Poucas palavras em nossa língua são tão complexas quanto as expressões espiritualidade e pobreza. Na verdade, elas vêm ao longo dos anos sendo utilizadas pelo povo em geral de modo simplista, o que infelizmente contribui com a perpetuação de idéias e conceitos absolutamente opostos aos seus reais significados.

Embora alguns definam espiritualidade simplesmente como o equivalente a uma teologia mística e ascética, ela por si só, possui um significado muito mais amplo. Na verdade, espiritualidade pode ser definida como uma relação pessoal que o homem desenvolve com Deus, reverberando, por conseguinte em relações comunitárias. Já pobreza resume-se não somente a carência de bens econômicos, na verdade, pobreza significa muito mais do que isso. Ser pobre sintetiza a ausência de bens, de valores e referenciais que ajudam os cidadãos a construírem uma vida marcada pela dignidade.

A Bíblia é extremamente enfática quanto à necessidade de se fazer justiça ao pobre. Tanto no Antigo como no Novo Testamento a pobreza é destacada como ligada à opressão. Portanto, a pobreza é para a Bíblia um estado escandaloso atentatória da dignidade humana e, por conseguinte, contrária à vontade de Deus.

Não sou adepto da teologia da prosperidade, nem tampouco creio na confissão positiva, no entanto, acredito piamente que alguém que vive uma espiritualidade saudável não pode em momento algum se contentar com a situação de pobreza e miséria desta nação. Uma igreja saudável é aquela que desenvolve em seus rincões uma espiritualidade centrada em Deus e voltada para as dores do homem.

Quando vivemos para Deus, naturalmente desenvolvemos uma espiritualidade abnegada, missiológica e altruísta. E é em nome desta espiritualidade, que necessitamos comprometermo-nos com a ética e com a Justiça, cuidar (sem assistencialismos) dos que gemem, além obviamente de aliviar a dor daqueles que estão oprimidos.

Viver para Deus tira-nos de nós mesmos, faz com que enxerguemos a vida pra além dos nossos umbigos. Viver para Deus, nos proporciona a certeza de que somos sal desta terra e luz deste mundo, o que implica de imediato em compromisso social com os que gemem e choram.

Não dá pra vivermos uma espiritualidade assecla, fria, interesseira. É importante que saibamos que quando gostamos de Deus, gostamos de quem Deus gosta.

Ah! Não se esqueça:

Deus gosta de gente! Deus gosta de Justiça social, de ética, de compromisso com a verdade, de pão, de moradia pro pobre, de educação, de vida plena e digna.

Nesta perspectiva, espiritualidade não anda de braços dados com a pobreza.

Soli Deo Gloria!


Autor: Renato Vargens
Fonte: Pulpito Cristão
Título original: "Existe alguma relação entre espiritualidade e pobreza?"









Aprendemos nos primeiros anos de fé, que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, o que equivale dizer que apesar de coisas boas, toda cultura de qualquer povo está em parte manchada pelo pecado e precisa de redenção (Gn 1:15).

Um exemplo disso, é a chamada bachabazi, festa popular afegã que significa literalmente “brincando com garotos”. Onde mulheres são proibidas de dançar em público, mas garotos são obrigados a dançar vestidos de mulher, e muitas vezes sofrem abuso sexual dos homens das aldeias:



Em uma festa de casamento visita por repórteres da BBC em um vilarejo remoto no norte do país, após a meia-noite, só havia homens, alguns deles estão armados, alguns tomam drogas, e a atenção de todos está sobre um garoto de 15 anos, que dança para o grupo em um vestido longo e brilhante, com sua face coberta por um véu vermelho.

Ele usa seios postiços e sinos presos aos calcanhares. Um dos homens oferece a ele algumas notas de dólar americano, que ele pega com os dentes. O mais perturbador é o que acontece após as festas. Com frequência, os meninos são levados a hotéis e sofrem abusos sexuais.

Os homens responsáveis pela prática são comumente ricos e poderosos. Alguns deles mantêm vários bachas (meninos) e os usam como um símbolo de status, como uma demonstração de sua riqueza.

Os meninos, alguns deles ainda pré-adolescentes, são normalmente órfãos de famílias muito pobres, como o caso de Omid (nome fictício) de 15 anos. Seu pai morreu trabalhando no campo, ao pisar sobre uma mina. Como filho mais velho, ele é responsável por cuidar de sua mãe, que mendiga pelas ruas, e de dois irmãos mais jovens. "Comecei a dançar em festas de casamento quando eu tinha 10 anos, quando meu pai morreu", ele conta.

"Estávamos passando fome, então não tive escolha. Às vezes temos que dormir de estômago vazio. Quando eu danço em festas, ganho uns US$ 2 ou um pouco de arroz", diz.

