De modo geral, a palavra é o elemento fundamental da comunicação. É um signo universal que engloba conceitos, ideias e tudo o que é necessário até mesmo para o pensamento, que é um estágio anterior e pré-requisito à comunicação. Assim, podemos localizar dois momentos bem distintos da palavra: pensamento e linguagem.

A palavra enquanto pensamento faz parte integrante da pessoa. Pode, talvez, até ser considerada sua essência, pois ali residem todas as elaborações, a interação entre razão e emoção na qual todas as coisas são planejadas quer venham a transformar-se em ações, quer não. Diz respeito à intimidade, àquilo que se processa no interior da pessoa.

Posteriormente, parte de tudo o que se passou no pensamento será exposta num outro estágio que denominamos linguagem. É a exteriorização da palavra, que pode ser expressa pela fala, por gestos, pela escrita, etc. É a mesma palavra em várias formas assim como a água pode apresentar-se em estados diferentes, como sólido, líquido e gasoso, sem mudar sua essência.

Obviamente, a quantidade de palavras nos pensamentos é muito maior do que a que se transforma em linguagem, pois, ao comunicar-se, a pessoa escolhe as palavras para determinada finalidade objetiva e omite aquelas que julga desnecessárias ou inconvenientes às suas intenções. Embora a comunicação por meio de palavras seja insuficiente para conhecer uma pessoa, ainda assim podemos considerar que constitui o principal ponto de partida para tal conhecimento, pois as palavras têm origem no interior de cada um. Não é por acaso que, muitas vezes, enquanto ouvimos alguém, surgem dúvidas em nosso interior tais como: “O que ele quer dizer com isso?” ou “Aonde ele quer chegar?”. Paralelamente, tentamos usar as palavras que chegam a nós por meio da fala, das expressões ou da escrita para espiar o interior de nosso interlocutor, aproveitando as frestas abertas por sua comunicação. Ou seja, ouvimos a linguagem, mas, ao mesmo tempo, fazemos um esforço para desvelar o pensamento.

Isso acontece porque sabemos que pode não haver uma total correspondência entre o pensamento e a linguagem de cada pessoa. As pessoas mudam no transcorrer do tempo, quer pelo desenvolvimento natural em direção à maturidade, quer por mudanças de opinião como de quem experimenta uma genuína conversão de vida, quer porque sua linguagem também está a serviço de intenções veladas. Concluímos, então, que somente a linguagem não basta para realmente conhecermos a pessoa; é imprescindível que conheçamos também seus pensamentos.

Podemos aplicar esse mesmo raciocínio a Deus desde que guardemos algumas diferenças. Em primeiro lugar, Deus não muda, pois não está sujeito a qualquer desenvolvimento. Ele sempre é; portanto, sua palavra também é imutável. Em segundo lugar, Deus não mente; consequentemente, não falseia entre o pensamento e a linguagem. Sendo assim, ao contrário do homem, há perfeita coerência entre o que Deus pensa e o que fala.

Entretanto, há pontos na comunicação divina que guardam relação com a comunicação humana. A limitação da linguagem é uma delas. João escreveu que, por falta de espaço no mundo, não daria para escrever tudo o que Jesus ensinou e fez. Podemos imaginar o esforço para colocar em palavras suas visões apocalípticas ou a espiritualidade que perpassava no coração. Na Bíblia, encontramos, muitas vezes, os autores recorrendo a expressões que mostram a limitação das palavras. Por exemplo, João traduz o tamanho do amor de Deus por “de tal maneira” (Jo 3.16), enquanto Paulo tenta expressá-lo dizendo que precisamos compreendê-lo em toda a sua “largura, comprimento, altura e profundidade” embora exceda “todo entendimento” (Ef 3.17-19). Depois, Paulo ainda afirma que Deus faz “tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Ef 3.20) e, por fim, para “jogar a tolha”, ele se refere ao que ouviu quando foi arrebatado como “palavras inefáveis” (indescritíveis por palavras humanas), “as quais não é licito ao homem referir” (2 Co 12.4). Evidentemente, quando relacionamos Comunhão com a Palavra de Deus, estamos referindo-nos ao âmbito da Palavra enquanto pensamento e não somente como linguagem.

Percebemos, então, que João e Paulo estavam no pensamento de Deus quanto à Palavra, embora tivessem de transmiti-lo sob a limitação da linguagem. Assim, também, podemos entender quando a Escritura diz que Moisés conhecia os caminhos do Senhor enquanto o povo só via seus feitos (Sl 103.7). Moisés, como legislador, mais do que a letra, conhecia também o espírito da lei. Da mesma forma, Davi – um homem segundo o coração de Deus –, em cuja boca foram antecipados até palavras, situações e sentimentos que Jesus viria expressar em sua encarnação. Enquanto Moisés se destacava pela razão, como legislador, entrando em detalhes da mais acurada engenharia, Davi notabilizou-se pela emoção do coração, transformando em arte (como poesia, dança, música e outras) aquilo que pulsava no coração de Deus.

Esses autores bíblicos não tinham a consciência da importância do que escreviam ou de como seria preservado para as futuras gerações. Tampouco Paulo e João sabiam que estavam escrevendo a Bíblia; tanto eles quanto os destinatários imediatos das missivas julgavam ser apenas cartas pessoais. Porém, acima de tudo, esses textos reproduziam em linguagem a palavra que procedia diretamente do pensamento de Deus. Isso era o que, de fato, tornava-os importantes.

