A escatologia bíblica tem como objetivo estudar tudo o que está relacionado com o fim da história da humanidade na Terra. Não se limita ao retorno pessoal e visível do mesmo Jesus que já veio uma vez para consumar o plano de Deus na Terra com a ressurreição dos mortos, o juízo final e a inauguração do Reino eterno. Sobre esse fato central, nunca houve divergências fundamentais entre a maioria daqueles que se consideram verdadeiros cristãos (que creem na inspiração sobrenatural das Escrituras, na encarnação, morte e ressurreição de Jesus e na necessidade de um novo nascimento).

As divergências surgem quando se fala dos outros acontecimentos preditos na Bíblia que devem ocorrer antes e/ou depois da volta de Jesus, tais como uma grande tribulação, maior que qualquer outra já experimentada pelo povo de Deus (Dn 12.1; Mt 24.21), o surgimento de um anticristo, também chamado de besta (Ap 13.4) ou homem do pecado (2 Ts 2.3), e um período de mil anos (chamado milênio), durante o qual Satanás será preso e as fiéis testemunhas de Jesus reviverão e reinarão como sacerdotes com Cristo sobre a Terra (Ap 20.1-6).

Dentre várias outras questões, as maiores discussões históricas têm sido a respeito do milênio (se é um período literal ou simbólico e se ocorrerá antes ou depois da Segunda Vinda) e, mais recentemente, sobre a tribulação (se a Igreja estará na Terra nesse tempo ou se Jesus virá secretamente para arrebatá-la antes).

De forma bem resumida, vou apresentar as quatro linhas mais conhecidas de interpretação escatológica e o período em que cada uma surgiu na história da Igreja.

1. Pré-milenismo histórico

Durante os primeiros quatro séculos da história da Igreja, de acordo com vários documentos da época (como o Didaquê e a Epístola de Barnabé), predominava o que é conhecido como pré-milenismo, ou seja, a perspectiva de que Jesus voltará depois do período final de tribulação e antes do milênio de paz e justiça sobre a Terra. Somente depois desse milênio é que começará o Reino eterno.

Como já estavam sofrendo muitas perseguições, os cristãos primitivos entendiam que tribulação e sofrimento eram experiências “normais” para os discípulos de Jesus. Os líderes mais destacados, conhecidos como pais da Igreja, procuravam prevenir e preparar os cristãos para o sofrimento maior que estava por vir. Ao falar sobre o milênio, alguns o descreveram em termos bem terrenos, como uma época em que haveria grande prosperidade, abundância de frutos e harmonia na criação (como, por exemplo, Pápias, bispo de Hierápolis, na Frígia, início do segundo século).

Não havia unanimidade sobre o milênio, porém. Um dos pais do segundo século, Justino Mártir, mencionou o fato de que nem todos acreditavam em um milênio literal depois da vinda de Cristo, e que esse não era um ponto fundamental da fé cristã.

Apesar de o pré-milenismo ter sido a visão predominante, naquela época foram plantadas várias sementes que prepararam o caminho para as fortes mudanças que viriam a partir do quarto século. Talvez, a influência mais forte, responsável, pelo menos em parte, pelos demais fatores de mudança, tenha sido a filosofia grega, em geral, e o gnosticismo, em particular. Embora vários líderes e pensadores cristãos tratassem de combater essa tendência, outros tentavam abertamente aproveitar o pensamento grego e conciliá-lo com o cristianismo.

Uma das ideias gregas que mais contaminou o cristianismo foi a de que a matéria é má por natureza e que precisamos livrar-nos do corpo e do mundo material para alcançar perfeição num Céu que é totalmente espiritual e transcendental.

Outro fator de mudança, decorrente em parte desse desprezo por tudo o que é terreno e visível, foi a introdução da interpretação alegórica das Escrituras. Como o Velho Testamento (que até meados do segundo século depois de Cristo era a única Bíblia da Igreja) fala muito de um povo natural e do reino na Terra, alguns pais do segundo século (dentre os quais, destacam-se Clemente e Orígenes) começaram a transformar essas passagens em alegorias para evitar os conflitos que uma interpretação mais literal poderia trazer. O Velho Testamento passou a ser visto, cada vez mais, não como uma parte importante do plano de Deus, mas apenas como uma história simbólica cheia de figuras das verdades espirituais e invisíveis.

O terceiro fator foi o distanciamento entre a Igreja e os judeus. Embora os primeiros cristãos fossem todos judeus, depois da abertura para os gentios, a Igreja foi aos poucos se desligando de suas raízes originais. Houve várias causas para isso, uma das quais foi a destruição de Jerusalém em 70 d.C. O método de interpretação alegórica também contribuiu, fazendo com que os cristãos desprezassem a história da nação de Israel e o entendimento judaico das revelações de Deus. Isso preparou o caminho para a Igreja se considerar o novo Israel de Deus, herdeira de todas as promessas do Velho Testamento (num sentido espiritual), deixando Israel como povo e nação completamente fora.

2. Amilenismo

Como resultado dos três fatores citados acima, veio uma nova visão escatológica conhecida como amilenismo. O maior responsável por torná-la predominante na Igreja foi Agostinho (354-430 d.C.). Como alguns de seus antecessores e contemporâneos, ele não conseguia aceitar a ideia de um milênio com prazeres terrenos defendida pelo pré-milenismo. Usando o método de interpretação alegórica, Agostinho explicou o milênio de Apocalipse 20 como um período simbólico que representava o Reino que Jesus inaugurou em sua primeira vinda. Como resultado da vitória de Cristo na cruz, Satanás (o homem valente de Mt 12.29) foi preso no sentido de não mais poder impedir o avanço do Reino para todas as nações.

Com o fim da perseguição da Igreja no quarto século, a expectativa do cumprimento das profecias apocalípticas ficou mais distante. O Apocalipse começou a ser interpretado como uma visão da história da Igreja e não somente do tempo do fim.

O termo amilenismo, que só começou a ser usado no século 20, vem do conceito de que não haverá um reino de Jesus aqui na Terra. O milênio está acontecendo agora no reino espiritual, desde a primeira vinda de Jesus, e terminará quando ele voltar para ressuscitar os mortos (justos e injustos), trazer o juízo final e introduzir o Reino eterno.

Essa perspectiva escatológica foi a que mais perdurou em toda a história da Igreja. Foi adotada pela Igreja Católica desde o tempo de Agostinho, pela Igreja Ortodoxa e pelas igrejas da Reforma (de Lutero, Calvino e outros). Mesmo assim, sempre houve grupos dissidentes e minoritários dentro e fora das igrejas institucionais que acreditavam em alguma forma de pré-milenismo.

Embora não possa ser considerada uma característica obrigatória do amilenismo, é correto dizer que, tanto na história católica quanto na protestante, os amilenistas geralmente não alimentavam muita expectativa da volta de Cristo. Havia pouca menção da Segunda Vinda e pouca expectativa de qualquer mudança na Igreja antes disso.

3. Pós-milenismo

Outra linha de pensamento, chamada pós-milenismo, surgiu no século 17 com Daniel Whitby da Inglaterra, mas alcançou mais destaque no período do Primeiro Grande Despertamento a partir da década de 1730. Jonathan Edwards foi o maior responsável por torná-la conhecida e respeitada.

A grande novidade do pós-milenismo era a visão de uma igreja triunfante em toda a Terra antes da volta de Jesus. De acordo com eles, o milênio não foi inaugurado com a primeira vinda de Jesus (conforme ensinam os amilenistas), mas começaria de forma gradativa, em algum momento na presente era, por meio de intervenções do Espírito Santo (avivamentos) que levariam a Igreja a cumprir integralmente sua missão de discipular as nações (Mt 28.19) e estender a autoridade de Jesus a todos os povos. Dessa forma, o Reino permearia toda a massa e encheria a Terra, exatamente como Jesus explicou nas parábolas do fermento e do grão de mostarda (Mt 13.31-33).

O nome pós-milenismo se refere à perspectiva de que a volta de Jesus seria depois do milênio, o período de triunfo mundial da Igreja. De todas as linhas escatológicas, essa é considerada a mais otimista, no sentido de crer que o mundo será transformado pela Igreja nesta era. Foi a visão predominante na igreja norte-americana e inglesa durante os séculos 18 e 19.

Embora tenha sido rejeitada pela maioria da Igreja a partir do século 20 (em grande parte por causa das guerras mundiais e da percepção de que o mundo não estava sendo transformado pela Igreja), o pós-milenismo foi responsável pelo período de maior engajamento da Igreja na transformação da sociedade, combatendo a escravidão, a injustiça, a pobreza, a discriminação das mulheres e muitos outros males. Foi uma época de grandes avivamentos e expansão missionária. Sem dúvida alguma, a visão do plano de Deus afeta nossa escatologia, e a escatologia afeta nossa prática!

No lado negativo, muitos pós-milenistas, a partir do século 19, adotaram uma visão natural de transformação gradativa do mundo por meio de um evangelho social, sem muita ênfase no poder e na intervenção do Espírito Santo.

4. Pré-milenismo dispensacionalista

No século 19, houve um retorno ao pré-milenismo, porém com algumas diferenças fundamentais em relação ao pré-milenismo histórico dos primeiros séculos. Esse novo pré-milenismo, que seria conhecido como dispensacionalista por dividir o plano de Deus na Bíblia em etapas bem distintas chamadas dispensações, levou várias décadas para ser mais aceito e só se tornou a visão escatológica predominante nas igrejas evangélicas no século 20.

A semelhança entre as duas linhas de pré-milenismo é que ambas interpretam o milênio de Apocalipse 20 como um período literal em que Jesus reinará na Terra depois da Segunda Vinda. A diferença é que o pré-milenismo dispensacionalista coloca uma vinda secreta de Jesus antes da tribulação, em que a Igreja será arrebatada para o Céu. Durante a tribulação e o domínio do anticristo, a nação de Israel será preparada para aceitar o Messias e ser a base do Reino milenar. Assim, haveria dois planos de Deus para dois povos distintos: um reino espiritual para a Igreja no Céu e um reino terreno para Israel na Terra. A Segunda Vinda ocorreria em duas etapas, uma secreta para arrebatar a Igreja antes da tribulação e outra visível no final da tribulação.

Não há um consenso sobre as circunstâncias exatas em que a ideia de um arrebatamento secreto surgiu. Sabe-se que a pregação de um evangelista escocês, Edward Irving, despertou grande interesse na Inglaterra, no final da década de 1820, ao enfatizar a iminência da Segunda Vinda. As reuniões eram acompanhadas por dons espirituais, principalmente visões, profecias e línguas. Em uma dessas reuniões, houve uma profecia sobre a Segunda Vinda que alguns identificam como a origem da doutrina do arrebatamento. Porém, nos escritos que documentaram a profecia, parece não ter havido uma declaração muito explícita sobre isso.

A pessoa que desenvolveu e difundiu a teologia do dispensacionalismo foi J. N. Darby (1800 – 1882), um dos líderes de um movimento de restauração da igreja chamado Plymouth Brethren, Irmãos Unidos ou simplesmente Irmãos (no Brasil, Casas de Oração). Embora o movimento fosse voltado principalmente para o estudo das Escrituras e não encorajasse manifestações de dons sobrenaturais, Darby esteve nas conferências que surgiram como resultado do despertamento profético de Irving e seus seguidores. Não sabemos exatamente como ele desenvolveu suas doutrinas escatológicas, mas o fato é que foi ele o responsável pela formulação inicial do dispensacionalismo e pela doutrina do arrebatamento secreto pré-tribulacionista.

Depois de séculos de interpretação alegórica das Escrituras e uma ausência do senso de iminência e expectativa pela volta de Jesus em grande parte da Igreja, o pré-milenismo trouxe uma forte mudança de visão para toda a teologia evangélica. Enfatizando a interpretação literal das Escrituras (a aceitação do texto no sentido que tinha quando foi escrito), o futuro de Israel no plano de Deus e a possibilidade de Jesus voltar a qualquer momento, a nova perspectiva escatológica mudou radicalmente a face do movimento evangélico do século 20.