Questionado sobre o que acontece quando as pessoas o levam aos hotéis, ele baixa a cabeça e faz uma longa pausa antes de responder. Omid diz que recebe cerca de US$ 2 pela noite, e que às vezes sofre abusos sexuais de vários homens.

Ele diz que não pode recorrer à polícia por ajuda. "Eles são homens poderosos e ricos. A polícia não pode fazer nada contra eles", diz.

A mãe de Omir tem pouco mais de 30 anos, mas seu cabelo é branco e seu rosto enrugado. Ela parece ter pelo menos 50.

Ela conta que tem apenas um quilo de arroz e algumas cebolas para o jantar, e que não tem mais óleo para cozinhar.

Ela sabe que seu filho dança em festas, mas ela está mais preocupada sobre o que eles vão comer no dia seguinte. O fato de que seu filho está vulnerável aos abusos está longe de sua mente.

Os garotos dançarinos são recrutados ainda bem jovens por homens que passeiam pelas ruas procurando garotos afeminados entre grupos pobres e vulneráveis. Eles normalmente oferecem dinheiro e comida a eles.

As ruas do Afeganistão estão cheias de crianças que trabalham. Elas engraxam sapatos, mendigam, juntam garrafas plásticas para vender. Elas se dispõem a fazer qualquer trabalho para ganhar algum dinheiro.

Todos os afegãos com os quais a BBC falou sabiam sobre o bachabazi. Muitos afirmavam que ele só existe em áreas remotas. Mas a reportagem acompanhou uma festa noturna em uma área antiga de Cabul, a menos de 500 metros do palácio de governo. Lá, Zabi (nome fictício), um homem de 40 anos, se disse orgulhoso de ter três garotos dançarinos.

"Meu bacha mais novo tem 15 anos, e o mais velho tem 18. Não foi fácil encontrá-los. Mas se você fizer um esforço, pode encontrá-los", ele comenta.

Ele diz que nunca dormiu com um dos garotos, mas admite que os abraça e beija. Mesmo ao ser questionado se isso também não é errado, ele diz: "Algumas pessoas gostam de briga de cachorros, outros de briga de galos. Todos têm seu hobby. O meu é bachabazi".

Com um governo omisso e ausente, poucas foram as tentativas das autoridades locais de combater a tradição do bachabazi. Já os religiosos, o Afeganistão é um país muçulmano, afirmam que o Corão não admite tal prática, repudiando-a como pecado. Mas pelo visto, nem mesmo o antigo regime religioso dos talebãs foi capaz que refrear a pecaminosidade humana.

ORE PELAS CRIANÇAS DO MUNDO, ORE PELAS CRIANÇAS DO BRASIL!

OBS: O vídeo demonstra a prática existente apesar da negação das autoridades políticas e religiosas.


Autor: Jamierson de Oliveira - editor da Revista Povos e Apologética Cristã
Via: Pulpito Cristão



Um irmão ex-pentecostal me enviou um conjunto de notas hermenêuticas sobre o falar em línguas, as quais deveriam ser "ser seriamente enfrentadas, aceitas ou então respondidas". Com algumas notas concordo, de outras discordo pelo menos parcialmente, e por isso comento aqui.

1. Não deseje ou procure falar em línguas. (I Coríntios 12:31,28)

O irmão foi além do que o apóstolo escreveu, ao usar o imperativo "não deseje ou procure". Ele diz "procurai com zelo os melhores dons" mas não diz ser errado desejar ou buscar o dom de línguas. Logo adiante ele diz "e eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis". Além disso, o verso 28, referenciado por você diz "a uns pôs Deus na igreja... variedades de línguas", logo se é de Deus por que não desejar e procurar?

2. Línguas não tem valor algum se você não tem o verdadeiro amor. (I Coríntios 13:1)

Amém. Mas o mesmo pode ser dito do dom de profecia, do conhecimento pleno de mistérios e de todas as ciências, da fé que transporta montanhas, da doação de bens aos pobres, do sacrifício da própria vida e de tantas outras coisas que Paulo não mencionou mas que também não tem valor algum sem o verdadeiro amor (1Co 13.1-3).

3. As línguas verdadeiras não causarão divisões na Igreja, mas melhor estabelecerão a unidade. (I Coríntios 12:25)... Não haverá nenhuma confusão causada pelas línguas, mas resultará sempre em paz. (I Coríntios 14:33)... Todas as coisas, inclusive, línguas, são para ser praticadas decentemente e com ordem. (I Coríntios 14:40)

Amém, amém e amém.

4. Nem todo o salvo será capaz de falar em línguas. (I Coríntios 12:30,10,11)

Amém. O mesmo vale para os demais dons e ministérios.

