um forte impulso à simplicidade, e não à acumulação. Focalize por um momento as palavras “vendei os vossos bens”, no versículo 33. Com quem Jesus estava falando? O versículo 22 nos dá a resposta: “seus discípulos”. Ora, em sua maioria, eles não eram pessoas ricas. Não tinham muitos bens. Mas, apesar disso, Jesus disse: “Vendei os vossos bens”. Ele não disse quantos bens eles deveriam vender.

Conforme mecionado em Lucas 18.22, Jesus disse a um jovem rico: “Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me” (v. 22). Nessa ocasião, Jesus instruiu o homem a vender todas os suas posses.

Quando Zaqueu encontrou-se com Jesus, disse: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (Lc 19.8). Portanto, ele deu 50% de seus bens.

Atos 4.36-37 diz: “José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos”. Isso significa que Barnabé vendeu pelo menos um campo.

A Bíblia não nos diz quantos bens devemos vender. Então, por que ela nos diz que devemos vendê-los? Dar esmolas – usar o dinheiro para mostrar amor àqueles que não têm o necessário para a vida e não têm o evangelho (a necessidade para a vida eterna) – é tão importante que, se não temos dinheiro à mão, devemos vender algo para que possamos dar.

Agora pense o que isso significa no contexto. Os discípulos não eram pessoas ricas que tinham despesas além de suas condições, cujo dinheiro estava preso em títulos ou investido em imóveis. Muitas dessas pessoas têm, de fato, algumas economias. Mas Jesus não disse: “Usem um pouco do dinheiro de vocês para dar esmolas”. Ele disse: “Vendam algo e dêem esmolas”. Por quê? A suposição é que essas pessoa viviam tão próximas do limite de suas condições, que, não tendo dinheiro para dar, precisavam vender algo para que pudessem dar. Jesus queria que seu povo se movesse em direção à simplicidade, e não à acumulação.

Qual é o ensino? O ensino é que existe na vida cristã um poderoso impulso à simplicidade, e não à acumulação. Esse impulso resulta de valorizarmos a Deus como Pastor, Pai e Rei mais do que valorizamos todos os nossos bens.

E o impulso é poderoso por duas razões. Uma é que Jesus disse: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas (literalmente, aqueles que têm coisas)!” (Lc 18.24). Em Lucas 8.14, Jesus disse que as riquezas sufocam a Palavra de Deus. Contudo, queremos entrar no reino de Deus mais do que desejamos ter coisas. E não queremos que o evangelho seja sufocado em nossas vidas.

A outra razão é esta: queremos que a preciosidade de Deus seja manifestada ao mundo. E Jesus nos diz que vender os bens e dar esmolas é uma maneira de mostrar que Deus é real e precioso como Pastor, Pai e Rei.

Portanto, o primeiro ensino de Lucas 12 é que confiar em Deus como Pastor, Pai e Rei transmite um forte impulso à simplicidade, e não à acumulação. E isso transforma a adoração que procede do íntimo do coração em ações mais visíveis, para a glória de Deus.

Mas há uma segunda lição a aprendermos no versículo 33: o propósito do dinheiro é maximizar nosso tesouro no céu, e não na terra. “Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome”. Qual é a conexão entre vender os bens, para atender à necessidade de outros (primeira parte do versículo), e o acumular para si mesmo tesouro no céu (final do versículo)?

A conexão parece ser esta: a maneira como você faz bolsas que não desgastam e ajunta no céu um tesouro inextinguível é por vender seus bens e atender às necessidades dos outros. Em outras palavras, simplificar nossa vida na terra por causa do amor maximiza nosso gozo no céu.

Não entenda de modo errado este ensino radical, pois isto é o que Jesus pensa e fala em todo o tempo. Ter uma mentalidade do céu faz uma diferença radicalmente amorosa neste mundo. As pessoas que estão mais poderosamente convencidas de que o tesouro no céu é o que realmente importa, e não as grandes possessões acumuladas neste mundo, são pessoas que sonharão constantemente com maneiras de simplificar e servir, simplificar e servir, simplificar e servir. Eles darão, e darão, e darão. E, é claro, trabalharão, trabalharão, trabalharão, como Paulo disse em Efésios 4.28: “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”.

A conexão com a adoração – na vida e nos domingos – é esta: Jesus nos manda acumular tesouros no céu, ou seja, maximizar nosso gozo em Deus. Ele diz que a maneira como fazemos isso é vendendo e simplificando, por amor aos outros. Assim, ele motiva a simplicidade e o serviço pelo nosso desejo de maximizar nosso gozo em Deus; e isso significa que todo o nosso uso do dinheiro se torna uma manifestação de quanto nos deleitamos em Deus, acima do dinheiro e de todas as coisas. E isso é adoração.

Mas há um terceiro e último ensino em Lucas 12: seu coração se move em direção ao que você ama, e Deus quer que você se mova em direção a ele. “Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (v. 34). Essas palavras são apresentadas como a razão por que devemos buscar tesouros inextinguíveis no céu. Se o seu tesouro estiver no céu, onde Deus está, então ali estará o seu coração.

Ora, o que este versículo aparentemente simples nos diz? Entendo que a palavra tesouro significa “o objeto amado”. E a palavra “coração” entendo que significa “o órgão que ama”. Por isso, leio assim este versículo: “Onde estiver o objeto que você ama, ali estará o órgão que ama”. Se o objeto de seu amor é Deus, que está no céu, o seu coração estará com ele no céu. Você estará com Deus. Todavia, se o objeto de seu amor é o dinheiro e as coisas da terra, o seu coração estará na terra. Você estará na terra, separado de Deus.

Isso é o que Jesus pretendia dizer quando falou: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Lc 16.13). Servir ao Deus dinheiro significa amar o dinheiro e seguir todos os benefícios que ele pode oferecer. Nesse caso, o coração segue o dinheiro. Mas servir a Deus implica amá-lo e buscar todos os benefícios que ele pode dar. Nesse caso, o coração segue a Deus.

E isso é adoração: o coração está amando a Deus e buscando-o como o tesouro superior a todos os outros tesouros.

Em conclusão, vamos relacionar esses três ensinos de Lucas 12.33-34 com o ato de adoração coletiva que chamamos de “ofertório”. Este momento e este ato serão adoração para você, não importando a quantidade ofertada – desde a pequena moeda da viúva às grandes quantias dos milionários –, se, ao dar, você disser, de todo o coração: “Primeiro, ó Deus, por meio desse ato, eu confio em ti como meu generoso e bendito Pastor, Pai e Rei, de modo que não temerei quando tiver menos dinheiro para mim mesmo, ao suprir as necessidades dos outros. Segundo, ó Deus, por meio desse ato, eu resisto a incrível pressão de nossa cultura para acumularmos cada vez mais e identifico-me com o impulso para viver em simplicidade por amor aos outros. Terceiro, por meio desse ato, eu acumulo tesouros no céu, e não na terra, para que meu gozo em Deus seja maximizado para sempre. E, quarto, com esta oferta eu declaro que meu tesouro está no céu e meu coração segue a Deus”.


Autor: John Piper
Fonte: Editora Fiel
Via: Bereianos


Com absoluta certeza! Ela é intensamente racional. Agora, já me fizeram a seguinte pergunta: "É verdade que o sr. é um racionalista cristão?" Eu respondi: "De maneira nenhuma! Isso é uma contradição, em termos. O racionalista é alguém que abraça uma filosofia que se contrapõe ao cristianismo." Portanto, embora um cristão verdadeiro não seja um racionalista, a fé cristã certamente é racional.

O cristianismo é coerente? É inteligível? Faz sentido? Ele se harmoniza num padrão coerente de verdade, ou ele é o oposto do racional — ele seria irracional? Seria o cristianismo complacente com a superstição e concordaria com cristãos que crêem que o cristianismo é francamente irracional? Penso que isso é um fato muito lamentável. O Deus do cristianismo se dirige à mente das pessoas. Ele fala conosco. Ele tem um livro escrito para o nosso entendimento.

Quando digo que o cristianismo é racional, não quero significar com isso que a verdade do cristianismo em toda a sua majestade possa ser deduzida a partir de alguns princípios lógicos por um filósofo especulativo. Há muita informação sobre a natureza de Deus que podemos encontrar unicamente porque o próprio Deus escolheu revelá-las a nós. Ele revela essas coisas através de seus profetas, através da história, através da Bíblia e através do seu Filho unigênito, Jesus.

