Fonte: Bereianos



Caro leitor, vamos combinar uma coisa? A Bíblia está cheia de textos que nos advertem sobre o surgimento de falsos profetas bem como da multiplicação de falsas doutrinas. Jesus mesmo disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt 7.15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível fosse, os próprios eleitos" (Mt 24.11,24). Cristo avisa claramente sobre um movimento de falsos sinais e maravilhas nos últimos dias, promovido pelos falsos profetas. Paulo compara esses falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão (2 Tm 3.8) com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás. Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, "assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras..." (2 Pe 2.1). O apóstolo João declarou que já em seus dias "muitos falsos profetas têm saído pelo mundo" (1 Jo 4.1).

Isto posto, torna-se impossível fazermos o jogo do contente fingindo que absolutamente nada está acontecendo não é verdade? Por acaso seria correto observarmos uma pessoa caminhando distraidamente em direção a um precipício e ficarmos calados? Claro que não! Da mesma forma não podemos nos eximir diante das aberrações ensinadas pelos adeptos de falsas doutrinas que tem enganado milhares de pessoas em nosso país.

Como bem disse o apóstolo Paulo ao escrever a sua 1ª epístola a Timóteo, nos últimos tempos alguns homens iriam apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, bem como a doutrinas de demônios. (I Tm 4:1)

Diante deste inexorável fato o Apóstolo Paulo orienta a Timóteo a agir firmemente diante do espírito da apostasia.

“CONJURO-TE, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.”

II Tm 4.1-3

Quanto a ganhar almas para Cristo, é importante ressaltar que nós crentes em Jesus não ganhamos nada! Somos no máximo servos inúteis usados por Deus para levar a Palavra do Evangelho da Salvação Eterna. Mesmo porque, quem convence o homem do pecado, do juízo e da justiça é o Espírito Santo. A salvação vem de Cristo, por Cristo e para Cristo, nada além disso!

Soli Deo Gloria!


Autor: Renato Vargens
Fonte: Pulpito Cristão
Título original: "Pare de falar mal dos pastores, o que importa é que eles estão ganhando almas para Cristo"



Há algumas semanas os senhores Silas Malafaia e Mike Murdock ensinaram em um programa de televisão a doutrina das sementes.

Segundo o teólogo da prosperidade Mike Murdock, "dinheiro atrai dinheiro", isto é, quando o crente OFERTA a Deus, (independente da motivação) automaticamente atrai o favor do Senhor lhe trazendo mais dinheiro. Murdock também costuma ensinar que devemos plantar dinheiro para colher mais dinheiro, como se fosse uma lei de semeadura financeira, que ele chama de "lei da semente". Ele também prega a existência de aproximadamente seis níveis de semeadura. Segundo ele um destes níveis é a "semente de mil”. Murdock dá uma significado a certas quantias da semente: “tem havido cinco níveis de colheitas incomuns em minha vida $58, $100, $200, $1000 e $8500. Uma semente de mil dólares quebrou a pobreza em minha vida. Ninguém pode semear estes mil dólares para você." Em outras palavras isso significa “eu quebrei a pobreza com uma semente de mil dólares” façar o mesmo, envie sua oferta que a pobreza será quebrada.

Caro leitor, vamos combinar uma coisa? Deus não é um tipo de bolsa de valores que quanto mais "investimos" mais dinheiro recebemos. Deus não se submete as nossas barganhas nem tampouco àqueles que pensam que podem manipular o sagrado estabelecendo regras de sucesso pessoal.

Diante do ensino exposto gostaria de trazer sete razões porque não devemos aceitar a doutrina das sementes de Mike Murdock e Silas Malafaia:

1º - A prosperidade financeira pode ser uma benção na vida de um cristão, mas que isso não é uma regra. Deus não tem nenhum compromisso de enriquecer os seus filhos. (Fp 4.10-12)

2º - A prosperidade financeira do cristão se dá mediante o trabalho e não através de barganhas religiosas.

3º - Do ponto de vista bíblico as bênçãos de Deus jamais poderão ser compradas. Tudo que temos e possuimos vem pela graça de Deus.

4º - Para nós protestantes as Escrituras Sagradas prevalecem sobre quaisquer visões, sonhos ou revelações que possam surgir ou aparecer. (Mc 13.31)

5º - Para nós protestantes todas as doutrinas, concepções ideológicas, idéias, projetos ou ministérios devem passar pelo crivo da Palavra de Deus, levando-se em conta sua total revelação em Cristo e no Novo Testamento. (Hb 1.1-2)

6º - Para nós protestantes a Bíblia é a Palavra de Deus e que contém TODA a revelação que Deus julgou necessária para todos os povos, em todos os tempos, não necessitando de revelações posteriores, sejam essas revelações trazidas por anjos, profetas ou quaisquer outras pessoas. (2 Tm 3.16)

7º - O cristão é peregrino nesta terra e, portanto, não tem por ambição conquistar as riquezas desta terra. “A pátria do cristão está nos céus, de onde aguardamos a vinda do nosso salvador, Jesus Cristo”. (1 Pe 2.11)

Pense nisso!


Autor e fonte: Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Aliança Cristã, escritor e colunistas de vários sites, entre eles o Púlpito Cristão.



A verdade bíblica é que "ao Senhor pertence a salvação!" (Jn 2:9). Embora todos concordemos prontamente com essa afirmação, não paramos para pensar nas suas implicações. A primeira delas é que sendo a salvação do Senhor, ela não é do homem por direito. Ninguém pode reinvidicar ser salvo. Sendo do Senhor a salvação, Ele a dá a quem quiser nas bases que decidir, não cabendo ao homem qualquer questionamento. Deus é o Soberano da salvação.