5. Línguas são as menos valiosas e minimamente menos importantes de todos os dons (I Coríntios 12:28,30), e portanto não devem usurpar os dons mais importantes do Espírito Santo.

Concordo que relativamente aos outros dons, línguas tem importância reduzida, mas não é tão insignificante como o irmão tenta fazer parecer, pois Paulo não permitiu que fossem proibidas e queria que todos falassem línguas e ele mesmo disse falar em outras línguas.

6. Cinco palavras faladas com compreensão são mais importantes do que 10.000 palavras em uma língua desconhecida (I Coríntios 14:19), e, portanto, línguas não servirão para o ensino nem para a pregação.

Faltou o irmão mencionar que quem fala em línguas pode também receber o dom de interpretação ou outro pode interpretar, o que na prática equipara línguas ao dom de profecia (1Co 14.13, 28). Nesse caso toda igreja é edificada.

7. Línguas não são para ser utilizadas a menos que elas edificam os outros. (I Coríntios 14:26,23)

Línguas podem ser utilizadas, não para se dirigir à igreja, mas para orar a Deus, caso em que o espírito é edificado, embora a mente fique sem entendimento. Por isso Paulo diz "orarei em espírito, mas também orarei com entendimento" (1Co 14.14-15; 28)

8. Quando for para falar línguas, as verdadeiras, devem ser ao menos dois, mas não mais do que três verdadeiros falantes. (I Coríntios 14:27)

Onde diz que deve ser "ao menos dois"? Paulo está tratando de impor limites para que haja ordem no culto, que está falando de excessos e não de "pelo menos" fica claro na expressão "e por sua vez", no mesmo versículo. Penso que o irmão, no afã de diminuir o dom de línguas, está indo além do texto bíblico, e nisso faz má hermenêutica. Outro detalhe nesse versículo é que Paulo se refere a línguas para se dirigir à assembléia (note a exigência de intérprete e veja o verso seguinte) e nesse caso a regra é a mesma dos profetas: falar dois ou três, um após o outro e não no mínimo dois e no máximo três.

9. Esses dois ou três devem falar cada qual em sua vez, não podem falar as línguas verdadeiras dois ou mais simultaneamente. (I Coríntios 14:27)

Creio ser mais correto dizer que não podem dirigir-se à igreja em línguas simultaneamente e sem intérprete. Vide resposta no item anterior.

10. Tem que ter somente um intérprete - não mais, nem menos que um. (I Coríntios 14:27)

Novamente, de onde o irmão deduziu que tem que ser um, "não mais nem menos que um"? Paulo apenas diz "e haja quem interprete" (ARA), "e haja intérprete" (ARC). Paulo diz para quem tem o dom de línguas, e vários o tinham em Corínto, orar para poder interpretar. Será que apenas um deles poderia receber o dom de interprretar? Mas se o irmão estiver dizendo que seria um, "não mais nem menos que um" por vez, então é a mesma questão de ordem, dos que falam línguas e dos que profetizam, que também o façam cada um por sua vez.

11. Se não há intérprete, não há falante. (I Coríntios 14:28)

Não há falante dirigindo-se à assembléia, mas pode haver falante falando consigo mesmo e com Deus (1Co 14.13-15, 28)

12. Mulheres não são permitidas falar em línguas ou interpreta-las. (I Coríntios 14:34)

As palavras "eu quero que todos vós faleis línguas estranhas" e "porque todos podereis profetizar" foram ditas apenas aos homens? E o que dizer de "Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada." (1Co 11.5). Se as mulheres podem profetizar, um dom mais importante que línguas, porque não podem falar em línguas? Se para profetizar é preciso falar e as mulheres profetizam, porque aplicar o "estejam caladas" apenas às línguas e intepretação?


Autor: Clóvis
Fonte: Cinco Solas



De modo geral, a palavra é o elemento fundamental da comunicação. É um signo universal que engloba conceitos, ideias e tudo o que é necessário até mesmo para o pensamento, que é um estágio anterior e pré-requisito à comunicação. Assim, podemos localizar dois momentos bem distintos da palavra: pensamento e linguagem.

A palavra enquanto pensamento faz parte integrante da pessoa. Pode, talvez, até ser considerada sua essência, pois ali residem todas as elaborações, a interação entre razão e emoção na qual todas as coisas são planejadas quer venham a transformar-se em ações, quer não. Diz respeito à intimidade, àquilo que se processa no interior da pessoa.

Posteriormente, parte de tudo o que se passou no pensamento será exposta num outro estágio que denominamos linguagem. É a exteriorização da palavra, que pode ser expressa pela fala, por gestos, pela escrita, etc. É a mesma palavra em várias formas assim como a água pode apresentar-se em estados diferentes, como sólido, líquido e gasoso, sem mudar sua essência.