Mas o que ele revela é inteligível, podemos entender com nosso intelecto. Ele não nos pede que desprezemos nossas mentes para nos tornarmos cristãos. Há pessoas que pensam que, para se tornarem cristãs, elas precisam deixar seus cérebros em algum lugar do estacionamento. O único pulo que o Novo Testamento nos chama a dar, não é um pulo no escuro, mas é para fora do escuro, para a luz, para aquilo que verdadeiramente podemos entender. Isto não quer dizer que tudo o que a fé cristã afirma é absolutamente claro no que diz respeito às nossas categorias racionais. Não posso entender, por exemplo, como uma pessoa pode ter uma natureza divina e uma natureza humana ao mesmo tempo, que é aquilo que cremos sobre Jesus. Isso é um mistério — mas mistério não é o mesmo que irracional.

Mistério não se aplica somente à religião. Não compreendo inteiramente a força da gravidade. Essas coisas são misteriosas para nós, mas não são irracionais. Uma coisa é dizer: "Não compreendo, com minha mente finita, como isso funciona." Outra coisa diferente é dizer: "Elas são gritantemente contraditórias e irracionais, mas vou acreditar assim mesmo." Não é isso que o cristianismo faz. O cristianismo afirma que há mistérios, mas esses mistérios não podem ser articulados em termos do irracional; se assim fosse, então nos afastaríamos da verdade cristã.

Fonte: Boa Pergunta, R C Sproul, Cultura Cristã - Paginas 203 e 204
Via: [ Bereianos ]


Texto: Jo 8. 31,36

Introdução:

Cura interior significa a cura da alma e do espírito do homem, diferentemente da cura física. Neste sentido, a cura interior é uma realidade; o que é falso na teologia da cura interior são os métodos empregados para se obter esta cura interior, bem como o momento em que ela acontece.

A cura interior existe, e hoje você irá aprender o que ela é na verdade e quando ela ocorre.


A teologia da cura interior

Os adeptos desta heresia crêem que após o ser humano entregar a vida para Cristo precisa ser liberto de traumas do passado e, portanto, necessita descobrir estes traumas que tiveram no passado para liberar perdão ou ainda pedir perdão pelo ofensor, pois, caso contrário, sua vida espiritual irá por “água a baixo”.

Como é difícil, segundo eles dizem, lembrarmos sozinhos da nossa vida passada; faz-se necessário à ajuda de terapias de regressão feitas individualmente e muitas vezes em seminários e encontros promovidos por pastores ou até mesmo por irmãos muitas vezes despreparados. Esta moda é bem comum em movimentos como o G12.

Segundo afirmam aqueles que crêem nesta doutrina, a causa de muitos crentes viverem “debaixo de maldições” e terem uma vida derrotada e frustrada, é de não terem sido ainda curados interiormente; por isso o Espírito Santo não pode fluir plenamente em suas vidas.


A verdade sobre a cura interior

1)Primeiramente quero tocar na questão da suficiência do sacrifício de Cristo. Jesus não fez a obra pela metade em nossas vidas, portanto, o que necessitamos é crer no que ele fez e continua fazendo. Leia Jo 13. 10 (Jesus nos limpou de uma vez por todas; todos os pecados do passado foram perdoados, recebemos um novo coração que também é um coração que perdoa; o que precisamos na verdade é nos arrependermos do que fazemos em nosso caminhar cristão e pedir perdão a Deus); II Co 5.17.

Já pensou se o nosso perdão estivesse condicionado a lembrarmos de todos os pecados que fizemos, nos mínimos detalhes! Certamente iríamos ficar em falta.

É justamente por esses motivos que precisamos de Cristo, não somos capazes de conquistar libertação, por isso Jesus veio até nós e não fomos nós que nos aproximamos dele! Is 53.1-5; 61.1-3

Quando é ensinado que após a conversão precisamos descobrir qual tipo de trauma do passado estamos “carregando”, estamos indiretamente dizendo que o sacrifício de Jesus não é suficiente o bastante para nos dar a vitória. A Bíblia deixa clara que o que Jesus fez por nós é completo, a Palavra de Deus inteira nos mostra este princípio. Veja ainda o seguinte texto: Jo 8.36. Não podemos acrescentar algo a mais à conversão para termos uma vida plena de paz.

2)Em segundo lugar, podemos observar que há um esforço humano para solucionar problemas da alma, problemas que somente Cristo pode resolver. Terapias de regressão, mapas espirituais de gerações passadas e outras práticas que demonstram a tentativa fútil do homem se libertar por esforço próprio: Eu perdôo fulano, eu declaro, eu peço a Deus que perdoe beltrano, etc...

E o que Jesus fez? É uma questão de fé! Ele nos perdoou de todos os nossos pecados, isso significa todos os pecados do passado, presente e daqueles que ainda iremos cometer! A Bíblia é bem clara quanto a este fundamento! Por isso que em João 8.35 está escrito que o Filho permanece para sempre; para sempre em que lugar? Em nossos corações! Portanto se ele nos libertou, somos verdadeiramente livres, não existe meio livre ou quase livre; o que ocorre com certas pessoas é que não conheceram a Cristo verdadeiramente ou não tem fé em sua Palavra que é a Verdade, e por isso vivem sofrendo e tentando adivinhar problemas e traumas do passado, uma verdadeira loucura e confusão!

3)Esta heresia ensina que alguém é o culpado do que acontece comigo, ou seja, é ensinado que eu não sou o culpado, mais sim outra pessoa; em outras palavras “ponho a culpa em alguém”, satisfaço o meu ego e está resolvido o meu problema. Por exemplo: Se eu sou rancoroso é porque minha mãe era rancorosa ou porque me batia muito, na verdade ela é a culpada do meu agir rancoroso, portanto basta dizer: Eu perdôo a minha falecida mãe por ter me feito rancoroso e então resolvo o problema. Pelo que você pode perceber, aí é que se comete pecado, porque estou guardando magoa e amargura em meu coração e não estou verdadeiramente perdoando, mais acusando a alguém pelos meus erros e frustrações! Assim fica muito “fácil”; sou rancoroso por causa de alguém, sou lésbica por causa de alguém, sou ladrão por causa de alguém, não tive culpa de nada, sou uma vítima das fatalidades que envolveram a minha vida.

Pior ainda é quando o suposto culpado está vivo e o irmãozinho cai na besteira de ir perdoar o culpado. Chega até o “culpado” e diz: Eu te perdôo por você ter me deixado cheio de traumas; na verdade esta pessoa está acusando a terceiros, quando o certo é pedir perdão a Deus por ter ficado magoado!

Na verdade esta faltando para esta pessoa uma genuína conversão.A cura interior, quando ensinada deste modo, fere os princípios básicos necessários à verdadeira conversão; tais como: reconhecer os próprios pecados, se arrepender, confessar, crer, etc...

Já é estranho um crente ter mágoas e traumas do passado, pois isso não pode ter lugar em nossos corações onde habita o Espírito Santo, entretanto, se por ventura a mágoa tentar entrar, ela deverá ser eliminada pelo confronto com a Palavra de Deus! Hb 12. 15

Vale lembrar uma regra:

a)Meus pecados antes da conversão foram perdoados(At 17.29; Hb 8.12;10. 15-18)

b)Quando alguém nos pede perdão; devemos perdoar!

4)Os adeptos deste ensino precisam compreender ainda que todo homem é pecador (Rm 3.23) e precisa de salvação. Por mais que alguém tenha sido maltratado pelos pais ou por qualquer pessoa que seja, ou tenha passado por situações terríveis, este alguém será culpado pelos seus próprios atos; se não fosse assim, nem todos precisariam de salvação, haja vista alguns terem explicações para agirem de determinada forma.

Todo homem é responsável por seus próprios atos! Ez 18.4,20

5) A salvação compreende um novo nascimento, morrer para o mundo e viver para Cristo. Se verdadeiramente somos novas criaturas, tudo relativo ao nosso passado foi sepultado com Cristo. Leia os textos a seguir: II Co 5.17 e Fp 3.13,14 . É certo que ainda vivemos neste corpo sujeito a muitas limitações por causa do pecado, mais quanto aos traumas do passado, eles devem ser sepultados!