Deus tem meios multiformes para se comunicar com o homem, e a Bíblia é um deles. Seja qual for o meio, a linguagem sempre será insuficiente para uma compreensão plena. Por isso, é necessário conhecer também o pensamento de Deus no qual se origina a linguagem.

No embate com Jesus durante a tentação no deserto, Satanás apoderou-se da linguagem para tentar induzir Jesus ao pecado, afirmando a cada proposta: “pois está escrito”. Mas enquanto ele se atinha ao raso da linguagem, Jesus ancorou-se no profundo pensamento, fonte da palavra, e advertiu-lhe que têm valor para a vida as palavras que procedem da boca de Deus: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). Um pouco depois, fulminou-o com sua exclusividade ao Pai: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10).

Portanto, não basta apenas linguagem, pois esta pode ser distorcida segundo as intenções de quem a está usando. A procedência também tem de ser original e autêntica. A água só pode ser considerada viva enquanto está em contato direto com sua fonte. A partir do momento em que é engarrafada, começa a contar seu prazo de validade e está sujeita a alterações.

A Bíblia não deve ser usada como um amuleto cristão, pois, como objeto, não tem nenhum poder divino em si. As palavras ali impressas somente terão efeito ao reagir com um coração que as receber como palavra de Deus. Isso só é possível mediante a ação do Espírito Santo que as escreveu conhecendo o pensamento de Deus e que, agora, é poderoso para revelá-las ao leitor. É ele que faz a conexão entre linguagem e pensamento, autenticando a fonte da palavra, a boca de Deus.

Pode parecer paradoxal, mas é possível alguém ler a Bíblia e aumentar ainda mais seus pecados se a ler com intenções erradas, como tentar tirar proveito para si, com fins estranhos àquilo que a própria Bíblia ensina. Há quem leia a Bíblia, especialmente os livros proféticos, como Daniel e Apocalipse, para fazer correlações com os escritos de Nostradamus e outros autores esotéricos, nivelando todos como ferramentas para tentar adivinhar o futuro e fazer prognósticos. Restringir a Palavra de Deus apenas à linguagem pode conduzir-nos a erros, principalmente se a interpretarmos segundo intenções pessoais.

Jesus é a Palavra de Deus de acordo com o evangelho de João. Porém, Jesus não era apenas a linguagem de Deus; era também seu próprio pensamento, a exata expressão de seu ser. Jesus, como homem, foi a linguagem encarnada do pensamento do Pai. Como o Pai pensava, Jesus agia. Essa foi sua missão. Depois de sua ascensão, enviou o Espírito Santo para guiar-nos a toda a verdade, dando continuidade, assim, a seu ministério junto aos homens. Sendo este, agora, um ministério coletivo, é imprescindível a comunhão como a temos conceituado ao longo desta série, ou seja, um ambiente de inter-relacionamento no qual não prevalece a vontade das pessoas, seja a de alguém mais expressivo, seja a média ou a soma de todas as opiniões, e, sim, o resultado do esvaziamento completo de todos em favor da direção exclusiva da vontade de Deus.

Para se viver nesse ambiente, é imperioso que cada um se disponha a encontrar o pensamento de Deus e não se limitar apenas à linguagem da Palavra de Deus que é insuficiente até para prover a comunhão.

O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo (1 Jo 1.1-3).

Se desejamos experimentar a verdadeira comunhão, não podemos contentar-nos com o raso da linguagem bíblica; é preciso, por intermédio do Espírito Santo, associá-la diretamente à fonte de seu pensamento. Por outro lado, a vida em comunhão permite um ambiente para a manifestação da Palavra, vinda do profundo de seu pensamento. Essa reciprocidade cria um ciclo continuo de fortalecimento da prevalência diretiva da vontade de Deus.


Autor: Pedro Arruda
Fonte: Revista Impacto


No filme Blow, o ator Jhonny Deep interpreta George Jung, um jovem que migra de Massachussets para Califórnia para se converter no maior traficante de drogas dos Estados Unidos. Neste processo, ele é preso diversas vezes não somente por tomar um caminho errado, mas também por confiar nas pessoas erradas.

Assistir pela segunda vez a história de George Jung me fez refletir em certos valores que precisamos cultivar. Vivemos em um mundo ao avesso, onde projetos valem mais que relacionamentos, pessoas valem menos que coisas e quem tem dinheiro tem sempre a última palavra. No final das contas, valorizamos coisas e usamos pessoas, quando na verdade deveríamos usar coisas e amar pessoas.

Embora tenha tardado muito em refletir, o personagem de Jhonny Deep finalmente se dá conta de que o mais importante na vida não é ter dinheiro, mas ter família, amigos verdadeiros, pessoas em quem confiar. Aos 42 anos, no interior de uma prisão estadunidense, George percebe que sua ambição lhe levara em derrocada, e chega até mesmo a sentir saudade da vida simples que levava em Massachussets, ao lado do pai. Contudo, este sentimento não lhe pode restituir os anos idos, nem a filha que ele tanto amava.

Amigo leitor: se há uma grande verdade ilustrada nesta trágica história, é que a confiança em riquezas é coisa vã. Ter dinheiro é bom, mas cultivar um relacionamento saudável é muito melhor. O amanha é coisa incerta, portanto, jamais permita que a ambição te afaste das pessoas que realmente se importam com você.

Pense nisso!