Obviamente, a quantidade de palavras nos pensamentos é muito maior do que a que se transforma em linguagem, pois, ao comunicar-se, a pessoa escolhe as palavras para determinada finalidade objetiva e omite aquelas que julga desnecessárias ou inconvenientes às suas intenções. Embora a comunicação por meio de palavras seja insuficiente para conhecer uma pessoa, ainda assim podemos considerar que constitui o principal ponto de partida para tal conhecimento, pois as palavras têm origem no interior de cada um. Não é por acaso que, muitas vezes, enquanto ouvimos alguém, surgem dúvidas em nosso interior tais como: “O que ele quer dizer com isso?” ou “Aonde ele quer chegar?”. Paralelamente, tentamos usar as palavras que chegam a nós por meio da fala, das expressões ou da escrita para espiar o interior de nosso interlocutor, aproveitando as frestas abertas por sua comunicação. Ou seja, ouvimos a linguagem, mas, ao mesmo tempo, fazemos um esforço para desvelar o pensamento.

Isso acontece porque sabemos que pode não haver uma total correspondência entre o pensamento e a linguagem de cada pessoa. As pessoas mudam no transcorrer do tempo, quer pelo desenvolvimento natural em direção à maturidade, quer por mudanças de opinião como de quem experimenta uma genuína conversão de vida, quer porque sua linguagem também está a serviço de intenções veladas. Concluímos, então, que somente a linguagem não basta para realmente conhecermos a pessoa; é imprescindível que conheçamos também seus pensamentos.

Podemos aplicar esse mesmo raciocínio a Deus desde que guardemos algumas diferenças. Em primeiro lugar, Deus não muda, pois não está sujeito a qualquer desenvolvimento. Ele sempre é; portanto, sua palavra também é imutável. Em segundo lugar, Deus não mente; consequentemente, não falseia entre o pensamento e a linguagem. Sendo assim, ao contrário do homem, há perfeita coerência entre o que Deus pensa e o que fala.

Entretanto, há pontos na comunicação divina que guardam relação com a comunicação humana. A limitação da linguagem é uma delas. João escreveu que, por falta de espaço no mundo, não daria para escrever tudo o que Jesus ensinou e fez. Podemos imaginar o esforço para colocar em palavras suas visões apocalípticas ou a espiritualidade que perpassava no coração. Na Bíblia, encontramos, muitas vezes, os autores recorrendo a expressões que mostram a limitação das palavras. Por exemplo, João traduz o tamanho do amor de Deus por “de tal maneira” (Jo 3.16), enquanto Paulo tenta expressá-lo dizendo que precisamos compreendê-lo em toda a sua “largura, comprimento, altura e profundidade” embora exceda “todo entendimento” (Ef 3.17-19). Depois, Paulo ainda afirma que Deus faz “tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Ef 3.20) e, por fim, para “jogar a tolha”, ele se refere ao que ouviu quando foi arrebatado como “palavras inefáveis” (indescritíveis por palavras humanas), “as quais não é licito ao homem referir” (2 Co 12.4). Evidentemente, quando relacionamos Comunhão com a Palavra de Deus, estamos referindo-nos ao âmbito da Palavra enquanto pensamento e não somente como linguagem.

Percebemos, então, que João e Paulo estavam no pensamento de Deus quanto à Palavra, embora tivessem de transmiti-lo sob a limitação da linguagem. Assim, também, podemos entender quando a Escritura diz que Moisés conhecia os caminhos do Senhor enquanto o povo só via seus feitos (Sl 103.7). Moisés, como legislador, mais do que a letra, conhecia também o espírito da lei. Da mesma forma, Davi – um homem segundo o coração de Deus –, em cuja boca foram antecipados até palavras, situações e sentimentos que Jesus viria expressar em sua encarnação. Enquanto Moisés se destacava pela razão, como legislador, entrando em detalhes da mais acurada engenharia, Davi notabilizou-se pela emoção do coração, transformando em arte (como poesia, dança, música e outras) aquilo que pulsava no coração de Deus.

Esses autores bíblicos não tinham a consciência da importância do que escreviam ou de como seria preservado para as futuras gerações. Tampouco Paulo e João sabiam que estavam escrevendo a Bíblia; tanto eles quanto os destinatários imediatos das missivas julgavam ser apenas cartas pessoais. Porém, acima de tudo, esses textos reproduziam em linguagem a palavra que procedia diretamente do pensamento de Deus. Isso era o que, de fato, tornava-os importantes.