Enquanto os teólogos das grandes igrejas históricas pendiam cada vez mais para o liberalismo, com sua Alta Crítica (questionando a autenticidade e inspiração das Escrituras), o movimento dispensacionalista se organizava como a única defesa viável da fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). Contribuíram para fortalecer a posição dispensacionalista dentre os evangélicos o estabelecimento de institutos bíblicos (dirigidos por dispensacionalistas), como alternativa aos seminários teológicos liberais, e a primeira Bíblia de estudo, a Bíblia Scofield com suas anotações dispensacionalistas, publicada em 1909. Como a visão escatológica de um arrebatamento secreto e de propósitos separados para Israel e a Igreja fazia parte do mesmo pacote teológico de defender o cristianismo contra ataques liberais, o dispensacionalismo começou a ser visto como parte essencial dos fundamentos da fé. Quem não aceitava as premissas escatológicas era visto como liberal, como alguém que não aceitava a verdade bíblica. Com isso, surgiu a imagem do fundamentalista intolerante como sinônimo de dispensacionalista.

Análise Final

Podemos dizer que grande parte da história da Igreja foi dominada por uma perspectiva escatológica que interpretava o Reino de Deus como um reino espiritual, presente, representado pela Igreja que tomou o lugar de Israel como povo de Deus na Nova Aliança. Com isso, pouca importância era dada ao plano de Deus com a nação de Israel no Velho Testamento e à consumação futura desse plano com um reino milenar na Terra. Além disso, houve fortes sentimentos e atitudes antissemitas durante muitos períodos da história, tanto por parte da Igreja Católica quanto da Protestante. Algumas pessoas até conseguiam entender as profecias do apóstolo Paulo em Romanos 11 sobre a futura restauração dos judeus aos propósitos de Deus, mas geralmente previam uma grande conversão de judeus, não uma restauração do povo à sua terra ou um futuro profético para a nação.

Foram os dispensacionalistas que viram que as promessas de Deus ao povo de Israel seriam cumpridas literalmente, e isso no século 19, quando ainda não havia sinais dos grandes acontecimentos do século 20. Quando Israel voltou a ser nação em 1948, cumprindo diversas profecias do Velho Testamento, os dispensacionalistas o consideraram como grande confirmação de todo o seu sistema escatológico.

De maneira geral, a grande maioria das igrejas evangélicas continua adotando a escatologia dispensacionalista, sem muito questionamento. Quem pensa diferente geralmente não tem coragem de manifestar-se, por se considerar em desvantagem e por viver há tanto tempo sendo considerado praticamente um herege. Quem ouve uma opinião diferente às vezes se espanta por nunca ter imaginado que existissem outros pontos de vista. Isso ilustra a desconexão de grande parte dos cristãos com a história, pois, durante 17 séculos, a ideia de um arrebatamento secreto e a possibilidade de a Igreja não passar pela tribulação jamais foram cogitadas.
A seguir, algumas conclusões importantes:

1. Cada linha enfatiza um aspecto da escatologia e esquece outros.

A maioria das divergências doutrinárias na Igreja é resultado de visão parcial, tanto de um lado quanto de outro. Precisamos aprender a valorizar as contribuições de cada ênfase e incluí-las numa perspectiva mais ampla, e não combater e rejeitar aquelas que são diferentes da nossa. De forma resumida, podemos dizer que o pré-milenismo histórico dos primeiros séculos enfatizou a necessidade de enfrentar o sofrimento na tribulação e estar preparado para glorificar a Jesus no meio dela. O amilenismo enfatizou o reino espiritual que Jesus inaugurou na Primeira Vinda e a autoridade sobre Satanás que já pode ser exercida pela Igreja. O pós-milenismo enfatizou o triunfo que a Igreja foi incumbida de alcançar antes da Segunda Vinda, transformando a sociedade, a cultura e os governos. O pré-milenismo dispensacionalista trouxe a interpretação literal das Escrituras, resgatando verdades sobre Israel e o plano de Deus que estavam esquecidas há séculos. Renovou uma expectativa viva pela Segunda Vinda de Jesus.

2. As circunstâncias históricas, incluindo condições políticas e culturais do mundo e reações a exageros anteriores, tiveram grande influência no surgimento de cada linha.

O pré-milenismo histórico foi a primeira linha e reflete de forma mais próxima o pensamento dos escritores do Novo Testamento. Estava bem alinhado com as condições de perseguição que já existiam nos tempos apostólicos. O amilenismo foi influenciado pelo fim da perseguição à Igreja e pela filosofia grega de pensamento alegórico. O pós-milenismo refletiu o otimismo que prevalecia no período de expansão da influência britânica e norte-americana. E o pré-milenismo dispensacionalista foi uma reação a séculos de interpretação alegórica e desprezo à contribuição de Israel natural ao plano de Deus. As condições mais pessimistas do mundo no século 20, durante e após as guerras mundiais, também contribuíram para fortalecer essa linha de pensamento. Ao mesmo tempo em que se observa que cada linha tinha uma função importante para equilibrar exageros anteriores e trazer uma contribuição relevante para aquele momento histórico, pelo mesmo motivo devemos entender que cada uma é incompleta sozinha e incapaz de representar a verdade como um todo.

3. Incoerência e convergência.

Atualmente, existem defensores de todas as quatro linhas, embora o pré-milenismo dispensacionalista continua sendo a mais popular e difundida. Porém, a variedade de pensamento é muito maior do que as quatro perspectivas descritas aqui. Por isso, seria um grande erro rotular as pessoas e concluir que elas concordam com todos os itens de determinada linha escatológica. Aliás, hoje as pessoas fazem uma grande salada de ideias que nem caberiam dentro de uma linha coerente de pensamento. Por exemplo, o triunfalismo, que prevê uma grande expansão da influência transformadora da Igreja em toda a sociedade, não é compatível com a previsão dispensacionalista de que o mundo só vai piorar, e a Igreja será retirada do mundo antes da tribulação final. No entanto, muitos cristãos hoje acreditam nas duas coisas, sem qualquer tentativa de conciliar essas ideias com uma visão mais ampla do plano de Deus. Qual é o plano de Deus – levar a Igreja a triunfar e mudar o mundo ou tirar a Igreja do mundo e aguardar a Segunda Vinda para implantar o Reino?

Por outro lado, algo muito interessante está acontecendo: pensadores e teólogos de todas as linhas estão convergindo cada vez mais para alguns pensamentos em comum que seriam impensáveis há pouco tempo. Amilenistas, que não falavam de um reino a ser estabelecido na Terra, estão entendendo que o Reino eterno será mesmo na Terra renovada e que Israel voltará a fazer parte do plano de Deus. Dispensacionalistas têm mudado mais de uma vez ao longo do último século, amenizando a separação tão radical entre o plano de Deus para a Igreja e para Israel. Até criaram uma nova linha de pensamento chamada dispensacionalismo progressista, que vê mais união nas etapas do plano de Deus e entre o reino espiritual e natural.

Algumas diferenças continuam, mas a distância entre elas está diminuindo. Isso é consequência natural de uma visão cada vez mais clara do plano de Deus como um todo. Ali está a chave para entendermos melhor para onde Deus está conduzindo a história e como podemos cooperar com ele, andando em harmonia com todas as diversas correntes do seu povo na Terra.


Autor: Christopher Walker
Fonte: Revista Impacto



A CIÊNCIA E OS ETs

Estamos sozinhos no Universo ou existe vida em outros planetas? Histórias sobre discos voadores e contatos com extraterrestres produzem muitas especulações e reboliço na imprensa mundial. Atualmente, a polêmica ganhou um aliado de peso, Stephen Hawking, físico britânico que ocupou durante muitos anos a cadeira de Isaac Newton em Cambridge e é um dos mais respeitados do mundo. Em uma entrevista recente, fez declarações intrigantes sobre a vida fora da Terra. Baseando-se no fato de que há 100 bilhões de galáxias no universo, cada uma com milhões de estrelas, afirmou, à semelhança de outros cientistas, que seria muita pretensão nossa achar que estamos sozinhos nessa infinidade de astros.

Porém, existe, de fato, algum resultado de pesquisa que comprove essa afirmação? Algum sinal de vida extraterrestre, ainda que primitiva, já foi encontrado? De onde procedem todas as informações que temos hoje sobre os extraterrestres?

Hawking afirma que é perfeitamente racional achar que os alienígenas existam. Nós, humanos, porém, deveríamos evitar qualquer contato com eles, em vista do grande risco de serem predadores. Se os ETs nos visitarem, as consequências poderão ser semelhantes às do desembarque de Cristóvão Colombo na América – nada menos que desastrosas para os nativos. Ele aconselha que o homem pare de mandar sondas para o espaço com mapas da Terra e mensagens de boas-vindas. Por outro lado, contradizendo a si mesmo, Stephen Hawking entende que o mais provável é que outros planetas apresentem apenas vida primitiva, de microorganismos ou no máximo de animais semelhantes a lagartos, em vez de seres inteligentes capazes de fazer uma viagem interestelar.

Declarações desse tipo ganham a mídia com muita rapidez, e, pelo fato de virem de um cientista renomado, as pessoas as aceitam como verdade absoluta. Isso ficou bem demonstrado num debate recente na Internet. Quando um jovem que defendia a opinião de Hawking foi questionado por outro participante sobre acreditar que o cientista apresentara alguma evidência, a resposta foi: “Eu acredito porque ele é um cientista e com certeza deve ter usado o método científico”. O jovem nem sequer investigou os dados ou checou se houve observações experimentais – simplesmente acreditou! Ou seja, a ciência nada descobriu até agora, mas, mesmo assim, cientistas fazem declarações categóricas em cima de teorias, levando muitos atrás de ideias absurdas.

O QUE JÁ FOI COMPROVADO SOBRE VIDA EXTRATERRESTRE

Os defensores da vida extraterrestre precisam responder a duas questões básicas: primeiro, se existem condições favoráveis à vida em algum outro lugar no universo; segundo, caso existam alienígenas e caso sejam muito mais inteligentes que os terráqueos, como e por que venceriam as grandes distâncias entre nós e seu planeta original para fazer contato com a Terra? Até hoje, nenhuma pesquisa científica conseguiu responder a qualquer uma das duas.

De acordo com o conhecimento atual, nenhum outro planeta foi encontrado em que a vida fosse, ao menos, possível. Este precisaria atender a várias necessidades ao mesmo tempo (e não apenas a uma delas), como temperatura ambiente, existência de água e elementos orgânicos indispensáveis à vida, velocidade ideal nos movimentos de rotação e translação, concentração vital de gases atmosféricos, campo magnético, força de gravidade, distância correta do seu sol, uma superfície que suprisse diversas condições semelhantes às que ocorrem na Terra, dentre muitos outros fatores.

Até agora, os astrônomos só encontraram algumas dessas condições em um planeta de outro sistema solar. Ele orbita em torno da estrela Pégaso de nossa Via Láctea, distante de nós 45 anos-luz. Mas, como está 20 vezes mais próxima de seu sol do que a Terra do nosso, a vida lá seria impossível devido ao calor de até 1.700º C. Outros possíveis planetas não passam de gigantes gasosos, como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Esses não têm uma superfície sólida, e, portanto, seria impossível a vida desenvolver-se lá.

No início de agosto de 1996, pesquisadores da Nasa anunciaram a descoberta de vida em Marte após encontrarem possíveis restos de nanobactéria em um meteorito que supostamente viera daquele planeta. Esse material também poderia ser bolinhas de lama petrificada, ressaltaram. Uma prova de "vida", na verdade, não existia, mas, para a mídia, foi uma evidência de que existiu vida em Marte. Outras pesquisas seguiram a linha de tentar encontrar água em outros planetas, como se isso em si provasse alguma coisa. Onde há vida, certamente haverá água; porém, onde há água, não haverá, necessariamente, vida.