6)Na autêntica conversão, a cura interior ocorre imediatamente, ou seja, um coração transformado pelo Espírito Santo reconhece os seus próprios erros e também perdoa os do próximo. Um coração transformado é um coração perdoador; se ele está cheio de magoas e traumas, não é porque precisa de terapia, e sim de conversão!

O coração de uma nova criatura perdoa o que lhe ofende e não fica guardando ressentimentos!

7)É uma maldade levar alguém a ficar sofrendo lembrando de traumas do passado quando Cristo já apagou todos eles de nossa vida.


Do que o homem precisa ser curado interiormente?

Precisamos da cura do coração.

Todo mal vem de dentro do coração do homem (Mt 15.16-20)

Devemos saber que o homem necessita ser curado interiormente, no entanto precisamos saber também do que ele precisa ser curado.

A Palavra de Deus nos ensina que Jesus levou sobre si as nossas enfermidades. O coração do homem estava distante de Deus e doente; cheio de pecados e de maldade. Cristo morreu para nos libertar do pecado e da morte. Ao derramar o seu sangue na cruz, resolveu definitivamente o problema do pecado e da morte. Quando aceitamos a Jesus Cristo como o Nosso Senhor e Salvador, o Espírito Santo vem habitar em nosso coração transformando este coração em um novo coração onde a mágoa, ódio e ressentimentos não podem achar mais lugar.

Jesus entra aonde nenhum remédio, psicólogo ou psiquiatra pode entrar; ele entra no mais profundo do homem. Quando um crente está se sentindo mal ou frustrado, ele não precisa de terapia, mais de arrepender-se e lembrar de que ele é uma nova criatura!


Conclusão:

Aprendemos que a verdadeira cura interior acontece no momento da conversão e que consiste na transformação de um coração doente em um novo coração. Desmascaramos a heresia da cura interior e estudamos os seus erros.


Fonte: www.igrejasementedavida.com.br
Via: Bereianos
Título Original: A "doutrina" da cura interior neopentecostal


Sábio conselho do apóstolo Paulo:

"Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas, prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesusfaço: ". Fl 3:12-14 (grifo meu).



A maioria das pessoas diz que crê no “livre-arbítrio”. Você tem alguma idéia do que isso significa? Acredito que você achará grande quantidade de superstição sobre este assunto. A vontade é louvada como o grande poder da alma humana, que é completamente livre para dirigir nossa vida. Mas, do que ela é livre? E qual é o seu poder?

O mito da liberdade circunstancial

Ninguém nega que o homem tem vontade – ou seja, a capacidade de escolher o que ele quer dizer, fazer e pensar. Mas, você já refletiu sobre a profunda fraqueza de sua vontade? Embora você tenha a habilidade de fazer uma decisão, você não tem o poder de realizar seu propósito. A vontade pode planejar um curso de ação, mas não tem nenhum poder de executar sua intenção.

Os irmãos de José o odiavam. Venderam-no para ser um escravo. Mas Deus usou as ações deles para torná-lo governador sobre eles. Escolheram seu curso de ação para fazer mal a José. Mas, em seu poder, Deus dirigiu os acontecimentos para o bem de José. Ele disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem” (Gn 50.20).

E quantas de nossas decisões são terrivelmente frustradas? Você pode escolher ser um milionário, mas a providência de Deus talvez o impedirá. Você pode decidir ser um erudito, mas a saúde ruim, um lar instável ou a falta de condições financeiras podem frustrar sua vontade. Você escolhe sair de férias, mas, em vez disso, um acidente de automóvel pode enviar-lhe para o hospital.

Por dizer que sua vontade é livre, certamente não estão queremos dizer que isso determina o curso de sua vida. Você não escolheu a doença, a tristeza, a guerra e a pobreza que o têm privado de felicidade. Você não escolheu ter inimigos. Se a vontade do homem é tão poderosa, por que não escolhemos viver sem cessar? Mas você tem de morrer. Os principais fatores que moldam a sua vida não se devem à sua vontade. Você não seleciona sua posição social, sua cor, sua inteligência, etc.

Qualquer reflexão séria sobra a sua própria experiência produzirá esta conclusão: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Pv 16.9). Em vez de exaltar a vontade humana, devemos humildemente louvar o Senhor, cujos propósitos moldam a nossa vida. Como Jeremias confessou: “Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos” (Jr 10.23).

Sim, você pode escolher o que quer e pode planejar o que fará, mas a sua vontade não é livre para realizar qualquer coisa contrária aos propósitos de Deus. Você também não tem o poder de alcançar seus objetivos, mas somente aqueles que Deus lhe permite alcançar. Na próxima vez que você tiver tão enamorado de sua própria vontade, lembre a parábola de Jesus sobre o homem rico. O homem rico disse: “Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens... Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma” (Lc 12.18-21). Ele era livre para planejar, mas não para realizar. O mesmo acontece com você.

O mito da liberdade ética

A liberdade da vontade é citada como um fator importante em tomar decisões morais. Diz-se que a vontade do homem é livre para escolher entre o bem e o mal. Novamente temos de perguntar: do que ela é livre? E o que a vontade do homem é livre para escolher?

A vontade do homem é o seu poder de escolher entre alternativas. Sua vontade decide realmente suas ações dentre várias opções. Você tem a capacidade de dirigir seus próprios pensamentos, palavras e atos. Suas decisões não são formadas por uma força exterior, e sim dentro de você mesmo. Nenhum homem é compelido a agir em contrário a sua vontade, nem forçado a dizer o que ele não quer dizer. Sua vontade guia suas ações.

Isso não significa que o poder de decidir é livre de todas as influências. Você faz escolhas baseado em seu entendimento, seus sentimentos, nas coisas de que gosta e de que não gosta e em seus apetites. Em outras palavras, a sua vontade não é livre de você mesmo! As suas escolhas são determinadas por seu caráter básico. A vontade não é independente de sua natureza, e sim escrava dela. Suas escolhas não moldam seu caráter, mas seu caráter guia suas escolhas. A vontade é bastante parcial ao que você sabe, sente, ama e deseja. Você sempre escolhe com base em sua disposição, de acordo com a condição de seu coração.

É por essa razão que a sua vontade não é livre para fazer o bem. Sua vontade é serva de seu coração, e seu coração é mau. “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn 6.5). “Não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3.12). Nenhum poder força o homem a pecar em contrário à sua vontade; os descendentes de Adão são tão maus que sempre escolhem o mal.

Suas decisões são moldadas pelo seu entendimento, e a Bíblia diz sobre todos os homens: “Antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Rm 1.21). O homem só pode ser justo quando deseja ter comunhão com Deus, mas “não há quem busque a Deus” (Rm 3.11). Seus desejos anelam pelo pecado, e, por isso, você não pode escolher a Deus. Escolher o bem é contrário à natureza humana. Se você escolher obedecer a Deus, isso será resultado de compulsão externa. Mas você é livre para escolher, e sua escolha está escravizada à sua própria natureza má.

Se carne fresca e salada fossem colocadas diante de um leão faminto, ele escolheria a carne. Isso aconteceria porque a natureza do leão dita a escolha. O mesmo se aplica ao homem. A vontade do homem é livre de força exterior, mas não é livre das inclinações da natureza humana. E essas inclinações são contra Deus. O poder de decisão do homem é livre para escolher o que o coração humano dita; portanto, não há possibilidade de um homem escolher agradar a Deus sem a obra anterior da graça divina.

O que muitas pessoas querem expressar quando usam o termo livre-arbítrio é a idéia de que o home é, por natureza, neutro e, por isso, capaz de escolher o bem ou o mal. Isso não é verdade. A vontade humana e toda a natureza humana é inclinada continuamente para o mal. Jeremias perguntou: “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal” (Jr 13.23). É impossível. É contrário à natureza. Portanto, os homens necessitam desesperadamente da transformação sobrenatural de sua natureza, pois sua vontade está escravizada a escolher o mal.

Apesar do grande louvor que é dado ao “livre-arbítrio”, temos visto que a vontade do homem não é livre para escolher um curso contrário aos propósitos de Deus, nem é livre para agir em contrário à sua própria natureza moral. A sua vontade não determina os acontecimentos de sua vida, nem as circunstâncias dela. Escolhas éticas não são formadas por uma mente neutra, são sempre ditadas pelo que constitui a sua personalidade.