A segunda implicação é que é o Senhor quem salva. Como a salvação pertence ao Senhor, se Ele não salvar, ninguém é salvo. Pertencendo ao Senhor, a salvação só pode ser obtida como dom, nunca como aquisição ou conquista. Sabemos que o homem não pode saquear o céu e obter para si o que o Senhor não quer lhe dar. Tal idéia é tão absurda que podemos descartá-la sem mais delongas. O homem também não pode obter a salvação mediante preço. Todo bem que o homem pudesse oferecer em troca dela já pertence ao Senhor. E boas obras religiosas ou filantrópicas são pobres demais para servir como moeda de troca. Então, só resta uma forma para o homem se apropriar da salvação: recebê-la gratuitamente de Deus.

A terceira é que Ele efetivamente salva. A Deus pertence não apenas os meios que tornam a salvação possível, mas a salvação em si. Hoje se fala da salvação em termos de possibilidade, mas este não é o discurso bíblico. A Bíblia apresenta Deus como um Senhor que efetivamente salva. De Jesus foi dito "ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mt 1:21), de fato, "o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido" (Mt 19:10). Não se trata apenas de tornar a salvação possível, mas de salvar de fato. Paulo deixa claro que "fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (1Tm 1:15).

A quarta é que Ele salva completamente. Jesus "pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus" (Hb 7:25). Assim, a salvação do Senhor é completa tanto no que abrange quanto no tempo que perdura. Ele salva todo o nosso ser, de um modo que nosso "espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts 5:23). Tendo Deus prometido que seu povo "será salvo pelo Senhor com salvação eterna" (Is 45:17), Jesus "tornou-se o Autor da salvação eterna" (Hb 5:9) e Paulo pode testemunhar "por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória" (2Tm 2:10).

Glória a Deus, por tão grande salvação!


Postado por Clóvis Gonçalves, no blog 5 Calvinistas.
Título original: "A Salvação de Deus"



Algum tempo atrás, visitando uma professora de História da UFRGS, de quem tive o prazer (ou desprazer levando-se em conta as dificuldades da cadeira) de ser aluno no início dos anos 2000, e enquanto discutiamos a respeito da edição de seu mais novo livro, iniciamos uma conversa sobre o "preconceito" cristão.

Defendi que o cristianismo não é preconceituoso, mas rígido em sua doutrina. Afirmei para ela que não importava o que eu pensava, mas sim o que a Palavra "pensava" para mim e sobre mim. Ela é meu oráculo, ela é meu caminho e nela eu apoio todo meu ser, não importando o que pensa o outro, mas ela simplesmente. Antes de ser sensível ao outro, sou sensível a Palavra de Deus que me diz: Ame o próximo como a ti mesmo; o que não permite que eu seja insensível com meu próximo, mas não tolera que eu o ponha antes daquilo pré-ordenado por Deus em Sua Palavra.

Pelos adjetivos usados por ela para definir minha linha de pensamento, pude deduzir, que para ela isso tudo é loucura. Como podia eu, depois de ter caminhado numa das mais tradicionais escolas marxistas do Brasil pensar assim? Era um louco insolente que cuspia em tudo que ela e outros ensinaram com tanto ardor do alto de seus pedestais antropocêntricos.

Você evangélico de longa data pode também não concordar comigo... fazes bem, deves antes disso, mergulhar teus pensamentos e dedicar teus poucos dias que ainda restam para ler, meditar e concordar com a Palavra de Deus e não com alguém como eu, que você não conhece, senão por uns poucos textos publicados sem muita freqüência na internet. Mas talvez eu saiba porque você não concorda e também saiba que não é desvio da Palavra, mas sim, desvio de sua auto-imagem-cristã que o leva a discordar de mim.

Você não admite "perder" alguém para o reino de seu deus. No seu "planejamento" e estratégia de evangelismo, Mateus não precisa sair da recebedoria nem Pedro largar as redes quando Jesus disser: Siga-me. Para você, "conversão" é algo gradual, acontece ao longo de anos, décadas... quiçá uma vida... no entanto, te contradizes quando afirma que "salvação" é algo instantâneo, precedida apenas de uma curta e ritualística oração.

Enquanto conversava com aquela mulher não via uma doutora em História a quem eu devia honrar... ela não precisava das promessas do evangelho pagão contemporâneo, financeiramente ela vai muito bem. Talvez ela tenha problemas em outras áreas, quem sabe, pouco me importa... me importava naquele dia e me importa ainda hoje uma única coisa quando vejo um perdido, doutor ou analfabeto: Expor a Palavra da Cruz.

O problema é que nós, que decidimos expor a Palavra de Deus tal qual ela é, deparamo-nos com uma palavra verdadeira: "Certamente, a Palavra da Cruz é loucura para os que se perdem" (1 Co 1.18)

O que fazer então? Continuar a pregar o evangelho louco para um mundo perdido ou pregar um evangelho paliativo à alma destituída de Deus? Pregar uma cruz que leva o homem ao arrependimento ou um caminho tão lindo que só mesmo um louco recusaria andar por ele?

Os atuais pregadores e crentes preferem se apegar às experiências pessoais em detrimento da Palavra de Deus, pois aquela lhe dá uma falsa segurança de que seu trabalho evangelístico tem muito efeito, esta no entanto, mostra que é impossível uma vida se salvar senão pela inteira vontade e trabalhar do Espírito Santo de Deus, pois sem sua intervenção ela continua loucura para os que se perdem e sabedoria tão somente para os salvos. E para o homem é melhor depender tão somente dele, do que de outro, ainda mais de um deus tão longe.

