Apesar de 2011 já ter começado creio que nunca é tarde para refletir sobre as coisas que fizemos ou deixamos de fazer e planejar os novos alvos. E, depois de um tempo refletindo sobre meu último ano, eu gostaria de compartilhar (ou desabafar) contigo, meu caro leitor, algumas coisas que andei pensando.

Sempre fui um cara bem racional. Talvez por influência do meu pai, talvez pela minha formação acadêmica (para quem não sabe eu sou formado em Engenharia da Computação), talvez pela combinação de outros fatores... sinceramente eu não sei o porquê. O que sei é que sempre fui um cara racional, que gosta de pensar antes de tomar qualquer decisão e de usar técnicas de lógica para escolher qual a melhor atitude a ser tomada. Não apenas isso mas também sou muito sistemático. Gosto de criar listas de afazeres, seguir regras, ter horários bem fixados e, por mais incrível que pareça, gosto de criar rotinas. E, por ter este lado meio metódico em mim, odeio quando as coisas não ocorrem como eu planejei. Definitivamente não gosto de perder o controle da situação. O plano esta traçado, foi muito bem pensado, não tem porque falhar.

Por causa disto o meu ano de 2010 terminou com o status normal. Tudo o que alcancei neste ano foi previamente planejado. Viagens, promoções no emprego, eventos que participei, bens que eu adquiri, enfim, poucos ou nenhum empecilho ocorreu nesse meio tempo. Até mesmo as coisas que eu gostaria de ter feito ou conquistado no ano que passou e não se concretizaram eram coisas com um risco calculado. Poderiam não ter dado certo mesmo. Se dessem então eu estaria no lucro. Se não dessem então não seria mais do que o esperado. Mas tudo isso tem um motivo: eu ser muito racional.

Eu não apenas não gosto quando as coisas não saem como o planejado como também não gosto quando outras pessoas descobrem que meus planos falharam. Gosto de passar uma imagem de infalível, o dono da situação, o cara que está sempre com a razão. Junte a tudo isso a religiosidade e você tem um perfeito exemplo de um religioso de carteirinha, um estudante assíduo do Manual do Fariseu Profissional. Sim, meu amado. Infelizmente este sou eu. Dizem que antes de uma pessoa ser curada de um problema ela primeiro precisa assumir que tem o problema. E como foi bom para mim este tempo de reflexão que tive nesta última semana pois eu pude ver quem eu realmente sou.

Descobri que, com o passar do tempo, fiz da minha mente e do meu raciocínio o meu senhor. A minha mente é quem guia a minha vida. Vivo de acordo com os planos que eu mesmo tracei. É muito fácil para mim dizer que eu confio em Deus quando todas as coisas acontecem da maneira que eu quero. Mas é claro que acontecem do jeito que eu quero. Eu não dou uma chance a mim mesmo de ousar, de sonhar algo completamente inusitado, algo totalmente ilógico, de ser movido unicamente pela emoção. Não, isso não faria sentido. Eu estaria perdendo a razão desta maneira. Você percebe a vida mediocre que eu tenho vivido?

Mas, louvado seja Deus pela misericórdia que Ele tem. E, se Ele abriu os meus olhos para essas coisas então significa que ainda não é tarde, que eu não sou um caso perdido e ainda existe uma esperança para mim. Portanto gostaria de mostrar não os meus planos para 2011, mas sim os meus anseios e desejos:

  • Quero deixar a máscara da religiosidade cair da minha cara. Não ter medo de falhar e de mostrar para os outros que eu também sou ser humano, tenho meus defeitos e que eles não são poucos.

  • Quero ficar sem respostas, de boca aberta, de queixo caído. Não quero que as pessoas venham até mim com as suas dúvidas e pensem que eu tenho respostas para tudo. Quero dar respostas tipo: "hã?", "não sei", "não faço a menor idéia", "nunca ouvi falar disso antes" e me dispor a procurar a resposta junto com quem questiona.

  • Ainda que eu ame compartilhar do evangelho eu não quero conversar só sobre isso. Realmente não quero que as pessoas me vejam como um religioso que só fala da bíblia. Quero que as pessoas vejam que eu também converso sobre futebol, sobre games, sobre programas de televisão, sobre comida, sobre o filme novo que está no cinema, sobre como lidar com as mulheres, sobre problemas amorosos... Enfim, quero conversar com pessoas normais sobre coisas normais.

  • Quero arriscar fazer coisas que nunca fiz. Quero sentir medo do desconhecido. Quero enfrentar perigos e, se necessário, sentir pavor das circunstâncias.

  • Quero perder o controle das situações. Quero que alguns planos falhem. Quero aprender a ver Deus em meio às adversidades.

  • Quero falhar, não quero que depositem tanta confiança sobre mim pois posso ficar aquém das suas expectativas e quero saber te pedir perdão quando isto acontecer.

  • Quero fazer coisas movido pela emoção, não se importar muito com as consequências nem com os resultados. Não se preocupar com o que vão pensar de mim. Perder a razão e não esconder meus sentimentos.

  • Quero viajar sem ter planejado. Quero entrar em um ônibus na rodoviária com cinquenta reais no bolso, ir parar em outra cidade e depois ficar pensando como é que eu vou fazer para voltar.

  • Quero me relacionar muito mais. Quero conhecer outras pessoas, fazer novas amizades e criar novos vínculos, me apegar a outras pessoas sem me preocupar com o fato de que elas podem me decepcionar, podem ir embora, podem não estar presentes quando eu mais precisar, podem me magoar, etc.

  • Quero me apaixonar mais vezes, sem me importar com o risco de amar alguém sem ser amado, sem me prender as decepções amorosas e as dores que tive no passado.

  • Quero enfrentar perigos, saltar de paraquedas, bungee jump, surfar, esquiar, fazer rapel, nadar em um rio, escalar uma montanha, snowboarding, etc.

Resumindo, quero celebrar a vida que Deus me deu da melhor maneira possível: vivendo ela. Simples assim.


Autor: Cláudio Neto - ainda tentando achar um ponto de equilíbrio :)

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Nota: o tom extremista do texto é proposital e nem tudo o que foi escrito aqui deve ser levado ao "pé da letra".


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