O mito da liberdade espiritual

No entanto, muitos afirmam que a vontade humana faz a decisão crucial de vida espiritual ou de morte espiritual. Dizem que a vontade é totalmente livre para escolher a vida eterna oferecida em Jesus ou rejeitá-la. Dizem que Deus dará um novo coração a todos que, pelo poder de seu próprio livre-arbítrio, escolherem receber a Jesus Cristo.

Não pode haver dúvida de que receber a Jesus Cristo é um ato da vontade humana. É freqüentemente chamado de “fé”. Mas, como os homens chegam a receber espontaneamente o Senhor? A resposta habitual é: “Pelo poder de seu próprio livre-arbítrio?” Como pode ser isso? Jesus é um Profeta – e receber a Jesus significa crer em tudo que ele diz. Em João 8.41-45, Jesus deixou claro que você é filho de Satanás. Esse pai maligno odeia a verdade e transmitiu, por natureza, essa mesma propensão ao seu coração. Por essa razão, Jesus disse: “Porque eu digo a verdade, não me credes”. Como a vontade humana escolherá crer no que a mente humana odeia e nega?

Além disso, receber a Jesus significa aceitá-lo como Sacerdote – ou seja, utilizar-se dele e depender dele para obter paz com Deus, por meio de seu sacrifício e intercessão. Paulo nos diz que a mente com a qual nascemos é hostil a Deus (Rm 8.7). Como a vontade escapará da influência da natureza humana que foi nascida com uma inimizade violente para com Deus? Seria insensato a vontade escolher a paz quando todo as outras partes do homem clamam por rebelião.

Receber a Jesus também significa recebê-lo como Rei. Significa escolher obedecer seus mandamentos, confessar seu direito de governar e adorá-lo em seu trono. Mas a mente, as emoções e os desejos humanos clamam: “Não queremos que este reine sobre nós” (Lc 19.14). Se todo o meu ser odeia a verdade de Jesus, odeia seu governo e odeia a paz com Deus, como a minha vontade pode ser responsável por receber a Jesus? Como pode um pecador que possui tal natureza ter fé?

Não é a vontade do homem, e sim a graça de Deus, que tem ser louvada por dar a um pecador um novo coração. A menos que Deus mude o coração, crie um novo espírito de paz, veracidade e submissão, a vontade do homem não escolherá receber a Jesus Cristo e a vida eterna nele. Um novo coração tem de ser dado antes que um homem possa escolher, pois a vontade humana está desesperadamente escravizada à natureza má do homem até no que diz respeito à conversão. Jesus disse: “Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo” (Jo 3.7). A menos que você nasça de novo, jamais verá o reino de Deus.

Leia João 1.12-13. Essa passagem diz que aqueles que crêem em Jesus foram nascidos não “da vontade do homem, mas de Deus”. Assim como a sua vontade não é responsável por sua vinda a este mundo, assim também ela não é responsável pelo novo nascimento. É o seu Criador que tem de ser agradecido por sua vida. E, “se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2 Co 5.17). Quem escolheu ser criado? Quando Lázaro ressuscitou dos mortos, ele pôde, então, escolher obedecer o chamado de Cristo, mas ele não pôde escolher vir à vida. Por isso, Paulo disse em Efésios 2.5: “Estando nós mortos em nossos delitos, [Deus] nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos” (Ef 2.5). A fé é o primeiro ato de uma vontade que foi tornada nova pelo Espírito Santo. Receber a Cristo é um ato do homem, assim como respirar, mas, primeiramente, Deus tem de dar a vida.

Não é surpreendente que Martinho Lutero tenha escrito um livro intitulado A Escravidão da Vontade, que ele considerava um de seus mais importantes tratados. A vontade está presa nas cadeias de uma natureza humana má. Você que exalta, com grande força, o livre-arbítrio está se agarrando a uma raiz de orgulho. O homem, caído no pecado, é totalmente incapaz e desamparado. A vontade do homem não oferece qualquer esperança. Foi a vontade, ao escolher o fruto proibido, que nos colocou em miséria. Somente a poderosa graça de Deus oferece livramento. Entregue-se à misericórdia de Deus para a sua salvação. Peça ao Espírito de Graça que crie um espírito novo em você.

- Walter Chantry, nascido em 1938, foi pastor da Grace Baptist Church em Carlisle, PA, EUA por 39 anos, até o ano de 2002. Chantry recebeu seu Mdiv pelo seminário teológico Westminster, PA, foi editor da revista “The Banner of Truth” e é escritor e preletor em conferências teológicas.


Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright© Walter Chantry
©Editora Fiel
Traduzido do original em inglês: The Myth of Free Will
Extraído do site: [ The Highway ]
Fonte: [ Editora Fiel ]
Via: [ Bereianos ]



Eis aqui uma conversa entre um incrédulo e um evangelista que acredita na doutrina da expiação definitiva (algumas vezes desafortunadamente chamada de “expiação limitada”) — o ensino bíblico que quando Jesus morreu, o propósito inalterável de Deus foi cancelar os pecados e a sentença de morte de todos os que ele deu ao Filho (João 6.39).

Incrédulo: Então, o que você está me oferecendo?

Evangelista: Salvação da ira de Deus e dos seus pecados. Vida eterna!

Incrédulo: Como?

Evangelista: Quando Jesus, o Filho de Deus, morreu, ele absorveu a ira de Deus, removeu-a, e assumiu a culpa do pecado por todos aqueles que confiam nele.

Incrédulo: Ele fez isso por mim?

Evangelista: Se você for tê-lo — recebê-lo — terás tudo o que ele é e tudo o que ele fez. Se você confiar nele, sim, ele fez isso por você.

Incrédulo: Então você não sabe se ele fez isso por mim?

Evangelista: Ele está se oferecendo agora a você gratuitamente. Ele está oferecendo a você uma obra de redenção maravilhosa e consumada — tudo o que ele fez ao absorver a ira de Deus e cancelar os pecados. Tudo isso é seu para ter agora mesmo. Se você não a tiver, então a obra não é sua. Se tiver, então ela é. Há somente uma forma de saber se os seus pecados foram cancelados e sua sentença de morte comutada na morte de Jesus. Creia nele. Sua promessa é absoluta: Se você crer, será salvo. Se não crer, você permanece no pecado, e sob a ira de Deus.

Incrédulo: Então o que você está me pedindo para receber?

Evangelista: Jesus. Receba Jesus! Porque Jesus fez de fato essas coisas. Ele realmente assegurou a liberdade do seu povo da ira de Deus. Ele verdadeiramente carregou os pecados deles em seu corpo no madeiro. Se você o receber, você é um deles. Você está incluso. Tudo isso é verdade para você. Ele oferece a você gratuitamente agora mesmo.

Incrédulo: Pensei que poderia saber se Jesus morreu por mim antes de acreditar. É assim que sempre fui informado: Creia nele, pois ele morreu por todo o mundo.

Evangelista: Não posso dizer com certeza, mas as pessoas que te ensinaram isso provavelmente queriam dizer o seguinte: Jesus morreu para que o evangelho pudesse ser oferecido a todos, e todos os que creem serão salvos. Isso é verdade. Mas se eu assegurasse a você, antes de você crer, que os seus pecados foram cancelados e que sua liberdade da ira de Deus foi obtida, eu te enganaria. Imagine se eu dissesse para você: Jesus certamente obteve a sua libertação da ira de Deus e com certeza perdoou todos os seus pecados. Agora creia nisso. O que você diria?

Incrédulo: Eu diria: Maravilha! E se eu não crer agora? Ainda estou salvo, correto? Afinal, os meus pecados foram perdoados com certeza. Está feito!

Evangelista: Sim, isso é provavelmente o que você diria, e você estaria errado. Mas isso porque eu teria enganado você. As boas novas que Jesus tem para você antes de você crer nele não é que seus pecados foram certamente cancelados. As boas novas é que Jesus realmente propiciou a ira de Deus, e realmente perdoou os pecados do seu povo. Está consumado. E isso é o que eu ofereço a você. É completo. É glorioso. E a promessa absoluta de Deus a você é: É tudo seu, se você receber a Cristo. Creia no Senhor Jesus Cristo, e você será salvo.


Autor: John Piper
Fonte: http://www.desiringgod.org/
Via: Monergismo
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto (10/03/2011).