Será portanto, que a Palavra de Deus já não se tornou loucura também para nós? Será que hoje desejamos ser sábios ao mundo em detrimentos de ser santos a Deus?

Este texto não é definitivo... eu muito tenho que aprender sobre evangelizar... nem mesmo teria coragem de escrever umas poucas linhas ensinando-os tal ministério. No entanto não tenho a aprender sobre estratégias de evangelismo, mas sim de Palavra, que eu novamente afirmo: É meu oráculo, meu caminho e onde apoio todo meu ser.


Autor: Daniel Clós
Fonte: Batalha Pelo Evangelho
Via: Bereianos



Esta é já uma postagem antiga do RVJ. Mas me vi às voltas com um ateu que queria me impor o ônus da prova da existência de Deus. É nada além da “presunção de ateísmo”, ela própria uma fuga do ônus da prova. Mas, bem, tudo está dito abaixo…

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A quem cabe o ônus da prova sobre a questão da existência de Deus?

Há uma opinião corrente por parte dos que “não crêem” que o teísta deve provar a existência de Deus, enquanto eles são justificados em não crer. Assim, segundo eles, pessoas intelectualmente sãs, racionais, não poderiam crer em Deus. Eu só posso creditar isso a mais pura ignorância ou a mais descarada desonestidade.

O teísta é aquele que afirma a existência de Deus. Sua proposição é:

(i) Creio que Deus existe (ou “Deus existe”, ou “creio em Deus”)

Se pretende que sua proposição seja conhecimento, além de crer nela, terá que ter critérios para seja verdadeira e justificada. Ou seja, deverá provar sua asserção. O problema é que não há critérios universais que forneçam tal prova. Tudo fica no âmbito da fé!

Por ser fé, o ateu acusa o teísta de irracional. Tem ele razão? Vejamos: o ateu é aquele que nega a existência de Deus. Sua negação é, na verdade, uma afirmativa e sua proposição é:

(ii) Creio que Deus não existe (ou “Deus não existe”, ou “creio em não-Deus”).

Ora, do mesmo modo, se pretende que sua proposição seja conhecimento, além de crer nela, terá que ter critérios para seja verdadeira e justificada. Ou seja, também deverá provar sua asserção. Quais os critérios universais que fornecem tal prova? Não há. Novamente, tudo fica no âmbito da fé!

Se o teísta é irracional pela fé que tem, não é menos irracional o ateu. Nenhum dos dois pode satisfatoriamente e de forma definitiva provar o seu ponto. Há teorias quanto à plausibilidade ou à probabilidade de proposições. Entre haver ou não haver Deus, haveria uma proposição que seria mais plausível ou provável que a outra. Embora estas teorias procurem rigor e neutralidade, é difícil vê-las sem um aspecto psicológico que faça pender a balança para um ou outro lado.

Considerando as chances, 50% para cada lado, resta o apelo agnóstico que diz não conhecer Deus, simplesmente. Ele afirma:

(iii) Não creio que Deus exista (ou “não creio em Deus”).

Mas seu apelo só terá sentido se houver a contraparte:

(iv) Não creio que Deus não exista (ou “não creio em não-Deus”).

Pois afirmar (iii) e negar (iv) é afirmar (ii). Isto não será mais agnosticismo, porém ateísmo. Pender para um dos lados (como num pouco provável “tendo a crer em Deus” ou no mais comum “tendo a crer em não-Deus”), embora me seja psicologicamente compreensível, é intelectualmente desonesto se significa uma simples fuga do ônus da prova (como pretende a “presunção de ateísmo”, ver Definição de ateísmo).

Um agnóstico coerente, portanto, não considerará irrelevante a questão se Deus existe ao mesmo tempo em que não lhe dará peso excessivo. Não viverá como se Ele não existisse, mas também não considerará que Ele o está a observar. Não sonhará com o céu nem temerá o inferno, mas também não ignorará esperança ou temor. Chamará teístas e ateus igualmente de irracionais por sua fé sem provas. Mas a dúvida e a incerteza, como as do cético, serão suas companheiras...

Mas, ora, eu ainda não conheci um agnóstico coerente sequer, assim como não conheci qualquer cético que se cale! O agnóstico que conheço pode viver, e de fato vive, como um ateu. Pois, ora vejam, ele é um ateu. Apenas que renunciou aos debates quanto à racionalidade de sua crença no não-Deus. E, assim, que viva como o ateu que é, porém não acuse o teísta de irracionalidade, pois isso nunca passará de mal disfarçada desonestidade intelectual (qualquer semelhança com os novos ateus não é mera coincidência).

A quem cabe o ônus da prova? Ninguém, enfim, a terá, mas de sua fé vivem todos. O insensato ateu para hoje, aqui e agora, comendo e bebendo, pois amanhã morrerá. Porém o justo, aquele a quem Deus justificou, este de Deus mesmo recebeu uma fé e também uma vida de um outro tipo. De um tipo de fé que olha e vê o que os olhos não vêem. De um tipo de vida que é da eternidade amiga. De uma fé que vê e já vive as primícias da vida na bem-aventurança eterna do porvir diante da Presença, coram Deo...

SOLI DEO GLORIA!