Mesmo que até agora não exista a menor prova científica da existência de vida extraterrena, muitos astrônomos – sob o impacto da quantidade enorme de estrelas – acham que a vida, como é concebida na Terra, também teria de ter surgido em outros lugares. Os cientistas americanos do Seti (Search for Extraterrestrial Intelligence - Busca de Inteligência Extraterrestre) partiram da hipótese de que seres inteligentes poderiam utilizar ondas eletromagnéticas moduladas (AM ou FM), as mesmas produzidas pelos terráqueos, para transmitir informação. Embora estejam usando radiotelescópios desde 1960 para tentar captar sinais de extraterrestres, até hoje não captaram nada que pudesse ser uma comunicação de outra civilização.

Embora a ciência tente demonstrar total objetividade com relação às motivações e conclusões, nota-se claramente um grande interesse em provar que existe vida, por elementar que seja, em outros pontos do Universo. É o mesmo interesse que desperta quando alguém encontra um fóssil, com a possibilidade de finalmente ter achado alguma prova para a teoria da evolução das espécies. Inconscientemente ou não, o homem deseja comprovar sua ideia fixa de que a vida surgiu espontaneamente, eliminando, assim, a necessidade de um Deus para explicar ou governar nossa existência.

APARIÇÕES DE ETs NA TERRA

Considerando-se que exista vida em algum lugar do espaço, uma visita de extraterrestres à Terra, como as sugeridas pelos relatos de óvnis, seria praticamente impossível. O principal empecilho são as distâncias inimaginavelmente grandes e, com isso, o longo tempo de viagem que se faz necessário. A estrela mais próxima da Terra, chamada Proxima Centauri, fica a 4,3 anos-luz, ou seja, 40,7 trilhões de quilômetros. O ônibus espacial da Nasa, viajando a aproximadamente 28 mil km/h, levaria 168 mil anos para vencer essa distância. A espaçonave mais veloz que a espécie humana já construiu até agora (Voyager da Nasa) levaria 80 mil anos nesse percurso. Mesmo com um reator de fusão nuclear, o combustível necessário para a viagem ocuparia mil navios supertanques e levaria 900 anos.

Se existisse alguma força de impulsão que alcançasse um décimo da velocidade da luz, mesmo assim a viagem levaria 43 anos. Segundo os cálculos aproximados do físico nuclear sueco C. Miliekowsky, seriam necessárias quantidades enormes de energia para a propulsão. Elas equivaleriam à quantidade de energia elétrica consumida atualmente pelo mundo inteiro em um mês. Além do mais, as pequenas partículas de poeira que flutuam no espaço representam um problema para as sondas espaciais, pois colidiriam com elas causando sua explosão. Tudo isso torna uma viagem de eventuais extraterrestres até nós ou de nós até eles praticamente impossível.

Devido às distâncias enormes e gastos energéticos envolvidos, é muito improvável que as dezenas de óvnis noticiados a cada ano pudessem ser visitantes de outros planetas, tão fascinados com a Terra que estariam dispostos a gastar quantidades fantásticas de tempo e energia para chegar aqui. A maioria dos óvnis, quando estudados, revelam-se como fenômenos naturais, como balões, meteoros, planetas brilhantes ou aviões militares classificados. De fato, nenhum óvni jamais deixou evidência física que pudesse ser estudada em laboratórios para demonstrar sua origem de fora da Terra.

PUBLICAÇÕES EM REVISTAS

A revista alemã Focus relatou que 90% das notícias de óvnis são consideradas disparates, mas os 10% restantes são suficientes para o surgimento de muitas especulações. Um exemplo foi apresentado pela Revista Isto É, de 20/10/2010, com a matéria intitulada “A história oficial do ET de Varginha”, esclarecendo uma possível aparição de extraterrestres na cidade de Varginha, no interior de Minas Gerais, em janeiro de 1996. Naquela época, três meninas (e também algumas crianças) disseram ter visto um ser incomum agachado, que chorava alto e fino quando acuado. Paralelo a esse relato, outras pessoas também alegaram ter visto um óvni semelhante a um submarino sobrevoando a cidade e, logo em seguida, a sua queda. Também foi citado que militares capturaram o corpo de um ET e o levaram para necropsia em Campinas.

Essa história teve repercussão em todo o mundo e fez de Varginha um centro de romaria internacional para estudos ufológicos. Segundo a revista, tudo não passou de um equívoco, em que algumas pessoas viram um doente mental, que mora em frente ao terreno onde os boatos se originaram e que fica agachado o tempo todo, e acharam que era um ET.

UFOLOGIA

O estudo dos óvnis (objetos voadores não identificados) é conhecido como Ufologia e pode ser dividido em científica e mística. A ufologia científica analisa as possíveis aparições e demais acontecimentos inexplicáveis pela ciência naturalista. Já a ufologia mística preocupa-se mais com as mensagens e questões filosóficas relacionadas com essas visitações extraterrestres.

O livro Eram os deuses astronautas? organizou muitas dessas ideias a partir de fatos inexplicáveis que aconteceram em vários períodos da história da humanidade. Trata-se, em geral, de projetos arquitetônicos, de 2 a 4 mil anos atrás que só poderiam ser executados por uma inteligência sobrehumana, muito mais desenvolvida do que a atual.
Como se pode explicar a construção das pirâmides do Egito, em que cálculos avançados de engenharia, astronomia e geometria foram utilizados? Como os imensos blocos de pedra, de até 85 toneladas, foram arrastados e empilhados com tamanha precisão?

E quanto a Stonehenge, na Inglaterra, onde rochas com 5 toneladas foram transportadas por até 400 quilometros de distância, e blocos com 45 toneladas por uma distância de 30 km? Quem a construiu, com que objetivo e, novamente, como as pedras gigantescas foram transportadas e colocadas sobre os imensos pilares?

Podemos lançar os mesmos questionamentos a respeito das pirâmides astecas, no México ou as enormes cabeças de pedra na ilha de Páscoa, no Chile. Na costa peruana, encontramos estruturas misteriosas, as linhas de Nazca, que são imensos desenhos em formato de animais que só podem ser identificados do céu (quem olha para o local, embaixo, só vê valas extensas sobre o solo rochoso e desértico). Quem os riscou, e com que propósito, já que não podem ser discernidos no nível terrestre?

E o que dizer da superfície do planeta Marte, onde a sonda espacial registrou a presença de três pirâmides, uma fortaleza de pedras, enormes estruturas inacabadas e algo semelhante a um rosto humano?

Na ausência de explicações naturais plausíveis, e diante dos avançados conhecimentos necessários para a construção das pirâmides do Egito, surgiu a hipótese da participação de seres superiores, que seriam os verdadeiros responsáveis pela obra. O que os antigos egípcios chamavam de deuses, segundo alguns ufólogos, eram, na realidade, astronautas extraterrestres que usaram sua tecnologia superior para construir as pirâmides. Essa crença também se aplica a todos os outros fenômenos misteriosos para as quais a ciência não conseguiu dar uma explicação sustentável. Um fato interessante é que todas essas construções são locais para comunicação com divindades e práticas de alta magia; há também relatos de sacrifícios humanos e animais, rituais que incluíam relações sexuais com essas divindades, além de outras práticas de ocultismo.

A ufologia, para muitos, tende a transformar-se em ufolatria quando a influência religiosa esotérica é marcante. Observa-se também uma relaçao muito próxima com praticamente todas as seitas e práticas espiritualistas e ocultistas, como druidas, celtas e diversas formas de magia, espiritismo e nova era. Algumas descrições de contatos com ETs só são possíveis com a ajuda da parapsicologia e hipnose. A comunicação com os alienígenas é feita por telepatia. Em alguns relatos, a relação sexual com ETs é citada.

A BÍBLIA E OS SERES EXTRATERRESTRES

Se considerarmos que extraterrestre inclui toda forma de vida que não pertence a este planeta, a Bíblia traz muitos relatos de “visitações” extraterrestres. Ela não oferece nenhuma base para a existência de vida natural ou corpórea em outros planetas, seja ela primitiva ou inteligente. Porém, menciona seres espirituais, como anjos e demônios, além do próprio Deus.

Anjos são seres espirituais criados, dotados de juízo moral e alta inteligência, mas desprovidos de corpo físico. Em geral, não podemos vê-los, a não ser que Deus nos dê a capacidade especial de enxergá-los (Nm 22.31; Lc 2.13). Algumas vezes, assumiram a forma corpórea, aparecendo a diversas pessoas nas Escrituras (Mt 28.5; Hb 13.2). São mais poderosos que os homens (Sl 103.20; Mt 28.2; Hb 2.7), protegem-nos (Sl 34.7; 91.11) e atuam na luta contra os poderes demoníacos controlados por Satanás (Dn 10.13; Ap 12.7-8; 20.1-3).

Como os anjos, os demônios também são seres espirituais criados, dotados de discernimento moral e elevada inteligência, desprovidos de corpo. Em virtude de uma rebelião no mundo espiritual, muitos anjos voltaram-se contra Deus e se tornaram maus (2 Pe 2.4; Jd 6; veja também Is 14.12-15 e Ez 28.2-10).

Satanás exerce influência desde o início da humanidade, de forma sutil e velada, muitas vezes sob o disfarce de deuses. Os cultos oferecidos aos ídolos das nações que cercavam a Israel eram, na verdade, culto a Satanás e seus demônios (Dt 32.16-17; Sl 106.35-37; 1 Co 10.20). Com o propósito de destruir todas as boas obras de Deus, o culto aos ídolos demoníacos se caracterizava pelo sacrifício de crianças (Sl 106.35-37), autoflagelação (1 Rs 18.28; Dt 14.1) e prostituição cultual (Dt 23.17; 1 Rs 14.24; Os 4.14). O culto a demônios leva comumente a práticas imorais e autodestrutivas.

Podemos concluir, também, que as batalhas que os israelitas travavam contra nações pagãs eram, de fato, batalhas contra as forças demoníacas que as dominavam. Eram verdadeiras guerras espirituais que os israelitas jamais conseguiriam vencer sem o poder sobrenatural de Deus no reino espiritual. As lutas que travamos hoje contra o mundo em suas diversas manifestações são também guerras espirituais que requerem reforço e intervenção divina (1 Jo 5.19).

As táticas do diabo e dos seus demônios são a mentira (Jo 8.44), o engano (Ap 12.9), o homicídio (Sl 106.37) e todo e qualquer tipo de ação destrutiva no intuito de fazer as pessoas se afastarem de Deus rumo à destruição (Jo 10.10). Lançam mão de qualquer artifício para cegar as pessoas ao evangelho (2 Co 4.4) e mantê-las presas a coisas que as impedem de aproximar-se de Deus (Gl 4.8)

Um relato bíblico intrigante é sobre algo que aconteceu antes do dilúvio. O texto de Gênesis 6 diz que houve união carnal entre os filhos de Deus e as formosas filhas dos homens, o que resultou no nascimento de gigantes, homens valentes, varões de renome na antiguidade.

Existem várias teorias sobre o significado de tal união (como, por exemplo, que era a mistura das linhagens de Sete e Caim); o problema é que não justificam a intensidade da ira de Deus a ponto de arrepender-se de ter feito o homem na Terra. Ainda que tenhamos dificuldade em explicar plenamente o que aconteceu, o texto parece indicar que houve mesmo uma interação malfadada entre seres humanos e seres “extraterrestres”.

Mesmo depois do dilúvio, com a destruição de toda aquela raça “mestiça”, ainda aparecem relatos de gigantes na terra de Canaã, como a história de Golias que foi derrotado por Davi. Os ufólogos também usam esses relatos para afirmar que houve relações sexuais entre extraterrestres e a raça humana. Uma possibilidade a ser considerada é que os rituais demoníacos incluíam práticas de orgias sexuais entre pessoas canalizadas por potestades demoníacas ou até mesmo demônios manifestos na forma humana. Nesse caso, mulheres poderiam ter tido contato com uma energia tão poderosa que foi capaz de provocar mutações no DNA de seus filhos, aumentando sua estatura. O fato de haver gigantes em Canaã nos leva a crer que os rituais com prostituição cultual continuaram a ocorrer após o dilúvio, o que novamente provocou a ira de Deus, que enviou a nação de Israel como instrumento para exercer seu juízo.