Autor: Leonardo Gonçalves
Fonte: Pulpito Cristão



Talvez uma explicação calvinista do significado de responsabilidade ajude a clarear o problema. Devemos começar com uma definição: responsabilidade é simplesmente um sinônimo de “prestar contas”, e significa que devemos responder diante de Deus, o juiz, por nossas ações. Isso quer dizer que, se Deus nos chama para tratar de uma de nossas ações, ficamos moralmente obrigados a responder por ela diante de Deus. Somos “responsáveis” diante de Deus. Embora a Escritura não use o termo abstrato responsabilidade, o fato de que seremos finalmente chamados à juízo é frequentemente encontrado em toda a Escritura. A Bíblia baseia a responsabilidade em quatro coisas.

Primeira, somos responsáveis diante de Deus porque ele é o Criador e nós somos criaturas. Deus tem liberdade de chamar qualquer elemento de sua criação para responder diante dele a qualquer hora — é simplesmente sua prerrogativa como Senhor Soberano. O barro está sujeito ao Oleiro simplesmente porque ele é o Oleiro. Em outras palavras, nossa responsabilidade está baseada em nossa ontologia, ou em nosso ser, como criaturas. Esta é a mensagem de Jó, quando Deus lhe responde do meio do redemoinho (Jó 3 8.1 -4), e de Isaías, que contém uma longa polêmica contra aqueles que se esquecem do Criador a fim de adorar a criatura (40-57). Paulo sumariza os resultados dessa irresponsabilidade moral em Romanos 1. Ele empresta de Isaías (29.16; 45.9; 64.8), de Jeremias (18.1 -6) a imagem do Oleiro e do barro que ele usa em Romanos 9.21. No final, todos nós compareceremos perante o tribunal de Deus (Rm 14.10). No final, “todo joelho se dobrará” (Is 45.23).

Segunda, somos responsáveis diante de Deus porque ele é o ponto de referência moral para o que é certo e errado, e não nós próprios. Isso é o que é vinculado ao nosso reconhecimento de Deus como santo. Nossa responsabilidade diante de Deus é uma necessidade ética, por causa de nossa necessidade de um padrão fora de nós mesmos. Jó percebeu que como Deus é soberano sobre sua criação, ele também é justo permanecendo contra a pecaminosidade de Jó (40.1 -5; 42.1-6). Na verdade, Jó não havia feito nada para merecer o tratamento que recebeu de Deus. Ele havia sido mais reto do que seus amigos “confortadores”, e seu entendimento da situação foi mais teologicamente correto do que as explicações especulativas que eles ofereceram para os sofrimentos de Jó (1.22; 42.7). Mas o próprio Deus é o padrão moral tanto para ele próprio como para nós, como Eliú mostrou no capítulo 34. Portanto, Jó tinha de submeter-se inteiramente ao que Deus fez, tenha ele entendido a razão de tudo ou não. Nem o próprio Jó descobre o que o leitor do livro sabe — que Jó é realmente peça de um jogo bem maior, na grande disputa entre Deus e Satanás (1.6-12; 2.1-7). Deus não está obrigado a dizer-nos todas as coisas. Antes, o pequeno conhecimento que temos é um ato de misericórdia.

Terceira, somos responsáveis diante de Deus pelo conhecimento que temos. Todos os pecadores pecam (mais ou menos) contra a luz e a verdade. Ninguém é destituído totalmente da luz da consciência, e seremos julgados de acordo com a luz que temos (Rm 2.12-16). Aqueles que têm menos conhecimento serão julgados menos severamente do que aqueles que pecam com mais luz. Daniel adverte o rei Belsazar de que ele conhecia mais coisas a respeito dos tratos anteriores com Deus do que seu pai Nabucodonosor: “Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto” (Dn 5.22). Em Lucas, o servo ignorante que desobedeceu é punido menos severamente do que o servo que conhecia a vontade de seu senhor e, ainda assim, não fez a sua vontade (Lc 12.42-48). Assim, há graus de responsabilidade neste sentido. Podemos chamar isso de nossa responsabilidade epistemológica. Somos responsáveis pelo que conhecemos — poderia ser dito que há uma mordomia da verdade pela qual deveremos responder finalmente diante de Deus.

Quarto, somos responsáveis porque o propósito da criação é a glória de Deus (Is 43.7; Cl 1.16; Ap 4.11), e somos responsáveis como mordomos das bênçãos de Deus para cumprir o fim ou o propósito de Deus em criar-nos no mundo. Deus ama sua criação e finalmente “destruirá aqueles que destroem a terra” (Ap 11.18). Podemos nos referir a esta responsabilidade como sendo a responsabilidade teleológica, porque ela diz respeito à nossa tarefa como servos no desígnio da criação, que é a de trazer glória a Deus.

Parece, então, que longe de basear a responsabilidade humana em alguma teoria do livre-arbítrio inato no ser humano, a Bíblia baseia-a nas implicações da distinção entre o Criador e a criatura, e as relaciona com as quatro áreas clássicas da ontologia, ética, epistemologia e teleologia. Em outras palavras, por toda a Escritura, a responsabilidade é um reflexo de nossa relação com Deus como Criador, como a origem do significado moral, como nosso ponto de referência para a verdade revelada e como aquele que dá propósito e direção últimos à sua criação. E se Deus é, de fato, o ponto de referência máximo para o significado nas quatro áreas do ser, do conhecer, da ética e do propósito, onde poderia a criatura permanecer para elaborar uma crítica racional de qualquer coisa que Deus possa fazer? Esse é o ponto filosófico em que se baseia o desafio de Paulo em Romanos 9.20: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?” Não há simplesmente nenhum ponto de partida disponível para um ser finito num universo finito. Para uma criatura, todos os pontos são relativos. Somente por ouvir primeiro a revelação de Deus pode um ser finito ter qualquer ponto de referência fixo. Este tópico será levantado novamente no capítulo 11, onde trataremos da questão da localização da referência suprema.