Postado por Roberto Vargas Jr., no blog 5 Calvinistas



A controvérsia tem início com Pedro Pelágio, nascido na Irlanda em 354, que afirmava que somos capazes de obedecer. Sua posição foi uma reação a uma oração de Agostinho, que dizia "concedes o que ordenaste". Para ele, se Deus dá o que exige de nós, qual o mérito da obediência? Para Pelágio, a natureza humana é inalteravelmente boa e todos os homens são criados como Adão antes da queda, portanto nós somos capazes de evitar o mal e pode haver homens sem pecado. Como não herdamos a natureza pecaminosa, a graça pode até ajudar a fazer o bem, porém não é necessária para alcançar a bondade. Enfim, a graça não acrescenta nada à natureza humana, pelo contrário, é obtida por mérito.

Aurélio Agostinho, também nascido em 354 no Norte da África, opôs-se ferozmente às idéias de Pelágio, afirmando que somos incapazes de obedecer. Enquanto o monge irlandês negava as conseqüências da queda, Agostinho as enfatizava. Para ele, o homem fez mau uso de seu livre-arbítrio e destruiu a si mesmo e a sua descendência. Pela queda, o homem perdeu a liberdade, teve sua mente obscurecida, perdeu a graça que o assistia para o bem, adquiriu uma tendência para o pecado, tornou-se fisicamente mortal e passou a ter culpa hereditária. Dessa forma, o único jeito do homem ser recuperado desse estado de completa ruína é pela graça de Deus. Para Agostinho, essa graça era livre, visto que não é merecida nem conquistada, indispensável pois é a condição sine qua non da salvação, preveniente pois deve vir antes do pecador se recuperar, irresistível porque cumpre o propósito de Deus em dá-la e infalível porque a liberação da graça é sem falha.

Com a condenação dos ensinos de Pelágio no concílio Geral de Cartago, em 418, a controvérsia chegaria ao fim, não fosse os semi-pelagianos, liderados por João Cassiano, terem continuado a oposição a Agostinho, agora afirmando que somos capazes de cooperar. Cassiano insistia que embora a graça fosse necessária à salvação é o homem, e não Deus, que deve desejar o bem. Assim, a graça é dada a fim de que aquele que começou a desejar seja assistido e não para dar o poder de desejar. Para ele, o início das boas ações, bons pensamentos e fé, entendidos como preparação para a graça, é do homem. Portanto, a graça é necessária para a salvação final, mas não para dar a partida.

No alvorecer da Reforma, Martinho Lutero, nascido em 1483 na Alemanha, revive o agostianismo, afirmando que somos cativos do pecado. Seu livro "De servo arbitrio" é uma resposta a Erasmo de Roterdã, pensador católico romano que definiu o livre-arbítrio como "um poder da vontade humana pelo qual um homem pode se dedicar às coisas que o conduzem à salvação eterna, ou afastar-se das mesmas". Lutero nota que a definição de Erasmo não requer a graça para o homem se voltar para o bem ou para Deus. Em oposição a essa definição, afirma que o livre-arbítrio sem a graça de Deus não é livre de forma nenhuma, mas é prisioneiro permanente e escravo do mal, uma vez que não pode tornar-se em bem. Para Lutero, o livre-arbítrio do homem serve apenas para levá-lo à prática do mal e para a salvação sua dependência da graça é absoluta.

Talvez o nome mais relacionado à controvérsia sobre predestinação e livre-arbítrio seja o de João Calvino, nascido em 1509 na França. Sua ênfase sobre o tema pode ser resumida na expressão somos escravos voluntários. Para ele, quando a vontade humana está acorrentada ao pecado, ela não pode fazer sequer um movimento em direção à bondade, quanto menos persegui-la com firmeza. Calvino sempre procurou preservar a glória divina, por isso, no que concerne ao assunto, afirmou que o homem não pode apropriar-se de nada, por mais insignificante que seja, sem roubar de Deus a honra. Quanto ao homem, afirma que tendo sido corrompido pela queda peca não por propulsão violenta ou força externa, mas pelo movimento de sua própria paixão; e ainda, é tal a depravação de sua natureza que ele não pode mover-se e agir a não ser em direção ao mal. Calvino enfatiza a total dependência do homem da graça dizendo que é obra do Senhor renovar o coração, transformando-o de pedra em carne, dar a tanto a boa vontade como o resultado dela e colocar o temor ao Seu nome em nosso coração para que não retrocedamos.

Tiago Armínio, nascido em 1560 na Holanda, ensinava que somos livres para crer. Embora a controvérsia sobre arminianismo e calvinismo tenham colocado Armínio e Calvino em lados opostos, a verdade é que eles tem muito mais pontos em comum que divergentes. O ponto de afastamento é que Armínio considera que a graça pode ser resistida. Para ele, a graça é uma condição necessária para a salvação, mas não uma condição suficiente. Ou seja, sem a graça o homem é incapaz de aceitar a salvação, mas com a graça ele ainda é capaz de rejeitá-la.

Um ano após a morte de Armínio, seus seguidores, chamados Remonstrantes, apresentaram um protesto composto de cinco pontos, nos quais afirmavam que Deus elege ou reprova com base na fé ou incredulidade previstas, Cristo morreu por todos e cada um dos homens, embora só os crentes sejam salvos, o homem é tão depravado que a graça é necessária para a fé ou para a boa obra, mas essa graça é resistível e se o regenerado vai certamente perseverar requer maior investigação. Esses pontos foram respondidos no Sínodo de Dort, originando os chamados "Cinco Pontos do Calvinismo".