Já que não existe nenhuma comprovação de vida em outros planetas, sem falar da impossibilidade de uma viagem interplanetária, os relatos sobre aparições de óvnis e ETs não podem ser considerados como provas de seres em outros planetas. Quando não são invenções, superstições ou equívocos, muito provavelmente são manifestações demoníacas com o único objetivo de manter a humanidade no engano e afastá-la do propósito eterno de Deus, até mesmo por sua íntima ligação com práticas de ocultismo e magia reprovadas em todo o Velho Testamento e no Novo também. "Não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2 Co 11.14).



Autor: Ezequiel Netto
Fontes:

1 - Jornada nas estrelas - O que as Escrituras têm a dizer sobre a existência de vida fora da Terra, artigo de Michelson Borges.

2 – Wayne Grudem – Teologia Sistemática atual e exaustiva, Editora Vida Nova.

3 – Sites na Internet:

http://sociedadecriacionistapiauiense.blogspot.com/2010/10/vida-extraterrestre-falsa-ciencia-dos.html
http://mszabotto.blogspot.com/2009/10/deus-e-os-extraterrestres.html
http://adventista.forumbrasil.net
http://www.ufo.com.br
http://www.sitedecuriosidades.com/ver/ufologia_cientifica_e_ufologia_mistica.html
http://g1.globo.com
http://astro.if.ufrgs.br/vida/index.htm
http://astronomiaovinis.br.tripod.com/id5.html
http://www.cacp.org.br

Via: Revista Impacto



Podemos resumir a história do mundo em apenas nove palavras e adquirir, assim, uma visão panorâmica de todo o seu percurso, começando antes da criação do mundo e chegando até o final de todas as coisas.

1. SONHO

Talvez a melhor expressão do sonho de Deus encontre-se em Efésios 1.3-14. Paulo estava tão inspirado e empolgado que, de um só fôlego (sem usar pontos ou terminar a frase), usou uma riqueza de palavras e expressões equivalentes para o explicar e descrever: “elegeu, predestinou, beneplácito de sua vontade, mistério da sua vontade, predestinados, propósito, conselho da sua vontade”. Ele fala sobre o período anterior à fundação do mundo (v.4) e o da plenitude dos tempos (v.10), ou seja, sobre o início e o fim do mundo.

Perceba a grandeza de nosso Deus: antes da fundação do mundo, ele já estava planejando o que aconteceria no fim. Ou seja, Deus viu o fim do mundo antes de criá-lo. Que coisa impressionante! E, durante o processo da história, ele continua escolhendo, propondo, amando, querendo, planejando, sonhando.

Veja no versículo 10 como Paulo expressou o alvo final do sonho de Deus: “fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as do céu como as da terra”.

O que existia antes do início do mundo? Só Deus. Mas não devemos dizer “Deus” levianamente, como se fosse pouca coisa. Existia DEUS – e isso tem grande significado! Ele é tão grande que não cabe nem no imenso universo que criou; não conseguimos sequer conceber a extensão de sua infinitude. E este Deus onipotente, onisciente e onipresente não estava lá, parado e inerte, contente consigo mesmo. Ele estava sonhando, pensando e imaginando de que forma criaria todas as coisas.

O sonho de Deus não é um sonho de alguém que está dormindo. Seu sonho é um projeto, um plano, uma idéia, uma vontade. Em sua mente, tudo já está pronto e arquitetado; não aconteceu ainda no tempo e no espaço, mas vai acontecer. Na verdade, Deus nada faz sem sonhar primeiro. E o mesmo acontece com o homem feito à sua imagem. Como homem, se você sonha, talvez seu sonho não se realize; porém se você não sonha, é certeza que nada acontecerá. Este princípio que vemos no mundo material – de tudo acontecer no pensamento antes de se concretizar – é apenas um reflexo da criatividade de Deus: tudo o que existe, quer seja no mundo visível, quer no invisível, aconteceu primeiro no pensamento de Deus.

O primeiro aspecto que precisamos entender sobre Deus é que ele é invisível, mas real. Se fosse visível, poderíamos dar uma olhada nele e compreender e dominá-lo. Poderíamos divisar seus limites e ver onde começa e termina. Nesse caso, deixaria de ser Deus. O fato é que, por ser tão grande, Deus é invisível, mas nem por isso irreal.

Em segundo lugar, o fato de ser invisível não significa que seja um Deus desmiolado, abstrato, sem lógica, coerência, alvo ou propósito. É invisível, mas não é uma energia cósmica impessoal. É um Deus que pensa de modo semelhante a nós, só que muito melhor. Pensa com proposições verbalizadas, com sujeito e predicado. Seus pensamentos têm lógica, com início, meio e fim. Se nossa capacidade de pensar pudesse chegar perto da capacidade de Deus, entenderíamos que os pensamentos dele têm lógica.

Por sermos finitos, há coisas que vão além da nossa capacidade de compreensão. Por exemplo: como, num piscar de olhos, nosso corpo haverá de tornar-se glorioso e imortal? Como os céus e a terra vão desaparecer e de onde virão os novos céus e nova terra? Não compreendemos como tudo acontecerá, mas não podemos negar que tudo faz sentido, pois os pensamentos de Deus são claros, concretos e definidos.

Finalmente, devemos entender que Deus não passa direto do sonho para a ação. Deus, além de eficiente, aprecia a interação. O mundo moderno, cada vez mais mecanizado e automatizado, é que procura funcionar com mais eficiência e menos relacionamento. Há cada vez menos funcionários nas fábricas e empresas porque o pensamento que impera hoje é de que as coisas funcionam melhor sem gente – onde há gente, há confusão! Porém Deus gosta de sonhar e gosta de gente. É essa característica que nos leva à segunda palavra...

2. COMUNHÃO

A Bíblia não nos mostra um Deus solitário, introvertido e narcisista, mas um Deus em três pessoas, em amor e comunhão constantes. E o fator mais importante na comunhão é o outro. Eu, sozinho, vivendo em função de mim mesmo, produzo solidão, mas, quando entra o outro, há comunhão. Qual é a principal característica da vida eterna? É a doação total de um para o outro, e a devolução integral do outro para o primeiro. É esse tipo de vida que sempre existiu na Trindade.

Portanto, antes da fundação do mundo, havia uma família celestial: Pai, Filho e Espírito Santo. Deus é eternamente Pai e eternamente tem Filho. Nunca houve uma época em que o Pai existiu sem o Filho; do contrário, não seria Pai. O Pai sempre amou o Filho, confiou nele e o achou o máximo. O Filho nunca quis tomar o lugar do Pai e, por sua vez, também sempre o achou o máximo. Os dois se doam um para o outro. Tal relação pode ser comparada a um maravilhoso e interminável rali numa partida de vôlei. A bola nunca cai no chão, e o movimento da bola no ar, ligando um time ao outro, é o Espírito Santo. Há tanta harmonia e glória no relacionamento entre o Pai e o Filho que entra em cena uma terceira pessoa: o Espírito Santo. Com uma comunidade divina e tão espetacular, não havia necessidade de mais nada.

Na verdade, o Filho não é só ele mesmo, ele também está no outro que, por sua vez, também está nele. E o mesmo acontece com o Pai. Afinal, se você ama tanto o outro a ponto de lhe dar tudo, e ele lhe dá tudo de volta, existe muito de você dentro do outro e muito do outro dentro de você. No fim, fica difícil saber quem é quem. A Trindade é algo misterioso, impossível de ser captada por nossa mente finita, porque está em outra dimensão – na dimensão da eternidade onde três são um sem, por isso, serem três deuses. Três pessoas, mas um só Deus; três pessoas, mas uma só essência, uma só vontade e conselho.

Interessante que o filósofo grego Platão, sem revelação dessas coisas sobre Deus, por meio de matemática e lógica, provou a existência da Trindade. Declarou que para existir 1 tem de haver 3. O 1 sozinho não existe porque não há nenhum outro para conhecê-lo. É necessária a existência do 2 para que o 1 seja conhecido. Mas só o 1 e o 2 também não existem se não houver o 3 para fazer a ligação entre os dois. O que nos liga uns com os outros aqui na Terra? O ar, a luz, o som, as palavras e muitas outras coisas. Sem esses elementos, não perceberíamos uns aos outros.

Filosoficamente falando, para existir 1 tem de haver 3. E, quando se chega ao 3, abre-se uma porta para todos os outros números: 4, 5, 6..., infinitamente. De modo semelhante, a Trindade abre a porta para que toda a humanidade participe desse mirabolante sonho de Deus.

É importante que entendamos a vida dinâmica da Trindade para perceber que o sonho de Deus é uma grande obra de arte. Tudo já estava muito bom, mas ele achou que poderia ficar ainda melhor. O sonho de Deus é de um idealismo desvairado. E, se você é cristão, tem de decidir se o abraça ou não. Existem uns loucos idealistas que pregam um mundo de paz, sem guerra ou maldade – um paraíso na Terra sem Deus. No entanto, Deus é mais louco do que eles, pois leva seu sonho a extremos inimagináveis. E você precisa decidir se vai crer ou não nesse sonho de Deus, porque é o que determinará o rumo de sua vida.

Deus sonhou que a comunhão que tinha com o Filho pelo Espírito Santo poderia ser multiplicada com muitos outros seres à sua imagem. Que a vida eterna de amor e comunhão desfrutada pela Trindade antes de o mundo começar cresceria em quantidade e qualidade com a criação de seres semelhantes a ele. Que a confiança total de absolutamente nunca duvidar do outro nem invejá-lo, a disposição de dar sem esperar nada em troca, o desejo de só procurar o bem do outro – que todas essas facetas do amor divino seriam multiplicadas de forma inimaginável.

Basicamente, este era o sonho de Deus: criar seres que vivessem o mesmo tipo de vida que há na Trindade. Uma expressão que resume tudo isso é amor divino – total ausência de inveja, desconfiança, medo, egoísmo, nem um pingo de orgulho. E entenda uma coisa: Jesus não voltará enquanto não existir uma igreja que pratique esse tipo de amor. Para Jesus voltar, o sonho de Deus tem de se cumprir. Portanto, além de sonhar, Deus conversou sobre seu sonho e apostou tudo nele. Jamais desistirá enquanto não realizá-lo de fato na Terra.

3. CRIAÇÃO

Coloque-se, por um instante, no lugar de Deus para perceber o que poderia ser feito. Só existia ele e nada mais. O Todo-poderoso poderia criar qualquer coisa, do jeito que quisesse, e nada seria capaz de impedi-lo. É como se houvesse diante de você uma folha de papel em branco na qual pudesse escrever, desenhar, rabiscar, fazer qualquer coisa: feia, bonita, certa, errada. Porém, a partir do momento em que fizesse algo, você estaria comprometido porque, automaticamente, teria limitado sua liberdade de criar. Se quisesse manter a liberdade, bastaria deixar a folha em branco – contudo nada iria acontecer.

Ou, então, imagine aquele jovem solteiro, livre para casar-se com qualquer moça, que nunca se decide porque tem medo de perder a liberdade. Sabe que, se escolher uma, terá de dizer adeus para as outras. Por outro lado, se permanecer solteiro e mantiver sua liberdade, será obrigado a passar o resto da vida sozinho.

Portanto, se você tem uma folha em branco e escreve algo nela, jamais tornará a ser branca. Você pode até usar corretivo ou borracha, mas será uma folha rabiscada e manchada – e um problema! De modo semelhante, Deus se autolimitou quando criou o mundo.

É por não entender isso que sempre perguntamos: por que Deus permite tanta maldade no mundo se ele é todo-poderoso e absolutamente bom? Por que não dá um fim a tanta crueldade? Das duas uma: ou ele não é todo-poderoso ou não é bom! Como conciliar os dois pensamentos?