Fonte: A Soberania Banida, Editora Cultura Cristã, págs. 61-63.
Via: Monergismo




“Vocês pensam que vim trazer paz à terra? Não, eu lhes digo. Ao contrário, vim trazer divisão! De agora em diante haverá cinco numa família divididos uns contra os outros: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra mãe, sogra contra nora e nora contra sogra” (Lc 12.51-53)


Alguns anos atrás, tive uma altercação com uma parenta. Era uma seguidora devota de uma religião não cristã, e o conflito havia irrompido por causa disso. Ela era daquela opinião capenga que todas as religiões são essencialmente a mesma coisa e conduzem a humanidade para o bem, e devota que ela era, alegara que considerava a família como a coisa mais importante. Algumas pessoas assumem que se uma religião divide uma família, deve ser uma seita perigosa.

Ela disse: “religião não é sobre unidade? E família não é a coisa mais importante?”. Respondi: “Claro que não. Religião é sobre a verdade, especialmente a verdade sobre Deus e a verdade de Deus. Essa verdade leva à salvação e adoração correta. Defendo que a verdade está em Jesus Cristo e somente nele. E como você não pensa assim, eu condeno a sua religião como falsa. Como religião é sobre Deus, ela é mais importante do que qualquer outra coisa, e muito mais importante do que a família”.

Então acrescentei: “Contudo, se você realmente acredita que religião é sobre unidade e realmente acredita que família é a coisa mais importante, por que não renuncia à sua religião para que possa haver unidade entre nós?” Ela se recusou. Você percebe, ela era hipócrita. Queria que eu cedesse em minha fé para acomodar a sua, mas ela mesma não se moveria um centímetro, mesmo sendo ela quem dissera que religião deveria ser sobre unidade e que a família deveria ocupar o lugar mais alto.

Assim é com todos aqueles que promovem tolerância e diversidade religiosa e culpam a fé cristã de se recusar a seguir suas agendas. São pessoas fingidas, hipócritas e autocontraditórias. Elas não querem realmente dizer que todos devem aceitar uns aos outros, mas que todos os cristãos devem abandonar suas crenças e abraçar essa miscelânea de loucura e confusão. Se rejeitarmos esse absurdo, vão dizer que somos fanáticos e violentos, uma ameaça à sociedade.

Não seja enganado. Elas são mentirosas. Vão retratar Cristo como alguém que ele não foi, interpretando suas palavras para dizer algo que ele nunca quis dizer ou, de algum modo, vão manipular você para transigir em sua lealdade a ele. Muito embora afirmem que a paz é mais importante do que as nossas diferenças ideológicas, elas não vão renunciar às suas próprias crenças para ter paz com você. Muito embora berrem tolerância e diversidade, sua tolerância e diversidade não dá lugar aos cristãos que discordam delas.

Talvez até contemporâneos de Cristo imaginassem que ele traria harmonia em todos os relacionamentos humanos, ou ao menos nas famílias ou no país onde o vínculo de sangue e nacionalidade já existisse, esperando ser aperfeiçoados por esse grande profeta, o Messias. Jesus disse que esse seria um mal-entendido. Ele não veio para trazer paz ou unidade entre os homens, mas introduziria divisão até mesmo onde ela não existira antes. Ele não estava constrangido acerca disso, mas disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).

Paz verdadeira só é possível quando os não cristãos renunciam a suas religiões, suas filosofias, suas ciências ― que são falsas e irracionais ― e se curvam diante de Jesus Cristo. A unidade verdadeira só é possível quando os não cristãos lançam suas mãos ao alto e se arrependem no pó e na cinza. E então haveremos de abraçá-los e chamá-los irmãos e irmãs, pais e mães. A menos que isto aconteça, haverá sempre divisão entre nós.

Não cristãos tentam nos culpar por isso, mas a divisão persiste porque a Verdade chegou, e eles não podem afugentá-la. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. É o que ele disse. O que faremos a respeito disso? Eles não acreditam nisso, mas nós acreditamos. As pessoas falam do “elefante na sala”. Bem, Jesus Cristo veio e está em nosso meio. É a questão que não pode ser ignorada. Se você finge que ele não está aí ou que isso não faz nenhuma diferença, ele o chutará na face.

Como cristãos, ansiamos por paz, mas não nos satisfazemos com o fingimento, com uma paz que se baseia na transigência, ou ilusão, e em esconder nossas verdadeiras crenças. Satisfazemo-nos apenas com uma paz que se baseia numa crença comum na verdade, a verdade que Deus revelou-nos em Jesus Cristo e registrou para nós na Bíblia.

Na verdade, como havia declarado num contexto diferente, Jesus Cristo trouxe unidade, mas apenas ao seu povo. Essa unidade era, de fato, tão poderosa que sobrepujou muitas gerações de preconceito, de sorte que judeus e gentios aprenderam a aceitar uns aos outros, o rico abraçou o pobre e lavou seus pés, e as mulheres foram reconhecidas como co-herdeiras com os homens através de Jesus Cristo, e até mesmo sacerdotes de Deus, tendo acesso direto ao trono celestial, com plenos direitos de receber uma educação na piedade.