Deus tem meios multiformes para se comunicar com o homem, e a Bíblia é um deles. Seja qual for o meio, a linguagem sempre será insuficiente para uma compreensão plena. Por isso, é necessário conhecer também o pensamento de Deus no qual se origina a linguagem.

No embate com Jesus durante a tentação no deserto, Satanás apoderou-se da linguagem para tentar induzir Jesus ao pecado, afirmando a cada proposta: “pois está escrito”. Mas enquanto ele se atinha ao raso da linguagem, Jesus ancorou-se no profundo pensamento, fonte da palavra, e advertiu-lhe que têm valor para a vida as palavras que procedem da boca de Deus: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). Um pouco depois, fulminou-o com sua exclusividade ao Pai: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10).

Portanto, não basta apenas linguagem, pois esta pode ser distorcida segundo as intenções de quem a está usando. A procedência também tem de ser original e autêntica. A água só pode ser considerada viva enquanto está em contato direto com sua fonte. A partir do momento em que é engarrafada, começa a contar seu prazo de validade e está sujeita a alterações.

A Bíblia não deve ser usada como um amuleto cristão, pois, como objeto, não tem nenhum poder divino em si. As palavras ali impressas somente terão efeito ao reagir com um coração que as receber como palavra de Deus. Isso só é possível mediante a ação do Espírito Santo que as escreveu conhecendo o pensamento de Deus e que, agora, é poderoso para revelá-las ao leitor. É ele que faz a conexão entre linguagem e pensamento, autenticando a fonte da palavra, a boca de Deus.

Pode parecer paradoxal, mas é possível alguém ler a Bíblia e aumentar ainda mais seus pecados se a ler com intenções erradas, como tentar tirar proveito para si, com fins estranhos àquilo que a própria Bíblia ensina. Há quem leia a Bíblia, especialmente os livros proféticos, como Daniel e Apocalipse, para fazer correlações com os escritos de Nostradamus e outros autores esotéricos, nivelando todos como ferramentas para tentar adivinhar o futuro e fazer prognósticos. Restringir a Palavra de Deus apenas à linguagem pode conduzir-nos a erros, principalmente se a interpretarmos segundo intenções pessoais.

Jesus é a Palavra de Deus de acordo com o evangelho de João. Porém, Jesus não era apenas a linguagem de Deus; era também seu próprio pensamento, a exata expressão de seu ser. Jesus, como homem, foi a linguagem encarnada do pensamento do Pai. Como o Pai pensava, Jesus agia. Essa foi sua missão. Depois de sua ascensão, enviou o Espírito Santo para guiar-nos a toda a verdade, dando continuidade, assim, a seu ministério junto aos homens. Sendo este, agora, um ministério coletivo, é imprescindível a comunhão como a temos conceituado ao longo desta série, ou seja, um ambiente de inter-relacionamento no qual não prevalece a vontade das pessoas, seja a de alguém mais expressivo, seja a média ou a soma de todas as opiniões, e, sim, o resultado do esvaziamento completo de todos em favor da direção exclusiva da vontade de Deus.

Para se viver nesse ambiente, é imperioso que cada um se disponha a encontrar o pensamento de Deus e não se limitar apenas à linguagem da Palavra de Deus que é insuficiente até para prover a comunhão.

O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo (1 Jo 1.1-3).

Se desejamos experimentar a verdadeira comunhão, não podemos contentar-nos com o raso da linguagem bíblica; é preciso, por intermédio do Espírito Santo, associá-la diretamente à fonte de seu pensamento. Por outro lado, a vida em comunhão permite um ambiente para a manifestação da Palavra, vinda do profundo de seu pensamento. Essa reciprocidade cria um ciclo continuo de fortalecimento da prevalência diretiva da vontade de Deus.


Autor: Pedro Arruda
Fonte: Revista Impacto
(recomendação do meu amigo e irmão Carlos Simioni)



O cristão acredita estar morto em Cristo, mas encontra-se mais vivo do que nunca e espera viver relmente para sempre. Anda na terra embora sentado no céu e apesar de ter nascido neste mundo, depois de sua conversão descobre que este não é o seu lar. Como um curiango, que no ar é a essência da graça e formosura mas no chão mostra-se desajeitado e feio, o cristão também se destaca nos lugares celestiais, mas não se entrosa muito bem na sociedade em que nasceu.

O cristão logo aprende que, se quiser alcançar vitória como um filho do céu entre os homens da terra, não deve seguir os padrões adotados comumente pela humanidade, mas exatamente o sentido oposto. Para salvar-se, corre perigo; perde a vida a fim de ganhá-la e existe a possibilidade de perdê-la se tentar conservá-la. Ele desce para subir. Se se recusa a descer é porque já está embaixo, mas quando começa a descer está subindo.