FÉ: CONDIÇÃO ÚNICA PARA A SALVAÇÃO

As Escrituras deixam claro que uma pessoa é salva pela fé. Em Romanos 4:1-4 Paulo descreve que a justificação nossa perante Deus é imputada pela fé, assim como ocorreu com Abraão. O mesmo Paulo escreve aos gálatas que nenhuma obra da lei ou obra que nossa carne produz pode trazer justificação para nós.

Isto acontece simplesmente porque, apesar de termos dificuldades em aceitar essa verdade, somos completamente e totalmente maus. Isso não quer dizer que cometemos o maior número possível de maldade que conseguirmos. Na verdade dizer que somos completamente maus é dizer que todo o nosso ser é mau, desde as nossas obras até nossos pensamentos, vontades e desejos. Não é um problema superficial mas um problema que atinge todo o âmbito do ser humano. É do interior do coração dos homens que saem os frutos do pecados e da carne (Mc 7:21-23). Este coração é mais perverso e enganoso do que qualquer outra coisa (Jr 17:9), estando cheio de maldade (Ec 9:3).

Sabendo que o problema não é apenas exterior pode-se concluir que nem mesmo o melhor ato de bondade de nossa parte é capaz de trazer justificação nossa perante Deus. Nós pecamos contra um Deus infinitamente Santo e Justo, fazendo com a justiça de Deus aplicada sobre nós não seja menor que a infinita condenação. É por este motivo que Isaías diz que nossas obras para Deus são como trapos de imundícia (Is 64:6).

A fé que nos traz salvação e justificação é dada por Deus em forma de dom gratuito, afim de que ninguém possa se gloriar em nada da sua prórpia salvação (Ef 2:8-9). Esta fé não pode ser definida apenas como um sentimento, uma aceitação passiva, um desejo interno do ser humano ou uma asserção intelectual. Ela é um porto seguro, uma confiança firme no favor divino para conosco, movendo nossa mente, nosso corpo, nosso coração e nossa vontade à esta confiança. Este é o motivo pelo qual uma vez que a fé nos trouxe a salvação inevitavelmente seremos levados a viver de acordo com essa crença, pois somos salvos em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já havia preparado para que andássemos nelas (Ef 2:10). É isso que Tiago afirma quando diz que somente uma fé morta deixaria de produzir obras, sendo as obras a prova da nossa fé (Tg 2:17).

A maioria de nós não tem muitos problemas em acreditar que a fé é condição para a salvação. O nosso maior problema é acreditar que a fé é condição sine qua non (ou condição única) para a salvação. Se levantassemos uma lista de coisas que precisam ser feitas para que um indivíduo seja salvo com certeza a fé entraria nesta lista. Mas não sozinha. Para nós é sempre fé mais obras, fé mais amor, fé mais dons, fé mais lei, fé mais circuncisão, fé mais batismo, ... jamais fé sozinha. Provavelmente ela nem ocuparia a primeira posição da nossa lista.

O propósito do presente estudo é falar sobre mais um desses itens que são colocados ao lado da fé como condição para a salvação, e este item é o “Arrependimento”. Apesar de ser um tema complicado eu pretendo, se Deus assim permitir, trazer uma luz com relação ao que é o arrependimento genuinamente bíblico e tentar desmistificar a idéia de que o arrependimento é mais uma condição além da fé para salvar o homem.

ARREPENDIMENTO: DEFINIÇÃO

Na grande maioria das vezes a nossa definição de arrependimento é sempre a parte exteriorizada do negócio. É aquilo que a pessoa faz com o objetivo de ser melhor do que antes. Arrependimento é tomar vergonha na cara, ser religioso, andar na linha, mudar minhas atitudes. Resumindo: normalmente o conceito que temos é de algum tipo de aprimoramento que se faz necessário para sermos pessoas melhores. E é mais ou menos este conceito que a maioria de nós tem com relação ao arrependimento para a salvação. De acordo com a nossa mente o arrependimento tem a ver com o nosso passado, mas tendo em vista o presente, objetivando um futuro melhor. Para a salvação funcionaria assim: você é um pecador e precisa melhorar. Portanto largue o cigarro, a bebida, os vícios, desista da prostituição, do adultério, das mentiras, da roubalheira, etc, e depois que você cumprir uma lista de exigências aí sim você estará apto para a salvação. Depois que você mudar sua vida completamente Deus ficará feliz e estará a sua espera do outro lado desta estrada, de braços abertos, pronto para te salvar.

Na teoria um discurso assim aparentemente é lindo, uma vez que o evangelho é uma coisa que deve ser levada a sério. Contudo, existe um problema implícito em pensarmos desta maneira. Se olharmos com atenção esta lista de exigências perceberemos que voltamos a estaca zero, enfatizando novamente as obras como condição para a salvação. Nossas mentes estão tão saturadas de obras que para nós é necessário ver mudanças no indivíduo para que realmente falemos que ele pode ser salvo, isto porquê, para a salvação, não basta apenas você visualizar e ter ciência da sua condição de pecador; é necessário que você abandone o pecado antes.

Pensar desta maneira é totalmente anti-bíblico, uma vez que damos enfaze às obras da carne. Já foi comentado que o homem não pode mudar a si mesmo, assim como o leopardo não pode mudar as suas manchas ou o etíope mudar a cor da sua pele (Jr 13:23). Deus nunca intencionou dar um jeitinho na nossa natureza humana, muito menos planejou que nós fizessemos alguma coisa para melhorar a nossa natureza adâmica. A intenção de Deus é revelada na cruz: morte e destruição ao velho homem, e não melhora do mesmo.

Quando colocamos uma lista de exigências que devem ser cumpridas para a salvação então nunca aceitaremos o fato de que Deus chama o o pecador ao arrependimento na condição que ele se encontra atualmente: PECADOR (Lc 5:29-32; Mt 9:10-13). Jesus não está interessado nos nossos sacrifícios, nem se importa com os nossos holocaustos ou nossas obras. O que Ele quer são pecadores cônscios do estado em que se encontram.

Quantas pessoas têm duvidado da segurança da sua salvação porque estão exigindo de si mesmas (uma vez que foram ensinadas desta maneira) que o arrependimento salvífico deve ser igual ao arrependimento de um crente maduro que está na caminhada cristã a uns 20 ou 30 anos! Muitos ensinam desta maneira sem perceberem que estão correndo o risco de fechar o Reino de Deus e manter pessoas fora dele. Fazem exigências que nem eles mesmos cumprem. Querem um arrependimento que nem mesmo Deus exige!

Percebe como o nosso modo de pensar no arrependimento é falho? Notou como o modelo de arrependimento que temos aprendido é deficiente? Se isto ficou claro então faz se necessário entendermos o que é o arrependimento realmente bíblico.

ARREPENDIMENTO NAS ESCRITURAS

Antes de tentar expor o verdadeiro significado do arrependimento bíblico primeiramente eu gostaria de enfatizar que o arrependimento é uma das verdades fundamentais e essenciais das Escrituras, sendo o homem convocado constantemente ao arrependimento por toda a Bíblia. Vejamos alguns exemplos disso:

· João Batista, em Mateus 3:2
· Jesus, em Mateus 4:15-17
· Os doze comissionados, em Marcos 6:12
· Pedro no Pentecostes, em Atos 2:38
· Paulo aos gentios, em Atos 26:20
· Das sete igrejas do Apocalipse, cinco recebem como exortação a convocação ao arrependimento
· Apelo constante dos profetas no Antigo Testamento
· O resumo do evangelho de Cristo que deveria ser pregado ao mundo, em Lucas 24:46-48.

Tantas referências assim só nos mostram como a mensagem do arrependimento é importante e, sendo de tamanha importância, torna-se mais importante ainda nós termos uma definição correta deste tema tão abordado nas Escrituras.

Arrependimento vem da palavra grega metanoia, que quer dizer “mudança de mente”. Somente isso: mudança de mente. Não mudança de conduta, não mudança de atitude, não mudança de hábito. Simplesmente mudança de mente.