Claro, há sempre mais trabalho a ser feito, visto que o pecado ainda opera entre nós, e novos crentes chegam às igrejas todos os dias, mas fora de Cristo não há nenhum tipo de unidade como essa. Novamente, não estamos nos referindo a uma civilidade superficial, possível pela transigência ou supressão das divergências, mas de uma inquebrável fraternidade unida pela verdade e pela fé. Sigamos então o exemplo de Cristo, trazendo unidade onde deve haver unidade, mas divisão onde deve haver divisão.


Fonte: www.vincentcheung.com
Tradução: Marcelo Herberts (Nov/2010)
Via: Monergismo




No dialogo fictício que se segue, temos o irmão Lutero e o irmão Francisco. Lutero é membro de uma igreja protestante histórica, já Francisco é membro da Congregação Cristã do Brasil (CCB).

Esse diálogo, embora fictício, reflete uma realidade incontestável. Veremos porque muitos cristãos hoje têm dificuldades em ver a CCB como uma igreja genuinamente cristã. A proposta aqui é que, embora o credo oficial da CCB não contenha heresias, a atitude observada entre seus membros e lideres não tem correspondido com seus pontos de fé, pontos que estão implícitos os ideais do Protestantismo Histórico. (Não compartilho da idéia que a CCB seja uma seita. Porém, não posso deixar de pensar que seja uma igreja com atitudes exclusivistas. Em vários membros e lideres, nota-se que a salvação está vinculadas ao batismo lá realizado.)

Boa leitura !

( Lutero) – Olá irmão Francisco ! Tudo bem?

(Francisco)- Sim estou bem. E você Lutero?

(Lutero) – Irmão Francisco, você nunca me chama de irmão nem me cumprimenta com uma saudação cristã. Você tem alguma coisa contra mim?

(Francisco)- Não Lutero, eu gosto muito de você, mas é que você não é meu irmão na fé.

(Lutero)- Mas como não Francisco? Nós confessamos o mesmo Senhor, confiamos no mesmo Deus que salva graciosamente por meio de Cristo.

(Francisco)- Mas Lutero, tem muito mais envolvido em crer no mesmo Senhor. Às vezes Deus não se agrada de algumas coisas que sua igreja prega ou faz. Então não temos como comungar a mesma fé. A nossa doutrina não é a mesma.

(Lutero) – Tudo bem Francisco. Eu não acho que minha denominação é perfeita. Mas você acha que tudo na CCB é perfeito?

(Francisco)- Lutero, os homens erram, mas a Congregação é perfeita, é a graça!

(Lutero)- Olha Francisco, estou com dois sentimentos opostos. Admiração e indignação. Acho interessante pensar que a CCB é perfeita, mas dizer que ela é a graça de Deus!? A graça de nosso Deus não pode estar vinculada nem limitada a uma denominação religiosa, por melhor que seja. Somente uma pessoa pode concentrar em si algo tão grande: o Senhor Jesus.

(Francisco)- Você pode não entender, mas veja: Vocês oram em pé e a Bíblia diz que quem ora em pé é hipócrita! Veja em Mateus 6.5.

(Lutero)- Irmão Francisco... me desculpe mas esse versículo não diz isso, e sim que ‘os que gostam de serem vistos pelos homens’. Ou seja, Jesus está reprovando o exibicionismo, note o versículo 2, estaria Jesus reprovando as boas obras? Outra coisa, em Mateus 23.5,6,7 o Senhor deixa bem claro isso. Seriam os Anciãos de sua igreja hipócritas por ocuparem os primeiros lugares na igreja?

(Francisco)- Um dia você vai entender Lutero. Temos que orar de joelhos. A Bíblia diz que todo joelho se dobrará diante do Senhor Jesus’. É falta de respeito orar em pé. Jesus, Paulo e outros oravam de joelhos no chão!

(Lutero)- Concordo, acho realmente certo, mas não se pode condenar uma prática diferente. Até mesmo Jesus falou de oração feita em pé que foi ouvida (Lucas 18.9-14).

(Francisco)- Não, não! Só o fariseu orou em pé, o outro não diz que orou, veja o versículo 13 ... ele só clamava.

(Lutero)- Negativo Francisco, no versículo 10, Jesus disse que ‘os dois subiram para orar’, foi e é uma oração.

(Francisco)- Lutero, você precisa buscar a Deus, pedir para Ele te revelar. Tem tantas outras coisas que você não sabe. Mas só Deus para te revelar.

(Lutero)- Ok irmão Francisco, se quiser pode me falar o que quiser, se for um ensinamento bíblico estarei disposto em apreciar.

(Francisco)- Olha Lutero, vamos ver Romanos 16.16 ... aqui temos um mandamento, o ósculo santo como saudação cristã. A sua igreja saúda com o ósculo santo? Aqui diz que as igrejas de Cristo saúdam com o ósculo.

(Lutero) – Não.

(Francisco) - Se ela não faz isso, então ela não é igreja de Cristo!

(Lutero) – Então as igrejas que tem essa prática, como os ‘adventistas movimento da reforma’, e outros, são igrejas de Cristo por esse motivo?

(Francisco) – Não... Não sei deles, mas a Congregação cumpre esse mandamento e a sua não.

(Lutero) – Irmão Francisco, não acha que essa era uma prática cristã herdada dos judeus assim como o lava-pés? Um costume cristão?

(Francisco) – É Lutero, meu amigo, você não entende mesmo, isso é mandamento! Lava-pés sim era costume, ósculo é mandamento.

(Lutero) – Bem, como você pode me provar que ósculo era mandamento e o lava-pés era costume quando o próprio Cristo colocou os dois em pé de igualdade? Lucas 7.44-46.