Precisamos entender que, quando fez a criação, Deus decidiu limitar-se para alcançar seu sonho. O Deus todo-poderoso quis seguir certas regras e princípios. Ao criar o mundo, ele se arriscou ao envolver-se com coisas materiais. Poderia ter feito tudo caindo para cima, mas quis que tudo caísse para baixo. Poderia ter permitido que dois corpos ocupassem o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. Nesse caso, seria como naqueles filmes de fantasmas em que um passa por dentro do outro. Não haveria problema de trânsito e, muito menos, necessidade de estradas, pois os carros cruzariam o mesmo espaço ao mesmo tempo.

Pare e pense: os fabricantes de carros têm o objetivo de matar os outros com o seu produto? Não, certamente não. Mas cada carro novo que sai da fábrica tem o potencial de causar a morte de muitas pessoas. Podemos dizer que o dono da fábrica é mau porque fabrica carros? Não. Contudo sabemos que o carro permite a destruição de muitas pessoas – simplesmente porque dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo.

Na verdade, Deus precisou de muita coragem para criar o mundo. Ao invés de ficar na sua, para evitar acontecimentos ruins, ele se arriscou e, para cumprir seu sonho, criou o mundo com limitações – tudo cai para baixo, e dois corpos colidem se ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Deus criou todas as coisas como as conhecemos: borboletas, bichos, aves, plantas, planetas, estrelas, galáxias. Criou os céus e a terra – e, no meio de tanta riqueza e variedade, um ser especial, que é nossa quarta palavra...

4. HOMEM

O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, é a peça-chave no plano divino. Há implicações sérias nisso. Imagine que você, com duas orelhas, se coloque à frente de um espelho e veja uma imagem com apenas uma orelha. Há algo errado! A imagem está imperfeita.

Ou, talvez, você esteja com as mãos abaixadas e, ao se olhar no espelho, uma delas apareça erguida! Certamente achará que algo muito estranho e perigoso está acontecendo! Mas é exatamente isso o que ocorre no mundo hoje. Deus tem bilhões de imagens aqui na Terra – fazendo tudo ao contrário do que ele faria. Na igreja, cada um faz o que quer, sem se importar se representa o que Deus está fazendo ou não.

Ser feito à imagem de Deus significa ter o potencial para fazer tudo o que ele faz: pensar, criar, sentir, imaginar, sonhar, relacionar-se, ficar bravo, ter ciúmes. Tudo o que temos, Deus tem, e vice-versa.

Quando Deus fez o homem à sua imagem, criou um problema seriíssimo. Sua criatura era alguém livre como ele – livre para amá-lo ou desprezá-lo. Ele não quis criar um robô que fosse manipulado por ele, porque, no fim, sempre se despreza tudo o que se controla. Você gostaria de ter um filho-robô que só dissesse “eu te amo” quando nele se apertasse um botão? Seria monótono e cansativo. Com o tempo, você ficaria entediado e o deixaria de lado. O amor, para ser autêntico e verdadeiro, precisa correr o risco e dar à outra pessoa a liberdade de ser espontânea, criativa, original. Amor programado impede comunhão e amizade.

Há muitos aspectos da imagem de Deus em nós, e um deles é a liberdade que temos para, espontaneamente, amá-lo e obedecer-lhe. Uma pergunta que sempre fazemos é: por que Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no jardim do Éden? A resposta é óbvia: porque ele não queria a obediência do homem na marra. Do contrário, seria como dizer ao filho pequeno: “Não toque na tomada da sala” quando, na realidade, nem existia tal tomada!

Alguns pais criam os filhos numa redoma e não lhes dão a liberdade de errar. Mas Deus correu o risco e criou o homem à sua imagem, com liberdade de fazer escolhas erradas. É por isso que existe um Deus que suporta tanta maldade no mundo e ainda é bom e todo-poderoso: porque é um Deus que não vai “meter a mão” e mudar a regra do jogo. O homem foi criado à sua imagem para, voluntariamente, amá-lo e cuidar da criação. Esse era o sonho que ele continua perseguindo até hoje.

O homem foi criado para ter a vida plena de Deus – mas somente mediante constante contato com ele. A vida que recebesse de Deus, pela comunhão e amizade com ele, seria transmitida para outros, e, assim, o mundo seria governado pelo homem dependente da vida de Deus.

O que é amor? É a vida de dar sem cobrar coisa alguma, sem esperar nada em troca. O amor é semelhante ao sol, que dá energia para todo ser vivente sem nunca cobrar conta de luz. Todas as formas de vida na Terra dependem dessa energia gratuita do sol. O buraco negro é o contrário do sol: como um gigantesco aspirador de pó, suga tudo para dentro de si, até mesmo a luz, e não permite que nada saia. Esses dois princípios – o do sol e o do buraco negro, ou seja, do amor e do egoísmo – estão em funcionamento no universo. E o sonho de Deus é multiplicar o sol e derrotar o buraco negro. Qual dos dois vencerá?

Para entender o buraco negro, precisamos passar para a quinta palavra...

5. PECADO

Esse foi o elemento estranho que entrou na criação por intermédio do homem e atrapalhou o funcionamento do sonho de Deus. Imagine um maquinário que, por meio de um pequeno motor, faz coisas complicadas – como a impressão de jornais e revistas ou a preparação e embalagem dos mais variados tipos de produtos. Coloca-se a matéria-prima numa ponta e, pelo funcionamento de inúmeras engrenagens e correias, o produto acabado sai do outro lado. Algo complicado e complexo, funcionando em perfeita harmonia. O que é necessário para quebrar o maquinário? Basta enfiar um ferrinho em qualquer engrenagem e o estrago está feito. A engrenagem emperra, trava as demais e todo o equipamento geme e pára.

De modo semelhante, o pecado é como um ferrinho que entrou no mundo e travou todo o plano de Deus. Ele inverteu a ordem estabelecida por Deus, afetando tanto o interior do homem quanto a criação ao redor. É como se alguém malvado entrasse numa fábrica e colocasse um ferrinho na engrenagem da máquina. Basta um ferrinho minúsculo para produzir uma quebradeira! Foi isso o que Satanás fez e, depois, convenceu o homem a fazer o mesmo: “Ao invés de transmitir a energia proveniente do motor para as outras engrenagens, procure tomar tudo para si mesmo”. E assim o sonho de Deus virou um pesadelo.

A origem desse pesadelo foi uma mentira de Satanás: “Deus está usando de segundas intenções; ele quer ser o tal e não quer que vocês cheguem a ser iguais a ele”. Mentira deslavada! Deus criou o homem para ser igual a ele. Satanás jogou sujo, enlameou o caráter de Deus e atribuiu-lhe a mesma motivação que havia dentro de si – egocentrismo. Antes, era um anjo que ministrava louvores a Deus, mas ficou incomodado com o fato de o louvor passar por ele e não parar nele. Travou tudo no andar de cima (nos céus) e conseguiu travar tudo no andar de baixo (na Terra), porque o homem tinha liberdade de crer ou não nessa terrível e vil mentira.

Imagine se Deus precisava querer ser o tal. Ele é o tal! Ele é o cara! Deus não possui um pingo de desconfiança ou ambição. Não pratica esse espírito absurdo de competição que existe hoje nas igrejas nas quais a exaltação de um é motivo de tristeza do outro. Infelizmente, ninguém percebe hoje que, quando se nasce de novo, esse espírito deve ser expurgado. Ao contrário, os líderes usam essa força egoísta de motivação própria para promover crescimento numérico, para aumentar o “reino de Deus”. E ninguém prega contra isso nem percebe como contraria o sonho de Deus. Deus diz: “Eu sou contra essa atitude, minha obra não é baseada em princípios satânicos. Meu sonho é amor: é dar sem esperar nada em troca, é confiar sem duvidar. Esse é o meu sonho, e ainda terei um povo na Terra que aja dessa forma; um povo que aja baseado no princípio do sol e não no do buraco negro”.

Jesus ensinou que não se pode ter o reino de Deus e sua vida própria ao mesmo tempo. Quem quisesse segui-lo teria de negar a si mesmo. Hoje, prega-se que é possível ter o reino de Deus e o meu também. É uma coisa ser próspero porque minha vida pertence a Deus, e ele está me fazendo prosperar; outra bem diferente é ser próspero para poder realizar meu sonho, mesmo que este tenha de competir com o sonho de Deus.

O sonho de Deus é multiplicar a vida de doação. O sonho de Satanás é sugar, tirar vantagem de tudo. Permita que o Espírito de Deus sonde seu coração e perceba qual força ou motivação está atuando em você e na sua igreja.

6. REDENÇÃO

Redimir significa comprar de volta. Se você penhora uma jóia valiosa no banco, por exemplo, é preciso pagar um valor para recebê-la de volta. Da mesma forma, Deus, a quem já pertencíamos, teve de pagar um alto preço para nos comprar de volta. Ele mandou seu Filho para resgatar o que já era seu por direito. E não adianta pôr a culpa da situação em Adão nem dizer que teria agido de modo diferente se fosse ele. Na verdade, você teria feito a mesma coisa. Aliás, para Deus não existe tempo. Ele olha tudo do ponto de vista da eternidade e vê você como parte integral de Adão. Você é Adão! Ele olha para você e o vê fazendo a escolha errada. Todo homem tem culpa moral diante de Deus e necessita de salvação.

O que Deus fez na encarnação de Cristo foi como se um homem se transformasse numa formiguinha para ver o mundo sob a ótica das formigas. Se continuasse como Deus, ele não conseguiria fazer o que fez como homem. Jesus, o homem-Deus, veio não apenas para morrer por nós, mas também para abrir a porta a um novo tipo de vida; não a vida egocêntrica do buraco negro que suga tudo para si e nunca se satisfaz, mas a vida de se doar aos outros, representada pelo sol.

O homem sem Deus, por mais que tente, só consegue ser um buraco negro disfarçado. E Deus, lá do céu, também não conseguiria consertá-lo. Por isso, Deus encarnou, virou homem como um de nós para ver as coisas do nosso ponto de vista. Como homem, foi tentado de todas as formas, teve sede e fome, precisou orar noites inteiras. Viveu e morreu como homem para abrir o caminho para que toda a humanidade pudesse viver a mesma vida divina de se doar aos outros.

Você já parou para pensar como Jesus é um herói diferente de todos os outros? Super-Homem, Batman, Homem-Aranha, Zorro, todos eles têm algo em comum: matam os perversos. Todo mundo vibra quando eles defendem os bons e destroem os maus. O problema é que, na realidade, ninguém é bom. Um herói de verdade teria de matar todos (até ele mesmo!) como se mata a barata mais nojenta. Entretanto, se Deus fizesse isso, acabaria com o seu sonho. Por isso enviou um herói tão diferente. Ele não mata, mas morre. Ele não ganha, mas perde. Não propaga seus feitos, mas faz questão de ficar no anonimato. Não se enriquece, mas perde dinheiro (dá sua tesouraria para um ladrão!). Jesus é um herói que faz tudo ao contrário dos outros. No entanto tem um nome acima de todo nome que toda língua confessará e diante do qual todos os joelhos se dobrarão!

Portanto, a igreja está terrivelmente enganada se pensa que o caminho de Deus é obter cada vez mais sucesso e poder. Nosso Rei ensina o contrário – ele ganha perdendo. Ele vive morrendo. Jesus veio e praticou outra lei. Não veio apenas para morrer pelos pecados do mundo, mas também viver a vida de doação e nos ensinar outra atitude e motivação. Veio abrir a porta para que você e eu vivêssemos a vida do sol – de dar sem esperar nada em troca.

Redenção significa que ele se enfiou debaixo da máquina e tirou o ferrinho que a estava impedindo de funcionar – o ferrinho que estava, não no sistema do mundo ou nas coisas do mundo, mas no coração do homem: o maldito orgulho ou egocentrismo. Tornou-nos livres para entrar na vida do sol, amando a Deus e ao próximo mais do que a nós mesmos. Jesus já veio e tirou o ferrinho, foi embora e está esperando que a máquina volte a funcionar para que ele possa voltar e receber os louros pela vitória que obteve.