Uma das grandes vantagens da língua grega é que ela é uma das melhores línguas (se não for a melhor) para que uma pessoa consiga expressar exatamente aquilo que ela quer dizer. Quantas vezes falamos ou escrevemos alguma coisa na língua portuguesa e as pessoas não entendem o que queriamos realmente dizer, ou não entendem o sentido, ou o sentido do que nós escrevemos ou falamos fica duplicado. Isto raramente acontece no grego. No grego quando um autor escreve “algo” pretendendo dizer “algo” ele realmente diz “algo” e todos entendem o que ele realmente quis dizer. Existe no grego uma riqueza de vocábulos para expressar cada situação. É bom lembrarmos que o Novo Testamento foi todo escrito em grego. Isto quer dizer que quando um autor intentou escrever sobre arrependimento usando o vocábulo metanoia ou suas variações então ele realmente estava falando sobre mudança de mente.

É nessas horas que entra o famoso “gato”, “ponte”, “gancho” ou seja lá que nome você costuma dar ao ato de tentar dar um “jeitinho” em algum versículo para que ele possa se encaixar nas nossas ideologias. Tentamos interpretar o texto de acordo com o nosso achismo e não de acordo com o que Deus e o autor pretendiam dizer. Contudo, “texto fora do contexto é pretexto”. Quantos estudos sobre arrependimento eu já vi que começavam assim: “Arrependimento significa mudança de mente. Mas quer dizer muito mais do que isso...”. Não! Não quer dizer mais do que isso! É apenas mudança de mente mesmo, e é isso o que Deus quer de um pecador.

Mas mudar exatamente o que na mente?

ARREPENDIMENTO: UMA MUDANÇA DE MENTE

Em Gênesis 3 é relatado a queda do homem (mais precisamente Gn 3:1-7). Repare neste trecho que Eva foi levada a comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal quando a serpente disse: “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal (vs. 5)”.

Quando o homem viu a possibilidade de ser como Deus e saber o que Deus sabe então ele resolveu desobedecer a ordem expressa de Deus: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás (Gn 2:17)”. Ao comer, o homem pecou contra Deus e com este pecado o que Adão (e Eva, claro) estava dizendo era que Deus não era mais necessário. Por qual motivo o homem precisaria de Deus se ele sabe o que Deus sabe e conhece o que Deus conhece? A motivação deles foi unicamente serem como Deus. Estavam dizendo: “nós não precisaremos dEle se formos como Ele”.

Se olharmos ao nosso redor notaremos que é este o pensamento que impera na nossa humanidade. O ser humano vive segundo a sua própria vontade, escravo dos seus prazeres e desejos. Não se importa com a existência de Deus e não faz questão alguma de seguir os desígnios dEle. Para o homem não regenerado servir a Deus é sinal de fraqueza e esta dependência de um ser Supremo não traz agrado.

O pecado causou separação nossa com Deus. No antigo testamento os homens se esforçavam para conseguirem o agrado de Deus e a purificação dos seus pecados através dos sacrifícios e obediência a lei. Mas nós vimos que isso não serve para nada e não pode resolver o nosso problema e é por isso que o homem precisa mudar a sua mente. O arrependimento, portanto, serve para gritar aos ouvidos dos homens: “VOCÊS NÃO PODEM!”. Esta é a mensagem do arrependimento. Esta é a semente do arrependimento para a salvação. “Deus é tudo. Eu preciso dEle”. A mudança da nossa mente se faz necessária para nos levar a parar de confiarmos na força do nosso braço e nos levar novamente a confiarmos em Deus.

Vemos em Romanos 5:20 que onde abunda o pecado superabunda a graça. Logo, a partir do momento que o pecador tem consciência do seu estado lamentável a graça tem espaço para reinar.

A mudança da mente é para que o pecador perca completamente as esperanças em sim mesmo. Enquanto o pecador não tiver todas as esperanças em si mesmo e na força dos seu próprio braço, nos seus feitos, nas suas obras ou na sua caridade, completamente destruídas ele nunca poderá se voltar verdadeiramente a Cristo. O arrependimento pertence exclusivamente à religião dos pecadores. Não tem lugar na vida das criaturas não caídas ou na vida daqueles que não reconhecem a sua real condição (Lc 13:1-5). Aqueles que nunca cometem pecados, que são tido como justos, que não possuem uma natureza pecaminosa não precisam do perdão de Deus ou do arrependimento. Portanto a mudança da mente pode ser um simples “eu não consigo, eu não sou capaz”.

Perceba que o arrependimento para a salvação não tem a intenção de pegar a nossa natureza caída, fazer com que esta natureza produza algumas obras melhores, suba um degrau no seu comportamento para só assim estar apta para a salvação. O arrependimento é justamente o contrário: é feito para trazer humilhação e vergonha da vida que você vivia, revelando um sentimento de total incapacidade, com o único propósito de destruir nossa auto-estima.

O ARREPENDIMENTO ESTÁ INCLUSO NA FÉ SALVÍFICA

Mas como pode o homem, com sua natureza caída, enxergar a sua verdadeira condição? Realmente fica claro para nós que o homem em seu estado natural de servo do pecado (Jo 8:34), inimigo de Deus (Rm 1:30), ignorante e duro de coração (Ef 4:18) não tem a menor capacidade de enxergar a sua própria condição. Por isso se faz necessário que Deus realize algo. Somente uma intervenção divina poderá trazer luz aos olhos do cego de nascença.

Existem dois exemplos básicos que costumo usar para explicar a intervenção de Deus para que o homem possa olhar a sua real condição:

· A visão de Isaías (Is 6:1-5)
Se olharmos o capítulo 5 de Isaías veremos o autor do livro proferindo várias condenações aos povos em volta dele. Muitos “ais” são pronunciados contra as nações vizinhas de Israel. Contudo, quando este homem teve uma visão de Deus, uma visão da santidade dEle, os “ais” que ele pronunciava às nações se voltam contra ele mesmo. Ele enxerga a sua real condição e muda completamente o discurso dele, dizendo: “Ai de MIM! Pois ESTOU PERDIDO; porque SOU um homem de lábios impuros, e HABITO no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos (vs. 5)”.

· Paulo na estrada de Damasco (At 9:1-9)
Algo semelhante acontece com Paulo, anteriormente Saulo, no caminho para Damasco. Paulo era um homem que zelava pelo cumprimento da lei dos judeus e isto o levava a caçar e aniquilar todos aqueles que se diziam seguidores do Cristo. Não aceitava em hipótese alguma que Jesus era o Deus encarnado e o Messias que traria salvação a humanidade. Certa vez, Paulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, pede cartas para Damasco, pretendendo conduzir preso qualquer homem ou mulher que fizesse parte da seita dos seguidores de Jesus. No caminho para Damasco Jesus aparece a Paulo e diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues? (vs. 4)”. Com a visão não restou nada nos lábios daquele ex-judeu zeloso, a não ser um: “Senhor, que queres que eu te faça? (vs. 6)”. Ver o Senhor mudou completamente a vida daquele homem, fazendo com que ele ficasse três dias sem comer e sem beber nada pensando no que tinha vivenciado.

Algo semelhante precisa acontecer na vida do homem caído. É necessário uma visão de Deus, de Cristo, para que o homem tenha um real comparativo para si mesmo. Se olharmos apenas na horizontal nunca veremos a nossa real condição. O ser humano não é um bom grau de comparação para nós mesmos. Sempre serei melhor do que fulano ou ciclano porque faço mais caridades, ou porque não tenho tantos vícios como o outro, eu porque sou mais fiel a minha esposa, etc. Contudo apenas um vislumbre da luz de Cristo é mais do que suficiente para revelar a nossa real condição. Comparados com o próprio Cristo quem ficaria inescusável ou sem culpa? Quem se sentirá santo o suficiente ao ficar defronte ao Ser cuja essência é a santidade?

A luz de Cristo é mais do que necessária para revelar a nossa real condição. Se eu estiver em uma sala escura não há como eu olhar para as roupas que estou vestindo e dizer que elas estão sujas. Ao passo que se uma luz for acesa no meio das trevas então será possível eu avaliar se minhas vestes realmente estão limpas ou não. E é neste momento que entra a fé.

A fé leva-nos a olhar para Cristo, enquanto o arrependimento é uma consequência do olhar para nós mesmos através da luz de Cristo. A fé faz com que meu corpo fique voltado na direção da luz de Cristo. Quando esta luz bate em mim eu posso analisar a minha condição e ver que estou em trevas.

Para que se cumprissem as Escrituras, logo após Jesus ouvir que João Batista estava preso, Ele deixa Nazaré e vai habitar Cafarnaum, e então é relatado “o povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, a luz raiou” (Mt 4:12-16). É esta luz que precisa brilhar em nossas trevas.