(Francisco) – Aqui está dizendo um ‘exemplo’, exemplo não é mandamento.

(Lutero) – Por favor Francisco !? Você está usando dois pesos e duas medidas. Leia João 13.14 e veja se sua resposta condiz com isso.

(Francisco) – Aqui Lutero o Senhor Jesus está só dando um exemplo, ademais, os apóstolos não ensinaram isso.

(Lutero) – Afirmou dois enganos. Primeiro; Jesus disse: “Deveis fazer isso também.” Isso não é exemplo irmão Francisco. Segundo: O apostolo Paulo usou o ‘lava-pés’ como prática cristã identificadora (I Timóteo 5.10).

(Francisco) – Eu vou refletir um pouco nisso depois. Mas vocês praticam o lava-pés Lutero?

(Lutero) – Não irmão Francisco, a Bíblia foi escrita em uma cultura diferente da nossa. E alguns costumes aceitáveis e moralmente corretos foram relatados na Bíblia, bem como incorporados na prática cristã primitiva. Um aperto de mãos, um abraço, um convite e etc., estão mais próximos de nossa realidade. Mas enfatizo, NÂO É ERRADO saudar com um beijo ou praticar o lava pés ‘cerimonialmente’. Errado está em julgar outros por isso e se identificar como única igreja verdadeira por causa desses costumes.


Parte 2



Recapitulando: uma conversa fictícia entre Lutero de uma igreja protestante e Francisco da CCB.

(Francisco) – Mas tem outro problema muito sério que sua igreja faz, algo totalmente errado. Os pastores recebem salários para exercerem a função. Na Congregação não. Os Anciãos têm seus próprios trabalhos, pois quem não trabalha não come, diz a Escritura. E o apóstolo Paulo vendeu tenda para não ser pesado aos irmãos. A Bíblia diz que os pastores são ladrões...


(Lutero) – Calma, irmão Francisco. Eu concordo que existem muitos pastores que são verdadeiros mercenários e empresários da fé, mas não posso negar o principio bíblico do sustento pastoral por causa de exageros, além de não poder também generalizar por causa da ala podre.

(Francisco) – Não existe isso na Palavra Lutero. ‘Sustento pastoral’, isso é invenção.

(Lutero) – Irmão Francisco, veja isso então... Em I Coríntios 9 Paulo diz que não tinha deixado de trabalhar. Mas outros apóstolos e lideres da igreja tinham deixado o emprego secular! (Vers.12). Ele afirmou no versículo 11 que podia colher ‘recursos materiais’ da igreja. Além de dizer que recebeu salários de outras igrejas...

(Francisco) – Onde está isso?

(Lutero) - Em II Coríntios 11.8

(Francisco) - O que é despojar?

(Lutero) – É saquear.

(Francisco) – Olha Lutero, Deus me revelou essa graça, pois Ele é nosso Pastor, e na sua igreja existe pastor, e pastor é só o Senhor Jesus. Na Bíblia tem Ancião, Presbíteros e Bispo, mas não tem ministério de Pastor, então eles ocupam o lugar do Senhor Jesus. Não são ovelhas, João 10.1 confirma isso.

(Lutero) – Com respeito a nomenclatura, eu acho que não estamos sintonizados. Todo Presbítero/Bispo/Ancião é Pastor e vice-versa. Em alguns sistemas de governos eclesiásticos usa-se o sistema episcopal, entretanto, tratando-os como Pastores.

(Francisco) – Mas estão errados! Pastor é um só, o Senhor Jesus.

(Lutero) – Francisco ... o uso do termo não faz diferença nesse caso. Veja, Jesus Cristo é também chamado de Bispo em I Pedro 2.25, entretanto a Bíblia chama homens de Bispos.

(Francisco) – Mas não tem na Bíblia ministério ‘de pastor’, isso é uma afronta ao Senhor Jesus.

(Lutero) – Não está causando problema demais num assunto tão trivial? Veja, na CCB existe um ministério de ‘Cooperador’ (de adultos e de jovens). Existe isso na Bíblia?


(Francisco) - Sim existe. O apostolo Paulo chamou alguns de Cooperadores.

(Lutero) – ‘Cooperador’ por cooperarem com ele irmão Francisco. Não existia apresentação e/ou ordenação para tal ‘ministério’. Está notando o problema da nomenclatura? Na CCB a realidade dos fatos é: Ancião = a um Bispo Anglicano ou Metodista, muito embora com um raio de ‘domínio’ menor. Cooperador = Presbíteros, porém sem muita autonomia local.

Fonte: [ MCA - Ministério Cristão Apologético ]
Via: [ Bereianos ]



Fui convidado para o aniversário de uma igreja onde a reunião começou com o alarido de um shofar, em seguida o pastor convocou a congregação para uma peregrinação em direção a tenda do Abraão que estava montada atrás do púlpito, depois a viagem seguiu rumo a benção contida dentro de uma replica da arca da aliança no canto direito da igreja e por fim todos receberam a unção com óleo de Israel. No final da reunião pensei: Como é possível uma igreja que se diz cristã passar pela tenda do Abraão, pela arca da aliança, receber o óleo ungido de Israel, e não passa pelo significado da cruz em sua liturgia?

É crescente o número de comunidades cristãs com rituais e liturgias saturadas com simbolismos e figuras judaicas. É inegável o significado histórico da cultura judaica para o cristianismo, de modo que, não resta dúvida da importância hermenêutica que as figuras do antigo testamento carregam consigo para a interpretação da graça divina contida no novo testamento, mas, fazer do culto cristão um ato cerimonial essencialmente judaico é não discernir o significado e a liberdade contida em Cristo Jesus.

