“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto de anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.” Colossenses 2:16-19


Paulo, o apóstolo dos gentios, judeu, cidadão romano, ex-fariseu, ex-perseguidor da Igreja, teria todos os motivos para ser um guardião da lei e seus preceitos, chamado e escolhido por Cristo sobrenaturalmente, agraciado com visões inefáveis, coberto de autoridade a ponto de repreender o apóstolo Pedro, sim, é neste Paulo que Deus coloca um espinho na carne, para que não se achasse superior aos demais e para revelar que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza do homem.

Hoje vemos muitos que por muito menos já acham-se em posição superior aos irmãos a ponto de inventar regras e doutrinas humanas para satisfazer seu egocentrismo, dizem-se com tamanho relacionamento com Deus que este lhes entrega visões particulares, modelos maravilhosos, conhecimento nunca dantes alcançado.

Pensamos que nossas igrejas supostamente pregam a verdade, mas a verdade é que estamos longe da Verdade. Criamos leis e cerimonialismos sem fim, usamos os textos bíblicos a nossa própria vontade e interpretação, encaixamos esses textos em pensamentos contrários aos de Deus e ainda atribuímos isso a Ele. Nossas orações revelam uma espiritualidade fraca, são tão automáticas e vazias que são facilmente repetidas por toda a congregação, nossas músicas mostram nossa pobreza em todos os sentidos, pobreza teológica, pobreza rítmica, pobreza espiritual, pobreza da alma. Parece que ninguém é mais capaz de criar nada novo, vivemos das inspirações norte-americanas, ou de nossos conterrâneos que já se desvirtuaram do evangelho de Cristo. Nossas pregações são nutridas pelo humanismo e pela auto-ajuda. Ninguém mais quer reconhecer sua fraqueza diante de Deus, ninguém mais quer depender Dele, ninguém mais quer esperar. Os pastores precisam encher as igrejas, precisam agradar o povo e supostamente devem dar um “alimento” todo domingo. A verdade é que desde os líderes até as humildes ovelhas o compromisso com Deus é vago. Não oramos, não jejuamos, não lemos e meditamos na bíblia como deveríamos. Somos clones de religiosos e com isso carregamos o peso da vã religião.

No afoito de mostrar a presença de Deus criamos os maiores absurdos, forjamos os super-crentes, aqueles que entram na igreja sorrindo, que levantam as mãos no louvor, que soltam a voz a plenos pulmões, que se emociona, que sente-se alimentado por pregações vazias. No seu íntimo ele sabe que vive atrás de uma máscara, que sua vida é miserável e faltosa da graça de Deus, que precisa de ajuda, do Pai e dos seus irmãos na fé, mas demonstrar isso na igreja é sinal de fraqueza, sendo assim ele continua disfarçando por quanto tempo conseguir.

Perdemos o senso da humanidade das pessoas, desvalorizamos seus sentimentos, pisamos na sua pequena fé, exigimos o cristianismo de aparências. Não toque, não coma, não beba, não ouça, faça isso, faça aquilo, participe deste ministério, participe daquele outro. Nos sentimos aprisionados num cárcere que é a igreja. Perdemos a nossa liberdade cristã, perdemos o amor dos irmãos, e alguns chegam ao ponto de perder a fé.

A solução para tudo isso é tão simples, mas penosa para ser executada. É necessário abnegação, compromisso, amor a Deus e amor ao próximo. É como Paulo escreve na carta aos colossenses, retendo a cabeça, que é Cristo, cresceremos o crescimento que vem de Deus. Não o crescimento pregado por métodos e modelos, por músicas, por pregações, mas do próprio Cristo nos ensinando, o próprio Caminho, Verdade e Vida atuando em nossas vidas, através do Espírito Santo, poderoso, santo e imaculado, que com gemidos inexprimíveis leva nos necessidades ao Pai, nos convence da nossa miserabilidade e da grandeza de Deus.

Quero uma carreira cristã longe dos modismos, regras e leis evangélicas, distante do disfarce de cristão, longe da desumanidade. Quero falar e cantar aquilo que sinto, expressar aquilo que penso, adorar a Deus como Ele quer que eu adore – e não como querem que eu o faça – quero viver a graça, quero sentir a misericórdia, quero provar do amor do Pai. Quero mostrar que também sou humano aos irmãos, mas quero ter ousadia para dizer que sejam meus imitadores como eu sou de Cristo. Quero viver uma vida santa, mas santa segundo Deus não segundo os homens. Quero servir, não ser servido, quero me humilhar e não me exaltar.

Sei que a porta é estreita e o caminho apertado que conduz a salvação, mas creio que a graça e misericórdia de Deus são suficientes para conduzir a mim e a sua Igreja por ela. Precisamos que Ele mesmo nos aumente a fé.


Autor: Matheus Soares
Fonte: Entendes?


1 comentários:

Matheus Soares disse...

Olá! Fico feliz que tenha gostado do texto e replicado em seu blog!

Abração!

Matheus Soares

16 de ago. de 2012, 22:14:00  
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