7. MENSAGEM

Neste ponto, eis alguns questionamentos que podem surgir: o que tudo isso tem a ver conosco? Se a morte e ressurreição de Jesus aconteceram há mais de 2000 anos, como saber se é verdade? Qual foi o propósito de tudo isso? Por que o Filho de Deus não ficou na Terra?

Primeiramente, Jesus escolheu doze homens e dedicou três anos e meio de sua vida a eles. Um era ladrão e traidor, e os outros, caipiras covardes e miseráveis. O mais corajoso (pois os outros correram de medo!) negou-o três vezes diante de uma empregada. E, mesmo assim, Jesus falou antes de ir para cruz: “Eu venci o mundo”. Depois, ele foi embora e, com apenas doze homens (outro foi escolhido para substituir Judas), revolucionou o mundo!

Sem sua presença física, Jesus fez muito mais do que se tivesse permanecido na Terra, pois seu plano começou a funcionar. Agora, o que aqueles homens realmente fizeram? Simplesmente falaram do que haviam visto e ouvido. A redenção virou uma mensagem, algo muito mais poderoso do que a presença física de Jesus.

A mensagem atravessou os séculos, e hoje estamos aqui com nossa vida transformada por ela. Os fatos da vida, morte e ressurreição de Jesus foram transformados em uma palavra. O sonho de Deus foi encarnado. A palavra, quando transmitida, entra na mente da pessoa e a obriga a tomar uma posição. Não é uma palavra irresistível (apesar de, às vezes, quase o ser), mas desce ao coração de quem lhe diz sim e gera uma nova vida – a vida de Jesus dentro de nós. Você crê nisso? Crê que a vida da mensagem é poderosa para reproduzir a vida de Jesus em nós?

No início, essa palavra foi pregada e passou a chamar-se Evangelho, as Boas Novas. Como os primeiros apóstolos anunciaram-na às multidões que foram ver o que estava acontecendo? Porventura disseram: “Temos boas novas. Hoje Deus vai salvar todo mundo!”? Não! Pedro falou: “Assassinos, vocês estão enrolados porque mataram o Autor da vida, o Filho de Deus. Seus pais mataram os profetas, mas vocês crucificaram o ‘Cara’, o filho do Dono do Universo!”. Foi um jeito muito estranho de pregar as boas novas – chamar os ouvintes de assassinos! E de que forma eles reagiram? Ficaram apavorados e disseram: “E agora, o que faremos?”.

Pedro os instruiu a se arrependerem: “Mudem de idéia e desistam de querer ser bons. É impossível! Vocês são uns trastes miseráveis que devem ser batizados no nome de Jesus para serem perdoados e receber o Espírito dele e, assim, serem aceitos por Deus”. Essas foram as boas novas que a multidão ouviu, e três mil pessoas as aceitaram naquele dia. A mensagem foi pregada e produziu resultado rapidamente. Hoje enfrentamos problemas porque temos acrescentado a ela uma série de outras coisas (como filosofia e interpretação humana), mas, se ela for pura, é poderosa para reproduzir a vida de Jesus na Terra.

Em Atos 7, Estêvão prega a mesma mensagem e finaliza seu discurso de modo semelhante a Pedro: “Homens rebeldes, vocês mataram o Filho de Deus”. Havia tanta vida e convicção na mensagem que eles tiveram de tapar os ouvidos para não se converterem. Do contrário, não lhe poderiam resistir. Não sei como conseguiram tapar os ouvidos e, ao mesmo tempo, pegar pedras para apedrejar o primeiro mártir da história da igreja. Se a mensagem será aceita ou não, não há garantia. A única garantia é que todo aquele que a recebe é transformado em filho de Deus.

Pode parecer que a morte de Estêvão tenha sido um prejuízo para a causa divina, mas um fato curioso sobre Deus é que, quando perde, aí é que ele ganha muito mais. A morte de Estêvão e a perseguição à igreja primitiva abriram a porta para o evangelho alcançar as nações. Deus nunca perde! No final, ele sempre ganha.

Estêvão foi infectado pelo mesmo vírus de Jesus e, em sua morte, proferiu as mesmas palavras: “Perdoa-lhes, Pai, eles não sabem o que fazem”. A mesma reação de Jesus: total ausência de amargura ou raiva. Uma atitude irresistível! Muçulmanos pensam que podem abalar o mundo com homens-bomba, mas a igreja dos últimos dias vai, de fato, abalar o mundo com a atitude de Jesus e de Estêvão. A força que vence o mundo é o amor. Ele não mata, ele morre; não pratica vingança, perdoa. O mundo é incapaz de compreender a força do amor de Deus.

8. FRACASSO

Deus tem todo o poder; no entanto, a história do seu plano com a humanidade é uma seqüência de fracassos. Se olharmos para a Terra agora, teremos de admitir que Deus está perdendo de goleada.

Quero lhe oferecer um pequeno resumo desse fracasso. Primeiro, a partir de Abraão, ele deu dois mil anos para os judeus. Durante esse tempo, enviou profetas para convocar o povo ao arrependimento, o último dos quais foi João Batista, que anunciou o Messias. Israel natural, porém, matou os profetas e selou o seu fracasso quando rejeitou Jesus. Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C., e o povo de Deus ficou disperso entre as nações.
Veio, então, a Igreja Católica, que tomou o lugar do Império Romano e reinou absoluta durante aproximadamente 1.200 anos. Se a história dos judeus foi terrível, muito pior foi a da Igreja Católica.

A seguir, no início do século 16, surgiu o protestantismo com Lutero e outros, e tivemos mais uma sucessão de fracasso, confusão e divisão durante cerca de 400 anos. A história da Igreja Protestante é tão desagradável quanto a história da Igreja Católica (ou mais!).

Finalmente, no início do século 20, Deus resolveu dar uma chance aos pentecostais (nesse ponto estou incluindo todos os que crêem no batismo no Espírito Santo). Muitos pensaram: “Agora, sim, com os dons do Espírito Santo, vamos ter uma igreja gloriosa”. Que nada! Hoje, depois de mais 100 anos dos pentecostais, só temos mais fracasso e confusão.

Espero que agora ninguém mais se candidate, e todos se declarem cansados, culpados e miseráveis. Só assim Deus poderá dizer: “Cansaram-se? Agora vocês verão o que tenho para fazer”. Só então será possível chegarmos à última palavra...

9. VITÓRIA (a grande virada)

Deus tem nervos de aço. No final, ele vai ganhar. Podem faltar dez minutos para o final do jogo, e Deus pode estar perdendo de dez a zero – mas, mesmo assim, ele virará o jogo. Se tiver de fazer onze gols em dez minutos, ele os fará, pois no fim Deus sairá vencedor. Nunca duvide disso.

Antes, porém, que isso aconteça, Deus precisa levar a igreja ao pó. Ela precisa reconhecer seu fracasso e aceitar o veredicto do mundo e da história. Humilhação e quebrantamento se fazem necessários. Ninguém é melhor do que ninguém – nem judeus, nem católicos, nem protestantes, nem pentecostais. Todos precisam se arrepender e dizer: “Deus, estamos totalmente enrolados. Tem misericórdia de nós, pois reconhecemos nosso fracasso”. Aí, sim, Deus entrará em cena e dirá: “Saiam da frente e deixem-me fazer a obra. Abandonem esse maldito orgulho e autoconfiança para que eu faça com que aquela semente que enviei efetue o que tem capacidade de realizar”.

Eu creio, de todo o coração, que essa semente é capaz de levantar uma igreja gloriosa na Terra antes da volta de Cristo. Talvez não seja visível aos olhos carnais, mas será uma igreja diferente. Quem entrar nela haverá de sentir que Jesus está presente de novo na Terra. Não estou dizendo que isso já não tenha acontecido ou esteja acontecendo, de alguma forma, nos países perseguidos, mas a igreja verdadeira precisa aparecer e ser reconhecida mundialmente pela natureza de Jesus presente nela. Para isso, precisa vir primeiro o Dia de Expiação, dia de quebrantamento, pois a semente maldita de Satanás tem de ser expurgada.

É natural que a semente que Deus enviou por meio de Jesus não tenha se manifestado em plenitude durante toda a história. Depois de plantada, a semente produz uma planta que dá folha, flor e, no fim, o mesmo tipo de semente que a originou. Estamos nos aproximando da época em que Jesus vai aparecer e manifestar-se na Terra – concretizando o sonho de Deus. As opções estão chegando ao fim, o cenário mundial está sendo bem preparado, e as profecias dos profetas bíblicos estão se cumprindo.


Não sabemos a hora exata, mas estamos bem próximos. Não sei quando Deus vai rejeitar Saul e estabelecer Davi, quando se colocará no caminho e acabará com a bagunça do pentecostalismo. Alguma hora, ele dirá “basta” e trará o reino de Davi e a restauração de Jerusalém.

Conclusão

Essas nove palavras resumem a história do mundo, do início ao fim. Meu encargo é que você medite sobre elas e entre em intercessão profética para entender o que podemos fazer a fim de cooperar com Deus para o levantamento da igreja gloriosa e, assim, apressar a vinda de Jesus. O que podemos fazer para que Deus tenha o prazer de dizer a Satanás: “Veja, ali na Terra, o povo que cumpriu meu sonho”? Nossa tarefa é mergulhar no sonho de Deus, comprá-lo de todo o coração e parar de atrapalhar a sua causa com nossas boas intenções. Precisamos descobrir como contribuir para que o reino de Deus surja, de fato, na face na Terra.



Esse artigo foi escrito por Elenir Eller Cordeiro a partir das gravações de ministrações de Harold Walker no seminário “Cristo para as Nações” em Belo Horizonte, MG. Na verdade, as idéias para este tema nasceram originalmente de uma palestra para os alunos de 7ª e 8ª séries da Escola Cristã de Jundiaí em 2006.

Fonte: Revista Impacto



Deus exorta o homem a conhecê-lo. Contudo, substituímos o conhecimento de Deus pelo conhecimento de sua palavra, entendido como conhecimento bíblico. Dessa forma, transformamos o conhecimento de Deus em conhecimento sobre Deus.

Seria como nos satisfazermos em conhecer a biografia de alguém ao invés de o conhecermos pessoalmente. Ora, é possível ter um profundo conhecimento biográfico sobre determinada pessoa sem nunca a ter encontrado. Alguns pesquisadores que se especializam em determinado personagem histórico vasculham todos os seus escritos e o que outros escreveram a seu respeito a ponto de produzirem, ao final, uma detalhada descrição que contém até aspectos íntimos e os próprios pensamentos do pesquisado. Nesse caso, a pessoa pesquisada tornou-se um objeto de estudo.
Essa tem sido, muitas vezes, a metodologia que empregamos para conhecer Deus. No fim, enganamos a nós mesmos pensando que o conhecemos, quando, na verdade, sabemos apenas aspectos de sua “biografia”. Estamos tratando-o como objeto de estudo.

Conhecer a Bíblia não implica em conhecer Deus. Não vai longe o tempo em que a simples menção desse livro produzia um misto de reverência e pavor sobre os ouvintes, pois era tido como que um livro mágico com poderes sobrenaturais. Daí, muitos ditados populares foram cunhados e atribuídos à Bíblia para não sofrerem contestação, tais como o famoso e superado “de mil passará e a 2 mil não chegará”, aludindo ao “fim do mundo” até o ano 2000. Dessa mentalidade, surgiu o hábito de manter a Bíblia aberta no Salmo 91, no qual se encontram trechos do diálogo de Jesus com o demônio na tentação no deserto, com o intuito de obter certa imunidade contra o maligno.