É mais forte quando está mais fraco e mais fraco quando se sente forte. Embora pobre tem poder para tornar ricos a outros, mas quando se enriquece sua capacidade de enriquecer outros se esvai. Ele tem mais quanto mais dá e tem menos quando possui mais.

Ele pode estar, e no geral está, no alto quando mais humilde se sente e tem menos pecado quanto mais se torna consciente do pecado. É mais sábio quando reconhece que nada sabe e tem pouco conhecimento quando adquire grande cultura. Algumas vezes faz muito quando nada faz e avança rápido ao manter-se parado. Consegue alegrar-se nas dificuldades e mantém animado o coração mesmo na tristeza.

O caráter paradoxal do cristão revela-se constantemente. Por exemplo, ele crê que está salvo agora, mas, não obstante, espera ser salvo mais tarde e aguarda alegremente a salvação futura. Ele teme a Deus, mas não tem medo dEle.
Sente-se dominado e perdido na presença de Deus, todavia, não há lugar em que tanto deseje estar como nessa presença. Ele sabe que foi purificado de suas faltas, mas sente-se penosamente cônscio de que nada de bom habita em sua carne.

Ele ama acima de tudo alguém a quem jamais viu, e embora seja ele mesmo pobre e miserável, conversa familiarmente com Aquele que é o Rei de todos os reis e Senhor dos senhores, não percebendo qualquer incongruência nisso.
Sente que de si mesmo é menos que nada, entretanto crê firmemente ser a menina dos olhos de Deus e que por sua causa o Filho Eterno se fez carne e morreu na cruz vergonhosa.

O cristão é um cidadão do céu, mostrando-se leal a essa cidadania sagrada. Ele pode, porém, amar seu país neste mundo com tal intensidade de devoção comparável àquela que levou John Knox a orar: "Ó Deus, dá-me a Escócia ou morrerei."

Com entusiasmo aguarda entrar naquele mundo brilhante lá de cima, mas não tem pressa de deixar esta terra e mostra-se perfeitamente disposto a esperar o chamado de seu Pai Celestial. Sente-se também incapaz de compreender por que o incrédulo deva condená-lo por isso; tudo lhe parece tão natural e correto dentro das circunstâncias que não vê qualquer inconsistência nisso.

O cristão que leva a cruz é, além de tudo, um pessimista confirmado e um otimista que não pode ser igualado por ninguém mais neste mundo.

Quando olha para a cruz é um pessimista, pois sabe que o mesmo juízo que caiu sobre o Senhor da glória condena nesse ato único toda a natureza e todo o mundo dos homens. Ele rejeita qualquer esperança humana fora de Cristo pois sabe que o mais nobre esforço do homem não passa de pó edificado sobre pó.

Todavia, o seu otimismo é calmo e repousante. Se a cruz condena o mundo, a ressurreição de Cristo garante o triunfo final do bem em todo o universo. Através de Cristo tudo acabará bem e o cristão aguarda a consumação. Cristão incrível!


Autor: A. W. Tozer
Retirado do livro "Esse Cristão Incrível"



Pior que um Evangelho sem Cruz, é um Evangelho onde a Cruz é reinterpretada e acomodada às demandas de uma espiritualidade umbigocêntrica.

O Evangelho da Auto-estima insiste em afirmar que a Cruz de Cristo revela nosso real valor. Se não tivéssemos valor, por que Cristo Se disporia a pagar tão caro por nós?

Pode até parecer fazer sentido tal argumentação, mas carece totalmente de embasamento bíblico.

Quando um Juiz estabelece uma fiança altíssima para soltar alguém, isso revela o valor do criminoso ou a gravidade do seu crime?

A Cruz revela o nosso absoluto estado de miséria espiritual. O Salmista diz que nossa redenção era caríssima, e todos os nossos recursos se esgotariam antes.

Não se trata de afirmar nosso valor, como se Cristo estivesse pagando por algo que Lhe fosse muito caro. Trata-se, antes, do pagamento pelos nossos pecados.

Se houvesse algum motivo em nós mesmos, algum valor intrínseco pelo qual Cristo Se dispusesse a pagar, então já não seria por Graça, mas por mérito. Ora, se valêssemos a pena, Deus não teria feito mais do que Sua obrigação.

A Graça só se explica pelo fato de não valermos absolutamente nada. Nas palavras de Paulo, tornamo-nos inúteis. Do ponto de vista humano, a graça seria um enorme desperdício.

Oh maravilhosa graça! Deus pagou pelos meus pecados, e com isso, em vez de estabelecer meu valor, estabeleceu Seu amor. Deus decidiu amar o que não merecia ser amado. Deus decidiu perdoar e salvar o que sequer merecia Sua atenção.