Shofar, estrela de Davi, arca da aliança, pano de saco, teshuvá e outros apetrechos judaicos tem ganhado mais importância em alguns redutos cristãos do que o próprio significado da cruz.

O perigo é inegável quando a centralidade da vida, das Escrituras e do culto, deixa de ser Jesus Cristo e passa a ser um outro elemento, ainda que tenha grande relevância ou significado religioso.

Quando todos os símbolos religiosos são colocados diante do significado da Cruz, tornam-se apenas sombras. Todos os rituais religiosos do antigo testamento quando confrontados com a liberdade cristã, passam a ser simplesmente apontamentos que existiram no passado e que indicavam a graça de Deus em Cristo Jesus.

O apóstolo Paulo enfrentou a força do ritualismo religioso, tendo inclusive que inúmeras vezes denunciá-lo e combate-lo: “É alguém chamado, estando circuncidado? fique circuncidado. É alguém chamado estando incircuncidado? não se circuncide. A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus. Cada um fique na vocação em que foi chamado.”I Co 7.18-20

O modus operandis da graça divina simplificou o caminho em direção a Deus, fazendo com que, os rituais e as performances religiosas perdessem o seu valor e significado diante da plenitude de satisfação do sacrifico de Cristo Jesus diante da justiça divina.

Mas como abandonar as performances humanas relacionadas ao rito? O que fazer com os diversos apetrechos litúrgicos que encantavam e ludibriavam a alma? Como substituir o complexo, ardoroso e extensivo sistema litúrgico da auto justificação humana pela simplicidade da liberdade em Cristo Jesus?

O abandono da religiosidade pagãs sempre foi o desafio de toda alma humana propensa ao ritualismo, que procura evitar a qualquer custo os benéficos da graça divina.

Um dos objetivos da graça de Deus em Cristo Jesus é promover uma varredura e libertação do paganismo, amuletos, e toda espécie de quinquilharia religiosa que objetivam substituir a glória de Deus manifestada em Cristo.

O que estão chamando de evangelho forte (principalmente pela teologia da prosperidade) tem gerado pessoas fracas e adoecidas espiritualmente, enquanto que, a máxima do evangelho permanece o mesmo – “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Co 5.19,20.

Estou convencido de que, quanto maior for a centralizada singela em Cristo Jesus, mais poderosa será a vida da Igreja.


Autor: Samuel Torralbo
Fonte: [ Ultimato ]
Via: [ Bereianos ]



“ROGO-VOS, POIS, IRMÃOS, PELAS MISERICÓRDIAS DE DEUS, QUE APRESENTEIS O VOSSO CORPO POR SACRIFÍCIO VIVO, SANTO E AGRADÁVEL A DEUS, QUE É O VOSSO CULTO RACIONAL” (ROMANOS 12:1)

O termo ‘racional’ remete a raciocínio. Parece bastante óbvio. Assim como também, por associação, se entende que somente os seres humanos podem apresentar tal culto, visto que somente eles possuem raciocínio. Os anjos também possuem raciocínio, porém, por natureza não possuem corpo, visto que são espíritos (Hebreus 1:14). Paulo está falando aqui exclusivamente à igreja.

O vocábulo correspondente na versão original o grego “logikên latreian”, ou seja, ‘culto racional’, também pode ser entendido, sem prejuízo, como ‘culto lógico’. De fato, há lógica na racionalidade e vice-versa. Quem acha que essas coisas trazem prejuízo à fé, precisa rever seus conceitos.

O que Paulo está querendo dizer à igreja de Cristo?

Por suas colocações vemos que há uma preocupação do apóstolo em mostrar aos irmãos a necessidade de que se realmente entenda a natureza de tudo isso, no caso, a igreja.

Por que estou aqui? Quem me trouxe aqui? O que vim fazer aqui? O que estão me ensinando é verdade? São questionamentos que todos os crentes deveriam se fazer até que encontrassem respostas racionais para todos eles.

O contrário de culto racional é culto irracional. Ou seja, algo que é feito instintivamente, sem critérios ou razões que justifiquem os procedimentos adotados. Em um culto assim é praticamente impossível se seguir o que está escrito: “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem” (I Coríntios 14:40) . É impossível que haja qualquer um dos dois componentes pedidos sem que se entenda a natureza de cada um. E é preciso racionalidade para que isso aconteça. Por isso Deus nos fez diferentes das demais criaturas, ou seja, nos criou à sua imagem e semelhança: para que o adorássemos em espírito e em verdade, conscientes de nosso ato e de nossa missão de adoradores.

O reino de Deus é um reino de decência e ordem. Não há espaço para improvisos de última hora. A construção da arca e do tabernáculo comprovam a mensagem de organização que Deus quer nos ensinar. Até na salvação haverá ordem (I Coríntios 15:23).

Esse é o padrão que deve ser perseguido pela igreja de Cristo. Deus se agrada de uma obra organizada.

Em dias atuais podemos identificar como grande adversário desse padrão, o excesso de emocionalismo que tem se alastrado no meio cristão. A busca incessante pelo êxtase e pela experiência sobrenatural extrabíblica, a incorporação de ‘anexos’ doutrinários à Palavra de Deus, como se esta não fosse suficiente e os modismos importados recheados de técnicas mirabolantes de quebra de maldições e encontros obscuros são os componentes deste fim de séc. XX e início de séc. XXI. O que não é uma surpresa, Paulo já alertava que essas coisas fatalmente aconteceriam (I Timóteo 4:1).