Enquanto o arrependimento revela a nossa doença, a fé revela o nosso remédio. Enquanto o arrependimento revela que eu não posso me salvar, a fé mostra que Jesus pode! Como é maravilhoso isso!

Perceba que não é fé mais arrependimento que traz a salvação. A verdade é que a fé salvífica não vem sem o arrependimento. É impossível para o homem que enxerga a luz de Cristo não enxergar a escuridão em si mesmo. Quando o homem crê ele vê o que Deus fez por ele em Cristo Jesus. Quando ele vê Cristo ele é levado a se arrepender por reconhecer as suas próprias obras no passado e a sua real situação no presente. O que o homem fez no passado é arrependimento. Ver o que Jesus fez na cruz do Calvário é fé.

Um dos momentos mais lindos que vejo nas Escrituras referente a salvação é o episódio relatado em Lucas 23:39-43, que fala dos malfeitores que foram cruxificados junto com Jesus. Veja o que diz o malfeitor que inaugurou o Paraíso ao lado de Cristo (vs. 43) ao outro indivíduo que blasfemava contra Jesus: “Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.”

Todas as vezes que leio este trecho eu me emociono vendo com quão grande graça Deus tem nos salvado. Veja que a primeira atitude do malfeitor é reconhecer que ele estava pagando pelo que ele fez. Ele reconheceu o seu estado, o seu pecado e que era digno de condenação. Ao mesmo tempo a fé dele em Cristo é mostrada quando ele pede para que Jesus lembre-se dele quando entrasse no reino. Amado, isso é salvação. Ele não precisou fazer mais nada, não precisou repetir uma oração, levantar o braço, ir até o altar, fazer um sacrifício, nada! Apenas fé produzindo arrependimento naquele coração. Quão glorioso é isso!

Portanto, apesar de na teoria sempre tentarmos separar o arrependimento da fé dizendo que salvação vem pela fé mais arrependimento, a grande verdade é que o arrependimento está incluso na verdadeira fé. Quando eu digo que estou salvo é porque o arrependimento está incluso nisso. Ele é a evidência da salvação em nós e esse arrependimento será cada dia mais crescente na vida dos salvos.

SALVAÇÃO: OBRA EXCLUSIVA DE DEUS

Já foi falado que a salvação vem pela fé e é obra exclusiva de Deus (Ef 2, 8). Então se eu digo que o arrependimento está incluso na fé que salva logo é esperado que esse arrependimento também não seja algo gerado por nós mesmos, mas sim por Deus.

Embora o arrependimento seja um dever óbvio de todo pecador, ele só pode ser realizado de modo verdadeiro e eficaz pela graça de Deus. A natureza humana não pode se rebelar contra ela mesma para que seja produzido arrependimento. Mesmo que ela pudésse fazer isso a verdade é que o o homem não quer isso. Mas felizmente a bíblia deixa algumas referências claras que dizem que Deus, sendo suficiente para salvar, provê o arrependimento necessário:

“E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, A VER SE PORVENTURA DEUS LHES DARÁ ARREPENDIMENTO PARA CONHECEREM A VERDADE, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos.” (II Tm 2:24-26)

“Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para [DEUS] dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.” (At 5:31)

“E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: na verdade até aos gentios DEU DEUS O ARREPENDIMENTO PARA A VIDA.” (At 11:18)

Esses versículos estão de acordo com promessas feitas por Deus no antigo testamento:

“E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis... E livrar-vos-ei de todas as vossas imundícias.” (Ez 36:26-27, 29)

“E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim.” (Jr 32:40)

Deus prometeu que Ele resolveria o problema do nosso coração e Cristo é a solução para este problema. Muitos conseguem notar em si mesmos que a conversão que tiveram foi obra única e exclusiva de Deus. Na primeira vez que ouvimos o evangelho ele não nos trouxe agrado nenhum. De repente, em um estalar de dedos, abrem-se os nossos olhos e dizemos: “Eu me arrependo!”. Ai as coisas que antes eram odiosas se tornam as mais maravilhosas , enquanto que o pecado que nos trazia prazer e agrado agora se torna nojento e repugnante. Só Deus pode mudar nossa natureza desta maneira.

POR QUE ENFATIZAR TANTO A SALVAÇÃO COMO OBRA SOMENTE DE DEUS?

Posso oferecer pelo menos três respostas a essa pergunta:

· Para que Deus tenha toda a glória
Deus não divide a glória dEle com ninguém. O homem sempre quer ter parte na salvação de si mesmo. Costumamos dizer que “Deus me salvou. Mas eu tive que dizer sim”, “Deus me salvou. Mas fui eu quem levantou a mão e repetiu a oração do pastor”, “Deus me salvou. Mas eu é quem fui até o altar e me prostrei lá na frente”. MENTIRA!!! Deus fez tudo! Somente Ele! Isso para que ninguém se glorie em nada, nem um infinitésimo de porcentagem deve ser dado a nós mesmos na nossa salvação. Não deve existir nenhuma possibilidade no grande Dia para que eu encha o peito e diga: “Vocês aí que estão se perdendo e indo para o inferno. Bem feito! Se fossem tão inteligentes quanto eu teriam aceitado o evangelho que foi pregado. Se fossem tão espertos quanto eu teriam dado atenção a mensagem. Se fossem tão sábios quanto eu vocês teriam ido à igreja que eu frequentava...”. Deus, sendo o único autor da nossa salvação, não permite que haja espaço para qualquer tipo de argumentação a nosso favor. Precisamos reconhecer o nosso real estado para podermos glorificar a Deus na medida que Ele merece.

· Para ter segurança na sua salvação
Muitos têm baseado a salvação em coisas tão banais que facilmente são levadas a dizer que perderam a sua salvação. Se um pastor faz um apelo dentro de uma igreja do tipo: “Quem não tem certeza da sua salvação ou está se sentindo longe de Deus venha até a frente que vamos orar por você” é certo que na maioria das congregações mais da metade das pessoas que estão na igreja vão a frente receber oração. Mas no que essas pessoas estão baseando a salvação delas? Normalmente elas ainda se baseiam nas suas próprias obras. “Se eu não pecar hoje eu estou bem. Mas se eu pecar eu perco minha salvação”. “Preciso andar na linha e me santificar senão Deus se afastará de mim”. “Droga! Hoje pisei na bola. Preciso confessar meu pecado aos meus irmãos, ao meu pastor, ao padre, etc, para que eu seja salvo novamente”. Isso beira a estupidez! Você não deve barganhar com Deus a sua salvação! Se você tem consciência da sua natureza então por que é que você confiaria em si mesmo para se manter salvo? Não faz nenhum sentido isso. Em outros casos a pessoa acha que perdeu a salvação dela na primeira dificuldade ou problema que enfrenta. Ou perde a salvação quando deixa de dar o dízimo, ou quando deixa de ir em algum culto (se for culto de ceia então faltar chega a ser um pecado imperdoável!), etc. Enfim, firmam sua salvação em bases feitas de areia, onde na primeira ventania tudo desmorona.

Contudo, se eu baseio a minha salvação em uma obra exclusiva de Deus, desta maneira meus pés encontram solo firme e inabalável. Pode alguma coisa ganha sem mérito ser perdida por demérito? Se eu não tinha mérito nenhum em mim mesmo para ser salvo não faz sentido Deus rifar a minha salvação, baseando ela nos meus méritos. Não é por obra nenhuma minha.