A graça só se justifica pelo fato de Deus ser amor, e estar disposto a amar gente miserável, pecadora, desprovida de qualquer mérito próprio.

Diante da realidade da Cruz em contraste com sua natureza pecaminosa, Paulo não bradou"Valioso homem que sou!", mas em vez disso, declarou "Miserável homem que sou!"

O Evangelho da Auto-estima desmerece a graça e enaltece o homem. Na verdade é um desevangelho, um ultraje ao espírito da graça, um escárnio ao sangue de Jesus.


Autor: Hermes Fernandes
Fonte: Genizah



Estive pensando em algumas coisas ao longo dos últimos anos e, de tão intrigado que fico com algumas delas, decidi colocar minhas indagações na forma de perguntas. Algumas das perguntas ouvi de outros, como a 4, a 5 e a 6, que aprendi com Juan Carlos Ortiz (do livro "O discípulo"), mas a maioria veio de experiência própria. Resolvi utilizar o mesmo estilo de argumentação de Philip Yancey, no seu livro "I was just wondering" ("Perguntas que precisam de respostas", editora Textus). Afinal, como diz o ditado, "perguntar não ofende"...

Eu só queria saber:

1. Por que palavras como "paixão", "fogo", "glória", "poder" e "unção" vendem muito mais CDs do que "graça", "misericórdia" e "perdão"?

2. Por que aqueles que mais falam sobre "prosperidade" evitam sistematicamente textos como Tiago 2:5, I Timóteo 6:8 e Habacuque 3:17-18?

3. Por que se fala tanto em dízimo, defendendo-o com unhas e dentes, mas quase nada se fala sobre ter tudo em comum e outras coisas como "ajudar os domésticos na fé" e "não amar somente de palavra e de língua mas de fato e de verdade"? Em qual proporção a Bíblia fala de uma coisa e de outra?

4. Por que em Atos 4, quando os apóstolos foram presos, a igreja orou de forma tão diferente do que se ora hoje? Por que não aproveitaram a ocasião pra "amarrar o espírito de perseguição", pra "repreender a potestade de Roma", ou coisa semelhante?

5. Por que Atos 2:4 é muito mais citado como modelo do que era a igreja primitiva do que Atos 2:42?

6. Por que todo mundo sabe João 3:16 de cor, mas tão pouca gente sabe I João 3:16?

7. Por que 90% ou mais dos cânticos congregacionais modernos são na primeira pessoa do singular, quando a proporção nos salmos é muito menor?

8. Por que todo mundo aceita que Jesus curou e colheu espigas no sábado, aceita também que Deus ordenou que seu povo matasse vários povos rivais, mas se escandaliza absurdamente quando alguém diz que Raabe fez certo ao mentir para preservar duas vidas? O que vale mais, em situação de conflito, que um soldado pagão saiba a verdade ou a vida de dois homens? Será que se Raabe tivesse dito a verdade, teria sido elogiada em Hebreus 11?

9. Por que quase tudo que se vende numa livraria cristã foi produzido nos últimos 50 anos, se nosso legado é de 2.000 anos de História do Cristianismo? O que aconteceu com os outros 19 séculos e meio?

10. Por que tanta gente que acredita que a salvação é pela graça, ou seja, não é obtida sendo "bonzinho", paradoxalmente acredita que ela pode ser perdida sendo mau? Pode algo ganho sem mérito ser perdido por demérito?

11. Por que a Igreja é muito mais rigorosa com pecados sexuais como o homossexualismo do que com a gula ou a ganância? Aliás, por que em tantas igrejas a ganância nem é vista como pecado, mas como virtude, disfarçada com o nome de "prosperidade"?

12. Por que tantos evangélicos chamam seus líderes de "apóstolos", mas criticam os católicos por seguirem um líder chamado "papa"?

13. Por que, mesmo o Cristianismo crendo que o homem foi nomeado por Deus como o responsável pela criação, e que tudo que Deus criou é bom, são os esotéricos os que mais lutam pela defesa do meio-ambiente?

14. Por que, na maioria dos grupos de louvor no Brasil, não há espaço pra quem toca instrumentos brasileiros como o cavaquinho e o berimbau?

15. Por que todos os ritmos de origem na raça negra até hoje são considerados por alguns como diabólicos?

16. Por que alguém como Lair Ribeiro faria mais sucesso como pregador hoje do que, digamos, Francisco de Assis?

17. Por que se canta tanto sobre coisas tão etéreas como "rios de unção" e "chuvas de avivamento", ao passo que Jesus usava sempre figuras do cotidiano para ensinar, como sementes, pássaros e lírios?