Nesse caldeirão doutrinário sem consistência – já que não se sustentam biblicamente – as pessoas estão se dirigindo às igrejas sem saber exatamente o que vão fazer por sua espiritualidade. Vão dançar, cantar, aplaudir, gritar, enfim, sem entrar no mérito dessas questões, quase sempre falta o elemento principal: a Palavra de Deus. Entram e saem alegres e exaustas. O problema é: entenderam a mensagem? A palavra que foi pregada edificou suas vidas? Deus falou com elas através de seu evangelho? Se à maioria dessas perguntas as respostas forem algo como “acho que sim”, algo está fora do lugar.

Cultos de estudo são sempre vistos como ‘enfadonhos’ e ‘entendiantes’. Já pensou, passar quase uma hora apenas consultando referências na Bíblia? Que chato, não? Agora observe Neemias 8:3 “E leu no livro, diante da praça, que está fronteira à Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres e os que podiam entender; e todo o povo tinha os ouvidos atentos ao Livro da Lei.” Estudo bíblico das seis da manhã até o meio-dia. Após isso, inclinaram-se, e adoraram o Senhor com o rosto em terra. Que lindo, não?

Uma proposta dessas nos dias de hoje seria impensável. Mas se o trabalho for uma celebração com um nome da moda, aí somente um dia inteiro é pouco.

A questão é que não há culto racional sem o entendimento da Palavra. Os ‘avivalistas’ de plantão trocam a bíblia por apostilas preparadas especialmente para direcionar as pessoas para a conclusão que lhes interessa. Seguem o exemplo das testemunhas de Jeová. Alguém já viu um deles evangelizando com uma bíblia em punho? Não, só vão às ruas com exemplares de ‘sentinela’ e ‘despertai’ ou, quando muito, com seus livretos particulares.

Por isso Paulo fala em ‘sacrifício vivo’. Ou seja, sacrifício da vontade da carne para fazer a vontade de Deus. E isso requer dedicação à sua Palavra e não somente àquilo que dá prazer, como por exemplo, ir para um retiro. Requer decência e ordem. Compromisso e organização.

Autor: Missionário Neto Curvina
Fonte: [ Palavra Prudente ]
Via: [ Bereianos ]



Palavras como teologia e doutrina têm conotações negativas para muitos cristãos. Isto é uma grande tragédia, pois acredito firmamente que todo cristão precisa estudar teologia em algum momento de sua caminhada cristã. Em nenhuma ordem em particular, aqui vão cinco razões de porque você precisa estudar teologia, e possivelmente algumas delas você não tenha considerado antes.

1. Você já é um teólogo.

Por que você precisa estudar teologia? Porque teologia não é uma coisa que apenas o professor de teologia tem – todos nós cremos em alguma coisa sobre Deus e, portanto, somos teólogos à nossa própria maneira. No entanto, o que precisa ser questionado é se o que você crê é correto, e o estudo da teologia pode ajudar a responder essa pergunta.

2. Seu amor por Jesus é intrisicamente ligado com seu conhecimento de sua Palavra.

Por que você precisa estudar teologia? Porque Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14.15). Ouvi alguém dizendo que o certo cristão pode não ser grande teologicamente, mas estava tudo bem porque ele realmenteamava Jesus. Entretanto, Jesus diz que se nós o amamos, obedeceremos o que ele ordena. Como nós podemos obedecê-lo se nós não vamos à sua Palavra para conhecer corretamente seus mandamentos?

3. Sua doutrina determinará como você vive.

Por que você precisa estudar teologia? Porque o que você acredita (sua doutrina) determinará como você vive (sua prática). Isto pode ser visto em sua vida cotidiana. Se você acredita que alguma coisa é venenosa, você simplesmente não a bebe. Similarmente, suas crenças sobre Deus e sua Palavra determinam como você vive dia a dia. Por exemplo, se você acredita que Deus fala somente através de sua Palavra então você a estudará diligentemente. Entretanto, se você acredita que Deus fala através de impressões e coisas parecidas, então você procurará por aquela pequena voz silenciosa. O exemplo acima drasticamente muda como uma pessoa procurará encontrar a vontade de Deus para sua vida, e ilustra porque você precisa estudar teologia.

4. Suas afeições determinarão o que você estuda.

Por que você precisa estudar teologia? Porque onde suas afeições estão colocadas determinará o que você gastará tempo estudando. Se seu hobby é fotografia você desejará estudar o assunto para saber como melhorar suas fotografias e aumentar seu amor e apreciação por esse passatempo. Da mesma forma, se você é cristão e sua afeição principal está sobre Deus, por que você não desejaria estudar a Palavra para aumentar seu amor e apreciação por ele e sua Palavra?

5. Sua humildade depende disso.

Por que você precisa estudar teologia? Porque sem estudar teologia, é possível que você pense muito bem sobre você, mas não bem o bastante de Deus. Se é verdade que o conhecimento incha (1 Coríntios 8.1), as Escrituras, pelo contrário, quando corretamente entendidas e aplicadas, darão a você, por exemplo, o conhecimento da depravação e miserabilidade humana diante de Deus, e também darão conhecimento da magnificência, santidade, soberania e graça de Deus, o que somente pode servir para levar um verdadeiro convertido a ajoelhar-se em humildade.

Possa Deus ser glorificado quando você estudar teologia, com o desejo de saber mais sobre sua revelação especial ao homem.

Autor: Nathan W. Bingham
Fonte: [ Iprodigo ]
Via: [ Bereianos ]