Quem se aproxima da Bíblia com esse espírito para verificar assuntos escatológicos terá, evidentemente, pavor dos acontecimentos reais que ali estão anunciados. Por essa razão, muitos evitam a escatologia e preferem a ignorância.
Por outro lado, há aqueles que, levados por uma aguçada curiosidade, tentam pesquisar tudo a respeito, usando uma metodologia acadêmica para afastar a ignorância e superar o pavor popular. Isso, contudo, nada mais é que descobrir a biografia, mas não conhecer pessoalmente o biografado. Um conhecimento que satisfaz apenas a mente é incapaz de preencher as necessidades do coração e pode redundar em frustração e desinteresse.

Devemos ter em conta que o objetivo de examinar a Palavra de Deus é conhecê-lo pessoalmente, pois ele está vivo e pode responder diretamente às nossas indagações se estas nos forem pertinentes e colaborarem para o conhecermos. E isso inclui os aspectos escatológicos. Nessa dimensão, não recebemos apenas uma palavra que proporciona conhecimento intelectual, mas que comunica também espírito, vida e a fé que nos capacita a vivê-la (Jo 6.63; Rm 10.17).

Qualquer pretenso conhecimento teológico obtido apenas por meio de estudo ou pesquisa pode trazer medo e pavor. Alguns, para evitar essa sensação, consideram a escatologia desprezível. A obtenção do verdadeiro conhecimento, ainda que se utilize de estudos e pesquisas, inclui o relacionamento com Deus e leva-nos a amá-lo e desejar que seu plano seja executado. Exclui-se o pavor, pois aprendemos que o Senhor é digno de confiança e que tem o melhor para seus filhos. É assim que se torna possível ver como glorioso o que outros veem como terrível. Sentir temor ou medo do fim é preocupação natural de quem recebeu apenas informações e não a fé suficiente no Senhor que tem tudo, absolutamente tudo, sob controle!

E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor (1 Jo 4.16-18).


Autor: Pedro Arruda
Fonte: Revista Impacto



A algum tempo atrás eu fui convidado para participar de uma noite de oração com um grupo de jovens de uma determinada igreja. Devo confessar que não sou muito fã de alguns tipos de oração em grupo. Não que eu não goste de orar em grupo. Na verdade quase que semanalmente eu me reuno com algumas pessoas para compartilharmos o que Deus tem feito e falado nas nossas vidas e nessas reuniões tiramos um bom tempo só para orarmos. Mas prefiro fazer isso com pessoas que eu já tenho uma boa afinidade, pois desta maneira é quase nula a possibilidade de eu ser surpreendido por alguma bizarrice "espiritual demais", tipo: mato pegando fogo, exclamações do tipo "ESTOU VENDO UM ANJO ALI!!!", pessoas rodopiando no chão, urros, gritos, mais barulho que oração, etc. Contudo, como eu conheço a denominação que me convidou e sabia que o nível de bizarrices provavelmente seria bem reduzido eu acabei concordando de participar.

Depois de uma boa viagem de carro e uma longa e demorada escalada noturna a um monte (sim, um monte... eu realmente não entendo a gana que alguns tem por orar em montes e montanhas, mas deixarei esses comentários para outra ocasião) finalmente chegamos ao lugar determinado para orarmos. Sinceramente falando não rolou nada de novo nem nada que eu já não tivesse observado em outras reuniões de oração em grupo. Assim que chegamos algumas pessoas se separaram, cada um ficando no seu canto para orar sozinho. Depois de um tempo o grupo se reuniu para orarem por alguns propósitos específicos (sempre aparecia um porta-voz que recebia uma direção de Deus para orar por uma determinada causa). Nisto tinha uma roda formada onde uma pessoa ia até o centro e começava a orar para que os outros concordassem com a oração dela. Mas, infelizmente os que estavam ao redor não ficavam apenas concordando. Ficavam orando tão ou mais alto do que a pessoa que estava ao centro que mal era possível saber qual era o assunto principal da oração.

Não sou nenhum expert em orações. Muito pelo contrário. Eu oro muito menos do que eu gostaria de orar e, com certeza, tendo em vista a atual situação da Igreja e do mundo, oro muito menos ainda do que Deus gostaria que eu orasse. Porém, têm algumas coisas que acho meio óbvias sobre o que deve ou que não deve acontecer em uma oração coletiva, e é isso que eu gostaria de brevemente expor aqui.

Primeiramente gostaria de dizer que eu não vejo propósito nenhum quando, em um momento de oração em grupo, as pessoas se espalham, cada um para o seu canto, e ficam orando individualmente. Se for fazer isso então por que marcar com um grupo de pessoas para orarem com você? Ore na sua casa, no seu quarto, no seu aposento, sei lá. Não há a menor necessidade de chamar mais pessoas para fazer parte da sua oração individual. O grande lance da oração coletiva é justamente termos comunhão com Deus e com as outras pessoas para, desta maneira, aprendermos a pensar no coletivo e tirar os olhos dos nossos pedidos egocêntricos. Se cremos que o mesmo Espírito que habita em mim habita no irmão que está me acompanhando em oração então devo crer também que é este Espírito que apontará a direção que deve ser tomada na oração. Por isso, creio que dificilmente o Espírito guiará as nossas orações em direção a nós mesmos, como indivíduos. O foco quase sempre será visando o coletivo, o Corpo, as necessidades da Igreja e do mundo, não as minhas. Deixemos o nosso foco no coletivo. E se alguém tem alguma necessidade mais individual, e isso todos nós temos, deixe para orar em sua própria casa e sozinho ou compartilhe com os irmãos que estão orando junto com você. Evite ao máximo se afastar dos irmãos para fazer orações individuais quando o foco é orar em grupo.

Ainda levando em consideração o fato de que o mesmo Espírito que habita em nós é quem deve apontar para qual direção a oração deve fluir, então se torna extremamente necessário que aprendamos a ouví-Lo. É nas horas que começa uma reunião de oração ou uma vigília que eu percebo que o conselho de Tiago para que todo homem esteja pronto para ouvir mas tardio para falar (Tg 1: 19) não é levado muito a sério por nós. Quando começa uma reunião de oração garanto que não da nem 30 segundos para que os irmãos mais pentecostais levantem a voz e comecem a clamar e orar em alto e bom som. Estamos muito mal acostumados com o fato que o Espírito Santo tem poder para guiar as nossas orações. Não damos um tempo em silêncio para, primeiro, esvaziarmos as nossas mentes das nossas preocupações e, segundo, para ouvirmos o que Deus quer que seja orado. Acabamos orando aquilo que está em nosso coração, sem nos importarmos com o que está no coração de Deus. Algumas vezes acontece de um irmão ou outro propor um motivo específico para a oração. Contudo, na maioria das vezes é possível notar que o pedido de um irmão não tem nada a ver com o de outro, e assim sucessivamente. Ou seja, a impressão que fica é que se esta direção veio realmente de Deus então Ele está meio confuso e não sabe exatamente sobre o que nós devemos orar. As orações não se conectam, não se encaixam e não se complementam simplesmente porque não ouvimos Deus! Vários são os exemplos bíblicos que mostram que em momentos de crise Deus procura o homem para expor seus sentimentos. Basta uma boa analisada nos livros proféticos para vermos Deus revelando o seu coração a pessoas específicas. Mas hoje parece que pouco nos importamos com isso. Acredito que nenhuma reunião de oração deveria começar sem antes estarmos em silêncio e permanecermos assim até que nossa mente se aquiete das preocupações, nossos corações se acalmem para que, finalmente, nós possamos ouvir de Deus sobre os anseios dEle e não os nossos.

Só mais uma coisa para finalizar. Os dois problemas que eu relatei acima (orações individuais e a ausência do silêncio para ouvir Deus) são coisas que acontecem porque a maioria de nós não estamos acostumados com isso. É por falta de prática que muitas vezes não fazemos dessas coisas um costume nas nossas reuniões de oração. Mas tem um problema que eu vejo em algumas reuniões que eu não classifico como falta de costume, mas sim como falta de bom senso e de respeito mesmo. Não consigo classificar como outra coisa o fato de alguém levantar a voz para orar e as outras pessoas, ao invés de prestarem atenção no que está sendo orado, preferem ficar gritando, berrando ou falando em línguas a tal ponto que fica impossível ouvir o que o outro está orando. Esta é a junção dos dois problemas que relatei anteriormente. Deus pode muito bem usar a oração de alguém para falar com o seu povo, mas somos tão individualistas e nos preocupamos tanto com nós mesmos que muitas vezes não demonstramos nem um pingo de atenção a oração dos nossos irmãos. Não estou dizendo que você deve ficar mudo. Você pode muito bem estar em concordância com a oração do seu irmão. Mas para isso é necessário ouvir a oração dele. Por isso, amados, tenhamos um pouco mais de bom senso para que as nossas reuniões de oração sejam prazerosas e agradáveis, não um show de horror, bizarrices e falta de respeito.

Pensem nisso.


Autor: Claudio Neto




Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira(está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 11 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 11 é a realidade em busca do IBOPE..

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 11. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.

Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína, Zilda Arns).

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar.... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.


Fonte: Index Reformado
Via: Bereianos


Cada pardal é um indivíduo diferente de todos os outros. O algo especial criado por Deus naquele pardar é produto de todas as circunstâncias especiais que entraram na produção dele. A maioria de nós quase não percebe a singularidade dos pardais. Saímo-nos melhor no caso dos seres humanos. O fato de você ser o que é envolve um universo. E se o fato de você ser o que é for obra de deus, então uma infinidade de eventos passou pelas suas mãos. Foi a habilidade dEle que formou você a partir do padrão genético de seus ancestrais, a cultura do seu tempo e o conjunto de relacionamentos que o cercam. Isso não significa negar que se seus ancestrais tivessem sido mais temperados, seus mais mais sábios, seus professores mais conscientes e seus colegas de escola mais gente, você teria sido uma pessoa melhor do que é. No entanto, do jeito que você é, Deus fez você. E a suprema perrogativa da arte divina é tirar o bem do mal. Não um bem maior, não. Nós não ajudamos a Deus para que Ele produza coisas melhores oferecendo-lhe materiais piores. Mas aquilo que Ele cria é sempre um bem único. Você é você, e não há uma pessoa exatamente igual a você. Os defeitos, assim como as vantagens do seu contexto, entraram na composição da mistura.


Autor: Austin Farrel
Fonte: A biblioteca de C. S. Lewis
Via: Cinco Solas



O Evangelho é pautado pelo amor.

Claro que poderíamos escrever um livro sobre esse assunto. Sem amor, o que seria de nós? Com amor, tudo foi feito por Deus. Pelo amor, obediente, exercido na prática, Nosso Senhor Jesus Cristo se entregou pelos nossos pecados lá na cruz do Calvário. Tudo isso sabemos.

O que muitas vezes pode nos inquietar é a real dimensão desse amor. Incondicional, segundo a Palavra de Deus, é o amor que o Senhor sente por nós, pecadores. E nos exorta a fazer o mesmo, vez que devemos imitar a Cristo em tudo. Amor que se dedica aos outros, sempre em obediência à vontade do Pai.

Um momento. Paremos na seguinte frase, que acabei de lançar: “amor que se dedica aos outros”. Até que ponto fazemos isso?

Muitos, ao ingressarem na carreira cristã, se vêem confrontados em “espalhar” a mensagem do Evangelho. Só que falta, por vezes, um preparo adequado, ou conhecimento bíblico suficiente para responder a questões lançadas por incrédulos, ou mesmo modos de abordar. Qual a primeira alternativa que muitos têm em mente para falar de Cristo ao incrédulo? Distribuição de folhetos. Tanto é que em muitas reuniões para “estratégias de evangelismo”, notadamente em praça pública, em grandes eventos ou no meio da rua, basta entregar um folheto evangelístico que tudo se resolve. Basta um sorriso bonito, cativante, por vezes para disfarçar o medo de uma possível confrontação, que a obra do Senhor é feita.

Não quero chegar no mérito de que, estatisticamente, o método evangelístico de folhetos é um dos menos eficazes. Há quem já tenha se convertido, lendo um folheto? Com certeza; nosso Deus é poderoso para fazer maravilhas, e suscitar convertidos dos modos mais criativos possíveis e inimagináveis. O objetivo desse estudo é levar você, leitor, a uma reflexão sobre o nosso papel como evangelistas, mensageiros do Reino de Deus, numa sociedade cada vez mais corrompida.