18. Por que se amarra, todos os anos, tudo quanto é "espírito ruim" das cidades, fazendo marcha e tudo, mas as cidades continuam do mesmo jeito? Aliás, se os "espíritos ruins" já foram "amarrados" uma vez, por que todo ano eles precisam ser "amarrados" de novo?

19. Por que uma doutrina como o pré-tribulacionismo, que apregoa que Jesus vai tirar a igreja da reta de qualquer sofrimento ou perseguição, não faz sucesso algum na China, no Irã ou na Indonésia? Aliás, por que ela fazia tanto sucesso na China pré-comunista, e depois declinou por lá?

20. Por que se canta todos os dias "Hoje o meu milagre vai chegar"? Afinal, ele não chega nunca? Que dia está sendo chamado de "hoje"?

21. Por que Jó não cantou "restitui, eu quero de volta o que é meu", nem declarou ou amarrou nada, muito menos participou de "campanha de libertação" quando perdeu tudo?

22. Por que tanta gente acredita que a terra e o universo foram criados há 6 mil anos, interpretando Gênesis 1 literalmente, mas esses mesmos nunca dizem que o sol gira em torno da terra, interpretando literalmente Josué 10, tampouco dizem que a terra é retangular, interpretando literalmente a expressão bíblica "os quatro cantos da terra"?

23. Por que nós nunca vamos ao médico e pedimos, "doutor, dá pra queimar essa enfermidade pra mim por favor"? Por que então se ora pedindo isso pra Deus? Seria correto orar assim pra Deus curar alguém enfermo por causa de queimadura?

24. Por que não se faz um mega-evento evangélico, desses que reúnem um milhão de pessoas ou mais, pra fazer um mutirão para distribuir alimentos aos pobres ou ainda para recolher o lixo da cidade? Aliás, por que se emporcalha tanto as cidades com óleo e outras coisas nos tais "atos proféticos"? Não seria um melhor testemunho limpá-la ao invés de sujá-la?

25. Por que as rádios evangélicas tocam tanta coisa produzida por gravadoras ricas e nada produzido por artistas independentes?

26. Por que se faz apelo ao fim de uma "pregação" que não fez qualquer menção ao sangue, à cruz, ao arrependimento, ou sequer ao pecado?

27. Por que se enfatiza tanto a ordem bíblica para pregar a Palavra e se negligencia tanto as ordens para fazer justiça social e alimentar os famintos? Quantas vezes cada uma delas aparece na Bíblia?

28. Por que Deuteronômio 28:13 ("o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda") é tão citado, ao passo que I Coríntios 4:11-13 ("somos considerados como o lixo do mundo") ninguém gosta de citar?

29. Por que quem pensa diferente de nós é sempre "inflexível", "fariseu" ou "duro de coração" (quando não chamamos de coisa pior)?


Autor: Renato Fontes - renfontes@hotmail.com


O Livres Para Adorar teve seu início em 2005 como resposta ao depoimento de uma missionária quanto à realidade do tráfico e escravidão sexual infantil no país do Nepal. Sensibilizado pelo relato, Juliano Son (vocalista da banda) foi levado a gravar um CD com o propósito de promover e apoiar financeiramente um projeto que resgatava crianças deste esquema de prostituição. Além de suas atividades musicais, o Livres para Adorar dirige e ajuda a sustentar o Abrigo Livre Ser. Presidido por Juliano Son, o abrigo acolhe crianças e adolescentes do risco social desde março de 2008. Pra quem quiser conhecer um pouco mais sobre eles, abaixo tem os links para o myspace e o blog do Juliano Son, o vocalista da banda.

Álbuns:
- Livres Para Adorar (2005)
- A Mensagem (2006)
- Pra Que Outros Possam Viver (2009)

Membros:
- Juliano Son - vocal
- Erison - guitarra
- Adriano - Bateria
- Dyck - guitarra
- Filipe - Baixo

Links:

Então confiram o vídeo e, mais abaixo, a letra da música:



Mil Coisas
O meu espírito quer voar
Mas este corpo quer ficar
O Teu amor quer me elevar
Mas este corpo me segurar

Mas carregado nos ombros da misercórdia
Eu sou levado até os portões dos céus

Indigno assim
Eu reconheço que a salvação vem pelo Filho
O Filho de Deus
Graça que eu não compreendo, mas que bem sei
Sei que preciso
Leva-me pelas mãos

Não me curvar aos ídolos
Não faz de mim um justo
Anunciar Tua verdade
Não faz de mim um digno

Mas carregado nos ombros da misericórdia
Eu sou levado até os portões dos céus

Indigno assim
Eu reconheço que a salvação vem pelo Filho
O Filho de Deus
Graça que eu não compreendo mas que bem sei
Sei que preciso
Leva-me pelas mãos