Em 1821, o advogado americano Charles Gladison Finney, nascido em 1792, converte-se ao cristianismo. Ele afirmava que não somos depravados por natureza. Para ele, se a natureza é pecaminosa, de tal forma que a ação é necessariamente pecaminosa, então o pecado em ação deve ser uma calamidade, e não pode ser crime, uma vez que a vontade do homem nada tem a ver com ele. Quanto a regeneração, ele a torna dependente da escolha humana, dizendo que nem Deus, nem qualquer outro ser, pode regenerá-lo se sua vontade não mudar de direção. Se ele não mudar a sua escolha, é impossível que ela possa ser mudada. Afinal, para Finney, a regeneração é mera mudança de escolha e de intenção. Ele negava que a regeneração envolvesse mudança na constituição da natureza humana. Em suma, o homem opera a sua própria regeneração.

Os cristãos modernos alinham-se a uma ou mais dessas ênfases. A igreja romana nunca deixou de afagar seu semi-pelagianismo latente. O arminianismo moderno é essencialmente remonstrante, de uma forma que até Armínio reprovaria. Os calvinistas atuais mantém as posições de Agostinho, Lutero e Calvino, conforme expressas nos Cânones de Dort. Infelizmente, Elvis pode ter morrido, mas Pelágio e Finney continuam vivos entre evangélicos.

PS.: Devo muito a R. C. Sproul na preparação desse resumo histórico.


Autor: Clóvis Gonçalves é blogueiro do Cinco Solas e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.
Fonte: Vemver Textos



Cerca de 50,68% dos pastores e líderes nunca leram a Bíblia Sagrada por inteira pelo menos uma vez. O resultado é fruto de uma pesquisa feita pelo atual editor e jornalista da Abba Press & Sociedade Bíblica Ibero-Americana Oswaldo Paião, com 1255 entrevistados de diversas denominações, sendo que 835 participaram de um painel de aprofundamento. O motivo é a falta de tempo, apontaram os entrevistados.

Oswaldo conta que a pesquisa se deu através de uma amostragem confiável e que foi delimitada. Segundo ele a falta de tempo e ênfase na pregação expositiva são os principais impedimentos. “A falta de uma disciplina pessoal para determinar uma leitura sistemática, reflexiva e contínua das escrituras sagradas e pressão por parte do povo, que hoje em dia cobra por respostas rápidas, positivas e soluções instantâneas para problemas urgentes, sobretudo os ligados a finanças, saúde e vida sentimental”, enumera Oswaldo.

A maioria dos pastores corre o dia todo para resolver os problemas práticos e urgentes dos membros de suas igrejas e os pessoais. Outros precisam complementar a renda familiar e acaba tendo outra atividade, fora a agenda lotada de compromisso. Os pastores da atualidade, em geral, segundo Paião, são mais temáticos, superficiais, carregam na retórica, usam (conscientemente ou não) elementos da neurolinguística, motivação coletiva, força do pensamento positivo e outras muletas didáticas e psicológicas. Oswaldo arrisca dizer que muitos "pastores precisam rever seus conceitos teológicos e eclesiológicos, sem falar de ética e moral, simplesmente ao ler com atenção e reflexão os livros de Romanos, Hebreus e Gálatas. E antes de ficarem tocando Shofar e criando misticismo, deveriam ler a Torá com toda a atenção, reverência e senso crítico".

Fonte: Imbituba Gospel
Via: Bereianos



Talvez eu deva começar por explicar que eu entendo um (ofensivo) argumento ad hominem como um erro lógico. Não há nenhuma razão para pensar que nós temos refutado alguém nas discussões simplesmente porque temos energicamente as atacado pessoalmente. Há também outro erro, de perto relacionado com o ad hominem, denominado "Bulverismo" por C.S. Lewis. [1] Ele indicou a tendência moderna de dispensar uma discussão em terrenos não mais férteis do que o fato de que você explicar como teu adversário veio a crer [nesse argumento]. Mas disto não se depreende que há conexão entre o estilo de vida e a verdade. É insuficiente sustentar que o ateísmo de Jones pode não ser verdadeiro porque ele chuta seu cachorro. Se ele propõe os argumentos, então os argumentos devem ser endereçados. Um método apologético completo endereçará os argumentos, enquanto que ao mesmo tempo entendida e levada em conta sua fonte.

Como cristãos, nosso objeto intelectual é pensar os pensamentos de Deus. Nosso objetivo não deve ser uma falsa "originalidade" humanística, mas talvez num sentido de submissão às coisas do modo que elas são. Isso ocorre porque cremos que o mundo é como é por causa do Criador e Sustentador de todas as coisas. Mas se a verdade é para ser encontrada por submissão à verdade de Deus, então ela não se torna uma questão de opinião se alguém se arroga ter encontrado a verdade, mas está vivendo em aberta afronta à lei de Deus?

Por exemplo, Karl Marx se dedica a uma discussão prolongada, aguda e amarga com a realidade.[2] O poeta Shelley era um existencialista [3]. O filósofo Jean-Paul Sartre era um notório explorador de mulheres. A mais notável foi sua amante, Simone de Beauvoir. "Em todos os elementos essenciais, Sartre a tratou não melhor do que Rousseau fez à sua Therese; o pior, porque ele foi notoriamente infiel. Nos anais de literatura, há poucos casos piores de um homem explorado uma mulher. Isso tudo é o mais extraordinário porque de Beauvoir foi uma feminista por toda a vida."[4] Não seria de todo difícil encher um volume com nomes de homens e mulheres que sacudiram seus punhos ao céu com menos do que motivos altruístas.[5]

Agora, é bem verdade que os padrões éticos de um homem não têm um suporte direto na sua concepção de que 2 + 2 = 4, ou de que o sol nasce no leste. Mas suponha que o assunto em debate é a existência de um Juiz. O debate está em que há Um que pesará e avalia o pensamento e feito dos filhos de homens, e lançará o que o Odeia à escuridão exterior. É o estilo de vida dos participantes realmente irrelevante? Em outras palavras, o acusado é qualificado para dar juízos acerca do existência do Juiz?