Há uma grande diferença entre os sentidos, que nos permitem entrar em contato com o mundo exterior. Dizem que “uma imagem vale mais do que mil palavras”. É verdade. Por vezes, um jeito de andar, de se expressar, que corretamente observado por alguém, podem falar muito mais do que meras palavras. Como que os jornalistas se apresentam na televisão? Com camisa regata, sem camisa, roupas destoantes? Nada disso. Há algo importante a se comunicar. A roupa tem de ser adequada ao momento. Da mesma maneira, um jornalista esportivo também não pode usar roupas sóbrias demais, por não transmitirem vida ao que lêem, ou na sua interatividade com o telespectador.

Da mesma maneira, na vida cristã, nossa “roupa” fala muito. Vertendo a uma linguagem sem rodeios: o nosso testemunho. O que vivemos corrobora o que falamos, ou talvez não. Falamos com a língua, mas nosso corpo, movimentos, olhares, falam até mais forte.

E qual a relação com os folhetos? E, principalmente, o presente estudo não tem por título “Você conhece as Quatro Leis Espirituais? – Um comentário”? O que há de errado com esse material?

O problema, insisto, não está na distribuição de folhetos. Nem na análise das Quatro Leis Espirituais (se bem que existem muitas mais). Está no modo de se passar esse material adiante, especialmente por aquele que, recentemente, ouviu falar de um Deus maravilhoso, que salva o pecador da perdição eterna.

Acontece que, por vezes, o que pauta é a necessidade do momento, da evangelização instantânea. Dói saber que existem pastores que conseguem “evangelizar”, racionalmente, uma pessoa em apenas dez minutos, e gabam-se disso, como se o Espírito Santo fosse limitado a atender prontamente às suas ordens humanas...

O que acontece com o crente? Aonde está o amor, a vida? Não diz a Bíblia “cri, por isso falei”? A mesma Palavra não nos exorta a testemunhar daquilo que temos visto e ouvido, mas também vivido?

Duro é saber que existem pessoas que se interessam em passar esses folhetos como se isso bastasse para a pessoa ser convertida ao Evangelho. Ou, então, abordar uma pessoa, pedir alguns minutos para explicar-lhe as quatro “leis” espirituais. Que adianta puramente tocar o intelecto, a razão da pessoa, falando-lhe para seguir determinados passos, a fim de que ela tenha pronta solução para os seus problemas?

A quem poderíamos comparar o crente, nessas horas, especialmente quando ele leva o folheto das “Quatro Leis Espirituais”? A uma vendedora de cosméticos, ou a um corretor de seguros, por exemplo. Tranqüilamente. Toca-se a racionalidade, pois o “doutrinador” tem apenas de ler o folheto, fazer o possível para manter a atenção dela e, após ilustrações de “trenzinhos” e termos evangélicos, praticamente forçá-la a “tomar uma decisão”, ainda pressionando-a de que aquela pode ser sua última oportunidade de “aceitar” a Cristo – como se dependesse dela tal coisa. Proposta irrecusável? Claro! Sendo coagido, quem não “aceitaria”?

Tenho em minhas mãos nesse momento um folheto dito “evangelístico”, que começa assim: “20000 GRAUS! E SEM UMA GOTA D’ÁGUA – O INFERNO DE FOGO – ALMAS PERDIDAS E TORTURADAS QUEIMANDO PARA SEMPRE!” (maiúsculas conforme o original). Detalhe: a capa mostra pessoas apavoradas queimando em meio às chamas e a suposta figura do diabo, exibindo satisfação... Há diversas palavras e trechos em negrito, como “inferno”, “inferno de fogo”, versículos fora de contexto (parábola do rico e Lázaro, que fala obediência aos mandamentos divinos, não de condenação eterna), passagens como Mateus 25:41b, que no original exorta à vigilância, mas que é reproduzido em letras garrafais: “... apartai-vos de mim, malditos...”. Tudo isso para a pessoa, sob pressão, sob ameaça de ir para o “inferno de fogo”, confessar numa simples oração de que quer a salvação (“faça agora mesmo uma escolha eterna”).

Quando achei esse folheto “evangelístico” na rua, fiquei assustado. Não por falta de segurança de salvação, pois tenho certeza de que Cristo um dia me salvou, mas pelo modo nada amistoso pelo qual a mensagem foi passada. Aonde está o amor aos perdidos, com folhetos violentos como esse? Ou com um material, que me obriga a seguir leis para me submeter a outras leis, só que espirituais? Por que transmitir a mensagem do Evangelho agredindo a quem já está, em tese, condenado à perdição eterna? O incrédulo funciona “pegando no tranco”?

Quanta falta de amor e compaixão pelas pessoas! O crente não tem tido misericórdia dos perdidos! Trata-os como pessoas ímpias, desonestas, abomináveis, e se esquece que ele próprio já foi um perdido, e que a diferença reside apenas na presença do Espírito Santo, concedido a todo aquele que crê em Jesus. O crente que toma essas atitudes busca se justificar de que modo? Dizendo ao mundo que é perfeito, que nem lhe passa pela cabeça pecar, que é santo, íntegro, bondoso e amoroso? E quanto a aceitar o indivíduo como ele é, com suas fraquezas, impurezas, feridas que o pecado lhe causou até agora?

Às vezes chego a não valorizar tanto o nosso acesso à palavra escrita. Na época de Jesus e dos apóstolos, as pessoas viam o amor deles. Sentiam a presença de Deus, resgatando os seus eleitos e amados. A comunicação de vida era mais intensa, presente. O evangelismo considerava mais a pessoa do que as estratégias. Fazia-se mais amizade, havia mais proximidade, não o despejar na pessoa um amontoado de frases feitas, versículos fora do contexto, chamando à autoridade as Escrituras de um modo violento, mecânico e fatalista, regido por “passos e etapas”.

Uma vida é transformada por algumas palavras de coação? Basta eu então falar para a pessoa repetir uma oração comigo para que ela venha a crer em Cristo? O pior é, depois desse espetáculo todo, deixá-la à vontade para, se quiser, congregar-se, ler a Bíblia, sem qualquer acompanhamento. Se não fizer isso, é sinal de que não “aceitou” mesmo a Jesus, e por isso não devemos perder tempo, pois há “muito território para conquistar para o Reino de Deus na Terra”.

O confessar a Cristo é algo coercitivo, ou algo que brota de um coração regenerado? Pior é passar por cima da soberania divina, usando estratégias violentas como essas, para obrigar a pessoa a “fazer uma escolha eterna” e, se não o for pelo método indutivo-racional, o será por coação moral irresistível.

Como está o coração do leitor nesse momento? O meu está doído, machucado, indignado com tamanha frieza pelo Evangelho. Acredito que os opositores às idéias aqui esboçadas deveriam rever seus padrões de amor ao Senhor, à sua Palavra e aos perdidos, e seguir o conselho do Espírito à igreja de Éfeso (Apocalipse 2:4-5), e voltar ao primeiro amor.

Aonde está a vida do anunciante do Evangelho? O contato íntimo, de quem conhece os problemas do indivíduo, as fraquezas, as necessidades mais latentes da alma, do coração?

Que possamos nos compadecer das pessoas, amarmos de verdade aquele que está perecendo, e ao invés de ameaçarmos e falarmos de quatro leis espirituais, possamos exercitar aquele que é o maior mandamento, acima de qualquer lei: “ama o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:31).

Deus nos quer por inteiro, não apenas no exercício da nossa racionalidade.


Autor: Cleber Olympio
Fonte: Militar Cristão
Via: Bereianos


O sermão abaixo foi retirado do CD "Back Again" da banda cristã de new metal Disciple. Já postamos há algum tempo atrás a tradução de uma música da banda e uma breve descrição sobre ela aqui. Confira o sermão abaixo:

É tão fácil para nós as vezes pensarmos que nós pecamos demais para ser perdoado. É muito fácil para nós olhar para os pecados que cometemos e dizer: 'Não há a possibilidade de existir um Deus que me perdoará dos pecados que eu tenho cometido na minha vida. Eles são muito maus, muito horriveis. Se Ele é um Deus de amor ele não pode me perdoar dessas coisas que eu tenho feito.'

Bem, nós podemos ler na Bíblia sobre como Deus simplesmente ama tomar pecadores e mudar suas vidas. Ama tomar pessoas sem esperanças, tomar pessoas que fizeram coisas horríveis em suas vidas e mudá-las para a glória de Deus. Ele tomou um enganador como Jacó, fez a promessa de que o Messias viria através dele. Ele tomou um assassino como Moisés para liderar o povo de Israel para fora do Egito. Ele tomou uma prostituta como Raabe, para ajudar Josué a sair da cidade. Ele tomou um adúltero como Davi e fez dele o rei de Israel. Ele tomou alguém que negou o Filho de Deus face a face como Pedro, para pregar o evangelho de Jesus Cristo no dia de Pentecostes e ganhou milhares para o Senhor. Ele tomou um assassino de cristãos como Paulo, e mudou sua vida, para pregar o evangelho de Jesus Cristo para os gentios.

Dois mil anos atrás quando Jesus estendeu suas mão naquela cruz, Ele estava morrendo pelo mundo. A Bíblia diz que Ele amou o mundo tanto; que Deus deu seu único filho e Jesus disse isso sobre ele mesmo, Ele disse: 'Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, da mesma maneira o Filho do Homem precisa ser levantado e qualquer que seja que acreditar nEle não perecerá mas terá a vida eterna." Jesus se tornou essa serpente quando ele foi pendurado naquela cruz. Ele se tornou essa serpente porque o pecado de cada assassino estava sobre Ele. Os pecados de cada estuprador estava sobre Ele. Os pecados de cada aborto estava sobre Ele. Os pecados de cada ladrão, cada mentiroso, cada idólatra, criança rebelde e pai infiel e casamento infiel estava sobre Ele. Os pecados de cada molestador de crianças estava sobre o Filho de Deus naquele dia. Os pecados de cada pensamento ambicioso e cada perversão sexual e cada palavra onfensiva que algum dia tenha sido dita e que feriu alguém estava no Cordeiro de Deus naquele dia. O Cordeiro de Deus que nunca cometeu um pecado, as mãos que nunca fizeram algo errado estavam estendidas e perfuradas por nós naquele dia.

Hoje se você não conhece a Jesus eu quero que você saiba que Ele morreu naquela cruz dois mil anos atrás, que ele fez isso por amor a você, que ele pode perdoar seus pecados hoje. A Bíblia diz em Romanos 5:8 que Ele demonstrou seu amor por nós e que ainda sendo nós pecadores Cristo morreu por nós. Se você não conhece a Jesus, Ele quer chegar até sua vida, Ele quer mudar você. Se você fez coisas as quais você pensa que ninguém poderia te perdoar, Jesus está abrindo o presente da vida eterna e Ele o está estendendo para você hoje. E Ele está dizendo 'Você vai simplesmente pegar esse presente?'. Se você não conhece a Jesus por que você simplesmente não faz essa oração comigo agora mesmo? Para aceitar Jesus em sua vida apenas diga:

'Pai Celestial, eu acredito que Jesus veio e morreu por mim. Eu sei que Ele é o Filho de Deus. E quero que ele seja meu redentor. Meu Deus! Meu Senhor! Meu Salvador! Perdoe-me dos meus pecados, lave-me no sangue de Jesus. Faça de mim uma nova criatura em Jesus Cristo, mude minha vida oh Deus! Mude meu coração e mude minha mente! Use-me para ser uma testemunha para esse mundo. Faça me um discípulo de Jesus Cristo. Deus, me salve! No nome de Jesus eu oro, Amém!'
Se você fez essa oração comigo hoje, eu quero somente te encorajar a começar sua caminhada com Jesus Cristo e nunca mais voltar atrás.

Autor: Kevin Young (Disciple)
Tradução: William Ramos