Fui convidado para o aniversário de uma igreja onde a reunião começou com o alarido de um shofar, em seguida o pastor convocou a congregação para uma peregrinação em direção a tenda do Abraão que estava montada atrás do púlpito, depois a viagem seguiu rumo a benção contida dentro de uma replica da arca da aliança no canto direito da igreja e por fim todos receberam a unção com óleo de Israel. No final da reunião pensei: Como é possível uma igreja que se diz cristã passar pela tenda do Abraão, pela arca da aliança, receber o óleo ungido de Israel, e não passa pelo significado da cruz em sua liturgia?

É crescente o número de comunidades cristãs com rituais e liturgias saturadas com simbolismos e figuras judaicas. É inegável o significado histórico da cultura judaica para o cristianismo, de modo que, não resta dúvida da importância hermenêutica que as figuras do antigo testamento carregam consigo para a interpretação da graça divina contida no novo testamento, mas, fazer do culto cristão um ato cerimonial essencialmente judaico é não discernir o significado e a liberdade contida em Cristo Jesus.

Shofar, estrela de Davi, arca da aliança, pano de saco, teshuvá e outros apetrechos judaicos tem ganhado mais importância em alguns redutos cristãos do que o próprio significado da cruz.

O perigo é inegável quando a centralidade da vida, das Escrituras e do culto, deixa de ser Jesus Cristo e passa a ser um outro elemento, ainda que tenha grande relevância ou significado religioso.

Quando todos os símbolos religiosos são colocados diante do significado da Cruz, tornam-se apenas sombras. Todos os rituais religiosos do antigo testamento quando confrontados com a liberdade cristã, passam a ser simplesmente apontamentos que existiram no passado e que indicavam a graça de Deus em Cristo Jesus.

O apóstolo Paulo enfrentou a força do ritualismo religioso, tendo inclusive que inúmeras vezes denunciá-lo e combate-lo: “É alguém chamado, estando circuncidado? fique circuncidado. É alguém chamado estando incircuncidado? não se circuncide. A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus. Cada um fique na vocação em que foi chamado.”I Co 7.18-20

O modus operandis da graça divina simplificou o caminho em direção a Deus, fazendo com que, os rituais e as performances religiosas perdessem o seu valor e significado diante da plenitude de satisfação do sacrifico de Cristo Jesus diante da justiça divina.

Mas como abandonar as performances humanas relacionadas ao rito? O que fazer com os diversos apetrechos litúrgicos que encantavam e ludibriavam a alma? Como substituir o complexo, ardoroso e extensivo sistema litúrgico da auto justificação humana pela simplicidade da liberdade em Cristo Jesus?

O abandono da religiosidade pagãs sempre foi o desafio de toda alma humana propensa ao ritualismo, que procura evitar a qualquer custo os benéficos da graça divina.

Um dos objetivos da graça de Deus em Cristo Jesus é promover uma varredura e libertação do paganismo, amuletos, e toda espécie de quinquilharia religiosa que objetivam substituir a glória de Deus manifestada em Cristo.

O que estão chamando de evangelho forte (principalmente pela teologia da prosperidade) tem gerado pessoas fracas e adoecidas espiritualmente, enquanto que, a máxima do evangelho permanece o mesmo – “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Co 5.19,20.

Estou convencido de que, quanto maior for a centralizada singela em Cristo Jesus, mais poderosa será a vida da Igreja.


Autor: Samuel Torralbo
Fonte: [ Ultimato ]
Via: [ Bereianos ]


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