O coração do problema é o coração. "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos..." (Rom. 1:18-22).[6]

Um problema moral (recusa para glorificar a Deus como Deus, e recusa para graças a Deus) é a causa de um problema intelectual. Não há outro caminho ao redor. Nossa condição ética não pode ser preservada e protegida pelo intelecto. Os dois estão conectados, mas não no caminho que os cristãos freqüentemente supuseram. Nós somos para proteger nosso intelecto através de nossa posição ética diante de Deus.[7] A razão pela qual o incrédulo não crê não tem nada a ver com falta de argumentos. Sua falta de desejo para ouvir os argumentos sobre a verdade do cristianismo, um tanto, é o resultado da incredulidade.

Às vezes levamos a apologética evangelística como se os homens não regenerados não amassem seu pecado. Nós falamos e agimos numa defesa intelectual da fé, no entanto, que de alguma maneira dêao rebelde um desejo para a santidade. Não é assim. Nós discutimos com eles, supondo que eles quererão se submeter a esta verdade, se somente eles souberem que isto seja a verdade. Mas eles sabem que isto é verdadeiro, e eles não querem se submeter à verdade (Rom. 1:28). Neste ponto, muitos evangelistas e talvez os apologetas são tentados a recorrer ao desespero. Tal como Ezequiel, eles são incertos acerca da eficácia de profetizar aos ossos. Mas veremos isso em breve.

O intelecto é proteção insuficiente para a moralidade. Mas a obediência protege o intelecto. Credo ut intelligam. Se eu recuso a fazer o que creio, então no final estou recusando a compreender. O testemunho da Escritura é que a rebelião ética produz escuridão intelectual. É falso dizer que nós podemos proteger nossas vidas com argumentos; nós protegemos, um tanto, a integridade e a confiabilidade do argumento pelo modo como vivemos nossas vidas. Em resumo, o desobediente eventualmente procurará por argumentos que lhe justificarão a sua desobediência. Porque nenhum argumento pode ser ao mesmo tempo verdadeiro e válido, em pouco tempo o rebelde começará a atacar o próprio argumento, i.e. "Falsas categorias aristotélicas etc." [8] cristianismo é rejeitado inicialmente em nome da razão mas, além do cristianismo, a razão cai para um desespero irracional.

Essa é a razão pela qual um reavivamento da santidade produzirá sempre um reavivamento da aprendizagem. Não flui na mão inversa; a aprendizagem não produz a santidade. O conhecimento infla, mas o amor fortalece, e dentre as coisas que se fortalecem está o conhecimento. Essa é a razão pela qual também um abandono da santidade ao final destruirá a aprendizagem. O processo começa com a loucura disfarçada como escolaridade e aprendizagem, i.e. a loucura, está enfeitada com notas de rodapé.[9] Finalmente, quando a falência se tornar evidente a todos, então a própria escolaridade será denunciada.

Modo

Dado este relacionamento entre a santidade e o intelecto, o modo com o qual nós expomos em nossa apresentação da verdade é importante. Em II Timóteo 2:23-26 somos instruídos para instruir "em humildade" a quem se opuser a nós, com a esperança de que Deus lhe conceda o arrependimento. O Deus soberano usa meios na salvação do rebelde, e um dos meios é a humilhante instrução do justo. Particularmente, o apologeta dever cultivar duas coisas em sua conduta ao mesmo tempo em que fala com aqueles que estão nos moldes de Romanos 1. Sua conduta deve se endereçar às duas áreas identificadas nessa passagem como sendo o coração do problema, i.e. a recusa para dar honra a Deus como Deus, e o recusa para lhe dar graças.

Primeiro, o apologeta deve se encher com uma compreensão da majestade de Deus. Se a rebelião daquele que está diante de você vem de uma teimoso cegueira dessa majestade, então como ele pode ser ajudado por um evangelista com o mesmo problema? A futilidade, a vulgaridade e a tolice que caracteriza muito do cristianismo evangélico não estará com o sucesso rebocado com a cal de uma discussão. Por que em nossas modernas declarações da verdade evangélica falta o tom triunfante e majestoso do profeta Isaías? "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento." (Is 40:28). Essa é a convicção do escritor de que sente que a grandeza de Deus está perdida na igreja em geral por causa da rejeição difundida da compreensão bíblica de quem Deus realmente é. Nada esvazia um homem de si mesmo o bastante como o fato de que Deus é Deus em tudo, e não pode ser substituído por qualquer criatura, incluindo-se a salvação da mesma.[10]

Segundo, o apologeta deve ser preenchido com ação de graças e gratidão. Novamente, porque a rebelião do homem está enraizada numa recusa em dar graças a Deus, quanto mais ele estiver evidente para cristãos gratos, melhor. O mistério da gratidão começa bem no princípio. Quem entre nós não tem visto alguns sujeitos emburrados, crianças rebeldes recusando-se a agradecer um adulto por alguma ou outra coisa? Há alguma coisa na natureza pecaminosa do homem que não quer a gratidão, e dizer "muito obrigado" para Deus seria uma indicação intolerável de gratidão.[11]

Se estas duas atitudes são evidentes, então elas seriam usadas por Deus para convencer o ouvinte de seu problema básico. Não é dizer que aquelas palavras não tenham importância. As palavras de verdade são o prego que deve ser dirigida ao coração. A submissão do evangelista para Deus como Deus, junto com seu agradecimento, é o martelo. Quem bate o martelo é o Espírito Santo; Ele é o Único que concede o arrependimento.