Qual é a rocha que devemos fundar a segurança da nossa salvação? São várias:

- É Deus quem muda o coração de pedra e transforma-o em um coração de carne, com o único propósito desse coração nunca se apartar dEle (Jr 32:40)

- O Espírito Santo é o selo e o penhor (uma garantia) da nossa herança para o grande Dia (Ef 1:13-14)

- Deus nos entregou nas mãos de Cristo, Aquele que promete que nós nunca pereceremos e ninguém pode retirar-nos das mãos dEle (Jo 10:28-30)

- A vontade de Deus é que nenhum daqueles que Ele entregou a Cristo se perca. E Cristo garante que ressuscitará estes no último dia (Jo 6:37-40)

- Em vários lugares Jesus diz ser o bom Pastor das suas ovelhas. Ele é a porta e ele é o porteiro do aprisco. Ninguém sai desse aprisco sem passar pelo pastor. Ainda que uma ovelha saia Ele deixa noventa e nove para trás e vai atrás dela, chama-a pelo nome e retorna alegremente com ela em seus ombros (Jo 10; Lc 15; Mt 18)

- Se morrermos em Cristo certamente ressuscitaremos com Ele. Assim como Cristo ressuscitou uma vez e não pode mais ser morto assim nós, se realmente ressuscitamos com Ele, não há como perecermos pois estamos nEle (Rm 6:6-7)

- Deus nos reconciliou com Ele em Cristo quando éramos inimigos dEle. Logo muito mais agora, estando já reconciliados, seremos poupados por Ele da ira (Rm 5:8-10)

- Nada pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus. Ninguém pode intentar qualquer acusação contra aquele que foi justificado por Cristo (Rm 8:31-39)

- Se eventualmente pecarmos temos um Advogado perante o Pai. Este Advogado é justo e Ele mesmo é a propiciação pelos nossos pecados. É sobre os atos dEle que será dada a sentença, e não sobre os nossos atos. (I Jo 2:1-2)

Esses trechos são bons fundamentos para você depositar a segurança da sua salvação. Perceba que a ênfase dada é para os atos de Deus e não para os seus atos. Poderia citar mais n referências que podem nos trazer segurança na salvação, pois as Escrituras estão cheias de passagens similares. Portanto creia que Deus é fiel para terminar a boa obra que começou em nós e não diminua o poder do sangue de Cristo que foi derramado na cruz em nosso favor.

· Para ter base na oração pelos perdidos
Devemos crer que Deus é suficiente para salvar para que possamos orar com uma base firme pelos perdidos. Não faz sentido eu orar para a salvação de uma pessoa se eu basear a salvação na aceitação desta pessoa, ou na fé dela, ou em qualquer coisa que ela possa produzir. Lembre-se que o ser humano caído não tem poder para se salvar ou mudar a sua natureza. Ao passo que se eu creio que Deus é o autor da salvação então creio que Ele é poderoso o suficiente para salvar, mudar o coração do perdido, trazer arrependimento ao mesmo e levá-lo a viver uma vida nos caminhos dEle. Creia nisso você também.

A IGREJA SEM A MENSAGEM DO ARREPENDIMENTO

Infelizmente a maioria das nossas igrejas têm ignorado por completo a mensagem do arrependimento. Creio que o maior motivo para isso é a tentativa de fazer com que o evangelho seja mais aceitável ao homem. Muitas de nossas igrejas estão mais preocupadas com o dinheiro, com o número de fiéis que frequentam ela, com status, etc. Por isso coisas como arrependimento, renúncia, ira de Deus, juízo eterno, fim das esperanças em nós mesmos, não somos tão bons quanto imaginamos, esses tipos de mensagens não agradam as pessoas e, por não trazer agrado, corremos o risco de perder membros ensinando coisas assim.

Essa tentativa de deixar o evengelho mais “digerível” faz com que seja pregado um evangelho totalmente deturpado, que seja ensinado algo que não é mais o verdadeiro evangelho e, por este motivo, não tem poder para salvar todo aquele que crê (Rm 1:16).
Perceba como nossas mensagens chamadas “evangelísticas “ não enfatizam em nada o arrependimento, mesmo eu tendo demonstrado que isso é fundamental para o ser humano não regenerado. Dentro da igreja a mensagem é que você pode ter a mesma mentalidade que tinha antes, mas crendo que existe um Deus que pode resolver todos os seus problemas, sanar suas dívidas, curar sua família e dar uma vida boa para você. Uma mensagem totalmente enraízada neste mundo, nesta vida terrena, totalmente aquém da eternidade. É lógico que o ser humano orgulhoso e egoísta vai querer aceitar esse falso evangelho. Quem não aceitaria um Jesus “legal prá caramba”, que promete fazer minha vida mais feliz e ainda conceder tudo aquilo que eu sempre quis e desejei?

Mas quando eu leio versículos como “aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”(João 3:36) eu sou obrigado a discordar de um Jesus que se alegra tanto assim em abençoar as pessoas. Lucas 20:9-18, assim como João 3:36, mostra um Deus completamente irado com a humanidade. Veja que em João é dito que aquele que não crê no Filho a ira de Deus sobre ele PERMANECE. Isso quer dizer que desde o momento em que você nasce Deus já está irado contigo e esta irá permanecerá a menos que você creia no Filho dEle. Lucas mostra que este Filho é o mesmo que foi morto mesmo depois que Deus enviou servos e mais servos para revelar a Sua vontade ao povo. Mas os homens espancaram esses servos. Até que Deus envia o próprio Filho, mas Ele é espancado até a morte pelos lavradores da vinha. E a passagem concluí-se da seguinte maneira: “Qualquer que cair sobre aquela pedra ficará em pedaços, e aquele sobre quem ela cair será feito em pó” (vs. 18). Vendo trechos assim você realmente consegue acreditar que Deus quer abençoar a todos? Você realmente acha que é esse tipo de mensagem que deve ser pregada e anunciada em nossos púlpitos? De maneira nenhuma! Deus está irado com a humanidade. A única coisa que mantem o braço do Senhor recolhido para não fulminar os povos é a misericórdia dEle. Portanto a única mensagem que deve ser pregada as pessoas é o arrependimento: “Deus está irado contigo, portanto arrependa-se”.

A tentativa de tornar o evangelho mais aceitável ao homem é tão estúpida quanto herética. A Bíblia claramente diz que o homem, no estado natural dele, está completamente cegado pelo deus deste mundo; tendo inclinação para a carne ele é um completo inimigo de Deus e não é sujeito a lei dEle e nem pode ser (Rm 8:7). I Co 2:14 diz que para o homem natural as coisas espirituais são loucura. Tentar apresentar o escandalo da cruz (Gl 5:11) como algo agradavél é uma negação ao evangelho. Nos preocupamos tanto em pregar um evangelho mais aceitável ao homem que acabamos por esquecer que a não aceitação do Evangelho pelas pessoas também faz parte do Evangelho. Uns crerão, outros não, mas a mensagem deve ser pregada na íntegra.

A consequência da negligência de doutrinas tão importantes das Escrituras (como arrependimento, total depravação, juízo eterno, ira de Deus, fé, ressurreição, etc.) é uma Igreja manca, inoperante e que nada pode fazer pelo mundo. Se as pessoas não ouvem que realmente são pecadoras e que são dignas de juízo eterno elas não verão necessidade de se arrependerem. Se não existe necessidade de arrependimento então não preciso ter fé que Jesus traz justificação para mim, uma vez que eu não tenho porquê ser justificado. E se a fé em Cristo é condição para a salvação logo as pessoas estão perecendo. Consegue ver a dimensão do problema?

Outra coisa que deve ser ressaltada: a falta da mensagem sobre arrependimento nos nossos púlpitos faz com que a Igreja se conforme com o mundo e ande de mão dada com ele. Paulo, em Romanos 12:2, diz que nós não deveriamos nos conformar com este mundo mas deveriamos ser transformados pela renovação das nossas mentes, para que assim possamos experimentar por completo a vontade de Deus. Lembre-se que arrependimento quer dizer mudança de mente. Logo o arrependimento traz essa renovação que faz com que sejamos transformados, que faz com que não andemos segundo os costumes do mundo e que experimentemos verdadeiramente a vontade de Deus. Mas o que temos visto é uma igreja que deseja as mesmas coisas que o mundo deseja: poder, riquezas, bens, saúde, etc. Ou seja, uma igreja com o coração focado apenas nas riquezas passageiras deste mundo, uma igreja que não deposita a sua confiança na eternidade, que prega sobre viver eternamente mas os seus atos falam muito mais alto que os seus lábios e a mensagem de ambos se opõem. Se realmente cressemos que esta vida é passageira e com tempo infinitamente menor se comparado a eternidade então não nos preocupariamos com coisas tão fúteis e banais (Cl 3:1-3).

Portanto paremos de arranjar desculpas para não pregarmos o verdadeiro evangelho, porque somente ele é poder de Deus para salvar todo aquele que crê, quer seja judeu, quer seja grego. (Rm 1:16)


Autor: Cláudio Neto
(Estudo ministrado na Igreja Agnus - Vila Carvalho - Sorocaba)