Conteúdo

É vital lembrar que o evangelismo, e por conseguinte a fiel apologética, pode ser dividido em dois aspectos: lei e evangelho (não confundir com a distinção dispensacionalista ou luterana). Muito do evangelismo moderno não dá fruto simplesmente porque estes elementos são negligenciados, ou torcidos.

Quando a lei vem para um homem não regenerado, ela sempre faz duas coisas: ele o reconhece como verdadeiro, e ele o odeia como verdadeiro. Não é nossa posição procurar persuadi-lo de que ele tem uma obrigação de honrar a Deus como Deus, e para Lhe agradecer. Ele já sabe. É uma verdade a qual ele está suprimindo na impiedade. Por conseguinte, o indivíduo ouve a lei em todo lugar: na Criação, em seu próprio coração mau, e do evangelista.[12]

Em outras palavras, não procuramos ganhar a pessoa a quem estamos testemunhando para concordar verbalmente com a visão bíblica do homem. Ele é o caminho que Deus fez, concorde ele com isto ou não. Assim nós devemos assumir a visão bíblica do homem. Nós falamos nessa base. Como nós falamos, nós sabemos que quem ouve sabe, em algum nível, que falamos a verdade. Isso é verdadeiro, no entanto, muito disso ele suprimiu. Está na base disso que Deus julga os homens que rejeitam o evangelho. Eles o rejeitaram, sabendo isto ser verdadeiro.

O conteúdo de nossa comunicação deve girar em torno de duas coisas: outra vez, há dois pontos aos quais os homens se rebelam. Primeiro, não devemos ser hesitantes ao falar de Deus como Deus. Ele é o Criador soberano e Suporte de todas coisas. Não devemos falar de um Poder Superior, embora ele ou ela possam conceber assim. Nós somos cristãos que servem o Pai do Senhor Jesus Cristo, não adeptos de uma Benevolência Indistinta no Céu. Mas como falamos de Deus, deve estar claro que estas palavras contêm definições muito claras, e essas definições não lisonjeiam o homem. Deus sabe de tudo: Ele supervisiona tudo; Ele trouxe tudo à existência; Ele é santo, justo e bom; Ele é um Juiz severo e um Salvador amoroso; Ele está presente em todo lugar; toda terra está cheia da Sua glória; por Ele, por Ele , e para Ele são todas as coisas. Os vinte e quatro anciãos precisam passar mais tempo contemplando (Ap 4:10-11).

Segundo, devemos enfatizar, explicitamente, as obrigações de todas as criaturas para dar os agradecimentos a Deus. Tudo que tem fôlego tem sido para elogiar o Senhor (Sl 150:6). Muitas vezes os cristãos afirmam que Deus é o Criador, sem se cuidar de aplicar a óbvia resposta ética - ação de graças. Suponha, por um momento, que déssemos a todos os engenheiros e cientistas do mundo um colossal orçamento e a tarefa seguinte: criar uma mão habilidosa, com todos os opcionais. Uma mão na qual cresceriam calos quando usada, que repara a si mesmo quando se corta, que se movimenta com a destreza de um ilustre pianista, e assim por diante. Eles não a poderiam fazer com todos os recursos do mundo. E ainda, aqui estou sentado em frente ao meu processador de texto, digitando com duas destas coisas. E elas foram dadas a mim. De graça.

Nós, como criaturas, tenha uma obrigação de dar graças a Deus. Aqueles em rebelião que não dão graças a Deus precisam ser lembrados da obrigação. Deus é Deus; Ele não é como nós. Deus é o bem; Ele diariamente dá para cada um de nós, cristãos e não-cristãos, muito mais presentes do que poderíamos manter a perder de vista (Mateus 5:45).

Tal como atestamos estas coisas, o testemunho tem a força de lei. Isso é o que a lei supostamente deveria fazer, para evidenciar e revelar a transgressão (Rm 3:20; 5:20). Ela condena. Não está imaginando que estas verdades são suprimidas. Para não-cristãos, ainda não há nenhuma boa notícia.

Depois da lei vem o evangelho. A mensagem da cruz e ressurreição reconcilia os pecadores para com Deus, e parte desta reconciliação é o dissipar da escuridão intelectual. A inutilidade de pensar vai embora porque a dureza do coração que a produzia se foi. Duros corações são feitos para cabeças moles. Porque o Espírito de Deus tira o coração de pedra, o caminho que o homem concebe é alterado para sempre. Tudo não é feito imediatamente, mas o processo começou. Porque a rebelião acabou, o processo de renovação da mente está estabelecido (Rm 12:1-2).

Intelectualismo Frio?

I Pedro 3:15 ensina: "antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós." Boas razões e boas defesas vêm de bons corações. Se eu estou somente preparado intelectualmente, eu não estou preparo intelectualmente. [13] O representante do cristianismo deve ter "santificado" o Senhor em seu coração, uma boa consciência, e então ele deve dar sua defesa, e sua razão para a esperança. Se aquele que fala não tem santificado o Senhor em ele coração, não tem uma boa consciência. É por isso que ele está em escuridão intelectual.

Como acima mencionado, a dicotomia popular entre mente e coração é falsa. Mas para usar os termos por ela sugeridos por um momento, se alguém que concebe a religião do coração rejeita a importância da "doutrina", o problema não está em sua mente. O problema está em seu coração; não está dando fruto. Isso ocorre porque se um homem santifica o Senhor em seu coração, o resultado será a defesa e as razões [de defesa].

E se um apologeta cristão, que está "em sintonia com a doutrina", vive uma vida de distorção ética, então o problema em seu coração provavelmente se desenvolverá em seu pensamento.[14] Nós não podemos dissociar uma parte de nós da outra. Quando as pessoas saem de um equilíbrio bíblico, eles perdem muito do que julgam ser a parte mais importante. Os fariseus adoravam a lei, mas na realidade, a destruíram. Os piedosos dizem que nós devemos nos concentrar no coração, mas o resultado é um coração que não produz os frutos que deveria produzir. Em nome de limpar os corações, eles produzem corações podres. Nossos irmãos mais intelectuais negligenciam o coração, e por conseqüência negligenciam, na verdade, a mente. Em nome de mentes ajustadas, eles destroem as bases e fundação de tudo pensamento limpo, o qual é a obediência na prática. [15]

Conclusão

A Bíblia ensina que a escuridão intelectual é o resultado da rebelião, não a sua causa. Aqueles que foram tirados da escuridão tem uma responsabilidade de falar àqueles que ainda nela estão. Como eles falam é vital para perceber a fonte da escuridão intelectual, e para dirigi-la através da conduta do orador, e o conteúdo do que é dito.

Se o apologeta expõe o caráter de Deus e demonstra gratidão ao mesmo, então é de longe mais provável que a misericórdia de Deus será demonstrada. Estas duas verdades devem transbordar dentro do conteúdo do que é dito. Até isso acontecer, nós não veremos o que tem estado ausente do cristianismo evangélico por centenas de anos: apologetas em chamas.

NOTAS

[1] Lewis, C.S., Deus no Banco dos Réus (Grand Rapids: Eerdmans, 1970), pp. 271-277.
[2] Eu creio que Marx é um bom exemplo vivo dos dois princípios fundamentais dos ateus: (1) Não há nenhum Deus, e (2) Eu O odeio.
[3] Johnson, P., Intelectuais (Nova Iorque: Harper and Row, 1988) p. 46.
[4] Ibid., p. 235.
[5] Não seria difícil encher outro volume com nomes de cristãos professos cuja vida foi menos do que admirável. Mas o problema da hipocrisia é totalmente diferente. O ateu imoral é relutante para viver com a tensão lógica no meio de suas premissas e de seu estilo de vida; ele quer que ambos sejam compatíveis. O "cristão" imoral é inclinado a ser inconsistente.
[6] Gordon Clark vê este mesmo processo em II Timóteo 3:8. Os falsos mestres eram "deteriorados intelectualmente". Clark, G., Epístolas Pastorais (Jefferson: Fundação Trinitariana, 1983), p. 173.
[7] Alguns têm procurado se proteger do pecado por vislumbrar as suas conseqüências finais. Isso é bem bíblico (Pv 5:1-23), mas há outros lugares para enxergar além dos tribunais de divórcio e das escorregadas. Eu tenho encorajado a mim mesmo para ter um comportamento mais santo e moral tendo em vista a loucura intelectual que tenho visto numa universidade estadual das redondezas. Lá, o expurgo da intelectualidade.
[8] Evidentemente, o ataque de um argumento é si mesmo um argumento.
[9] Os dois melhores exemplos de loucura defendidos por alunos são o marxismo e evolucionismo. Aqui temos duas teologias claramente ridículas, e os sacerdotes destas religiões estão lecionando em nossas melhoras universidades. Como muitas vezes observado, o último baluarte do marxismo no mundo parece ser as universidades estadunidenses.
[10] A teologia bíblica, devidamente compreendida, é uma fé alegre, vitoriosa, militante, conquistadora. Isto ocorre por causa da própria compreensão de quem Deus é, e do que Ele fez na cruz e na ressurreição de Cristo.
[11] Você reparou como nossa cultura mal-agradecida não saber o que fazer com [o dia de] Ação De Graças? Eles querem que seja o Dia do Peru.
[12] A doutrina da depravação total do homem não refere a sua incapacidade para reconhecer a lei de Deus. Isto se refere à incapacidade para reconhecê-la e amá-la ao mesmo tempo. Ela pode amar, provendo o que ela não entende (zelo sem conhecimento), ou pode entender ao mesmo tempo que a odeia (a mente pecaminosa é hostil para com Deus). Mas ela não pode, sem a intervenção do Espírito, entender a lei e o amor em conjunto.
[13] Este ponto é muitas vezes mal entendido pelos evangelistas "pietistas". Eles estabelecem uma falsa dicotomia entre o coração e a mente. Afirmam que somente o coração é importante, e então buscam se apoiar em Jesus. Mas bons corações produzirão fruto intelectual. Para contrariar, como eles fazem, o "intelectualismo" em nome da religião-coração, é como um fazendeiro não concordando com maçãs ligadas a macieiras. A piedade verdadeira sempre produzirá aprendizagem verdadeira.
[14] Uma vez escrevi uma carta para um pastor, fazendo uma consideração muito parecido com esta. Ele e sua igreja foram para o que eles chamaram sintonia doutrinária. Em vez de indicar a deficiência de amor, a qual seria um carga da qual eles não duvidam que exista, eu indiquei uma deficiência doutrinária - o ponto de vista de Escritura indicada através de sua desobediência. Eu recebi uma resposta da carta do com um termo de significado escatológico estampado por todos os lados.
[15] Se um homem não obedece a Deus da mesma maneira com a qual ele trata sua mulher, então por que iria obedecer a Deus do modo como ele pensa? A rebelião tolerada em qualquer lugar se espalhará por todo lugar.


Tradução por Cleber Olympio
Fonte: CRTA
Via: Bereianos